Resumo sobre Tecido Cartilaginoso: definição, características e mais!
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Resumo sobre Tecido Cartilaginoso: definição, características e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é o tecido cartilaginoso, um tipo de tecido conjuntivo especializado, responsável por dar sustentação e flexibilidade a diversas estruturas do corpo.

O Estratégia MED está aqui para simplificar esse assunto e ajudar você a fortalecer seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica ainda mais eficiente.

Vamos nessa!

Definição sobre Tecido Cartilaginoso

O tecido cartilaginoso é um tipo especializado de tecido conjuntivo com consistência rígida, responsável por oferecer suporte a tecidos moles, revestir superfícies articulares, absorver choques e facilitar o movimento entre ossos. 

Ele é essencial para a formação e crescimento dos ossos longos durante a vida intrauterina e após o nascimento. Constituído por condrócitos, células alojadas em lacunas na matriz extracelular, o tecido cartilaginoso apresenta uma matriz composta por colágeno, elastina, proteoglicanos e ácido hialurônico, cuja estrutura garante firmeza e turgidez. 

Por não possuir vasos sanguíneos, linfáticos ou nervos, sua nutrição é realizada pelo pericôndrio ou, no caso das cartilagens articulares, pelo líquido sinovial. Existem três tipos principais de cartilagem: hialina, elástica e fibrosa, cada uma adaptada a diferentes necessidades funcionais.

Cartilagem hialina

A cartilagem hialina é a mais comum no corpo humano, com coloração branco-azulada e translúcida. Durante o desenvolvimento embrionário, forma o esqueleto inicial, depois substituído por ossos. 

Nos ossos longos em crescimento, o disco epifisário, composto por essa cartilagem, é responsável pelo crescimento em extensão. No adulto, encontra-se nas fossas nasais, traqueia, brônquios, extremidades das costelas e superfícies articulares dos ossos, facilitando a mobilidade.

Matriz

A matriz da cartilagem hialina é composta por diversos componentes que garantem sua estrutura e funcionalidade. Aproximadamente 40% do peso seco da matriz é formado por fibrilas de colágeno tipo II, associadas ao ácido hialurônico, proteoglicanos altamente hidratados e glicoproteínas. 

Um componente relevante da matriz é a condronectina, uma glicoproteína estrutural que estabelece conexões entre os condrócitos, as fibrilas de colágeno tipo II e os glicosaminoglicanos. Dessa forma, a condronectina auxilia na organização do arcabouço macromolecular e na adesão das células à matriz.

Nas proximidades dos condrócitos, a matriz apresenta regiões estreitas ricas em proteoglicanos e com menor concentração de colágeno. Essas áreas, conhecidas como cápsulas, mostram características de basofilia, metacromasia e reação positiva ao ácido periódico de Schiff (PAS), refletindo a presença de glicosaminoglicanos com grupos sulfato. Esses radicais sulfato são responsáveis pela basofilia da matriz, contribuindo para suas propriedades químicas e estruturais.

Pericôndrio

O pericôndrio é uma camada de tecido conjuntivo denso que envolve todas as cartilagens hialinas, exceto as articulares, e desempenha funções essenciais para a manutenção e desenvolvimento da cartilagem. 

Sua principal função é fornecer novos condrócitos, células fundamentais para o crescimento da cartilagem. Além disso, o pericôndrio é vital para a nutrição e oxigenação da cartilagem, além de remover resíduos metabólicos, uma vez que contém vasos sanguíneos e linfáticos, que não estão presentes no tecido cartilaginoso.

Morfologicamente, o pericôndrio possui uma camada superficial rica em fibras de colágeno tipo I, que oferece resistência, enquanto a parte interna é mais rica em células. As células do pericôndrio assemelham-se a fibroblastos, mas as que estão mais próximas à cartilagem, denominadas condroblastos, têm a capacidade de se multiplicar por mitose, permitindo a geração de novos condrócitos e contribuindo para o crescimento e manutenção da cartilagem hialina.

Condrócitos

Na cartilagem hialina, os condrócitos variam de forma, sendo alongados na periferia e arredondados em regiões mais profundas, onde se organizam em grupos isógenos. Esses condrócitos ocupam completamente as lacunas nos tecidos vivos e possuem superfície irregular, facilitando trocas com o meio extracelular.

Sem capilares sanguíneos, a oxigenação é baixa, e as células dependem de metabolismo anaeróbio, gerando ácido láctico. Os nutrientes chegam aos condrócitos por difusão através do pericôndrio e pelo movimento de compressão das cartilagens, o que também limita sua espessura máxima.

Fonte: Junqueira – Histologia básica – 12 Ed – 2013

Crescimento da cartilagem

O crescimento da cartilagem ocorre por dois processos: crescimento intersticial e crescimento aposicional.

  • Crescimento intersticial: Ocorre pela divisão mitótica dos condrócitos existentes, principalmente nas fases iniciais da vida da cartilagem. À medida que a matriz se torna mais rígida, esse tipo de crescimento se torna inviável.
  • Crescimento aposicional: Acontece a partir das células do pericôndrio, que se multiplicam e se diferenciam em condrócitos. Esses novos condrócitos produzem componentes da matriz extracelular, como colágeno e proteoglicanos, contribuindo significativamente para o aumento da cartilagem.

Com o tempo, o crescimento aposicional se torna o principal meio de expansão, já que a rigidez da matriz impede o crescimento intersticial.

Cartilagem elástica

A cartilagem elástica é encontrada em diversas estruturas do corpo, como o pavilhão auditivo, o conduto auditivo externo, a tuba auditiva, a epiglote e a cartilagem cuneiforme da laringe. Embora sua composição seja semelhante à da cartilagem hialina, ela apresenta uma característica adicional importante: a presença de uma densa rede de fibras elásticas.

As fibras elásticas, predominantes na cartilagem elástica, estão associadas ao colágeno tipo II e se integram às fibras do pericôndrio. A presença de elastina confere uma coloração amarelada à cartilagem quando observada em estado fresco. Essas fibras podem ser identificadas por colorações específicas, como a orceína.

Assim como a cartilagem hialina, a cartilagem elástica possui pericôndrio e cresce principalmente por aposição, com células do pericôndrio se diferenciando em condrócitos. No entanto, essa cartilagem apresenta maior resistência a processos degenerativos, preservando melhor sua estrutura e funcionalidade ao longo do tempo.

Cartilagem elástica
Fonte: Junqueira – Histologia básica – 12 Ed – 2013

Cartilagem fibrosa

A fibrocartilagem, também chamada de cartilagem fibrosa, combina características da cartilagem hialina e do tecido conjuntivo denso. Ela é encontrada nos discos intervertebrais, na sínfise pubiana e em áreas onde tendões e ligamentos se fixam aos ossos. A fibrocartilagem está integrada ao tecido conjuntivo denso, sem uma separação clara entre eles.

Os condrócitos nessa cartilagem costumam se organizar em fileiras alinhadas. A matriz extracelular é rica em fibras colágenas tipo I, o que lhe confere resistência, e apresenta uma coloração acidófila. A quantidade de substância fundamental é reduzida, aparecendo principalmente nas lacunas ao redor dos condrócitos, onde forma pequenas cápsulas que reagem a certos corantes.

As fibras de colágeno podem se dispor paralelamente aos condrócitos ou de forma mais desordenada. Diferentemente de outros tipos de cartilagem, a fibrocartilagem não possui pericôndrio, o que limita seu processo de regeneração.

Cartilagem fibrosa
Fonte: Junqueira – Histologia básica – 12 Ed – 2013

Discos intervertebrais

Os discos intervertebrais são estruturas localizadas entre os corpos das vértebras, unindo-se a elas por meio de ligamentos. Cada disco é composto por duas partes principais: o anel fibroso e o núcleo pulposo, este último derivado da notocorda do embrião.

O anel fibroso apresenta uma porção periférica de tecido conjuntivo denso e, em sua maior parte, é constituído por fibrocartilagem. As fibras colágenas dessa fibrocartilagem se organizam em camadas concêntricas, conferindo resistência ao disco.

Na região central do disco, o núcleo pulposo é formado por células arredondadas, dispersas em um líquido viscoso rico em ácido hialurônico e com pequenas quantidades de colágeno tipo II. Esse núcleo é mais volumoso na juventude, mas, com o envelhecimento, parte dele é substituída por fibrocartilagem.

Os discos intervertebrais funcionam como amortecedores lubrificados, reduzindo o impacto sobre os ossos vertebrais durante os movimentos da coluna. O núcleo pulposo, por ser altamente hidratado e rico em ácido hialurônico, absorve pressões e protege as vértebras contra choques e desgastes.

Veja também

Referências

JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchôa; CARNEIRO, José. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

ROSS, M. H. & ROMRELL, L. J. Histologia – Texto e Atlas. Médica Panamericana, São Paulo, 1993.

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