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O que é e o que causa a doença de Lyme?
A doença de Lyme ou borreliose de Lyme é uma doença causada por uma bactéria espiroqueta denominada Borrelia burgdoferi transmitida por carrapatos. É uma doença que conta com três fases, conforme colocamos abaixo:
- Fase 1: infecção localizada;
- Fase 2: infecção disseminada; e
- Fase 3: infecção persistente.
Não é uma doença epidemiologicamente relevante no Brasil, de maneira que é mais prevalente na Europa e nos Estados Unidos.
Quais os sintomas da doença de Lyme?
Na fase 1, que ocorre na sequência da picada do carrapato infectado, e cujo período de incubação varia de 3 a 30 dias, surge um eritema migratório que se inicia como uma mácula ou pápula vermelha no local onde o carrapato picou. Essa lesão se expande e forma uma borda exterior de vermelho mais intenso e centro mais claro. A lesão é quente, porém pode não ser dolorosa e nem se manifestar em todos os pacientes.
A fase 2 ocorre dias ou semanas após a anterior por disseminação hematogênica, de modo que pode acometer diversos sistemas. Nessa etapa, é possível que haja lesões cutâneas anelares similares àquela inicial, cefaleia, leve rigidez de nuca, febre, mialgia, artralgia e fadiga. Mais raramente, há linfadenopatia generalizada, esplenomegalia, hepatite, tosse não produtiva, conjuntivite, entre outros sintomas.
Nessa fase, caso não haja tratamento adequado, a doença pode evoluir para anormalidades neurológicas importantes, como meningite, encefalite, neurite craniana, hipertensão intracraniana e cegueira.
Em uma minoria dos pacientes, pode haver acometimentos cardíacos, tais como bloqueio atrioventricular, miopericardite aguda, cardiomegalia ou pancardite fatal.
Já na fase 3, que ocorre meses após a infecção e está presente na maioria dos pacientes que não receberam tratamento antibiótico, o principal sintoma é a artrite. Ela se manifesta por ataques intermitentes de artrite oligoarticular nas grandes articulações.
Cerca de 10% dos pacientes tratados manifestam após a resolução da doença, a síndrome pós-Lyme (ou doença de Lyme crônica) com dor, manifestações neurocognitivas e fadiga.
Transmissão da doença de Lyme
A espécie responsável pela transmissão da Borrelia burgdoferi é a Ixodes ricinus. O seu ciclo de vida compreende a fase de larva, ninfa e adulta, e a transmissão ocorre, exclusivamente, durante a fase de ninfa, o que dificulta observar a picada, devido ao tamanho diminuto do animal nessa etapa. O carrapato está presente em quase todos os Estados Unidos e Europa, a maior incidência de transmissão ocorre no verão.
Diagnóstico
A principal forma de diagnóstico da doença de Lyme atualmente é a história e o exame físico compatíveis com a doença associado à confirmação por sorologia feita com método ELISA ou Western blot. Há uma limitação dos testes sorológicos em identificar infecção ativa ou inativa. Assim, utiliza-se o seguinte algoritmo:
Probabilidade pré-teste | Exemplo | Recomendação |
Alta | Eritema migratório | Antibioticoterapia empírica (sem sorologia) |
Intermediária | Artrite oligoarticular | Sorologia e, se positivo, antibioticoterapia |
Baixa | Sintomas inespecíficos (febre, fadiga, mialgia) | Nem sorologia, nem antibioticoterapia para doença de Lyme |
Tratamento
Quando não há acometimento neurológico, o tratamento de primeira escolha para maiores de 9 anos não gestantes é a doxiciclina oral, 100mg, 2x ao dia e para menores de 9 anos, a amoxicilina oral 50mg/kg/dia. Como segunda escolha para adultos, deve-se usar amoxicilina oral 500mg 3x ao dia.
Já quando a doença afeta o sistema nervoso, a terapia deve ser endovenosa, de modo que o antibiótico de primeira escolha é a ceftriaxona 2g/dia e o de segunda escolha é a cefotaxima 2g de 8 em 8 horas.
A duração da terapia medicamentosa varia conforme os sintomas que se manifestam e pode durar entre 14 a 60 dias.
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