Resumo da Doença de Osgood Schlatter: causas e mais!

Resumo da Doença de Osgood Schlatter: causas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Doença de Osgood-Schlatter é uma condição ortopédica benigna, comum em adolescentes que praticam esportes com impacto repetitivo nos joelhos. Embora autolimitada, pode comprometer o desempenho físico e gerar dor persistente durante o crescimento. O reconhecimento precoce e o manejo clínico adequado ajudam a evitar afastamentos prolongados das atividades esportivas. 

A dor anterior no joelho com início insidioso e piora com atividade física é a principal queixa relatada pelos pacientes.

Definição e fisiopatologia 

Conceito clínico

A Doença de Osgood-Schlatter é uma apofisite de tração da tuberosidade anterior da tíbia, resultante da sobrecarga repetitiva no ponto de inserção do tendão patelar. Trata-se de uma condição inflamatória observada em adolescentes em fase de crescimento acelerado, frequentemente envolvidos em atividades esportivas.

Mecanismo de sobrecarga

Durante o estirão puberal, o crescimento ósseo costuma superar a capacidade de adaptação musculotendínea, o que leva a um aumento da tensão na transição tendão-osso. Esforços repetitivos como saltos, corridas, chutes e agachamentos potencializam essa tração sobre a apófise, favorecendo processos inflamatórios locais.

Alterações histológicas e estruturais

A tração crônica do tendão patelar sobre uma fise ainda imatura pode levar a fragmentação da tuberosidade tibial, edema de partes moles, formação de ossículos ou até mesmo microavulsões. O processo reparativo pode resultar em uma proeminência óssea residual, muitas vezes indolor após a consolidação. 

Epidemiologia

Faixa etária e crescimento esquelético

A Doença de Osgood-Schlatter surge predominantemente durante o período de crescimento acelerado da puberdade, quando a apófise da tuberosidade tibial ainda está em ossificação. A faixa etária mais acometida é entre 12 e 15 anos nos meninos e entre 8 e 13 anos nas meninas, refletindo as diferenças no tempo de maturação esquelética entre os sexos.

Distribuição por sexo

Historicamente, a condição foi considerada mais prevalente em meninos. No entanto, com o aumento da participação feminina em esportes competitivos, a incidência entre meninas tem se tornado comparável, ainda que a apresentação clínica possa variar levemente em relação à intensidade dos sintomas e tempo de recuperação.

Relação com atividade física

A doença é mais frequente em adolescentes fisicamente ativos, especialmente em esportes que envolvem saltos, arrancadas e mudanças bruscas de direção, como futebol, basquete, vôlei e atletismo. Movimentos repetitivos do aparelho extensor do joelho contribuem diretamente para o desenvolvimento do quadro.

Prevalência e bilateralidade

Estudos populacionais estimam que a Doença de Osgood-Schlatter afete cerca de 9% a 21% dos adolescentes atletas, com uma taxa significativamente menor (em torno de 4,5%) em indivíduos não envolvidos em esportes. A manifestação bilateral ocorre em até 30% dos casos, embora a intensidade da dor possa variar entre os lados.

Duração dos sintomas e impacto

Apesar de autolimitada, a condição pode persistir por meses a até dois anos, dependendo do grau de atividade física e adesão às orientações terapêuticas. Em um subconjunto de pacientes, os sintomas podem perdurar até a vida adulta, especialmente quando não há modificação da sobrecarga durante a fase ativa da doença.

Avaliação clínica

Padrão típico da dor

O quadro clássico envolve um adolescente, geralmente ativo em esportes, que relata dor anterior no joelho de início insidioso, sem história de trauma agudo. A dor se localiza sobre a tuberosidade tibial e se intensifica com atividades físicas como correr, saltar, agachar ou subir escadas. Em repouso, os sintomas tendem a regredir espontaneamente.

Sinais à inspeção e palpação

Ao exame físico, observa-se hipersensibilidade à palpação sobre a tuberosidade anterior da tíbia, que pode apresentar-se aumentada de volume ou proeminente. A dor costuma ser reproduzida por extensão resistida do joelho ou flexão passiva com o quadril estendido. Em casos mais avançados, há espessamento do tendão patelar e edema local leve.

DynaMed.

Avaliação da biomecânica

Frequentemente estão presentes encurtamentos musculares dos isquiotibiais e quadríceps, o que agrava a tensão sobre a tuberosidade. Testes como o Ely (para quadríceps) e a mensuração do ângulo poplíteo (para isquiotibiais) são úteis na avaliação da flexibilidade. Um padrão de marcha antálgica pode ser observado em casos mais sintomáticos.

Distribuição e evolução dos sintomas

A dor pode ser unilateral ou bilateral, sendo a bilateralidade descrita em até 30% dos casos. O desconforto geralmente é intermitente, mas pode se tornar contínuo em atletas que não reduzem a sobrecarga. A maioria dos pacientes relata melhora significativa com o fechamento da fise, embora alguns mantenham sintomas residuais leves por anos.

Ausência de sinais sistêmicos

Importante destacar que não há febre, perda ponderal, edema articular difuso ou sinais inflamatórios sistêmicos. A presença de tais achados deve alertar para diagnósticos alternativos, como infecções, tumores ou doenças inflamatórias reumatológicas.

Diagnóstico 

Critérios clínicos predominantes

A avaliação clínica é, na maioria dos casos, suficiente para confirmar a Doença de Osgood-Schlatter. O diagnóstico é sustentado pela história de dor anterior no joelho com início gradual, associada à prática esportiva e sensibilidade localizada sobre a tuberosidade tibial. A ausência de trauma recente e a melhora com repouso são dados adicionais que reforçam essa suspeita.

Exame físico direcionado

O exame físico revela hipersensibilidade à palpação da tuberosidade tibial, podendo haver proeminência óssea local e dor à extensão ativa ou flexão passiva do joelho. Não há sinais inflamatórios articulares difusos, e o exame costuma ser normal no restante do joelho. A avaliação da flexibilidade do quadríceps e isquiotibiais deve ser incluída rotineiramente.

Indicações para exames de imagem

Embora o diagnóstico seja predominantemente clínico, a imagem pode ser útil em situações atípicas: dor persistente, apresentação unilateral refratária, presença de sinais inflamatórios, bloqueio articular, febre ou limitação funcional grave. Nestes casos, considera-se:

  • Radiografia em perfil do joelho: pode mostrar fragmentação da tuberosidade tibial, aumento de partes moles e, em alguns casos, ossículos livres.
  • Ultrassonografia: evidencia espessamento do tendão patelar, edema pré-tibial e alterações bursais.
  • Ressonância magnética: reservada para dúvidas diagnósticas, principalmente quando se deseja excluir lesões osteocondrais ou processos inflamatórios/infecciosos.

Correlação clínico-radiológica

É importante lembrar que alterações radiográficas podem ser encontradas em crianças assintomáticas, uma vez que fazem parte da sequência normal de ossificação da apófise. Portanto, a imagem nunca deve sobrepor-se aos achados clínicos na tomada de decisão.

Tratamento 

Abordagem conservadora como primeira linha

O manejo da Doença de Osgood-Schlatter é prioritariamente não cirúrgico e orientado pela intensidade dos sintomas. A maioria dos pacientes responde bem com modificação de atividades físicas, evitando esportes que envolvam salto, corrida ou impacto direto sobre os joelhos até que a dor se torne tolerável ou desapareça.

Controle da dor e medidas complementares

Medidas simples costumam ser eficazes para alívio dos sintomas:

  • Aplicação local de gelo após a atividade física;
  • Uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) por curto período, como ibuprofeno ou naproxeno;
  • Almofadas ou joelheiras para proteger a tuberosidade em atividades que envolvam ajoelhar-se;
  • Períodos breves de imobilização, com órtese ou joelheira, podem ser considerados em fases agudas com dor intensa.

Fisioterapia e reeducação funcional

A reabilitação é um componente essencial da abordagem. Um programa fisioterapêutico deve incluir:

  • Alongamento de quadríceps, isquiotibiais e gastrocnêmios;
  • Fortalecimento muscular do quadríceps e glúteos;
  • Reeducação postural e treino de estabilidade do joelho e quadril;
  • Progressão gradual das atividades esportivas, respeitando limites de dor.

O objetivo é restaurar o equilíbrio entre força, flexibilidade e controle motor, diminuindo a sobrecarga sobre a tuberosidade tibial.

Tratamentos invasivos: quando considerar

Embora raros, casos que persistem por mais de 12 a 24 meses após o fechamento da fise, com dor funcional limitante, podem justificar intervenções adicionais. As opções incluem:

  • Excisão cirúrgica de ossículos livres ou da proeminência óssea sintomática;
  • Procedimentos artroscópicos ou bursoscópicos, que apresentam menor morbidade;
  • Infiltrações com dextrose hipertônica têm sido estudadas, mas os resultados são inconsistentes;
  • Injeções com corticosteroides não são recomendadas, devido ao risco de ruptura tendínea e atrofia tecidual.

Retorno ao esporte e acompanhamento

O retorno ao esporte deve ser feito de forma progressiva, respeitando a ausência de dor durante os exercícios funcionais. Acompanhamento clínico periódico é recomendado, especialmente nos casos refratários. A maioria dos pacientes apresenta melhora clínica significativa com medidas conservadoras bem orientadas.

Venha fazer parte da maior plataforma de Medicina do Brasil! O Estratégia MED possui os materiais mais atualizados e cursos ministrados por especialistas na área. Não perca a oportunidade de elevar seus estudos, inscreva-se agora e comece a construir um caminho de excelência na medicina! 

Curso Extensivo de Residência Médica

Curso Extensivo Residência Médica - 12 meses

Estude com nosso curso mais completo e tenha acesso a um material multimídia, elaborado por professores especialistas, de acordo com o conteúdo cobrado nas provas. Ideal para quem tem mais tempo para estudar e quer se dedicar ao máximo para obter os melhores resultados na sua preparação.
12x R$ 583,15
No Cartão de Crédito ou 10% de desconto no Boleto ou Pix à vista: R$ 6.298,11
Promoção válida até: 23/07/2025
Saiba mais

Curso Extensivo Residência Médica - 18 meses

Estude com nosso curso mais completo e tenha acesso a um material multimídia, elaborado por professores especialistas, de acordo com o conteúdo cobrado nas provas. Ideal para quem tem mais tempo para estudar e quer se dedicar ao máximo para obter os melhores resultados na sua preparação.
12x R$ 604,86
No Cartão de Crédito ou 10% de desconto no Boleto ou Pix à vista: R$ 6.532,51
Promoção válida até: 23/07/2025
Saiba mais

Curso Extensivo Residência Médica - 24 meses

Estude com nosso curso mais completo e tenha acesso a um material multimídia, elaborado por professores especialistas, de acordo com o conteúdo cobrado nas provas. Ideal para quem tem mais tempo para estudar e quer se dedicar ao máximo para obter os melhores resultados na sua preparação.
12x R$ 756,11
No Cartão de Crédito ou 10% de desconto no Boleto ou Pix à vista: R$ 8.166,01
Promoção válida até: 23/07/2025
Saiba mais

Curso Extensivo Residência Médica - 30 meses

Estude com nosso curso mais completo e tenha acesso a um material multimídia, elaborado por professores especialistas, de acordo com o conteúdo cobrado nas provas. Ideal para quem tem mais tempo para estudar e quer se dedicar ao máximo para obter os melhores resultados na sua preparação.
12x R$ 985,27
No Cartão de Crédito ou 10% de desconto no Boleto ou Pix à vista: R$ 10.641,01
Promoção válida até: 23/07/2025
Saiba mais

Curso Extensivo Residência Médica - 36 meses

Estude com nosso curso mais completo e tenha acesso a um material multimídia, elaborado por professores especialistas, de acordo com o conteúdo cobrado nas provas. Ideal para quem tem mais tempo para estudar e quer se dedicar ao máximo para obter os melhores resultados na sua preparação.
12x R$ 1.054,02
No Cartão de Crédito ou 10% de desconto no Boleto ou Pix à vista: R$ 11.383,51
Promoção válida até: 23/07/2025
Saiba mais

Veja Também

Canal do YouTube 

Referências Bibliográficas 

  1. SMITH, J.M.; VARACALLO, M.A. Osgood-Schlatter Disease. StatPearls Publishing, 2025. 
  1. DYNAMED. Osgood-Schlatter Disease. EBSCO Information Services, 2024. 
Você pode gostar também