Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) é uma condição musculoesquelética caracterizada por dor regional associada à presença de pontos-gatilho. Seu diagnóstico é essencialmente clínico e seu tratamento exige uma abordagem multidisciplinar, combinando terapias manuais, farmacológicas e modificações posturais. A compreensão dos mecanismos fisiopatológicos dessa síndrome permite estratégias mais eficazes para controle da dor e melhora da qualidade de vida dos pacientes.
A dor miofascial pode ser confundida com outras condições musculoesqueléticas, tornando essencial uma abordagem diagnóstica detalhada.
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O que é a Síndrome Dolorosa Miofascial
A Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) é uma condição musculoesquelética caracterizada por dor localizada em regiões musculares específicas, frequentemente associada à presença de pontos-gatilho. Esses pontos correspondem a áreas hiperirritáveis dentro de bandas musculares tensionadas, que, ao serem pressionadas, desencadeiam dor local e referida.
Diferente de outras síndromes dolorosas, como a fibromialgia, a SDM tem um padrão bem definido de dor, sendo limitada a grupos musculares específicos. Pode ocorrer em qualquer faixa etária e está frequentemente associada a fatores como sobrecarga muscular, postura inadequada e microtraumas repetitivos.
Como Ocorre a SDM
A fisiopatologia da Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) ainda não é completamente compreendida, mas diversas teorias buscam explicar os mecanismos subjacentes à dor e à disfunção muscular.
Uma das hipóteses mais aceitas é a crise energética da fibra muscular, na qual um estímulo mecânico ou metabólico leva à disfunção do retículo sarcoplasmático, resultando em liberação excessiva de cálcio. Esse excesso de cálcio mantém a contração das fibras musculares, formando as bandas tensionadas características da SDM. O estado de contração contínua reduz o fluxo sanguíneo local, causando hipóxia e acúmulo de metabólitos pró-inflamatórios, que sensibilizam nociceptores e perpetuam a dor.
Além disso, há evidências de que a sensibilização central contribui para a persistência dos sintomas. Nessa condição, o sistema nervoso central amplifica os sinais dolorosos, fazendo com que estímulos não nocivos sejam interpretados como dolorosos. Outros mecanismos envolvidos incluem inflamação neurogênica e alterações na transmissão da dor no eixo espinhal.
Causas da SDM
A Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) pode ser desencadeada por múltiplos fatores, que podem ser classificados em mecânicos e sistêmicos.
Fatores mecânicos
- Movimentos repetitivos e sobrecarga muscular;
- Postura inadequada e desalinhamentos musculoesqueléticos;
- Traumas diretos, como contusões e distensões musculares;
- Disfunções biomecânicas, incluindo dismetrias dos membros e desalinhamento da coluna; e
- Bruxismo e alterações da oclusão dentária.
Fatores sistêmicos
- Deficiências nutricionais, como falta de vitamina D, ferro e magnésio;
- Distúrbios hormonais, incluindo hipotireoidismo;
- Distúrbios do sono e fadiga crônica; e
- Estresse emocional e transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão.
Diagnóstico da SDM
Sintomas
A Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) manifesta-se predominantemente por dor muscular localizada, associada à presença de pontos-gatilho. Esses pontos são áreas hiperirritáveis dentro de bandas musculares tensas, que, quando palpadas, desencadeiam dor tanto no local quanto em regiões referidas. Os principais sintomas incluem:
- Dor muscular profunda e mal localizada, podendo ser espontânea ou desencadeada por palpação.
- Presença de pontos-gatilho ativos (geram dor espontânea e referida, além de restringirem a mobilidade muscular) e latentes (não provocam dor espontânea, mas podem evoluir para pontos ativos caso os fatores predisponentes persistam).
- Rigidez e limitação de movimento, especialmente ao acordar ou após períodos prolongados de inatividade.
- Sensação de fraqueza muscular, sem perda objetiva de força nos testes neurológicos.
- Fenômenos sensoriais e autonômicos associados, como formigamento, dormência, vertigens e, em alguns casos, sintomas urinários.
- Distúrbios do sono e fadiga, muitas vezes relacionados à dor persistente e dificuldade para encontrar posições confortáveis ao dormir.
Diagnóstico
O diagnóstico da SDM é essencialmente clínico, baseado na anamnese e no exame físico. Não há exames laboratoriais ou de imagem específicos para confirmar a síndrome, mas alguns métodos auxiliares podem ser utilizados para diferenciar de outras patologias.
Critérios clínicos para diagnóstico da SDM:
- Presença de pontos-gatilho palpáveis em músculos tensionados;
- Dor referida ao pressionar o ponto-gatilho;
- Resposta de contração local (resposta em “salto”) quando o ponto-gatilho é estimulado; e
- Reconhecimento da dor pelo paciente como semelhante à dor habitual.
Diagnóstico Diferencial
A dor miofascial pode ser confundida com outras condições musculoesqueléticas, como tendinopatias, bursites e radiculopatias, tornando essencial uma abordagem diagnóstica detalhada.
Tratamento da SDM
Medidas não farmacológicas
A base do tratamento da SDM é a reabilitação muscular e postural, com foco na liberação dos pontos-gatilho e na melhora da funcionalidade. Entre as principais abordagens, destacam-se:
- Terapia manual e liberação miofascial: técnicas de massagem, alongamento e manipulação muscular para relaxamento das bandas tensionadas.
- Alongamento e exercícios terapêuticos: movimentos suaves e progressivos para restaurar a flexibilidade muscular e reduzir a tensão.
- Correção postural e ergonomia: ajustes na postura e no ambiente de trabalho para minimizar fatores perpetuantes da dor.
- Fisioterapia com modalidades analgésicas: aplicação de calor, ultrassom terapêutico e estimulação elétrica transcutânea (TENS) podem ser úteis no alívio sintomático.
Intervenções minimamente invasivas
Nos casos em que a dor persiste apesar do tratamento conservador, algumas intervenções podem ser indicadas:
- Agulhamento seco: inserção de uma agulha nos pontos-gatilho sem injeção de substâncias, promovendo relaxamento muscular e alívio da dor.
- Infiltração anestésica: injeção de lidocaína ou outros anestésicos locais nos pontos-gatilho para analgesia imediata.
- Acupuntura: técnica que pode auxiliar no alívio da dor e na modulação da resposta muscular.
Tratamento farmacológico
Os medicamentos são utilizados como coadjuvantes no controle da dor e na melhora da função muscular. As principais classes incluem:
- Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): úteis no alívio da dor, mas sem efeito direto nos pontos-gatilho.
- Relaxantes musculares: podem ajudar na redução da tensão muscular e na melhora da mobilidade.
- Antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSNs): indicados em casos crônicos para modulação da dor e melhora do sono.
- Toxina botulínica: utilizada em casos refratários, atua na inibição da contração excessiva do músculo afetado.
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Referências Bibliográficas
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Síndrome Miofascial. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/sindrome-miofascial/. Acesso em: 22 fev. 2025.
- TANTANATIP, A.; CHANG, K-V. Myofascial Pain Syndrome. StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK499882/. Acesso em: 22 fev. 2025.