Resumo de Alopecia de Tração: sintomas, tratamento e mais!
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Resumo de Alopecia de Tração: sintomas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A alopecia de tração representa uma forma de perda capilar associada a hábitos de beleza e culturais que submetem o couro cabeludo a tração mecânica repetitiva. Embora inicialmente reversível, sua persistência pode causar fibrose e destruição folicular permanente, tornando o quadro cicatricial. A condição é frequente em mulheres com cabelos crespos e reflete a interação entre fatores estéticos, culturais e biológicos. 

O reconhecimento precoce e a modificação dos hábitos de penteado são determinantes para prevenir sequelas irreversíveis e restaurar o crescimento capilar.

O que é Alopecia de Tração 

A alopecia de tração é uma condição caracterizada pela perda progressiva de cabelo decorrente de tensão mecânica contínua aplicada sobre os folículos pilosos. Essa tração repetitiva, provocada por penteados como tranças, rabos de cavalo, coques apertados ou uso prolongado de apliques, provoca inflamação perifolicular e enfraquecimento dos fios, levando ao afinamento e, posteriormente, à queda capilar.

Epidemiologia  

A alopecia de tração é uma das causas mais comuns de perda capilar associada a práticas culturais e estéticas, afetando predominantemente mulheres de ascendência africana devido à frequência de penteados que exercem tração contínua sobre os fios. Estudos mostram prevalência de 8% a 21% em meninas de 6 a 15 anos e até 31,7% em mulheres adultas dessas populações.

Embora mais observada em mulheres, homens que utilizam dreadlocks, tranças ou turbantes também podem apresentar a condição, com prevalência estimada de 2% a 3%. Casos em crianças pequenas, incluindo lactentes, já foram descritos, especialmente quando há o uso de elásticos ou penteados apertados desde os primeiros meses de vida.

A incidência tende a aumentar com a idade, refletindo a repetição prolongada de práticas de tração e a perda progressiva da capacidade regenerativa dos folículos pilosos. Essa distribuição reforça o caráter prevenível da doença, uma vez que a modificação dos hábitos capilares desde a infância pode reduzir significativamente sua ocorrência.

Etiologia e fatores de risco 

A alopecia de tração surge pela tensão mecânica repetida sobre os folículos pilosos, que provoca microtraumas progressivos e inflamação crônica ao redor da raiz capilar. Essa tração contínua compromete o suprimento vascular e a integridade do folículo, resultando em afinamento dos fios e, em casos persistentes, fibrose e destruição irreversível das unidades foliculares.

Os principais fatores desencadeantes estão relacionados a hábitos de modelagem capilar que mantêm o cabelo sob tração constante, como tranças apertadas, rabos de cavalo, coques firmes, “penteados em cornrow”, uso prolongado de apliques, extensões e dreadlocks. O risco aumenta quando essas práticas são associadas a procedimentos químicos (alisamentos, relaxamentos e colorações) ou exposição térmica intensa (chapinhas e secadores), que fragilizam o fio e o tornam mais suscetível ao rompimento.

Há ainda fatores ocupacionais e culturais — como o uso contínuo de turbantes, capacetes ou adornos religiosos — que mantêm a tração por períodos prolongados. O formato do cabelo também influencia: fios naturalmente crespos ou com curvatura acentuada são mais vulneráveis à tração devido à menor resistência mecânica e à distribuição irregular da força ao longo da haste.

Manifestações clínicas

Início e áreas afetadas

A alopecia de tração começa geralmente de forma gradual e localizada, afetando as regiões frontotemporal, pré-auricular e occipital, sendo as zonas de maior tração durante o penteado. O paciente pode relatar desconforto no couro cabeludo, como coceira, dor leve, ardência ou sensibilidade, especialmente após prender o cabelo.

Sinais iniciais

Nos estágios precoces, observam-se fios quebrados e rarefação capilar, com presença de pequenos pelos finos ao longo da linha de implantação. Esse achado é conhecido como “fringe sign”, um indicativo de que os folículos continuam ativos e o quadro é potencialmente reversível. Pode haver também eritema perifolicular ou discreta descamação no local da tração.

Evolução da perda capilar

Com a manutenção do estresse mecânico, ocorre progressão da queda e aumento das áreas alopécicas, que assumem contornos lineares ou em faixas. A densidade capilar diminui visivelmente, e os fios tornam-se mais finos e frágeis. Em fases avançadas, instala-se fibrose com perda irreversível dos folículos, transformando a alopecia em forma cicatricial.

Alterações associadas

Alguns pacientes podem apresentar pápulas, crostas ou pústulas devido à inflamação folicular secundária, além de dor ou prurido persistente. Apesar dessas alterações, as sobrancelhas, cílios e pelos corporais permanecem preservados, já que o dano é restrito às áreas tracionadas.

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Diagnóstico

Avaliação clínica

O diagnóstico da alopecia de tração é, geralmente, clínico, baseado na história de penteados com tração prolongada e na observação de áreas de rarefação capilar localizadas, principalmente nas margens do couro cabeludo. O exame físico revela fios quebrados, diminuição da densidade capilar e, frequentemente, o “fringe sign”, com preservação de fios finos na linha de implantação. A ausência de inflamação intensa ajuda a diferenciar essa condição de outras alopecias inflamatórias.

Exame dermatoscópico (tricoscopia)

A tricoscopia é uma ferramenta útil para confirmar o diagnóstico e avaliar a fase da doença. Nos estágios iniciais, observam-se casts foliculares — cilindros brancos que envolvem a base dos fios — e redução da densidade folicular sem perda completa das aberturas dos folículos. Em fases mais avançadas, aparecem áreas de fibrose, ausência de orifícios foliculares e miniaturização capilar, indicando evolução para alopecia cicatricial.

Avaliação histopatológica

Quando o diagnóstico é duvidoso ou há suspeita de forma cicatricial, realiza-se biópsia de couro cabeludo. Nos casos recentes, o exame mostra aumento de folículos em fase telógena e trichomalacia, caracterizada por fios enfraquecidos e deformados. Nas formas crônicas, há substituição dos folículos por tratos fibrosos e redução permanente do número de unidades foliculares, com mínima infiltração inflamatória perifolicular.

Escalas de gravidade e diagnóstico diferencial

A gravidade pode ser mensurada pelo Marginal Traction Alopecia Severity Score (M-TAS), que classifica o comprometimento das regiões anterior e posterior do couro cabeludo de 0 a 9. O diagnóstico diferencial inclui alopecia areata, tinea capitis, tricotilomania e dermatite seborreica, condições que podem simular o padrão de perda marginal.

Tratamento

Medidas preventivas e mudança de hábitos

O tratamento da alopecia de tração começa com a eliminação do fator causador, ou seja, a redução da tensão aplicada aos fios. O paciente deve ser orientado a evitar penteados apertados, como tranças, rabos de cavalo, coques firmes, dreadlocks e uso prolongado de apliques. A alternância de estilos, o uso de elásticos mais largos e o descanso periódico do couro cabeludo são medidas que interrompem a progressão da doença. Em crianças e adolescentes, a educação precoce sobre cuidados capilares tem impacto significativo na prevenção.

Tratamento medicamentoso

Nos estágios iniciais, quando ainda há folículos viáveis, a redução da inflamação é fundamental. Podem ser utilizados corticosteroides tópicos ou intralesionais, como a triancinolona, aplicados nas bordas das áreas afetadas. Em casos com pústulas ou foliculite secundária, indica-se o uso de antibióticos tópicos ou orais (como doxiciclina), devido ao seu efeito anti-inflamatório. O minoxidil tópico, em concentração de 2% a 5%, pode ser associado para estimular o crescimento de novos fios.

Terapias complementares e experimentais

Em situações refratárias, algumas opções complementares têm sido estudadas, como o plasma rico em plaquetas (PRP), que estimula a regeneração folicular, e o uso de agonistas alfa-1 adrenérgicos tópicos, como a fenilefrina, que aumentam a resistência do fio à tração. Essas abordagens são consideradas adjuvantes e devem ser avaliadas individualmente.

Tratamento cirúrgico

Nos casos crônicos, em que houve fibrose e destruição folicular permanente, o tratamento clínico não é eficaz. Nessa fase, pode-se considerar transplante capilar com técnicas como microenxertia folicular ou unidade folicular, desde que o processo inflamatório esteja completamente inativo. O procedimento tem resultado estético satisfatório, mas requer avaliação rigorosa da estabilidade da alopecia.

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Referências Bibliográficas 

  1. SYED, Hasnain A.; KALIYADAN, Feroze. Traction Alopecia. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470434/
  1. FU, Jennifer et al. Hair Loss in Adults – Approach to the Patient. DynaMed. EBSCO Information Services, 2025. 

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