Olá, querido doutor e doutora! A conjuntivite neonatal representa uma preocupação importante no cuidado com recém-nascidos, exigindo diagnóstico precoce e tratamento específico para evitar complicações oftalmológicas e sistêmicas. As causas variam entre agentes infecciosos e reações químicas, sendo a triagem pré-natal e a profilaxia ao nascimento medidas essenciais.
O uso de iodopovidona a 2,5% passou a ser recomendado para profilaxia da conjuntivite neonatal por causar menos irritação e proteger contra múltiplos agentes infecciosos.
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Conceito
A conjuntivite neonatal é uma inflamação da conjuntiva que surge durante o primeiro mês de vida. Essa condição se manifesta por vermelhidão ocular, edema palpebral e presença de secreção, podendo variar de discreta a intensa conforme o agente envolvido. Entre suas causas, incluem-se reações químicas a medicamentos profiláticos, infecções adquiridas no canal de parto e obstruções congênitas das vias lacrimais.
Em casos infecciosos, a transmissão geralmente ocorre no momento do parto, destacando a importância da identificação precoce e do manejo adequado para prevenir complicações oculares e sistêmicas.
Causas
A conjuntivite neonatal pode ser provocada por diferentes fatores, dependendo do tempo de surgimento dos sintomas. Nas primeiras horas de vida, agentes químicos, como o nitrato de prata, podem desencadear inflamação ocular. Infecções bacterianas, especialmente por Neisseria gonorrhoeae e Staphylococcus aureus, tendem a aparecer entre o primeiro e o segundo dias. Já infecções por Chlamydia trachomatis ou pelo vírus herpes simples surgem a partir da primeira semana. Além disso, obstruções congênitas do ducto lacrimal podem predispor ao acúmulo de secreções e infecções secundárias.
Causa | Momento de início |
---|---|
Conjuntivite química | Primeiras 24 horas |
Gonocócica ( N. gonorrhoeae) | 1 a 7 dias (até 21 dias) |
Clamídia (C. trachomatis) | 5 a 19 dias |
Herpética (Vírus herpes simples) | 6 a 14 dias |
Bacteriana comum (S. aureus) | Após primeira semana |
Obstrução congênita do ducto lacrimal | Após o período neonatal |
Epidemiologia e fatores de risco
A conjuntivite neonatal é considerada a principal infecção ocular em recém-nascidos, manifestando-se nas primeiras semanas de vida. Com a adoção de métodos profiláticos, como colírios antimicrobianos ao nascimento, houve uma redução significativa nos casos de conjuntivite por Neisseria gonorrhoeae. No entanto, infecções por Chlamydia trachomatis continuam sendo prevalentes.
Fatores de Risco
- Trabalho de parto prolongado.
- Ruptura prematura das membranas amnióticas.
- Prematuridade.
- Infecção materna por gonococo, clamídia ou vírus herpes simples.
- Deficiências no cuidado higiênico durante o parto.
- Obstrução congênita do ducto lacrimal.
- Uso de ventilação mecânica nos primeiros dias de vida.
- Mães portadoras do vírus HIV.
Avaliação clínica
As manifestações clínicas da conjuntivite neonatal variam de acordo com o agente etiológico e o tempo de evolução da infecção. Em geral, os recém-nascidos apresentam olhos vermelhos, secreção ocular e edema das pálpebras. A característica da secreção e a intensidade do quadro ajudam a sugerir o provável agente envolvido, sendo necessário diferenciar entre causas infecciosas e químicas para direcionar o tratamento correto.
Agente | Sintomas Característicos |
---|---|
Conjuntivite química | Hiperemia discreta, edema leve, secreção aquosa, autolimitada |
Neisseria gonorrhoeae | Secreção purulenta abundante, edema palpebral intenso, hiperemia severa |
Chlamydia trachomatis | Secreção inicialmente aquosa, evoluindo para purulenta ou hemática, possível associação com pneumonite |
Vírus Herpes simples | Secreção aquosa ou mucopurulenta, edema palpebral, presença de vesículas cutâneas. |
Bactérias comuns (S. aureus, etc.) | Secreção mucopurulenta moderada, quadro leve ou autolimitado |
Obstrução congênita do ducto lacrimal | Lacrimejamento persistente, secreção mucoide intermitente |
Diagnóstico
O diagnóstico da conjuntivite neonatal é, inicialmente, clínico, fundamentado na análise do tempo de aparecimento dos sintomas, no padrão da secreção ocular e nos achados do exame físico. A diferenciação entre causas químicas, infecciosas e obstrutivas é essencial para definir o manejo. A presença de secreção purulenta intensa, edema palpebral severo ou manifestações sistêmicas sugere etiologias bacterianas ou virais mais graves.
Para confirmação, recomenda-se a coleta de amostras da secreção conjuntival para bacterioscopia, cultura e testes moleculares, como o exame de amplificação de ácido nucleico (NAAT), principalmente em suspeitas de Chlamydia trachomatis ou Neisseria gonorrhoeae. Em casos de suspeita de obstrução de vias lacrimais, o teste de desaparecimento da fluoresceína pode ser utilizado para avaliar o fluxo lacrimal. Em situações específicas, é necessário também excluir condições como dacriocistite, celulite periorbital e glaucoma congênito.
Tratamento
O tratamento da conjuntivite neonatal deve ser iniciado conforme a provável etiologia, muitas vezes antes mesmo da confirmação laboratorial, para prevenir complicações oculares graves. A escolha terapêutica depende do agente envolvido, do tempo de início dos sintomas e da gravidade do quadro.
Agente | Tratamento |
---|---|
Conjuntivite química | Autolimitados (melhora em no máximo 4 dias), e não necessitam de tratamento específico. |
Clamídia | Azitromicina via oral por 3 dias, ou eritromicina via oral por 14 dias. Na confirmação da infecção, tanto a mãe quanto seus parceiros sexuais devem ser tratados. |
Gonocócica | Cefalosporinas de terceira geração via endovenosa ou intramuscular. Na confirmação da infecção, tanto a mãe quanto seus parceiros sexuais devem ser tratados. |
Herpética | Aciclovir sistêmico + solução oftalmológica. Na confirmação da infecção, tanto a mãe quanto seus parceiros sexuais devem ser tratados. |
Outros patógenos | Azitromicina ou eritromicina via oral. |
Prognóstico
Quando diagnosticada precocemente e tratada de forma adequada, a conjuntivite neonatal apresenta excelente evolução, com resolução completa dos sintomas na maioria dos casos. Infecções bacterianas severas, como as provocadas por gonococo, podem, no entanto, evoluir para complicações sérias como ulceração corneana e cegueira se o manejo não for rápido e apropriado. As formas associadas a Chlamydia trachomatis também exigem atenção prolongada, devido ao risco de infecções respiratórias concomitantes.
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Referências Bibliográficas
- MAKKER, Kartikeya; NASSAR, George N.; KAUFMAN, Evan J. Neonatal Conjunctivitis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025.
- TELESAÚDERS-UFRGS. Quais as causas e como tratar a conjuntivite neonatal? Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 2020.