Resumo de deficiência intelectual: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de deficiência intelectual: diagnóstico, tratamento e mais!

A deficiência intelectual é uma condição muitas vezes negligenciada pelos profissionais de saúde, sendo necessário uma abordagem multidisciplinar nesses casos. Confira os principais aspectos referentes a esta condição, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à deficiência intelectual.

  • O diagnóstico de deficiência intelectual requer prejuízo no funcionamento adaptativo e intelectual com início antes dos 18 anos de idade. 
  • Entre as causas conhecidas de DI, anomalias genéticas são encontradas em até 50% dos casos. 
  • A síndrome de Down é a causa genética mais comum. 
  • Uma abordagem educacional, comportamental, familiar e formação profissional é necessária para dar qualidade de vida a esses indivíduos. 
  • O manejo psicofarmacológico tem sua importância no controle da agressividade e comorbidades. A risperidona é uma das drogas mais utilizadas no comportamento agressivo. 

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Definição da doença

O conceito que hoje é trazido como deficiência intelectual (DI), foi modificado por vários anos com inúmeras definições e terminologias, como oligofrenia, retardo mental e deficiência mental. 

É caracterizada por déficits no neurodesenvolvimento e limitações no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, apresentando-se antes dos 18 anos de idade.  

Epidemiologia e etiologia da deficiência intelectual

A prevalência de DI é estimada em aproximadamente 1% a 1,5% em países em desenvolvimento, sendo que cerca de 85% têm deficiência intelectual leve, com pico de diagnóstico entre 10 e 14 anos de idade, sendo discretamente mais prevalente em homens.

A etiologia da deficiência intelectual se divide principalmente em anormalidades genéticas e exposição ambiental.

Causas genéticas

Entre as causas conhecidas de DI, anomalias genéticas são encontradas em até 50% dos casos. A anormalidade genética pode causar defeito do neurodesenvolvimento, um erro inato do metabolismo ou neurodegeneração. A síndrome de Down é a causa genética mais comum, representando um defeito do neurodesenvolvimento. Distúrbios ligados ao cromossomo X, incluindo a síndrome do X frágil, representam aproximadamente 5 a 10% da DI em homens. 

Erros inatos do metabolismo conhecidos que resultam em deficiência intelectual são fenilcetonúria (PKU), síndrome de Lesch-Nyhan, a doença de Niemann-Pick, a doença de Hunter, a doença de Hurler, a doença da urina do xarope de ácer, a doença de Hartnup, a homocistinúria e a galactosemia. 

A síndrome de Rett, uma condição degenerativa dominante rara ligada ao cromossomo X, é observada apenas em mulheres com deficiência intelectual.  Nessas crianças, ocorre atrofia cerebral na substância negra, causando defeitos na via dopaminérgica nigroestriatal, a partir dos 6 a 18 meses de idade. 

Causas ambientais

A exposição ambiental durante a gravidez pode levar à deficiência intelectual, que pode ser causada pela exposição materna a uma toxina (álcool, exposição a opióides, cocaína e medicamentos teratogênicos), agente infeccioso (rubéola e o HIV), condição materna descontrolada (HAS, asma, ITU, obesidade e diabetes) e complicações no parto. 

Além disso, a deficiência intelectual pode ser adquirida durante a primeira infância após infecções do SNC, como encefalite, meningite e paralisia cerebral infantil, traumatismo craniano, asfixia, tumor intracraniano, desnutrição e exposição a substâncias tóxicas. 

Manifestações clínicas da deficiência intelectual

O déficit no funcionamento intelectual está relacionado a baixa capacidade de exercer atividades mentais como raciocínio lógico, resolução de problemas, capacidade de aprendizado, habilidades verbais e assim por diante, geralmente chamado de inteligência. 

A maioria das crianças com comprometimento leve apresenta atraso na linguagem na avaliação do desenvolvimento global. As habilidades motoras também podem estar atrasadas até os dois anos de idade. 

Pode haver comportamento imaturo, dificuldade em se relacionar com sua família e amigos por causa de um problema de comunicação, bem como de um controle inadequado dos impulsos. 

#Ponto importante: Agressividade é comum em crianças com DI. 

Avaliação da deficiência intelectual

De acordo DSM-5, o diagnóstico de deficiência intelectual requer prejuízo no funcionamento adaptativo e início antes dos 18 anos de idade. O teste de QI é amplamente utilizado para avaliar a função intelectual dos indivíduos. Na versão atual, um QI de 70 ou menos sugere um diagnóstico de deficiência intelectual. 

Embora a gravidade da DI não seja mais classificada de acordo com a pontuação de QI, a gravidade foi historicamente classificada da seguinte forma: 

  • QI 50 a 70: deficiência intelectual leve (85% dos casos)
  • QI 35 a 50: deficiência intelectual moderada (10% dos casos)
  • QI 20 a 35: deficiência intelectual grave (4% dos casos)
  • QI abaixo de 20: Deficiência intelectual profunda (1% dos casos)

O teste de QI não deve ser mais utilizado como ferramenta de gravidade, visto que não tem abrangência completa. Por exemplo, se um indivíduo tem QI abaixo de 70, mas tem uma boa função adaptativa, o sujeito não tem deficiência intelectual. Por outro lado, indivíduos com QI normal ou mesmo acima do normal podem manifestar déficits severos nas funções adaptativas e, portanto, são classificados como portadores de deficiência intelectual.

Por este motivo, atualmente a gravidade da DI é definida pelo grau de comprometimento no funcionamento adaptativo e pelo nível de suporte necessário, e não pela função intelectual ou pontuação do quociente de inteligência. 

Tratamento da deficiência intelectual

A maioria das causas de DI não tem um tratamento ou intervenção específica. O apoio educacional é um componente crucial da gestão da deficiência intelectual, geralmente ajuda de forma abrangente no fornecimento de modificações acadêmicas, bem como no planejamento da transição da infância para a idade adulta, com foco na promoção da autossuficiência.  

A intervenção comportamental é outro aspecto importante do gerenciamento da deficiência intelectual e pode ocorrer de algumas maneiras diferentes. Comportamentos desejáveis ​​devem ser positivamente reforçados, e abordagens aversivas restritivas ou punitivas devem ser evitadas. 

Outros aspectos importantes são o fornecimento de formação profissional para adolescentes e jovens com DI, para que eles desenvolvam competências necessárias para ingressar no mercado de trabalho, além da educação e apoio familiar. 

O manejo psicofarmacológico tem sua importância no controle da agressividade e comorbidades. O comportamento agressivo não é incomum entre indivíduos com deficiência intelectual e a risperidona está bem documentada para tratar comportamentos disruptivos, agressivos e autolesivos nessas crianças. 

Outros transtornos associados, como déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), depressão e distúrbios do movimento são algumas das comorbidades que acompanham a deficiência intelectual que requerem avaliação e tratamento específico. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Lee K, Cascella M, Marwaha R. Intellectual Disability. [Updated 2022 Sep 21]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK547654/
  • Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
  • Penelope Pivalizza. Intellectual disability (ID) in children: Clinical features, evaluation, and diagnosis.  Uptodate
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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