Resumo de EVALI: conceito, quadro clínico, complicações e mais!

Resumo de EVALI: conceito, quadro clínico, complicações e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O uso de cigarros eletrônicos e dispositivos de vaporização, inicialmente promovido como uma alternativa mais segura ao tabagismo tradicional, tornou-se uma prática cada vez mais comum, especialmente entre os jovens. No entanto, essa popularidade crescente trouxe à tona uma nova e preocupante condição de saúde: a lesão pulmonar associada ao uso de produtos de vaporização, conhecida como EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury).

Este texto explora de forma abrangente os principais aspectos de EVALI, desde seu histórico e manifestações clínicas, até o diagnóstico, tratamento, complicações e estratégias de prevenção.

Conceito de EVALI

EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) é uma lesão pulmonar aguda associada ao uso de cigarros eletrônicos e produtos de vaporização, identificada como um problema de saúde pública em 2019. A condição é marcada por sintomas respiratórios graves, como falta de ar, tosse e dor torácica, frequentemente acompanhados por febre e sintomas gastrointestinais. Exames de imagem revelam opacidades bilaterais nos pulmões, e a gravidade da doença pode variar desde casos leves até insuficiência respiratória aguda.

A emergência dessa condição sublinhou os riscos associados ao uso de produtos de vaporização, especialmente entre jovens e usuários de substâncias ilícitas, e destacou a necessidade de maior regulamentação e vigilância na fabricação e venda desses dispositivos.

O surto de EVALI, inicialmente observado nos Estados Unidos, foi amplamente ligado ao uso de produtos de vaporização contendo tetrahidrocanabinol (THC) adulterados com acetato de vitamina E, uma substância tóxica quando inalada. 

Linha do Tempo da EVALI

Evali (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) emergiu como uma crise de saúde pública em 2019, especialmente nos Estados Unidos: 

  • Início de 2019: surgem os primeiros casos de uma síndrome respiratória grave associada ao uso de produtos de vaporização. Pacientes, em sua maioria jovens, apresentavam sintomas respiratórios agudos e outros problemas sistêmicos. 
  • Junho de 2019: autoridades de saúde locais notificam o CDC sobre o aumento das hospitalizações. Um padrão comum começa a emergir: o uso recente de vaporizadores, especialmente com THC. 
  • Agosto de 2019: o CDC emite um alerta nacional sobre lesões pulmonares relacionadas a vaporizadores. Dados são coletados para investigar a extensão do problema. 
  • Setembro de 2019: a FDA descobre que muitos produtos usados pelos pacientes continham acetato de vitamina E, uma substância suspeita de causar as lesões pulmonares.
  • Outubro de 2019: o número de casos ultrapassa 1.000, com várias mortes. O CDC recomenda evitar todos os produtos de vaporização contendo THC, especialmente os adquiridos de fontes não regulamentadas. 
  • Novembro de 2019: o surto começa a diminuir, atribuído à conscientização pública e às ações regulatórias mais rigorosas.
  • Dezembro de 2019: mais de 2.800 casos e 68 mortes foram confirmados nos EUA. O surto foi controlado, mas o monitoramento e as investigações continuaram.
  • 2020 e além: embora o surto de EVALI tenha diminuído significativamente, os casos esporádicos continuaram a ser relatados. O foco mudou para a implementação de políticas preventivas e para a contínua educação pública e profissional sobre os riscos do uso de produtos de vaporização.

Epidemiologia e Fatores de Risco da EVALI

A epidemiologia de EVALI revela que a condição surgiu como uma crise significativa nos Estados Unidos em 2019, com milhares de casos registrados em um curto período. A maioria dos pacientes era jovem, com a faixa etária mais afetada sendo entre 18 e 34 anos, predominando entre homens. Este surto levou a mais de 2.800 hospitalizações e dezenas de mortes. O pico de casos foi observado no segundo semestre de 2019, em seguida houve uma diminuição devido à maior conscientização pública, regulamentação mais rigorosa e intervenções em saúde pública.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de EVALI incluem:

  • O uso de produtos de vaporização que contêm tetrahidrocanabinol (THC), especialmente aqueles adquiridos de fontes informais ou ilícitas. O acetato de vitamina E, um aditivo frequentemente encontrado nesses produtos, foi identificado como uma substância química chave associada às lesões pulmonares.
  • O uso frequente de dispositivos de vaporização, o consumo de produtos adulterados ou de baixa qualidade, e a combinação de diferentes substâncias no mesmo dispositivo. A exposição a esses produtos é especialmente perigosa para jovens e adolescentes, que constituem uma grande parte dos usuários de cigarro eletrônico, e para indivíduos com histórico de doenças respiratórias preexistentes, que podem estar em maior risco de complicações severas.

Fisiopatologida da EVALI

EVALI é causada principalmente pela inalação de substâncias tóxicas, como o acetato de vitamina E, presente em alguns produtos de vaporização. Quando inalado, esse composto se deposita nos pulmões, causando uma intensa resposta inflamatória. Essa inflamação leva ao acúmulo de fluidos e células inflamatórias nos alvéolos, resultando em edema pulmonar e dificuldades respiratórias.

Além do acetato de vitamina E, outros compostos, como tetrahidrocanabinol (THC) e solventes, também contribuem para a toxicidade pulmonar, exacerbando a inflamação e potencialmente causando danos graves aos pulmões, como síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). A fisiopatologia de EVALI revela o perigo da inalação de substâncias não regulamentadas através de dispositivos de vaporização.

Quadro Clínico da EVALI

O quadro clínico da EVALI é caracterizado por uma combinação de sintomas respiratórios, gastrointestinais e sistêmicos que podem variar em gravidade. Os sintomas respiratórios são os mais comuns e incluem: 

  • Dispneia;
  • Tosse seca ou produtiva; e 
  • Dor torácica. 

Esses sintomas geralmente se desenvolvem de forma aguda, progredindo rapidamente ao longo de dias ou semanas. Em casos mais graves, os pacientes podem apresentar insuficiência respiratória, necessitando de suporte ventilatório.

Além dos sintomas respiratórios, os pacientes com EVALI frequentemente relatam sintomas gastrointestinais, como: 

  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Dor abdominal; e
  • Diarreia. 

Esses sintomas podem preceder ou ocorrer simultaneamente com os sintomas respiratórios. Sintomas sistêmicos, como febre, calafrios, fadiga e perda de peso, também são comuns e contribuem para o quadro clínico inespecífico, o que pode dificultar o diagnóstico inicial.

Diagnóstico da EVALI

O diagnóstico de EVALI é principalmente clínico e envolve a exclusão de outras condições que podem causar sintomas respiratórios e sistêmicos semelhantes, como pneumonia, síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), e outras doenças pulmonares infecciosas ou não infecciosas. A anamnese detalhada é importante e deve incluir perguntas sobre o uso recente de produtos de vaporização, especialmente aqueles que contêm tetrahidrocanabinol (THC) ou que foram adquiridos de fontes não regulamentadas. 

Exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) do tórax, desempenham um papel fundamental no diagnóstico, com achados típicos incluindo opacidades em vidro fosco bilaterais, que indicam inflamação pulmonar. Radiografias de tórax também podem ser utilizadas, mas são menos sensíveis do que a TC para detectar as alterações pulmonares características de EVALI. Além disso, testes laboratoriais podem ser realizados para excluir outras causas, como infecções virais ou bacterianas. A gasometria arterial pode revelar hipoxemia em casos mais graves, e testes de função pulmonar podem mostrar redução na capacidade de difusão do pulmão.

Distribuição bilateral de opacidades em vidro fosco nos pulmões. Health Jade

Tratamento da EVALI

O tratamento de EVALI é baseado principalmente no suporte clínico e na interrupção imediata do uso de todos os produtos de vaporização. A gravidade dos sintomas guia o manejo terapêutico, variando desde cuidados ambulatoriais para casos leves até a hospitalização em unidades de terapia intensiva para pacientes com insuficiência respiratória.

Para os casos leves, onde os sintomas são mínimos e não há evidências de comprometimento respiratório significativo, o manejo ambulatorial pode ser suficiente. Esses pacientes devem ser orientados a interromper imediatamente o uso de cigarros eletrônicos ou produtos de vaporização e ser monitorados de perto para qualquer sinal de piora clínica.

Nos casos moderados a graves, a hospitalização é frequentemente necessária. O tratamento inclui a administração de oxigênio suplementar para pacientes com hipoxemia e o uso de corticosteroides sistêmicos, que têm se mostrado eficazes na redução da inflamação pulmonar. A dosagem e a duração dos corticosteroides podem variar, mas muitos pacientes apresentam melhora significativa dos sintomas respiratórios e sistêmicos com essa terapia. Em casos graves, onde há insuficiência respiratória, pode ser necessário suporte ventilatório, incluindo ventilação mecânica não invasiva ou invasiva.

Complicações e Sequelas da EVALI

EVALI pode resultar em várias complicações graves, tanto a curto quanto a longo prazo. A complicação mais imediata e severa é a síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), que pode levar à insuficiência respiratória e necessitar de ventilação mecânica. Em alguns casos, essa condição pode ser fatal. 

Além das complicações respiratórias agudas, os pacientes que sobrevivem a EVALI podem desenvolver sequelas a longo prazo. Estas incluem fibrose pulmonar, resultando em uma redução permanente na função pulmonar e dificuldade respiratória crônica. Outros pacientes podem sofrer de bronquiolite obliterante, uma condição que causa o estreitamento irreversível das vias aéreas.

Prevenção e Políticas Públicas da EVALI

A prevenção de EVALI está centrada em intervenções educativas e regulamentares para reduzir o uso de produtos de vaporização, especialmente aqueles contendo substâncias ilícitas ou adulteradas. A conscientização pública é essencial para informar sobre os perigos dos cigarros eletrônicos, particularmente entre adolescentes e jovens adultos, que são os principais usuários. 

Campanhas de saúde pública devem enfatizar os riscos associados ao uso de produtos de vaporização não regulamentados, destacando a ligação entre EVALI e a inalação de aditivos tóxicos, como o acetato de vitamina E.

As políticas públicas para EVALI têm como objetivo principal prevenir a ocorrência de novos casos e mitigar os riscos associados ao uso de produtos de vaporização. Uma abordagem abrangente inclui regulamentação rigorosa, fiscalização efetiva, campanhas de conscientização pública e promoção de alternativas seguras para a cessação do tabagismo.

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Referências Bibliográficas 

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