Resumo de Helmintos: conceito, classificação e mais!

Resumo de Helmintos: conceito, classificação e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Os helmintos são parasitas multicelulares que causam uma ampla variedade de infecções no ser humano, conhecidas como helmintíases, representando um importante problema de saúde pública global, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Esses vermes podem ser classificados em dois grupos principais: nematelmintos e platelmintos, que incluem espécies como Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale e Schistosoma mansoni. Este texto abordará o conceito de helmintos, suas classificações, a epidemiologia das infecções causadas por esses parasitas, o quadro clínico das helmintíases, e as abordagens terapêuticas disponíveis.

Conceito de Helmintos

Os helmintos, também conhecidos como vermes, são parasitas multicelulares que podem habitar o corpo humano e causar uma série de doenças conhecidas como helmintíases. Eles se dividem em dois grandes grupos: nematelmintos (vermes cilíndricos) e platelmintos (vermes achatados). Diferentemente dos protozoários, que são unicelulares, os helmintos são organismos maiores e complexos, frequentemente visíveis a olho nu em suas fases adultas. 

Esses parasitas podem infectar diversos órgãos e sistemas, especialmente o trato gastrointestinal, transmitidos por ingestão de alimentos ou água contaminados, contato com solo infectado ou por picadas de insetos vetores. As helmintíases representam um importante problema de saúde pública, especialmente em regiões com condições sanitárias inadequadas, afetando principalmente populações vulneráveis e contribuindo para a desnutrição, anemia e comprometimento do desenvolvimento físico e cognitivo.

Classificação dos Helmintos

Os helmintos são classificados em dois grandes grupos principais: os nematelmintos e os platelmintos. Esses grupos se subdividem em diferentes ordens, famílias e espécies, cada um com características morfológicas, biológicas e epidemiológicas próprias. Abaixo, apresento a classificação básica dos helmintos:

Nematelmintos (Nematódeos)

Os nematelmintos, também conhecidos como nematódeos, são vermes cilíndricos com simetria bilateral e corpo alongado, não segmentado. Eles possuem um sistema digestivo completo, com boca e ânus distintos. Esses parasitas são responsáveis por diversas doenças humanas. Exemplos de nematelmintos incluem: 

  • Ascaris lumbricoides (causador da ascaridíase);
  • Enterobius vermicularis (causador da enterobíase ou oxiuríase);
  • Ancylostoma duodenale e Necator americanus (causadores da ancilostomíase);
  • Strongyloides stercoralis (causador da estrongiloidíase); e
  • Trichuris trichiura (causador da tricuríase).

Os nematelmintos podem ser transmitidos por ingestão de ovos presentes em alimentos ou água contaminados, contato com o solo infectado ou por penetração ativa da larva pela pele

Platelmintos

Os platelmintos são vermes achatados dorsoventralmente, com corpo segmentado ou não, e com simetria bilateral. Eles possuem um sistema digestivo incompleto, e muitos são hermafroditas. Os platelmintos se subdividem em cestódeos e trematódeos:

Os cestódeos, conhecidos como tênias, possuem corpo segmentado em proglotes, uma cabeça (escólex) que se fixa na parede do intestino do hospedeiro e não possuem trato digestivo, absorvendo nutrientes diretamente através da pele. Exemplos incluem: 

  • Taenia solium (causadora da teníase e cisticercose);
  • Taenia saginata (causadora da teníase); e
  • Hymenolepis nana (causadora da himenolepíase.

Os trematódeos, ou vermes chatos não segmentados, geralmente têm forma de folha e são hermafroditas ou dioicos. Muitas espécies possuem ciclos de vida complexos, com múltiplos hospedeiros intermediários. Exemplos incluem: 

  • Schistosoma mansoni (causador da esquistossomose); e
  • Fasciola hepatica (causadora da fasciolíase).

Epidemiologia e Fatores de Risco dos Helmintos

As infecções por helmintos têm uma distribuição global, com maior prevalência em regiões tropicais e subtropicais, onde o clima quente e úmido, aliado à precariedade das condições sanitárias, favorece a disseminação desses parasitas. Estima-se que mais de um bilhão de pessoas estejam infectadas por helmintos em todo o mundo, sendo essas infecções um importante problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. As regiões mais afetadas incluem a África Subsaariana, América Latina, Caribe, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental, áreas que compartilham características ambientais e socioeconômicas que favorecem a transmissão.

Os principais fatores de risco para a transmissão dos helmintos estão relacionados a:

  • Saneamento inadequado;
  • Consumo de água contaminada;
  • Práticas alimentares insalubres;
  • Ausência de infraestrutura para o tratamento de dejetos humanos e animais; e
  • Ingestão de carne crua ou mal cozida, como a carne de porco e peixe.

Quadro Clínico da Infecção por Helmintos

Muitas infecções por helmintos podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas leves, especialmente em infecções de baixa intensidade. No entanto, em casos de infecções mais graves ou prolongadas, os sintomas podem ser debilitantes e impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes:

Sintomas Gastrointestinais: os helmintos que habitam o trato gastrointestinal, como Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura, comumente causam sintomas digestivos. Entre os principais sinais estão dor abdominal, diarreia, náuseas, vômitos e distensão abdominal. A presença de múltiplos parasitas pode levar à obstrução intestinal, uma complicação grave observada em infecções maciças por Ascaris. Em crianças, as infecções crônicas podem causar desnutrição, perda de peso e atraso no crescimento. 

Anemia e Fadiga: infecções por helmintos que causam perda de sangue crônica, como os ancilostomídeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus), estão fortemente associadas à anemia ferropriva. Isso ocorre porque os parasitas se fixam na mucosa intestinal e se alimentam de sangue, levando a uma perda contínua de ferro. Como resultado, os pacientes podem apresentar fadiga, fraqueza, palidez e, em casos mais graves, dispneia e taquicardia. A anemia severa pode ser particularmente perigosa em crianças e gestantes, aumentando o risco de complicações maternas e perinatais. 

Manifestações Cutâneas: algumas espécies de helmintos podem penetrar a pele e causar sintomas locais. Strongyloides stercoralis, por exemplo, pode gerar uma erupção pruriginosa, conhecida como “larva currens”, no local de entrada das larvas. Da mesma forma, as infecções por ancilostomídeos podem provocar dermatite no ponto de penetração das larvas. Outra manifestação importante é o “sinal de Mazza” na estrongiloidíase, caracterizado por uma erupção serpiginosa e migratória. 

Comprometimento Respiratório: em alguns casos, os helmintos migram através do sistema respiratório, causando sintomas pulmonares. Isso é observado, por exemplo, na fase larval de Ascaris lumbricoides e Strongyloides stercoralis, que pode desencadear uma síndrome de Loeffler, caracterizada por tosse, sibilos e infiltrados pulmonares migratórios. Pacientes com esta síndrome podem ter sintomas respiratórios transitórios, que geralmente se resolvem à medida que as larvas completam seu ciclo de vida e migram para o trato gastrointestinal. 

Vermes associados a síndrome de Loeffler. Estratégia MED

Complicações Hepáticas e Hepatoesplênicas: alguns helmintos, como Schistosoma mansoni, podem afetar o fígado e o baço, levando a quadros clínicos mais graves. A esquistossomose, por exemplo, pode causar fibrose hepática e hipertensão portal, resultando em esplenomegalia, ascite e varizes esofágicas. Em casos avançados, essa condição pode evoluir para hemorragia digestiva alta, sendo uma complicação potencialmente fatal. 

Manifestações Neurológicas: alguns parasitas podem causar sintomas neurológicos graves. A cisticercose, causada pela infecção de Taenia solium em sua forma larval (Cysticercus), pode afetar o sistema nervoso central, levando à neurocisticercose. Esta condição pode manifestar-se com crises epilépticas, cefaleias persistentes, hidrocefalia e, em casos severos, déficits neurológicos focais. A neurocisticercose é uma das causas mais comuns de epilepsia em regiões endêmicas.

Tratamento de Infecção por Helmintos

Existem diversos medicamentos eficazes contra os helmintos, cada um com espectro de ação específico para certos grupos de parasitos. Entre os fármacos mais utilizados estão: 

  • Albendazol: é um antiparasitário de amplo espectro, eficaz contra nematódeos e alguns platelmintos. Ele age inibindo a captação de glicose pelos helmintos, levando-os à morte. É utilizado no tratamento de infecções como ascaridíase, enterobíase, tricuríase e estrongiloidíase. O albendazol é também uma opção para o manejo da neurocisticercose e hidatidose. 
  • Mebendazol: semelhante ao albendazol, o mebendazol também é um antiparasitário de largo espectro, especialmente eficaz contra nematódeos. Ele é amplamente utilizado no tratamento de ascaridíase, tricuríase e ancilostomíase. O mebendazol inibe a função microtubular dos parasitas, resultando em sua morte. 
  • Ivermectina: a ivermectina é particularmente eficaz contra Strongyloides stercoralis e também pode ser utilizada no tratamento de outras infecções helmínticas, como oncocercose e filariose. Ela atua como agonista dos canais de cloro regulados por glutamato nas células nervosas e musculares dos parasitas, causando paralisia e morte dos vermes. 
  • Praziquantel: este medicamento é a droga de escolha para o tratamento de infecções causadas por trematódeos e cestódeos, como esquistossomose, teníase e cisticercose. O praziquantel aumenta a permeabilidade das membranas dos parasitas ao cálcio, provocando paralisia espástica e morte dos helmintos. 
  • Pamoato de pirantel: é um antiparasitário eficaz no tratamento de infecções por nematódeos, como ascaridíase e enterobíase. Ele age como um bloqueador neuromuscular, causando paralisia dos parasitas e permitindo sua eliminação pelo organismo.

Além do tratamento medicamentoso, pode ser necessária intervenção cirúrgica, como na neurocisticercose ou em casos de obstrução intestinal. Em infecções disseminadas, como a estrongiloidíase hiperinfecção, pode ser necessário um tratamento mais agressivo com ivermectina em doses repetidas e suporte clínico intensivo.

Em áreas com alta prevalência de helmintíases, programas de desparasitação em massa são frequentemente implementados, particularmente em escolas e comunidades vulneráveis. Esses programas consistem na administração periódica de antiparasitários, independentemente do diagnóstico clínico individual, visando reduzir a carga parasitária na população e prevenir complicações associadas às infecções.

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Referências Bibliográficas 

  1. Al Amin ASM, Wadhwa R. Helmintíase. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): Publicação StatPearls; 2024 janeiro-. Disponível a partir de: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560525/. Acesso em: 28 set. 2024.
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