Resumo de Hematospermia: causas, tratamento e mais!
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Resumo de Hematospermia: causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A hematospermia é um achado que costuma gerar intensa apreensão, apesar de, na maioria das vezes, refletir alterações benignas e de resolução espontânea. O manejo adequado exige compreensão do contexto clínico, faixa etária e possíveis fatores associados, permitindo distinguir situações simples daquelas que necessitam avaliação mais detalhada. 

Na maioria dos pacientes, o sintoma desaparece sem necessidade de intervenção específica.

O que é Hematospermia 

A hematospermia corresponde à presença visível de sangue no ejaculado, percebida como alteração do sêmen para tonalidades vermelhas ou acastanhadas. Na maioria das situações, trata-se de um evento benigno, de curso autolimitado, frequentemente associado a processos inflamatórios ou infecciosos da próstata, uretra ou trato seminal.

Embora cause significativa ansiedade, especialmente pelo receio de doenças graves, sua abordagem deve considerar idade, persistência dos episódios e sinais de alerta para determinar a necessidade de investigação ampliada.

Etiologia

Causas infecciosas e inflamatórias

Infecções do trato geniturinário são as fontes mais frequentes, sobretudo em homens com menos de 40 anos. Podem envolver prostatite, uretrite, epididimite e orquiepididimite, relacionadas a agentes bacterianos, virais ou parasitários. Processos inflamatórios não infecciosos também podem gerar sangramento na via seminal.

Doença prostática

Alterações da próstata têm papel relevante, incluindo prostatite crônica, hiperplasia prostática benigna, cálculos prostáticos e alterações vasculares que tornam o tecido mais propenso ao sangramento.

Fatores iatrogênicos

Procedimentos urológicos como biópsia prostática, braquiterapia, cirurgias urológicas recentes e manipulações diagnósticas podem provocar sangramento transitório no ejaculado.

Trauma e hábitos sexuais

Episódios de masturbação intensa, atividade sexual vigorosa, abstinência prolongada ou trauma perineal podem gerar microlesões que resultam em hematospermia.

Obstruções e anomalias estruturais

Cistos de vesículas seminais, cálculos em ductos ejaculadores ou na próstata, estenose uretral e outras anomalias do trajeto seminal podem gerar aumento de pressão local e favorecimento do sangramento.

Condições sistêmicas

Situações como hipertensão não controlada, distúrbios de coagulação, doenças hepáticas e vasculopatias podem contribuir para o surgimento do quadro, especialmente quando há fragilidade vascular.

Causas malignas

Embora incomuns, tumores de próstata, uretra, bexiga, pênis ou testículo podem manifestar-se com hematospermia, sobretudo em homens acima de 40 anos ou quando há episódios persistentes e recorrentes.

Epidemiologia 

A verdadeira frequência de hematospermia é difícil de definir, pois muitos pacientes não procuram atendimento devido ao caráter discreto e frequentemente autolimitado do quadro. A condição representa aproximadamente 1 a 1,5 por cento dos encaminhamentos para urologia e ocorre em diferentes faixas etárias, embora homens abaixo de 40 anos apresentem maior proporção de causas infecciosas e inflamatórias. 

Observa-se aumento progressivo da incidência em bancos de dados populacionais, possivelmente relacionado ao maior reconhecimento clínico e ao acesso ampliado a métodos diagnósticos. De modo geral, a maioria dos casos é benigna, e a relação com neoplasias urológicas permanece pouco frequente, especialmente nos indivíduos mais jovens.

Avaliação clínica

A manifestação típica é a visualização de sangue no ejaculado, podendo variar de tonalidade vermelho-vivo a castanho, conforme a quantidade e o tempo de permanência do sangue no trato seminal. O sintoma é geralmente isolado, sem repercussões sistêmicas, mas pode vir acompanhado de sinais que orientam a etiologia. Alguns pacientes relatam disúria, polaciúria, urgência miccional ou dor no períneo, pelve ou escroto, principalmente quando há processo infeccioso ou inflamatório.

A presença de dor ejaculadora sugere envolvimento da próstata ou obstrução dos ductos ejaculadores. Em casos de infecções sexualmente transmissíveis, pode ocorrer secreção uretral associada. Nos quadros persistentes ou recorrentes, especialmente em homens com mais de 40 anos, podem surgir sinais indiretos de doença prostática, como sensação de esvaziamento incompleto ou alterações no jato urinário. Apesar do impacto emocional significativo, a evolução costuma ser favorável, com resolução espontânea na maioria dos pacientes.

Diagnóstico 

Avaliação clínica inicial

A análise começa pela história clínica, confirmando se o sangue está realmente no ejaculado e não representa pseudo-hematospermia. Devem ser explorados frequência dos episódios, tempo de evolução, cor do sêmen, presença de dor, sintomas urinários, disfunção sexual e possíveis fatores desencadeantes, como trauma local ou atividade sexual intensa. A idade, antecedentes pessoais e uso de medicamentos anticoagulantes também orientam a suspeita etiológica.

Identificação de sinais de alerta

Certas situações exigem atenção especial, como homens com mais de 40 anos, persistência por muitos meses, episódios muito frequentes, presença de hematuria, história familiar de câncer prostático ou sintomas sistêmicos. Nesses cenários, a probabilidade de doença significativa aumenta e a investigação deve ser ampliada.

Exame físico

O exame inclui avaliação geral, inspeção genital e toque retal para identificar aumento prostático, nódulos, sensibilidade ou alterações sugestivas de inflamação. A inspeção do meato uretral pode revelar pequenos sangramentos, verrugas ou outras lesões. A pesquisa de linfonodos inguinais e sinais de coagulopatia pode auxiliar na identificação de causas sistêmicas.

Exames laboratoriais

Exames básicos podem incluir urina tipo 1, cultura de urina, testes para infecções sexualmente transmissíveis e, em casos selecionados, análise de sêmen. A dosagem de PSA é recomendada em pacientes acima de 40 anos ou quando há sinais clínicos que sugiram risco aumentado de doença prostática. Quando pertinente, pode-se solicitar hemograma, função hepática e testes de coagulação.

Métodos de imagem

A escolha do exame depende da idade e da persistência do quadro. O ultrassom transretal é considerado o método inicial mais útil para avaliar próstata, vesículas seminais e ductos ejaculadores. Já a ressonância magnética pélvica oferece visualização detalhada quando há suspeita de lesões estruturais, obstruções ou quando o ultrassom é inconclusivo. A cistoscopia é reservada para pacientes com achados urinários associados ou fatores de risco relevantes.

Diagnóstico diferencial

É necessário excluir condições como pseudo-hematospermia, hematuria confundida com sangue no sêmen, sangramento do parceiro sexual, melanospermia e outras alterações pigmentares raras. Nos casos persistentes, devem ser consideradas obstruções ductais, cistos, cálculos, inflamações prolongadas ou doenças sistêmicas.

Tratamento

Abordagem geral

A conduta inicial concentra-se em orientar e tranquilizar o paciente, já que a hematospermia costuma ser benigna e autolimitada. Homens jovens, com episódio único e sem outros sintomas, geralmente não necessitam de investigação extensa. Nesses casos, recomenda-se apenas observação com retorno clínico caso ocorram novos episódios, dor significativa ou qualquer alteração urinária.

Manejo em casos recorrentes ou persistentes

Quando o quadro se repete por longo período ou ocorre de forma frequente, a investigação deve ser ampliada. Avaliam-se sintomas urinários, exame físico e possíveis fatores desencadeantes. Exames laboratoriais e métodos de imagem podem ser solicitados conforme a idade e o padrão da apresentação clínica. Nessas situações, é indicado encaminhamento ao urologista para avaliação especializada e definição de condutas adicionais.

Tratamento das causas infecciosas e inflamatórias

Quando há evidências de infecção do trato geniturinário, indicam-se antibióticos adequados ao agente suspeito ou confirmados por cultura. Processos inflamatórios podem ser manejados com analgésicos e anti-inflamatórios para alívio de dor pélvica ou perineal. A melhora clínica costuma ocorrer de forma rápida após o início do tratamento.

Condutas em doenças prostáticas

Em pacientes com alterações prostáticas, como hiperplasia ou prostatite crônica, a terapêutica pode incluir ajustes de medicamentos já utilizados. Em casos selecionados, especialmente em sangramentos recorrentes relacionados à próstata aumentada, podem ser empregados inibidores da 5 alfa redutase, que reduzem o volume prostático e a fragilidade vascular.

Correção de condições sistêmicas

Controlar hipertensão, revisar esquemas de anticoagulantes e corrigir distúrbios de coagulação é fundamental quando essas condições contribuem para a hematospermia. A adequação medicamentosa deve ser feita com cautela, sempre avaliando risco e benefício individual.

Hematospermia pós-procedimentos

Sangramento no sêmen após procedimentos urológicos, como biópsia de próstata ou braquiterapia, é relativamente comum e tende a desaparecer em semanas. A conduta é conservadora, focada em orientação, analgesia quando necessária e reavaliação se a duração for superior ao esperado.

Intervenções endoscópicas e cirúrgicas

Em casos persistentes, especialmente quando há obstrução ductal, cistos ou cálculos identificados, podem ser realizadas intervenções como dilatação de ductos ejaculadores, remoção de cálculos ou procedimentos endoscópicos sobre vesículas seminais. Essas estratégias são reservadas para pacientes sintomáticos com achados estruturais que justificam o sangramento.

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Referências Bibliográficas 

  1. DRAKE, T.; HANNA, L.; DAVIES, M. Hematospermia. DynaMed. Ipswich: EBSCO Information Services, 2024. 

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