Olá, querido doutor e doutora! A hipertricose é uma alteração caracterizada pelo crescimento anormal de pelos em locais onde sua presença seria pouco esperada. A condição pode ter origem genética ou ser adquirida, surgindo em qualquer fase da vida. Embora muitas vezes associada apenas a questões estéticas, em certos casos pode indicar alterações sistêmicas ou exposição a medicamentos. A abordagem clínica requer atenção tanto aos aspectos físicos quanto aos impactos emocionais que o quadro pode gerar.
Recentemente, a Anvisa emitiu um alerta sobre o risco de hipertricose em bebês expostos ao minoxidil de forma acidental.
Navegue pelo conteúdo
Conceito
A hipertricose é caracterizada pelo surgimento de pelos em excesso em regiões do corpo que, em condições normais, não apresentariam esse padrão de crescimento. A manifestação pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, afetando qualquer área corporal.
Diferente do hirsutismo, que se refere ao crescimento de pelos em padrões tipicamente masculinos em mulheres, a hipertricose não depende de estímulos hormonais androgênicos. A quantidade, a espessura e a localização dos pelos variam conforme o tipo e a causa da condição, podendo ser congênita ou adquirida ao longo da vida.
Fisiopatologia
A fisiopatologia da hipertricose envolve alterações nos mecanismos que regulam o ciclo de crescimento dos pelos. Em algumas formas congênitas, mutações genéticas alteram proteínas responsáveis pela formação e funcionamento dos folículos pilosos, favorecendo o crescimento anômalo dos fios.
Nas formas adquiridas, o estímulo anormal do folículo pode ocorrer por medicamentos, traumas repetitivos ou processos inflamatórios locais. Esses estímulos prolongam a fase anágena, que é o período de crescimento ativo do pelo, resultando em um aumento da densidade e da extensão da pilosidade em áreas do corpo que normalmente teriam poucos ou nenhum fio visível.
Classificação
A hipertricose pode ser classificada de diferentes maneiras, considerando a extensão da área acometida, a idade de início e o tipo de pelo predominante. Essa organização é importante para guiar a investigação clínica, já que diferentes formas da condição têm causas e evoluções distintas. De maneira geral, divide-se a hipertricose em formas generalizadas e localizadas, além de categorias baseadas no momento do surgimento, como congênita ou adquirida.
Critério | Subtipos | Características principais |
Distribuição | Generalizada | Envolvimento difuso do corpo |
Localizada | Presença de pelos aumentados em áreas restritas | |
Idade de início | Congênita | Presente desde o nascimento ou primeiros meses de vida |
Adquirida | Desenvolvimento posterior, relacionado a fatores externos | |
Tipo de pelo | Lanugo | Pelos finos, não pigmentados, semelhantes aos encontrados no feto |
Vellus | Pelos curtos, finos e levemente pigmentados | |
Terminal | Pelos grossos, longos e pigmentados |
Epidemiologia e fatores de risco
A hipertricose é uma condição incomum, com variações de frequência dependendo do tipo e da população estudada. A forma pré-puberal é mais observada em crianças de origem mediterrânea e sul-asiática, enquanto as formas congênitas generalizadas são extremamente raras e geralmente associadas a síndromes genéticas específicas.
Não há predileção significativa por sexo na maioria dos casos, embora alguns subtipos hereditários, como a hipertricose da orelha, apresentem maior prevalência em indivíduos do sexo masculino.
Fatores de Risco
- Histórico familiar de hipertricose ou síndromes genéticas associadas;
- Uso de medicamentos como minoxidil, anticonvulsivantes e imunossupressores;
- Presença de neoplasias malignas (no caso da hipertricose lanuginosa adquirida);
- Infecções crônicas ou doenças metabólicas, como hipotireoidismo;
- Traumas repetitivos ou processos inflamatórios locais;
- Desnutrição grave ou estados de carência nutricional; e
- Alterações hormonais durante a infância ou adolescência.
Recentemente, a Anvisa emitiu um alerta sobre casos de hipertricose em bebês após contato acidental com áreas tratadas com minoxidil. O medicamento, utilizado para alopecia em adultos, pode provocar crescimento anormal de pelos em crianças expostas. A recomendação é reforçar medidas para evitar o contato e orientar os responsáveis sobre esse risco.
Avaliação clínica
A principal manifestação da hipertricose é o crescimento anormal de pelos em quantidade, espessura ou distribuição. Dependendo do tipo, o paciente pode apresentar desde pelos finos e claros cobrindo grandes áreas do corpo até fios grossos e pigmentados em regiões localizadas.
Na hipertricose generalizada congênita, o corpo pode ser recoberto por lanugo ou vellus, enquanto na forma adquirida os pelos surgem de maneira mais gradual em áreas como rosto, dorso e membros. Em alguns casos, o crescimento dos pelos é acompanhado de alterações de pele, como hiperpigmentação ou espessamento local, principalmente nas formas associadas a traumas ou inflamações.
Diagnóstico
A avaliação diagnóstica da hipertricose começa pela observação clínica do padrão de crescimento dos pelos, levando em conta a sua distribuição, densidade e tipo. A história detalhada do paciente é indispensável para identificar fatores desencadeantes, como uso de medicamentos, antecedentes familiares ou eventos traumáticos. O exame físico busca caracterizar se o crescimento é localizado ou difuso, além de avaliar possíveis sinais associados a síndromes genéticas.
Quando necessário, exames complementares são solicitados para investigar causas secundárias, como alterações hormonais, presença de neoplasias ou distúrbios metabólicos. A diferenciação entre hipertricose e hirsutismo é importante, já que o hirsutismo envolve a ação de andrógenos e pode indicar a necessidade de uma abordagem endocrinológica específica.
Diagnóstico Diferencial
- Hirsutismo;
- Síndromes genéticas;
- Efeitos colaterais de medicamentos;
- Disrafismo espinhal;
- Porfirias;
- Doenças endócrinas; e
- Trauma ou irritação crônica.
Tratamento
O tratamento da hipertricose depende da causa subjacente e da extensão do crescimento piloso. Nos casos adquiridos, a suspensão do fator desencadeante, como medicamentos ou exposição a irritantes, pode levar à regressão parcial ou completa dos pelos. Para manejo estético, diversas opções estão disponíveis, como depilação com cera, cremes depilatórios, eletrocoagulação e lasers de depilação.
Em situações onde o impacto psicológico é significativo, a abordagem deve incluir suporte emocional e, se necessário, acompanhamento psicológico. Para hipertricose associada a síndromes genéticas, o tratamento é voltado principalmente para o controle estético e suporte à qualidade de vida, já que não há cura definitiva.
Venha fazer parte da maior plataforma de Medicina do Brasil! O Estratégia MED possui os materiais mais atualizados e cursos ministrados por especialistas na área. Não perca a oportunidade de elevar seus estudos, inscreva-se agora e comece a construir um caminho de excelência na medicina!
Veja Também
- Resumo de alopecia: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo sobre Síndrome de Angelman: definição, características e mais!
- Resumo sobre a mitose: ciclo celular, alterações e mais!
- Resumo da síndrome de Barber Say: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo técnico de síndrome de down: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo sobre Gametas: o que são, quais os tipos e mais!
- Resumo sobre genótipo: o que é, diferença entre fenótipo e mais!
Canal do YouTube
Referências Bibliográficas
- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Anvisa). Anvisa alerta: risco de crescimento anormal de pelos em bebês expostos ao minoxidil. 2025.
- SALEH, Dahlia; YARRARAPU, Siva Naga S.; COOK, Christopher. Hypertrichosis. In: STATPEARLS. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025.