Olá, querido doutor e doutora! A hiporexia, caracterizada pela diminuição do apetite, é um sintoma comum em várias populações, especialmente em idosos e pacientes com doenças crônicas. Embora frequentemente subestimada, a hiporexia pode ter um impacto significativo na saúde geral, levando à desnutrição, declínio funcional e piora do prognóstico de condições subjacentes. Este texto explora a hiporexia de maneira abrangente, abordando seu conceito, causas, epidemiologia, consequências, diagnóstico e tratamento.
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Conceito e Causas de Hiporexia
Hiporexia é definida como uma diminuição anormal do apetite, frequentemente descrita pelos pacientes como “falta de fome” ou “perda de apetite”. Ao contrário da anorexia, que implica na ausência total de apetite, a hiporexia representa uma redução parcial, onde o indivíduo ainda sente fome, mas em menor intensidade ou com menor frequência.
A hiporexia pode ser causada por uma ampla variedade de fatores, que podem ser divididos em categorias patológicas, psicológicas, farmacológicas e sociais. Abaixo, estão as principais causas de hiporexia:
Condições Patológicas
Doenças agudas e crônicas: infecções, neoplasias, doenças cardíacas, insuficiência renal, insuficiência hepática e doenças gastrointestinais podem levar à hiporexia. A resposta inflamatória do corpo nessas condições muitas vezes altera o metabolismo e diminui o apetite.
Distúrbios endócrinos: condições como hipotireoidismo, diabete mellitus descontrolado e insuficiência adrenal podem causar diminuição do apetite.
Desordens neurológicas: doenças que afetam o sistema nervoso central, como demências, Parkinson e esclerose múltipla podem interferir nos centros reguladores do apetite no cérebro.
Desordens gastrointestinais: gastrite, úlceras, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e outras condições que afetam o trato gastrointestinal podem causar desconforto abdominal e, consequentemente, perda de apetite.
Condições Psicológicas
Depressão e ansiedade: distúrbios psiquiátricos são causas comuns de hiporexia. A depressão, em particular, está frequentemente associada a uma diminuição significativa do apetite.
Transtornos Alimentares: além da anorexia nervosa, outros transtornos alimentares como bulimia podem apresentar hiporexia como um sintoma associado.
Causas Farmacológicas
Medicações: vários medicamentos podem levar à hiporexia como efeito colateral. Isso inclui quimioterápicos, opioides, antibióticos, anti-hipertensivos e alguns antidepressivos.
Tratamentos Médicos: tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia, especialmente quando envolvem áreas próximas ao trato gastrointestinal, podem causar náuseas e diminuição do apetite.
Fatores Sociais e Ambientais
Isolamento social: pacientes, especialmente idosos, que vivem sozinhos ou em isolamento social, podem desenvolver hiporexia devido à falta de estímulo para preparar e consumir alimentos.
Condições socioeconômicas: baixa condição socioeconômica pode limitar o acesso a alimentos de qualidade, o que pode desencadear uma perda de apetite devido à monotonia alimentar ou à própria carência de nutrientes essenciais.
Mudanças ambientais: viagens, mudanças de residência ou alterações significativas na rotina podem temporariamente afetar o apetite, levando à hiporexia.
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Epidemiologia da Hiporexia
A hiporexia é um sintoma comum, especialmente em populações vulneráveis, até 30 a 60% das pessoas com mais de 65 anos podem experimentar algum grau de perda de apetite. Em pacientes com câncer, a hiporexia é extremamente comum, afetando entre 50 a 80% dos casos, especialmente em estágios avançados da doença.
Em crianças, a hiporexia é frequentemente observada em quadros agudos, como infecções respiratórias e gastroenterites, mas geralmente é transitória.
Consequências da Hiporexia
A hiporexia, especialmente quando prolongada, pode ter várias consequências adversas para a saúde do paciente. As principais consequências incluem:
Desnutrição: a consequência mais direta e significativa da hiporexia é a desnutrição. A redução na ingestão alimentar pode levar à insuficiência de calorias, proteínas, vitaminas e minerais, resultando em perda de peso, diminuição da massa muscular e déficits nutricionais específicos, como anemia por deficiência de ferro ou osteoporose por deficiência de cálcio e vitamina D.
Comprometimento imunológico: a desnutrição secundária à hiporexia pode enfraquecer o sistema imunológico, aumentando a susceptibilidade a infecções e retardando a recuperação de doenças. A capacidade do corpo de combater infecções é significativamente reduzida em estados de desnutrição.
Declínio funcional: em populações idosas, a hiporexia pode levar a um declínio funcional acelerado, com perda de força muscular (sarcopenia) e capacidade física, resultando em maior risco de quedas, fraturas e dependência para atividades da vida diária. Em pacientes com doenças crônicas, a hiporexia pode piorar o controle da doença, como insuficiência cardíaca, onde a desnutrição pode exacerbar a fraqueza muscular cardíaca.
Piora do prognóstico de doenças subjacentes: pacientes com câncer, doenças crônicas, ou hospitalizados que desenvolvem hiporexia apresentam um pior prognóstico. A perda de peso e de massa muscular associada à desnutrição pode comprometer a resposta ao tratamento, aumentar o tempo de recuperação e, em casos graves, contribuir para a mortalidade.
Alterações psicossociais: a hiporexia pode impactar negativamente o bem-estar psicossocial do paciente. A perda de apetite pode levar ao isolamento social, especialmente em situações onde as refeições são momentos importantes de interação social. Além disso, a hiporexia pode exacerbar condições psiquiátricas, como a depressão, criando um ciclo vicioso de piora do estado mental e físico.
Complicações metabólicas: a redução na ingestão alimentar pode desencadear ou agravar complicações metabólicas, como hipoglicemia em diabéticos, desequilíbrios eletrolíticos e deficiência de vitaminas, como a tiamina, que pode levar à encefalopatia de Wernicke em casos graves.
Tratamento de hiporexia
O tratamento da hiporexia deve ser individualizado, focando tanto na causa subjacente quanto na melhoria do estado nutricional do paciente. A abordagem terapêutica pode incluir intervenções dietéticas, farmacológicas e suporte psicológico, além de cuidados paliativos em casos avançados. As principais estratégias de tratamento incluem:
Tratamento da Causa Subjacente
Identificar e tratar a condição subjacente é o primeiro passo no manejo da hiporexia. Por exemplo, em pacientes com hiporexia associada a doenças gastrointestinais, o tratamento da condição primária, como úlcera péptica ou doença inflamatória intestinal, pode resultar na melhora do apetite.
Em casos de hiporexia relacionada a medicamentos, a revisão e ajuste da terapia medicamentosa, quando possível, podem ajudar a aliviar o sintoma.
Intervenções Nutricionais
Consultoria nutricional: envolver um nutricionista para desenvolver um plano alimentar adaptado às necessidades e preferências do paciente, pode ajudar a aumentar a ingestão calórica e melhorar o estado nutricional. Alimentos de alta densidade energética e suplementos nutricionais orais podem ser recomendados.
Alimentação fracionada: incentivar refeições pequenas e frequentes pode ser mais eficaz do que forçar grandes refeições em pacientes com apetite reduzido.
Suplementos nutricionais: suplementos orais ricos em proteínas, vitaminas e minerais podem ser prescritos para pacientes que não conseguem atender às suas necessidades nutricionais através da dieta regular.
Estímulos ao Apetite
Agentes farmacológicos: em casos de hiporexia persistente, especialmente em pacientes com câncer ou doenças crônicas avançadas, o uso de estimulantes do apetite pode ser considerado. Medicações como a megestrol, mirtazapina ou canabinoides, podem ser utilizadas para aumentar o apetite, embora devam ser avaliadas cuidadosamente quanto aos benefícios e efeitos colaterais.
Trabalho psicossocial: a avaliação e o suporte psicológico são cruciais, especialmente quando a hiporexia está associada a depressão ou ansiedade. Terapia cognitivo-comportamental pode ser útil em abordar fatores psicológicos que contribuem para a diminuição do apetite.
Suporte nutricional avançado: em casos graves onde a hiporexia resulta em desnutrição severa e o paciente não consegue ingerir alimentos suficientes por via oral, pode ser necessário o uso de nutrição enteral (via sonda nasogástrica ou gastrostomia) ou nutrição parenteral (via intravenosa), dependendo da situação clínica.
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Referências Bibliográficas
- PILGRIM, Anna L.; ROBINSON, Sarah M.; SAYER, Avan Aihie; ROBERTS, Helen C. An overview of appetite decline in older people. Nursing Older People, [s.l.], v. 27, n. 5, p. 29-35, 2015. DOI: 10.7748/nop.27.5.29.e697.
- HONG, André. Hiporexia (falta de apetite) em idosos: o que é e como combater? Disponível em: https://www.hong.com.br/hiporexia-falta-de-apetite-em-idosos-o-que-e-e-como-combater/. Acesso em: 13 ago. 2024.
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