Resumo de infecção congênita por citomegalovírus: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de infecção congênita por citomegalovírus: diagnóstico, tratamento e mais!

A infecção em neonatos por citomegalovírus é uma das mais comuns, por isso é bastante cobrada nas provas de residência médica em neonatologia. Confira os principais aspectos referentes a esta doença, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à infecção congênita por citomegalovírus.

  • A grande maioria  dos RN infectados permanecem assintomáticos no período neonatal. 
  • Os sinais clínicos mais frequentes são Petéquias, Icterícia, hepatomegalia, microcefalia e tamanho pequeno para a idade gestacional (PIG). 
  • Calcificações intracranianas periventriculares é a alteração clássica na neuroimagem. 
  • O tratamento com ganciclovir e valganciclovir demonstrou prevenir perda auditiva e alterações no desenvolvimento a longo prazo. 

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Definição da doença

O citomegalovírus (CMV) pertence à família dos herpesvírus e é causa frequente de infecção nos seres humanos de todas as idades, raças e grupos étnicos, pessoas de diferentes contextos socioeconômicos, culturais e geográficos. 

Embora a maioria das infecções por CMV são assintomáticas ou causam doenças leves, mas em recém-nascidos e crianças imunodeprimidas, o vírus pode causar doença grave. 

Epidemiologia de infecção congênita por citomegalovírus

A infecção ocorre em aproximadamente 0.2 a 2.5% dos recém nascidos. Aproximadamente 40.000 crianças nascem com infecção congênita por CMV anualmente nos Estados Unidos. A incidência da infecção congênita na CMV é elevada porque a transmissão materno-fetal pode ocorrer após a infecção primária ou recorrente e é estimado que 60 a 80% da população serão infectados pelo CMV na vida adulta. 

 No Brasil, estudos têm demonstrado prevalência de anticorpos IgG para CMV em gestantes na ordem de 65.5% a 92% e alta incidência da infecção congênita a CMV devido a transmissão materno-fetal que pode ocorrer após a infecção primária ou recorrente. 

A maioria é assintomática quando apenas 10 a 15% mostram-se com sintomas ao nascimento. Nos recém-nascidos gravemente infectados, a mortalidade pode chegar a 30%. A transmissão pode ocorrer durante o parto, o aleitamento materno ou por transfusão sanguínea.  A aquisição materna da infecção por CMV pode ocorrer por várias vias, incluindo contato não sexual próximo, exposição sexual, transfusão e transplante de órgãos.  

#Ponto importante: A infecção congênita é adquirida intrauterino por via transplacentária, diferente da perinatal que, acontece durante a passagem pelo canal de parto infectado ou pelo aleitamento.

O CMV é um membro da família Herpesvirus, assim como o Epstein-Barr (EBV) e o vírus herpes simplex (HSV) 1 e 2. Seu genoma é DNA de fita dupla.  O CMV se replica lentamente, muitas vezes levando até 24 horas para produzir progênie em células infectadas e vários dias a semanas para produzir um efeito citopático visível em linhagens celulares de laboratório.  

Manifestações clínicas de infecção congênita por citomegalovírus

A grande maioria  dos RN infectados permanecem assintomáticos no período neonatal, com risco de apresentar manifestações tardias como surdez neurossensorial, déficits neurológicos, atraso no desenvolvimento psicomotor, convulsões e atrofia do nervo óptico. 

Os achados clínicos da infecção por CMV no neonato é semelhante a outras infecções congênitas. Os sinais clínicos mais frequentes são:

  • Petéquias (76%), 
  • Icterícia e hepatomegalia (60%). 
  • Microcefalia (53%)
  • Tamanho pequeno para a idade gestacional (PIG; 40 a 50 %) 
  • Letargia e/ou hipotonia (27%)
  • Perda auditiva neurossensorial (é a sequela mais frequente, atingindo 57% dos lactentes infectados) 
  • Sucção ruim (20%) 
  • Espasticidade, hemiparesia ou convulsões (7%)
  • Coriorretinite (10 a 15%)
  • Anemia hemolítica (5 a 10%)
  • Pneumonia (5 a 10%)
Recém-nascido a termo nascido com infecção congênita sintomática por citomegalovírus envolvendo vários sistemas orgânicos. Ao nascer, a criança apresentava icterícia e petéquias e púrpura difusa. Crédito: Uptodate.

Aproximadamente 8 a 10 % dos recém-nascidos com infecção congênita sintomática por CMV têm doença grave com risco de vida. As manifestações com risco de vida podem incluir uma doença semelhante à sepse, miocardite, linfohistiocitose hemofagocítica induzida por vírus e/ou outro envolvimento grave de órgãos-alvo.  Além disso, cerca de 30% dos bebês com CMV congênito nascem prematuros com com menos de 37 semanas de gestação.

#Ponto importante: as alterações de neuroimagem são a grande ferramenta na diferenciação do CMV em relação às outras infecções congênitas do cérebro. Os achados em neuroimagem incluem:

  • Calcificações intracranianas periventriculares (>70% dos casos) 
  • Dilatação ventricular
  • Atrofia cortical
  • Anomalia da substância branca
Tomografia de crânio com calcificações periventriculares, típicas de citomegalovírus. Crédito: BERTAGNON, José Ricardo Dias; ROSSI, Sarah. Einstein. 2011.

Diagnóstico de infecção congênita por citomegalovírus

O diagnóstico de infecção congênita por CMV é confirmado pelo isolamento ou detecção molecular do CMV a partir de amostras de urina ou saliva coletadas nas primeiras três semanas de vida.  Pode ser feito por exame direto de amostras por microscopia eletrônica, exames de Biologia molecular, como testes de reação em cadeia da polimerase (PCR) , além de isolamento viral em culturas celulares. 

#Ponto importante: A sorologia não deve ser usada para o diagnóstico de rotina de infecção congênita por CMV.

Tratamento de citomegalovírus

Em lactentes com infecção congênita sintomática por CMV, o tratamento com Ganciclovir e Valganciclovir demonstrou prevenir perda auditiva e alterações no desenvolvimento a longo prazo.

A dose do Ganciclovir é de 10mg/Kg/dia dividido em duas doses administradas por via endovenosa por 2 a 4 semanas durante 60 minutos. Atualmente pesquisadores sugerem menor tempo de tratamento na remissão da doença com Ganciclovir EV seguidos por
Valganciclovir oral na dose de 15 a 18 mg/Kg dose única diária, indicado no tratamento e profilaxia da retinite por CMV e pacientes imunodeprimidos. 

#Ponto importante: Neonatos com infecção por CMV deverão ser periodicamente avaliadas quanto à audição e visão para prevenir perda auditiva e alterações no desenvolvimento.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  •  BERTAGNON, José Ricardo Dias; ROSSI, Sarah. Congenital cytomegalovirus infection. Einstein. 2011.
  • Durval Batista Palhares & Paula Cristhina Niz Xavier. Citomegalovirose neonatal. SBP, 2011. Disponível em: SBP.  
  • Gail J Demmler-Harrison, MD. Congenital cytomegalovirus infection: Clinical features and diagnosis. 2011. Disponível em: Uptodate.
  • GRAÇA, André. Et,al. Citomegalovírus. Infecção congênita ou neonatal?Acta Méd Port 2004. 
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels.
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