Resumo de Ludopatia: conceito, causas, tratamento e mais!

Resumo de Ludopatia: conceito, causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A ludopatia, ou transtorno do jogo, é uma condição caracterizada pelo comportamento compulsivo de apostar, independentemente das consequências negativas.

Pessoas com esse transtorno não conseguem controlar o impulso de jogar, o que pode levar a perdas financeiras, problemas familiares e sociais, e impactos na saúde mental. Ao longo deste texto, será discutido o conceito de ludopatia, seus principais sintomas, os fatores de risco associados e o diagnóstico baseado no DSM-5. Além disso, serão explorados os mecanismos neurobiológicos que sustentam esse comportamento compulsivo e, por fim, serão apresentados os principais métodos de tratamento disponíveis para o transtorno.

Conceito de Ludopatia

A ludopatia, também conhecida como transtorno do jogo ou jogo patológico, é uma condição caracterizada pelo impulso incontrolável de apostar, independentemente das consequências negativas. As pessoas afetadas por essa compulsão continuam jogando mesmo após perdas financeiras significativas, podendo chegar ao esgotamento de recursos, endividamento e comprometimento de relações pessoais e profissionais.

Esse comportamento compulsivo é considerado um transtorno de comportamento aditivo, comparável a dependências químicas, devido à ativação dos mesmos circuitos de recompensa cerebral envolvidos em outras formas de vício​.

Epidemiologia e Fatores de Risco da Ludopatia

A ludopatia é mais prevalente entre homens, sendo mais comum iniciar durante a adolescência ou início da vida adulta. Em populações mais jovens, o risco de desenvolver o transtorno é maior devido à exposição precoce a jogos de azar. Em relação à idade, adultos jovens e de meia-idade são os mais afetados, embora o problema também seja encontrado entre idosos.

Os fatores de risco associados à ludopatia incluem tanto aspectos biológicos quanto ambientais. Entre os principais fatores, destaca-se:

  • Predisposição genética;
  • Transtornos mentais concomitantes, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo e, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade;
  • Outros comportamentos aditivos, como abuso de substâncias;
  • Influência de familiares ou amigos que possuem problemas com jogo;
  • Acesso fácil a atividades de aposta, são relevantes; e
  • Uso de certos medicamentos, como os agonistas da dopamina, pode desencadear comportamentos compulsivos, incluindo o jogo patológico​.

Neurobiologia da Ludopatia

A neurobiologia da ludopatia está relacionada à ativação dos mesmos circuitos de recompensa cerebral envolvidos em outras formas de dependência, como o uso de substâncias. Um dos principais neurotransmissores associados a esse processo é a dopamina, que desempenha um papel central na regulação de comportamentos motivados pela recompensa. Durante o ato de jogar, a liberação de dopamina no cérebro cria uma sensação de prazer e excitação, reforçando o comportamento e levando à repetição do ato. Em pessoas com ludopatia, o sistema de recompensa é hiperativado, contribuindo para a incapacidade de controlar os impulsos de jogar.

Além disso, estudos indicam haver uma disfunção nas áreas do cérebro responsáveis pelo controle inibitório e pela tomada de decisões, como o córtex pré-frontal e a amígdala. Essas áreas estão envolvidas na avaliação dos riscos e na capacidade de evitar comportamentos prejudiciais. Indivíduos com ludopatia frequentemente apresentam um aumento na tendência a assumir riscos e uma dificuldade em processar as consequências negativas de suas ações​.

Outro aspecto relevante é a presença de distorções cognitivas, como o “viés do jogador”, que envolve a crença de que eventos aleatórios seguem um padrão, como acreditar que após uma série de perdas, uma vitória é iminente. Essas distorções são influenciadas por um desequilíbrio entre as áreas cerebrais responsáveis pelo controle emocional e as áreas responsáveis pelo raciocínio lógico​.

Quadro Clínico da Ludopatia

O quadro clínico da ludopatia é marcado por uma série de comportamentos e sintomas relacionados ao jogo compulsivo. Entre os principais sinais, destaca-se a preocupação excessiva com jogos de azar, levando o indivíduo a pensar constantemente em apostas, planejando futuras jogadas ou buscando formas de obter mais dinheiro para jogar. Há uma necessidade crescente de apostar quantias maiores para alcançar o mesmo nível de excitação, um fenômeno similar ao que ocorre em outras dependências.

Os pacientes frequentemente tentam reduzir ou interromper o comportamento de aposta, mas falham, experimentando sintomas de irritabilidade e inquietação ao tentar parar. Muitas vezes, o jogo é usado como uma forma de escape de problemas pessoais, como sentimentos de culpa, ansiedade ou depressão. 

Outros comportamentos comuns incluem mentir para esconder o problema, colocar em risco ou perder relacionamentos importantes, empregos ou oportunidades educacionais devido ao jogo, e continuar apostando para tentar recuperar perdas financeiras anteriores, em um padrão conhecido como “perseguir as perdas”. Além disso, em casos mais graves, os indivíduos podem recorrer ao roubo ou fraude para sustentar a compulsão​.

Diagnóstico da Ludopatia

O diagnóstico da ludopatia, conforme o DSM-5, é feito com base em critérios específicos que definem o transtorno como um comportamento persistente e recorrente relacionado ao jogo, que leva a problemas ou prejuízos significativos. Para o diagnóstico ser estabelecido, o indivíduo deve atender a pelo menos quatro dos nove critérios durante um período de 12 meses. Esses critérios incluem: 

  1. Preocupação com o jogo (pensamentos frequentes sobre experiências passadas de aposta, planejamento de futuras jogadas ou formas de conseguir dinheiro para apostar); 
  1. Necessidade de apostar quantias crescentes para sentir a excitação desejada; 
  1. Tentativas fracassadas de controlar, reduzir ou interromper o jogo; 
  1. Irritabilidade ou inquietação ao tentar reduzir ou parar de jogar; 
  1. Usar o jogo para escapar de problemas ou aliviar sentimentos negativos (como ansiedade ou depressão); 
  1. Tentar recuperar perdas apostando mais (“perseguir perdas”);
  1. Mentir para ocultar o envolvimento com o jogo; 
  1. Colocar em risco ou perder relacionamentos importantes, trabalho ou oportunidades educacionais e profissionais devido ao jogo; 
  1. Recorrer a outros para obter dinheiro e aliviar a situação financeira causada pelo jogo​.

O DSM-5 também permite a classificação do transtorno em graus de gravidade, segundo o número de critérios atendidos: leve (4 a 5 critérios), moderado (6 a 7) e grave (8 a 9).

Impactos Psicológicos e Sociais da Ludopatia

A ludopatia tem impactos psicológicos significativos, levando a sentimentos de culpa, vergonha, ansiedade e depressão, com os pacientes utilizando frequentemente o jogo como um escape, agravando o problema. Esses indivíduos podem apresentar queda na autoestima e aumento do estresse emocional.

Socialmente, a compulsão afeta as relações familiares e profissionais, resultando em conflitos, isolamento, perda de emprego e, em alguns casos, comportamentos ilícitos, como roubo ou fraude, para sustentar o vício. O impacto atinge também familiares e amigos, que sofrem as consequências emocionais e financeiras do transtorno​.

Tratamento da Ludopatia

O tratamento da ludopatia envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir terapia psicológica, medicamentos e grupos de apoio. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é amplamente utilizada para auxiliar o paciente a identificar e modificar pensamentos distorcidos sobre o jogo, como crenças irracionais em relação a ganhos e perdas. Além disso, a TCC ensina estratégias para lidar com os impulsos de apostar e técnicas de enfrentamento para evitar recaídas. A terapia familiar pode ser recomendada, especialmente em situações em que o comportamento de jogo tenha impactado relações pessoais.

Em termos farmacológicos, antidepressivos e estabilizadores de humor são frequentemente indicados para tratar comorbidades como depressão e ansiedade, que costumam acompanhar o transtorno. Medicamentos antagonistas de narcóticos, usados no tratamento de dependências químicas, também podem ser úteis para reduzir o impulso de jogar em alguns casos.

Grupos de autoajuda, como os  “Jogadores Anônimos”, oferecem apoio ao indivíduo, onde ele pode compartilhar experiências com outras pessoas que enfrentam problemas semelhantes. Estes grupos podem auxiliar na manutenção do tratamento e na prevenção de recaídas. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de programas de internação ou tratamento residencial, dependendo das necessidades e condições do paciente.

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Referências Bibliográficas 

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  1. CLARK, Luke et al. Pathological Choice: The Neuroscience of Gambling and Gambling Addiction. The Journal of Neuroscience, v. 33, n. 45, p. 17617-17623, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.3231-13.2013.
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