Olá, querido doutor e doutora! Ortopneia é um sintoma clínico que se caracteriza pela dificuldade respiratória que ocorre quando uma pessoa está deitada e melhora ao se sentar ou elevar a cabeça. Este sintoma é frequentemente indicativo de condições cardíacas ou pulmonares subjacentes, como insuficiência cardíaca congestiva ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Este texto explora a fisiopatologia, as causas, o diagnóstico e o tratamento da ortopneia, fornecendo uma visão abrangente para estudantes de medicina e profissionais da saúde.
A etimologia de ortopneia vem do grego antigo, onde “ortho” significa “reto” ou “em posição ereta” e “pnoia” significa “respiração”. Assim, ortopneia literalmente se traduz como “respiração em posição ereta”.
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Conceito de Ortopneia
Ortopneia é a dificuldade de respirar que ocorre quando o paciente está em posição supina (deitado) e melhora ao sentar-se ou elevar a cabeça. Esta condição é frequentemente associada a doenças cardíacas e pulmonares, particularmente à insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Ao contrário da dispneia onde a sensação geral de falta de ar ou dificuldade respiratória pode ocorrer em diversas posições e situações, como durante a atividade física ou em repouso, a ortopneia é causada por condições como doenças pulmonares (DPOC, asma), cardíacas (insuficiência cardíaca, doença arterial coronária), anemia, e ansiedade.
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Fisiopatologia da Ortopneia
Ortopneia é um sintoma caracterizado pela dificuldade respiratória que ocorre quando o paciente está deitado e melhora ao sentar-se ou elevar a cabeça. Este sintoma é frequentemente associado a doenças cardíacas e pulmonares, e sua fisiopatologia está intrinsecamente ligada à dinâmica dos fluidos corporais e ao funcionamento do sistema respiratório:
1. Aumento do retorno venoso: quando um indivíduo está em posição supina, há um aumento do retorno venoso ao coração. Em pessoas saudáveis, o coração consegue acomodar esse aumento no volume sanguíneo sem dificuldade. No entanto, em pacientes com insuficiência cardíaca, a capacidade do coração de bombear esse volume adicional é comprometida, levando ao acúmulo de sangue nas veias pulmonares e, consequentemente, ao aumento da pressão capilar pulmonar. Este processo resulta em transudação de fluido para o espaço intersticial e alvéolos pulmonares, causando edema pulmonar e dificuldade respiratória.
2. Redistribuição do fluido: na posição deitada, o fluido corporal redistribui-se de áreas periféricas para a cavidade torácica. Este fenômeno aumenta o volume sanguíneo central e a pressão hidrostática nas veias pulmonares, exacerbando a congestão pulmonar. Em pacientes com insuficiência cardíaca, este efeito é particularmente pronunciado, pois o coração já está comprometido em sua capacidade de manejo do volume de fluido.
3. Redução da capacidade pulmonar funcional: além da congestão pulmonar, a posição supina também pode reduzir a capacidade residual funcional (CRF) dos pulmões. A CRF é o volume de ar presente nos pulmões no final da expiração passiva. Uma redução na CRF pode causar colapso dos alvéolos (atelectasia) e aumentar a resistência das vias aéreas, resultando em hipoxemia e dispneia.
4. Ativação do sistema nervoso simpático: a ortopneia pode ser agravada pela ativação do sistema nervoso simpático, que ocorre em resposta à hipoxemia e à sobrecarga ventricular. A ativação simpática provoca vasoconstrição e aumenta a frequência cardíaca, tentando compensar a diminuição da oxigenação, mas também pode agravar a congestão pulmonar ao aumentar a resistência vascular periférica.
Causas de Ortopneia
Este sintoma é um sinal clínico importante frequentemente associado a condições cardíacas e pulmonares:
Insuficiência cardíaca congestiva (ICC): a insuficiência cardíaca congestiva é a principal causa de ortopneia. Na ICC, o coração não consegue bombear sangue de forma eficiente, levando ao acúmulo de fluido nos pulmões. Quando o paciente se deita, o retorno venoso ao coração aumenta, exacerbando a congestão pulmonar e resultando em dificuldade respiratória. Este aumento no volume sanguíneo central sobrecarrega o ventrículo esquerdo, que já está comprometido, aumentando a pressão nos capilares pulmonares e levando ao edema pulmonar.
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): a doença pulmonar obstrutiva crônica, que inclui condições como enfisema e bronquite crônica, pode causar ortopneia devido à limitação do fluxo aéreo e à hiperinflação pulmonar. Na posição supina, a resistência das vias aéreas pode aumentar, e a capacidade funcional residual dos pulmões pode diminuir, resultando em dificuldade respiratória. Pacientes com DPOC frequentemente relatam piora da dispneia quando deitados devido ao aumento da resistência das vias aéreas e à dificuldade em exalar completamente.
Obesidade: a obesidade é outra causa comum de ortopneia. O aumento da pressão intra-abdominal na posição supina pode empurrar o diafragma para cima, reduzindo o volume pulmonar e a capacidade funcional residual. Isso pode causar dificuldade respiratória, especialmente em pacientes com função cardíaca ou pulmonar já comprometida. Além disso, a obesidade pode estar associada à apneia do sono, que também pode contribuir para sintomas de ortopneia.
Derrame pleural: o derrame pleural, caracterizado pelo acúmulo de líquido no espaço pleural, pode causar ortopneia. Quando o paciente está deitado, o líquido pode se redistribuir e exercer pressão sobre os pulmões, dificultando a expansão pulmonar e causando dispneia. Esta condição pode ser secundária a várias doenças, incluindo insuficiência cardíaca, infecções, e câncer.
Diagnóstico de Ortopneia
O diagnóstico de ortopneia é principalmente clínico, baseado na história do paciente e nos sintomas relatados. Perguntas direcionadas incluem:
- A presença de dificuldade respiratória ao deitar;
- Necessidade de múltiplos travesseiros para dormir; e
- Melhoria dos sintomas ao sentar-se ou elevar a cabeça.
Exames complementares, como radiografia de tórax, ecocardiograma e provas de função pulmonar, podem ser indicados para identificar a causa subjacente e avaliar a extensão do comprometimento cardíaco ou pulmonar.
Tratamento da Ortopneia
O tratamento da ortopneia é direcionado à causa subjacente do sintoma, sendo fundamental identificar e abordar as condições que contribuem para a dificuldade respiratória quando o paciente está deitado.
Em casos de insuficiência cardíaca, pode-se incluir diuréticos para reduzir o volume de líquido nos pulmões, inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina) e betabloqueadores para melhorar a função cardíaca, e alterações no estilo de vida como dieta com baixo teor de sódio e controle rigoroso da ingestão de líquidos.
Para pacientes com DPOC, o tratamento pode envolver broncodilatadores e corticosteroides inalados para melhorar o fluxo aéreo, e oxigenoterapia para casos de hipoxemia crônica.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
SP – Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos – ISCMSC 2016 Entendemos ortopneia como um tipo de dispneia que surge:
A. Aos pequenos esforços.
B. No decúbito e melhora rapidamente ao levantar o tronco.
C. À qualquer momento.
D. Surge aos médios esforços.
Comentário da Equipe EMED: ortopneia, uma palavra de origem grega (orto: em linha reta / pneia: respirar), é um sintoma de insuficiência cardíaca e consiste na dispneia súbita que surge em decúbito e melhora em ortostase. As perguntas que podem identificar esse sintoma na sua anamnese são: “o senhor acorda à noite com falta de ar?”; “o senhor usa quantos travesseiros para dormir?”; “sua falta de ar melhora ao sentar-se?”. Portanto, alternativa B.
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Referências Bibliográficas
- Mukerji V. Dyspnea, Orthopnea, and Paroxysmal Nocturnal Dyspnea. In: Walker HK, Hall WD, Hurst JW, editors. Clinical Methods: The History, Physical, and Laboratory Examinations. 3rd edition. Boston: Butterworths; 1990. Chapter 11.
- The Sleep Foundation. Orthopnea. Acesso 05/08/2024.
- Imagem em destaque: Pexels