Resumo de Osteoma Osteóide: sintomas, diagnóstico e mais!
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Resumo de Osteoma Osteóide: sintomas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O osteoma osteóide é uma lesão benigna do tecido ósseo que, apesar do comportamento autolimitado, provoca dor significativa, especialmente em indivíduos jovens. Sua identificação precoce e abordagem adequada são fundamentais para evitar impacto funcional. 

A dor noturna que melhora com o uso de AINEs é uma das características mais sugestivas da doença.

Conceito 

O osteoma osteóide é um tumor ósseo benigno, pequeno e produtor de tecido osteóide, caracterizado por um nido central altamente vascularizado, geralmente com menos de 2 cm de diâmetro, cercado por uma zona de esclerose óssea reacional. Apesar de sua natureza benigna e comportamento limitado, causa dor óssea intensa e localizada, com predomínio noturno e resposta marcante ao uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).

Trata-se de uma lesão solitária, que tende à estabilização e até à regressão espontânea ao longo do tempo. Seu reconhecimento é importante não apenas por seus sintomas intensos, mas também para diferenciá-lo de outras condições ósseas de maior gravidade.

Etiologia e fisiopatologia  

A origem do osteoma osteóide ainda não é totalmente compreendida. Algumas teorias propõem que ele seria resultado de um tumor benigno de origem osteoblástica, enquanto outras sugerem que se trata de uma resposta inflamatória localizada ou uma tentativa de reparo ósseo anormal, possivelmente após trauma não detectado. Há também descrições de lesões surgindo em áreas previamente fraturadas, reforçando essa hipótese reacional.

Do ponto de vista fisiopatológico, o componente central da lesão — conhecido como nido — é formado por tecido osteóide imaturo, ricamente vascularizado, envolto por esclerose óssea. O nido apresenta altas concentrações de prostaglandinas (até mil vezes acima do normal), o que contribui para o quadro álgico acentuado. Essas prostaglandinas promovem vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar e estímulo de terminações nervosas, justificando a dor intensa, especialmente à noite, e sua melhora rápida com o uso de AINEs.

Outro achado importante é a presença de fibras nervosas não mielinizadas no interior do nido, que reforça o caráter hipersensível da lesão.

Epidemiologia

O osteoma osteóide representa cerca de 10% dos tumores ósseos benignos e é mais frequentemente diagnosticado em crianças e adultos jovens, especialmente na faixa entre 5 e 25 anos. Há um predomínio masculino, com proporção de até 3 homens para cada mulher acometida.

As lesões são mais comuns em ossos longos das extremidades inferiores, particularmente no fêmur e na tíbia, que juntos correspondem a mais da metade dos casos. A coluna vertebral é envolvida em até 20% das ocorrências, especialmente os elementos posteriores da região lombar. Já os ossos do pé, como o tálus e o calcâneo, são acometidos com menor frequência, representando de 2% a 10% dos casos.

Casos em crianças abaixo de 5 anos ou em adultos acima dos 40 anos são bastante incomuns.

Localizações mais comuns

O osteoma osteóide tem preferência por estruturas ósseas específicas, sendo encontrado com mais frequência em regiões de carga e impacto. Os ossos longos da extremidade inferior lideram as estatísticas, com destaque para o fêmur (em especial a diáfise e o colo femoral) e a tíbia.

Outros locais frequentes incluem:

  • Coluna vertebral, principalmente nos elementos posteriores da região lombar (lâmina, pedículo, facetas);
  • Úmero, rádio e ulna, com menor prevalência;
  • Ossos do pé, como tálus, calcâneo, metatarsos e falanges, representam uma minoria dos casos, mas não devem ser negligenciados em pacientes com dor persistente em regiões plantares ou tornozelo;
  • Regiões intra-articulares, como a cabeça femoral ou a articulação do quadril, que podem confundir-se com quadros reumatológicos ou sinovites;
  • A mão também pode ser acometida, embora seja rara, com apresentações que simulam artrite ou lesões de partes moles.

Classificações anatomopatológicas

O osteoma osteóide pode ser classificado com base na localização do nido em relação à estrutura óssea, o que influencia sua apresentação clínica e o padrão de imagem. As principais categorias são:

  • Intracortical: é a forma mais comum, com o nido localizado na cortical óssea. Costuma afetar a diáfise ou metáfise de ossos longos, como fêmur e tíbia, e está frequentemente associado a reação periosteal evidente e dor intensa.
  • Medular (ou intramedular): ocorre na região trabecular do osso, sendo mais comum em áreas próximas às articulações, como o colo do fêmur ou ossos do carpo e tarso. Pode ter apresentação menos típica, com dor mais difusa e sinais inflamatórios articulares.
  • Subperiosteal: o nido se localiza logo abaixo do periósteo, na face externa da cortical. Essa variante pode gerar compressão da superfície óssea adjacente e, por vezes, simular lesão de partes moles.
  • Endosteal: menos frequente, está situada na face interna da cortical. Em geral, provoca menos reação esclerótica, dificultando o diagnóstico radiológico.
  • Intra-articular: não é uma classificação clássica, mas é relevante clinicamente. O nido está dentro da cápsula articular, podendo causar sinovite, derrame articular e restrição de movimento, frequentemente confundido com artrites ou doenças reumatológicas.
  • Multicêntrico (raro): envolve mais de um nido, seja no mesmo osso ou em ossos distintos. Representa menos de 1% dos casos e levanta hipóteses diferenciais com lesões mais agressivas.

Avaliação clínica

A manifestação clínica mais característica do osteoma osteóide é a dor óssea intensa, localizada e progressiva, com piora à noite. Essa dor é frequentemente descrita como profunda, em queimação ou latejante, e costuma ter alívio marcante com o uso de AINEs ou ácido acetilsalicílico — uma resposta considerada praticamente diagnóstica.

Outros aspectos clínicos variam de acordo com a localização da lesão:

  • Em ossos longos, pode haver claudicação e limitação funcional;
  • Em lesões superficiais, é comum a hipersensibilidade ao toque, além de edema ou hiperemia local;
  • Nos casos intra-articulares, o quadro pode simular uma artrite, com sinovite, rigidez articular e marcha antálgica, sem sinais sistêmicos de inflamação;
  • Em crianças, lesões próximas às cartilagens de crescimento podem causar assimetria de membros, alterações posturais e até diferença no comprimento dos ossos;
  • Lesões na coluna vertebral podem se manifestar com escoliose dolorosa, contraturas musculares ou, em casos raros, déficits neurológicos.

A evolução tende a ser lenta e autolimitada, mas o impacto funcional da dor, sobretudo em jovens ativos, leva frequentemente à necessidade de tratamento específico.

Ao exame físico, os achados são inespecíficos, mas podem incluir:

  • Dor à palpação localizada sobre o osso acometido;
  • Restrição de movimento quando a lesão está próxima a uma articulação;
  • Atrofia muscular em lesões crônicas de membros inferiores;
  • Marcha antálgica;
  • Em crianças, pode haver assimetria postural, limpação persistente ou diferença de comprimento entre os membros.

Diagnóstico 

Radiografia simples: ponto de partida acessível

As radiografias são geralmente o primeiro exame solicitado. Em muitos casos, é possível visualizar um nido radiolúcido com esclerose periférica. Contudo, esse padrão clássico nem sempre está presente, especialmente quando a lesão está em locais de difícil visualização, como coluna, pelve, tarso ou em ossos pequenos. Nessas situações, o exame pode ser normal ou inconclusivo.

Osteoma Osteóide. StarPearls.

Tomografia Computadorizada: exame de escolha

A tomografia de cortes finos é considerada o método mais eficaz para identificar o nido. A imagem típica é de uma lesão arredondada, de até 2 cm, com centro hipodenso e esclerose ao redor. Pode haver calcificações internas, e em muitos casos, o aspecto lembra um “alvo” ou “olho de boi”. Além do diagnóstico, a TC também é essencial no planejamento de tratamentos percutâneos, como a ablação por radiofrequência.

Ressonância Magnética: útil em casos específicos

Embora menos sensível para o nido em si, a ressonância magnética é útil na avaliação de edema medular, sinovite ou lesões intra-articulares, onde os achados radiográficos e tomográficos podem ser sutis. A RM também auxilia na definição de estruturas nobres adjacentes, especialmente em lesões próximas a articulações ou à medula espinhal.

Cintilografia óssea e SPECT/CT: valor na localização de lesões ocultas

Quando o quadro clínico é sugestivo, mas as imagens convencionais não localizam a lesão, a cintilografia óssea pode evidenciar um foco de hipercaptação intensa. O chamado “sinal da dupla densidade”, com uma área central de captação mais intensa cercada por uma zona de captação menos intensa, é característico. A técnica SPECT/CT melhora ainda mais essa visualização em áreas de anatomia complexa.

Tratamento 

Tratamento conservador: opção inicial em casos leves

Em pacientes com sintomas toleráveis, é possível optar pelo uso contínuo de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), que costumam controlar bem a dor devido à ação sobre as prostaglandinas. Essa abordagem pode ser mantida por meses ou anos, até que ocorra regressão espontânea da lesão. No entanto, o uso prolongado de AINEs pode trazer efeitos adversos, como toxicidade gastrointestinal ou renal, além de impactar a qualidade de vida de pacientes jovens e ativos.

Ablação por radiofrequência: primeira escolha nos casos sintomáticos

A ablação por radiofrequência guiada por tomografia computadorizada tornou-se o tratamento preferencial para osteoma osteóide sintomático. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, no qual uma sonda é inserida até o nido e, por meio de energia térmica, provoca necrose por coagulação do tecido tumoral. Os resultados são excelentes, com taxas de sucesso superiores a 90% e alívio rápido da dor, geralmente em até 72 horas.

Ressecção cirúrgica: opção em casos selecionados

Embora menos comum atualmente, a ressecção cirúrgica ainda pode ser indicada quando as opções percutâneas não estão disponíveis ou em situações especiais, como:

  • Lesões muito próximas a estruturas neurovasculares;
  • Falha de métodos ablativos;
  • Necessidade de biópsia diagnóstica em caso duvidoso;
  • Presença de múltiplos nidos em áreas complexas.

A cirurgia pode ser feita por ressecção em bloco ou por curetagem após desbridamento da cortical, mas está associada a maior morbidade, maior tempo de recuperação e necessidade, por vezes, de enxerto ósseo ou fixação interna.

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Referências Bibliográficas 

  1. DOOKIE, Annabelle L.; JOSEPH, Robert M. Osteoid Osteoma. In: STATPEARLS. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. 
  1. MORTIMER, Errol et al. Osteoid Osteoma. DynaMed. EBSCO Information Services, 2025. 
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