Olá, querido doutor e doutora! A perniose, também conhecida como eritema pérnio, é uma condição inflamatória da pele desencadeada pela exposição prolongada ao frio e à umidade. Embora seja frequentemente autolimitada, casos recorrentes ou associados a doenças sistêmicas exigem uma abordagem diagnóstica mais aprofundada.
A exposição ao frio e à umidade por períodos prolongados pode desencadear uma resposta inflamatória da pele, levando à formação de lesões pruriginosas e dolorosas.
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Conceito de Perniose
A perniose, também chamada de eritema pérnio, é uma resposta inflamatória da pele à exposição prolongada ao frio e à umidade. Manifesta-se por lesões eritematosas ou violáceas, principalmente nas extremidades, como dedos das mãos e dos pés. Os pacientes podem apresentar sintomas como prurido, dor e, em alguns casos, formação de bolhas ou ulcerações.
Fisiopatologia da Perniose
A perniose resulta de uma resposta vascular anômala ao frio, caracterizada por vasoconstrição intensa e prolongada, seguida de uma perfusão inadequada. A exposição a temperaturas baixas em ambientes úmidos provoca uma diminuição do fluxo sanguíneo nas extremidades, levando à hipóxia tecidual e ao acúmulo de metabólitos inflamatórios.
Esse processo desencadeia uma resposta inflamatória mediada por células linfocitárias perivasculares, com aumento da permeabilidade capilar e edema dérmico. Em alguns casos, observa-se degeneração da camada basal da epiderme e infiltração periecrina de linfócitos, o que contribui para a persistência das lesões.
Fatores de Risco para Perniose
A perniose ocorre mais frequentemente em regiões de clima frio e úmido, sendo mais comum nos meses de inverno. A incidência exata não é bem estabelecida, pois muitos casos não são diagnosticados ou são confundidos com outras condições dermatológicas. No entanto, há uma maior prevalência em países com invernos rigorosos e infraestrutura de aquecimento limitada. Diversos fatores podem predispor ao desenvolvimento da perniose, incluindo:
- Sexo e idade: mulheres jovens e de meia-idade apresentam maior susceptibilidade, assim como crianças e adolescentes.
- Exposição ao frio e umidade: permanecer em ambientes frios e úmidos por períodos prolongados aumenta o risco de desenvolvimento da condição.
- Baixo índice de massa corporal (IMC): indivíduos magros têm menor isolamento térmico, tornando-se mais vulneráveis à vasoconstrição induzida pelo frio.
- Distúrbios vasculares: condições como o fenômeno de Raynaud e crioglobulinemia podem aumentar a reatividade vascular e predispor à perniose.
- Doenças autoimunes: a perniose secundária é frequentemente associada ao lúpus eritematoso sistêmico (LES) e à síndrome antifosfolipídica.
- Tabagismo: o cigarro agrava a vasoconstrição periférica, favorecendo o desenvolvimento de lesões.
- Hiperidrose: o excesso de sudorese nas extremidades pode contribuir para a umidade prolongada da pele, intensificando o impacto do frio.
Sintomas da Perniose
A perniose se manifesta principalmente por lesões cutâneas inflamatórias em áreas expostas ao frio e à umidade, como dedos das mãos e dos pés, nariz, orelhas e, ocasionalmente, panturrilhas e coxas. Os sintomas podem surgir algumas horas após a exposição ao frio e persistir por dias a semanas.
Principais manifestações clínicas
- Lesões eritematosas ou violáceas: máculas, pápulas ou nódulos avermelhados ou arroxeados, frequentemente bilaterais e simétricos.
- Prurido e dor: sensação de coceira e ardência, podendo evoluir para desconforto significativo.
- Edema localizado: pode ocorrer inchaço leve na área afetada.
- Formação de bolhas ou úlceras: em casos mais intensos, pode haver vesiculação e até necrose superficial da pele.
- Queimação e sensibilidade aumentada: algumas pessoas relatam hipersensibilidade ao toque ou sensação de formigamento.
- Descamação e alterações ungueais: em casos recorrentes, pode haver distrofia ungueal associada.
Diagnóstico da Perniose
O diagnóstico da perniose é predominantemente clínico, baseado na história de exposição ao frio e umidade, aliada à presença de lesões eritematosas ou violáceas em extremidades, como mãos e pés. O exame físico deve identificar lesões simétricas, associadas a prurido, dor ou edema, além de sinais de complicações, como ulceração ou infecção secundária.
Em casos atípicos, crônicos ou suspeitos de doença sistêmica associada, exames complementares podem ser necessários. O hemograma e testes autoimunes, como anticorpos antinucleares (ANA) e fator reumatoide, auxiliam na investigação de lúpus eritematoso sistêmico e outras vasculopatias. A pesquisa de crioglobulinas pode ser útil quando há suspeita de crioglobulinemia.
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial da perniose inclui o fenômeno de Raynaud, crioglobulinemia, vasculites e lupus pernio (forma cutânea da sarcoidose). Outras condições a considerar são panniculite induzida pelo frio, acrocyanose e eritromelalgia. A diferenciação é feita com base na história clínica, achados laboratoriais e, quando necessário, biópsia de pele.
Tratamento da Perniose
O manejo da perniose foca na prevenção e no alívio dos sintomas. A principal medida é evitar a exposição ao frio e à umidade, utilizando roupas térmicas e mantendo as extremidades aquecidas. Em casos sintomáticos, corticosteroides tópicos podem reduzir a inflamação e o prurido, enquanto bloqueadores dos canais de cálcio, como a nifedipina, auxiliam na vasodilatação e prevenção de novas lesões. Em quadros associados a doenças autoimunes, imunossupressores podem ser necessários.
Evolução
A maioria dos casos é autolimitada, com resolução espontânea das lesões em algumas semanas após a remoção do agente desencadeante. No entanto, episódios recorrentes são comuns em climas frios, especialmente sem medidas preventivas. Pacientes com perniose secundária podem ter uma evolução prolongada, dependendo da doença de base.
Complicações
As principais complicações incluem ulceração, necrose tecidual e infecção secundária, especialmente em pacientes imunossuprimidos ou com lesões persistentes. Em casos raros, a perniose crônica pode levar a alterações ungueais e fibrose dérmica. A associação com doenças autoimunes exige um acompanhamento rigoroso para evitar complicações sistêmicas.
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Referências Bibliográficas
- WHITMAN, Patrick A.; CRANE, Jonathan S. Pernio. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK549842/. Acesso em: 25 jan. 2025.
- MAROON, Michele S. Pernio. Medscape. 2024. Disponível em: https://emedicine.medscape.com/article/1087946-print. Acesso em: 25 jan. 2025.