Resumo de Polaciúria: conceito, causas e mais!

Resumo de Polaciúria: conceito, causas e mais!

Olá, meu Doutor e minha Doutora! A palavra polaciúria tem sua origem no grego derivada da combinação dos termos “pollakys” e “ouron”, que significam “frequente” e “urina”, respectivamente. Portanto, polaciúria é usada para descrever o aumento na frequência de micções.   

Vem com o Estratégia MED entender as causas de polaciúria e como podemos realizar uma anamnese geniturinária completa para chegar ao diagnóstico. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!  

O que é a Polaciúria 

Em condições normais, uma pessoa adulta elimina de 800 a 2.500 ml de urina diariamente. A capacidade de armazenagem da bexiga é de 400 a 600 ml. Assim, ocorrem 2 a 4 micções por dia. O termo polaciúria é usada para descrever a condição em que uma pessoa experimenta um aumento anormal na frequência urinária, resultando em micções frequentes ao longo do dia e, por vezes, durante a noite.

Esse termo deve ser diferenciado de poliúria, usada para descrever um aumento anormal na produção de urina pelos rins, resultando em um volume urinário excessivo, independentemente da frequência das micções.

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Fisiopatologia da Polaciúria

Quando ocorre polaciúria, a bexiga pode apresentar uma maior sensibilidade aos estímulos de estiramento, resultando em uma resposta exacerbada aos sinais de preenchimento. Isso pode ser devido a diversas condições, como irritação da bexiga devido a infecções do trato urinário, inflamação crônica (como na cistite intersticial) ou hiperatividade do músculo detrusor.

No contexto da fisiopatologia da polaciúria, os receptores de estiramento na parede vesical desempenham um papel importante, por serem responsáveis por iniciar o reflexo de micção quando a bexiga se enche. Esses receptores enviam sinais aos segmentos sacrais da medula espinhal, desencadeando contrações do músculo detrusor e levando à micção. Em pessoas com polaciúria, essa resposta ao estiramento pode ser exacerbada, levando a micções mais frequentes do que o normal.

Inervação da bexiga. Guyton

Etiologia da Polaciúria  

A polaciúria pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo condições benignas e patológicas. Alguns dos principais contribuintes para a polaciúria incluem: 

  • Infecções do trato urinário (ITU): infecções bacterianas no trato urinário podem irritar a bexiga, levando a um aumento na frequência urinária. 
  • Diabetes mellitus: pacientes com diabete mellitus podem desenvolver polaciúria devido à presença de glicose na urina, aumentando a produção de urina. 
  • Hiperplasia prostática benigna (HPB): nos homens mais velhos, o aumento benigno da próstata pode comprimir a uretra, causando irritação da bexiga e polaciúria. 
  • Cistite intersticial: esta é uma condição crônica da bexiga caracterizada por dor na bexiga e polaciúria. 
  • Consumo excessivo de líquidos: o consumo excessivo de líquidos, especialmente à noite, pode levar à polaciúria. 
  • Gravidez: durante a gravidez, as mudanças hormonais e o aumento da pressão sobre a bexiga podem resultar em polaciúria. 
  • Medicamentos: alguns medicamentos, como diuréticos e certos antidepressivos, podem causar polaciúria como efeito colateral.

Diagnóstico da Polaciúria 

O diagnóstico da polaciúria começa com uma história clínica detalhada e um exame físico completo. Inicialmente, é importante avaliar as características da urina, como a presença de sangue (hematúria), pus (piúria) ou alterações na cor (colúria), que podem indicar infecções do trato urinário ou doenças renais. 

Além disso, distúrbios miccionais, como dor ao urinar (disúria) ou sensação de esvaziamento incompleto da bexiga (tenesmo), também são avaliados para fornecer pistas sobre a causa da polaciúria. 

O volume de urina produzido ao longo do dia e da noite também é um aspecto crucial a ser considerado. A diminuição da produção de urina (oligúria), aumento excessivo da produção de urina (poliúria) ou ausência completa de produção de urina (anúria) podem sugerir diferentes condições subjacentes, como problemas renais ou distúrbios hormonais. 

Outros sinais e sintomas associados, como dificuldade para iniciar ou continuar a micção, características do jato urinário, incontinência ou retenção aguda de urina, dor lombar e edema nas pálpebras, rosto e membros, são cuidadosamente avaliados para direcionar a investigação diagnóstica. 

A investigação adicional pode incluir exames de urina, culturas de urina, ultrassonografia renal, tomografia computadorizada, ressonância magnética ou exames de sangue específicos para avaliar a função renal, níveis hormonais ou marcadores de infecção. 

Além disso, uma história clínica detalhada, incluindo histórico médico preexistente, medicações em uso e histórico de infecções do trato urinário ou outras condições médicas relevantes, é fundamental para identificar fatores de risco e orientar a investigação diagnóstica.

Tratamento da Polaciúria

O tratamento da polaciúria depende da causa subjacente. Em casos de infecção do trato urinário, podem ser prescritos antibióticos. Para pacientes com diabete mellitus, o controle glicêmico adequado é fundamental para reduzir a polaciúria. Em casos de HPB, podem ser prescritos medicamentos para reduzir o tamanho da próstata ou, em casos graves, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias. 

Além do tratamento específico da causa subjacente, algumas medidas gerais podem auxiliar no manejo da polaciúria, como reduzir a ingestão de líquidos antes de dormir, evitar cafeína e álcool, e realizar exercícios para fortalecer os músculos do assoalho pélvico.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão de uma paciente com queixa de polaciúria (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

REVALIDA NACIONAL – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP) Uma paciente com 25 anos chega para consulta na unidade básica de saúde devido a quadro de disúria e polaciúria há 5 dias, que se agravou, tendo se iniciado hematúria nas últimas 24 horas. Ela relata que é a primeira vez que apresenta os sintomas descritos, que é sexualmente ativa, negando ter quaisquer outras queixas. O exame físico é normal, exceto por dor à palpação profunda em hipogástrio. Nessa situação, a conduta médica adequada para o caso é:

A. solicitar urocultura

B. prescrever empiricamente antibiótico

C. prescrever empiricamente antifúngico

D. solicitar bacterioscopia do conteúdo vaginal

Comentário da Equipe EMED: Temos uma paciente jovem com sintomas urinários baixos, o que nos reforça a hipótese de uma infecção do trato urinário (ITU). Sempre que há suspeita de ITU, devemos categorizá-la de duas maneiras: alta x baixa e complicada x não complicada. Como não há sintomas sistêmicos como febre, dor lombar, náuseas ou vômitos, podemos concluir que a ITU é baixa (cistite). Veja que a paciente não apresenta comorbidades ou relato de alteração funcional / estrutural do trato urinário, imunossupressão e não está gestante. É, portanto, uma ITU não complicada. Diante de uma cistite não complicada, o tratamento é empírico, com prescrição de antibióticos (preferencialmente a fosfomicina) sem necessidade de cultura ou exames complementares. Portanto, alternativa B.

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Referências Bibliográficas 

  1. Kevin T McVary & Rajiv Saini. Lower urinary tract symptoms in males. UpToDate, 2023. Disponível em: UpToDate
  1. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 13º ed. Rio De Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2017. 
  1. Imagem em destaque: Pixabay
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