Resumo de Priapismo: conceito, causas, tratamento e mais!
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Resumo de Priapismo: conceito, causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Priapismo é uma condição médica caracterizada por uma ereção prolongada e indesejada, geralmente com duração superior a quatro horas, sem estímulo sexual. Embora seja uma emergência urológica no caso de priapismo isquêmico, que pode levar à disfunção erétil permanente se não tratado prontamente, o manejo clínico adequado depende da identificação do tipo de priapismo e de sua causa subjacente. Este texto visa oferecer uma visão clara sobre a classificação, causas, quadro clínico e tratamento dessa condição.

A palavras Priapismo vem de Príapo, deus grego da fertilidade, conhecido por ser representado com um falo permanentemente ereto. O sufixo “-ismo” indica condição, referindo-se à ereção prolongada e involuntária.

Conceito e Classificação de Priapismo

Priapismo é uma condição caracterizada por uma ereção prolongada do pênis, que persiste por quatro horas ou mais, sem que haja estimulação sexual. Essa ereção anômala pode ser dolorosa e, em muitos casos, requer intervenção médica imediata, especialmente em situações de priapismo isquêmico, para evitar danos permanentes ao tecido erétil e prevenir a disfunção erétil.

A classificação do priapismo é baseada principalmente na causa e no fluxo sanguíneo envolvido no episódio. Existem três principais tipos de priapismo

  1. Priapismo isquêmico (ou de baixo fluxo): é o tipo mais comum de priapismo e também o mais grave. Nesse tipo, ocorre um comprometimento do fluxo de saída venosa do pênis, resultando em estase sanguínea nos corpos cavernosos, levando a hipóxia e acúmulo de dióxido de carbono. A falta de oxigenação nos tecidos penianos pode provocar necrose, fibrose e disfunção erétil permanente se não tratado rapidamente. Esse quadro é tipicamente doloroso e uma emergência médica, que necessita de intervenção urgente para a detumescência. 
  1. Priapismo não-isquêmico (ou de alto fluxo): neste tipo, há um aumento do fluxo arterial para os corpos cavernosos sem obstrução da drenagem venosa. É geralmente causado por traumas no períneo ou no pênis resultando na formação de uma fístula arterial-cavernosa. Diferente do priapismo isquêmico, o não-isquêmico não é uma emergência, uma vez que não há isquemia tecidual, sendo usualmente indolor e muitas vezes se resolve sem necessidade de intervenção imediata. 
  1. Priapismo recorrente (ou intermitente): também conhecido como “priapismo intermitente” ou “priapismo stuttering”, caracteriza-se por episódios repetidos e de curta duração de priapismo isquêmico. Esses episódios podem ocorrer de forma autolimitada, mas com o tempo, se não adequadamente gerenciados, podem resultar em danos penianos. É comum em pacientes com doenças como a anemia falciforme e está relacionado a uma disfunção no mecanismo de regulação da ereção.

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Causas de Priapismo

Priapismo Isquêmico

Doenças hematológicas 

  • Anemia falciforme: é uma das causas mais frequentes de priapismo isquêmico, especialmente em pacientes jovens. Até 40% dos homens com anemia falciforme apresentam episódios de priapismo. 
  • Leucemias e outras neoplasias hematológicas: o acúmulo de células neoplásicas nos corpos cavernosos pode obstruir o fluxo sanguíneo, causando priapismo. 
  • Talassemia: embora menos comum que a anemia falciforme, também pode predispor ao priapismo.
Priapismo e anemia falciforme. Estratégia MED

Uso de medicamentos 

  • Inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5): medicamentos como sildenafil, tadalafil e vardenafil, usados no tratamento da disfunção erétil, podem desencadear priapismo, especialmente quando usados em doses excessivas ou em combinação com outros medicamentos. 
  • Medicações psicotrópicas: trazodona e antipsicóticos, como clorpromazina, são conhecidos por estarem associados a episódios de priapismo. 
  • Drogas vasoativas: injeções intracavernosas para tratamento de disfunção erétil, como a prostaglandina E1, também podem causar priapismo.

Outros fatores 

  • Drogas ilícitas: o uso de cocaína e álcool em excesso está associado a casos de priapismo. 
  • Distúrbios de coagulação: estados hipercoaguláveis, como trombofilias e o uso de anticoagulantes, podem predispor ao priapismo. 
  • Infecções: infecções resultantes em estados inflamatórios sistêmicos podem predispor ao priapismo. 
  • Doenças neurológicas: lesões na medula espinhal ou outras condições neurológicas que afetam a regulação do fluxo sanguíneo para o pênis.

Priapismo não-isquêmico

  • Trauma: traumas no períneo ou no pênis podem resultar em danos vasculares, como a formação de fístulas arteriais que causam o priapismo de alto fluxo. 
  • Lesões cirúrgicas: procedimentos urológicos ou cirurgias pélvicas podem, ocasionalmente, resultar em priapismo não-isquêmico. 
  • Malformações vasculares congênitas: algumas malformações arteriais podem estar presentes desde o nascimento e causar priapismo, embora isso seja raro.

Priapismo Recorrente

O priapismo recorrente, ou intermitente, compartilha frequentemente as mesmas causas do priapismo isquêmico, sendo mais comum em pacientes com anemia falciforme ou outras condições que predispõem ao priapismo isquêmico. Ele ocorre em episódios repetidos e, se não tratado adequadamente, pode levar a danos crônicos.

Quadro Clínico de Priapismo

O quadro clínico do priapismo varia conforme o tipo de priapismo, mas é geralmente marcado por uma ereção prolongada e persistente que ocorre sem estímulo sexual. Dependendo do tipo, os sintomas podem incluir dor, rigidez peniana e, em casos mais graves, complicações que levam a danos permanentes.

Diagnóstico de Priapismo

Exames laboratoriais e de imagem são úteis para confirmar o diagnóstico, diferenciar entre os tipos de priapismo e identificar causas subjacentes.

Gases do Sangue Cavernoso

A gasometria do sangue aspirado dos corpos cavernosos é uma ferramenta crucial para diferenciar priapismo isquêmico do não-isquêmico: 

  • Priapismo Isquêmico: o sangue aspirado é escuro, quase preto, com pH baixo (<7,2), pO2 muito baixa (<30 mmHg) e pCO2 elevada (>60 mmHg). Esses achados indicam hipóxia e acúmulo de dióxido de carbono nos corpos cavernosos. 
  • Priapismo Não-Isquêmico: o sangue tem aparência mais semelhante ao sangue arterial, com pH próximo de 7,4, pO2 superior a 90 mmHg e pCO2 no limite normal.

Ultrassom Doppler Peniano 

O ultrassom com Doppler colorido é o exame de imagem preferencial para diferenciar os tipos de priapismo: 

  • Priapismo Isquêmico: mostra fluxo arterial muito reduzido ou ausente nos corpos cavernosos, confirmando a estase venosa. 
  • Priapismo Não-Isquêmico: demonstra aumento do fluxo arterial, geralmente causado por uma fístula arterial-cavernosa.

Exames Laboratoriais 

Além dos gases cavernosos, outros exames laboratoriais podem ser úteis para determinar as causas subjacentes: 

  • Hemograma completo: para avaliar doenças hematológicas como leucemia, que pode causar priapismo. 
  • Eletroforese de hemoglobina: para identificar anemia falciforme em pacientes de alto risco. 
  • Toxicologia urinária e alcoolemia: para avaliar o uso de drogas ilícitas ou intoxicação alcoólica, que podem estar associados ao priapismo. 
  • Função renal e hepática: especialmente em pacientes com doenças crônicas ou em uso de medicamentos com potenciais efeitos colaterais.

Tratamento de Priapismo

O tratamento do priapismo varia conforme o tipo, sendo o priapismo isquêmico uma emergência médica e o não-isquêmico menos urgente.

Tratamento do Priapismo Isquêmico (Baixo Fluxo)

  1. Aspiração e irrigação: o primeiro passo é a aspiração de sangue dos corpos cavernosos, seguido pela irrigação com solução salina. Isso ajuda a aliviar a pressão e melhorar a oxigenação. 
  1. Injeção de agentes simpaticomiméticos: a fenilefrina (agonista alfa-adrenérgico) é o medicamento de escolha, administrada diretamente nos corpos cavernosos para promover a detumescência. 
  1. Cirurgia de shunt: se os métodos anteriores falharem, pode ser necessário um procedimento cirúrgico para criar um desvio que permita a drenagem do sangue dos corpos cavernosos. 
  1. Prótese peniana: em casos prolongados (mais de 48 horas), onde há risco de fibrose, pode ser indicado o implante de uma prótese peniana para evitar disfunção erétil permanente.

Tratamento do Priapismo Não-Isquêmico (Alto Fluxo)

  1. Observação e compressas frias: muitos casos resolvem-se espontaneamente, sendo recomendada a observação e a aplicação de compressas de gelo. 
  1. Embolização seletiva: se necessário, uma embolização arterial pode ser realizada para interromper o fluxo sanguíneo excessivo, com alta taxa de sucesso. 
  1. Cirurgia: em casos raros, uma cirurgia pode ser necessária para ligar diretamente a fístula responsável pelo fluxo elevado.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

SP – Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE 2019 O priapismo é caracterizado por ereção peniana dolorosa, independente de desejo sexual, durante um período superior a duas horas, sem levar a ejaculação. Doença à qual o priapismo está mais comumente associado: 

A. Depressão orgânica. 

B. Leucemia. 

C. Peyronie. 

D. Anemia falciforme.

E. Parkinson.

Comentário da Equipe EMED: A principal causa de priapismo é sim a anemia falciforme, sendo necessário educar esses pacientes sobre a intercorrência, especialmente após a puberdade. Os pacientes devem ser orientados a buscar atendimento médico de urgência sempre que mantiverem ereções prolongadas, para que sejam introduzidas as medidas necessárias, como hidratação vigorosa, analgesia e avaliação urológica para possível drenagem de seio cavernoso.

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Referências Bibliográficas 

  1. SILBERMAN, Michael; STORMONT, Gavin; LESLIE, Stephen W.; HU, Eugene W. Priapism. In: STATPEARLS [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2024. Acesso em: 12 out. 2024.
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