Resumo de priapismo: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de priapismo: diagnóstico, tratamento e mais!

O priapismo é uma condição urológica que diminui qualidade de vida, a função sexual e o bem-estar físico dos indivíduos afetados. Confira os principais aspectos referentes a esta urgência urológica, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao priapismo.

  • O tipo isquêmico está relacionado a doença falciforme, talassemias e uso de drogas para disfunção erétil. 
  • O tipo não isquêmico está associado a traumas penianos. 
  • A avaliação inicial é feita com punção dos corpos cavernosos e gasometria do sangue coletado. 
  • O tratamento do priapismo não isquêmico inclui aspiração dos corpos cavernosos, injeção de de alfa-agonistas e, em último caso, cirurgia.  
  • O tratamento do não isquêmico é conservador. Caso não se resolva, arteriografia com embolização seletiva está indicada. 

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Definição da doença

O priapismo é definido como uma ereção persistente do pênis que não está associada à estimulação ou desejo sexual. A maioria dos autores colocam o priapismo como uma ereção que dura pelo menos quatro horas.

É classificada de acordo com sua fisiopatologia em priapismo isquêmico e não isquêmico, importante para distinguir as causas e tratamentos diferentes. 

Epidemiologia e fisiopatologia do priapismo

É um distúrbio raro, que corresponde a uma incidência de 0,73 por 100.000 homens por ano em um estudo feito nos Estados Unidos. Há uma distribuição bimodal de pico de incidência, ocorrendo entre 5 e 10 anos em crianças e 20 a 50 anos em adultos, mas pode ocorrer em qualquer idade.

As causas também mudam de acordo com faixa etária. A causa mais comum em adultos é o uso de medicamentos, principalmente com injeções intracavernosas para desempenho sexual, representando 25% dos casos. 

#Ponto importante: A condição mais comumente associada em crianças é a doença falciforme. 

Priapismo isquêmico

O priapismo isquêmico é a ereção prolongada com falha na detumescência relacionada ao relaxamento prejudicado e paralisia do músculo liso cavernoso e o óxido nítrico tem sido proposto como um importante mediador no desenvolvimento desse tipo de priapismo. 

O resultado é uma síndrome compartimental, com diminuição do retorno venoso, com estase vascular, determinando isquemia tecidual. É o tipo comum de priapismo na doença falciforme.

Priapismo não isquêmico

É menos comum e caracteriza-se pelo aumento do fluxo arterial, na presença de retorno venoso normal, com elevação da pressão parcial de oxigênio. Geralmente é o resultado de uma fístula entre a artéria cavernosa e o corpo cavernoso. 

É comumente relacionado a trauma peniano ou perineal ou instrumentação do pênis, muitas vezes por lesão por agulha da artéria cavernosa. O trauma contuso, que pode ocorrer ao andar de bicicleta, também pode danificar a artéria cavernosa, levando ao aumento do fluxo através dos corpos cavernosos. O início do priapismo não isquêmico pós-traumático pode ocorrer até 72 horas após a lesão.

Manifestações clínicas do priapismo

Priapismo isquêmico

O paciente geralmente apresenta uma ereção dolorosa e rígida. Uma história de doença falciforme ou outra anormalidade hematológica também sugere uma etiologia isquêmica. Em casos raros, o priapismo isquêmico pode se apresentar com gangrena peniana, geralmente resultando em necrose de todo o pênis. 

Após a história clínica e o exame físico, a gasometria dos corpos cavernosos é importante. No priapismo isquêmico, a punção dos corpos cavernosos demonstra sangue em coloração vermelho escura. A gasometria demonstra acidose metabólica, com baixa concentração de oxigênio:

  • PO2 < 30 mmHg
  • PCO2 > 60 mmHg
  • pH < 7,25)

Priapismo não isquêmico

A ereção é menos dolorosa e rígida do que a forma isquêmica. O exame do pênis revela corpos cavernosos ingurgitados, mas, em contraste com as ereções normais, o corpo esponjoso e a glande do pênis podem permanecer flácidos.  

A punção dos corpos cavernosos demonstra um sangue de coloração vermelho clara e a gasometria é do tipo arterial: 

  • PaO2 > 90 mmHg
  • PCO2  < 40 mmHg; 
  • pH ± 7,40), sem acidose ou hipoxemia 

Diagnóstico da priapismo

O primeiro passo na ereção patológica é a punção dos corpos cavernosos e a gasometria do sangue coletado. Se a gasometria é indicativa de priapismo isquêmico, deve se questionar uso de drogas estimulantes sexuais, além de coletado  hemograma com contagem de plaquetas, para rastreamento para leucemias e plaquetocitose. Em crianças, o rastreamento para anemia falciforme com reticulócitos, teste de afoiçamento e  eletroforese de hemoglobina podem ajudar na conduta. 

Exames adicionais não são essenciais para iniciar a conduta. A ultrassonografia peniana com Doppler colorido pode evidenciar os sinais de fístula artério-cavernosa e um aumento de fluxo nas artérias cavernosas, no priapismo não-isquêmico. O fluxo das artérias cavernosas está diminuído no priapismo isquêmico.

Tratamento do priapismo

No priapismo isquêmico a primeira conduta é a aspiração dos corpos cavernosos para diminuir a síndrome compartimental. Pode ser associado ou não a injeção de de alfa-agonistas, como adrenalina e fenilefrina. 

Se falha com terapia convencional, a cirurgia é indicada de emergência, para estabelecimento de shunts ou reconstrução peniana, se for evidenciado isquemia irreversível no corpo cavernoso. 

O priapismo não isquêmico não representa uma situação de emergência, pois o sangue cavernoso é bem oxigenado. Em até 60% ocorre resolução espontânea, por isso a conduta inicial pode ser conservadora. Se não houver melhora, a arteriografia pode ser indicada no momento da realização da embolização seletiva. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Carnicelli D, Akakpo W. Priapism: Diagnosis and management. Prog Urol. 2018 Nov;28(14):772-776. Disponível em PubMed
  • Serkan Deveci, MD. Priapismo. Uptodate
  • Sociedade Brasileira de Urologia. Priapismo. Projeto Diretrizes AMB. 2006.
  • Vicari, Perla e Figueiredo, Maria Stella. Priapismo na doença falciforme. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia [online]. 2007, v. 29, n. 3, pp. 275-278. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-84842007000300016
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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