Resumo de urticária: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de urticária: diagnóstico, tratamento e mais!

Confira os principais aspectos referentes à urticária, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à urticária.

  • São lesões com edema central de tamanho variável, quase sempre circundada por eritema, acompanhada de prurido intenso. 
  • Os quadros agudos têm menos de 6 semanas de duração, já os crônicos mais de 6 semanas.
  • O mecanismo comum de toda urticária é a desgranulação dos mastócitos, protagonistas na patogenia das lesões.
  • Os anti-histamínicos de segunda geração devem ser a primeira linha de tratamento farmacológico. 
  • Casos refratários podem ser adicionados omalizumabe, um anticorpo monoclonal contra imunoglobulina (Ig)E.

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Definição da doença

É uma condição dermatológica caracterizada por lesões com edema central de tamanho variável, quase sempre circundada por eritema, acompanhada de prurido intenso, geralmente de início súbito, remissão sem sequelas. Podem ser acompanhadas ou não de edema de partes moles ou mucosas, denominado angioedema. 

Epidemiologia e fisiopatologia da urticária

Constitui uma das dermatoses mais frequentes, sendo que 15% a 20% da população têm ou terá pelo menos um episódio agudo de urticária na vida, resultando em percentual que varia de um a 2% dos atendimentos nas especialidades de Dermatologia e Alergologia. Cerca de 50% dos pacientes que apresentam urticária alguma vez na vida continuarão a apresentar a doença um ano após primeiro episódio e 20% continuarão a experimentar episódios da doença por mais de 20 anos. 

O mecanismo comum de toda urticária é a desgranulação dos mastócitos, protagonistas na patogenia das lesões. A desgranulação dos mastócitos promove a liberação de mediadores como histamina (principal mediador responsável pelos sintomas), proteases naturais, heparina, fator quimiotático de eosinófilos, fator quimiotático de neutrófilos e hidrolases ácidas.

A formação da urticária se inicia pelo eritema inicial secundário dilatação capilar, seguido por dilatação arteriolar mediada por reflexos nervosos axonais e, por fim, a formação da urtica causada pelo extravasamento de fluido do intravascular para o extravascular, secundário ao aumento da permeabilidade vascular. 

Manifestações clínicas da urticária

As urticárias se classificam em agudas e crônicas de acordo com o tempo de evolução, sendo que as agudas têm menos de 6 semanas de evolução enquanto que as crônicas têm mais de 6 semanas de evolução. 

Lesões urticariformes possuem têm três características típicas: 

  1. Área de edema central de vários tamanhos, geralmente com eritema circundante, embora o eritema possa ser difícil de apreciar em tons de pele mais escuros. 
  2. Prurido de no local da lesão
  3. Um curso de tempo fugaz para uma lesão individual, geralmente 30 minutos a 24 horas, com a pele voltando ao normal sem sequelas 

A urticária pode ser acompanhada ou não por angioedema, que é definido como edema submucoso ou subcutâneo episódico que geralmente tem distribuição assimétrica e afeta partes não dependentes do corpo, como lábios, bochechas, áreas periorbitais da face, extremidades e genitais.  Possui resolução mais lenta que as urticas, podendo durar até 72 horas.  

Lista de manifestações:

  • Placas eritemato-edematosas 
  • Prurido intenso
  • Angioedema 

Diagnóstico de urticária 

A urticária aguda geralmente não necessita de avaliação diagnóstica. Na maior parte das vezes está associada a infecções virais, mas pode também ocorrer espontaneamente, de forma idiopática. 

A urticária e o angioedema agudos ocorrem mais comumente em indivíduos atópicos. Sua prevalência durante a vida varia de 12% a 15%. Os agentes etiológicos mais comumente envolvidos são alimentos, drogas e infecções. 

O diagnóstico de urticária crônica é feito clinicamente, com base no aparecimento episódico de lesões urticariformes características, com ou sem angioedema, na maioria dos dias da semana, por um período de seis semanas ou mais.  

A maior parte dos casos é idiopática e nenhuma causa específica pode ser identificada em 80 a 90% dos adultos e crianças com urticária crônica recorrente.  virais#Ponto importante: Atualmente, os principais mecanismos associados à urticária crônica são de natureza autoimune. No entanto, a confirmação deste diagnóstico depende de positividade no teste de ativação de basófilos, teste do soro autólogo, e na detecção de anticorpos IgG anti-IgE ou anti-FceRI. No entanto, a avaliação desses mecanismos não resulta em benefício terapêutico direto, não interferindo em nada na escolha do tratamento.

Uma das causas comuns de urticárias crônicas recorrentes são as de causas físicas. Constituem em enfermidades com disfunção mastocitária, caracterizadas por diminuição do limiar para a degranulação de mediadores após estimulação por fatores de natureza física. São elas dermografismo (urticária factícia), urticárias colinérgicas, por pressão, calor, aquagênica e solar, através de testes específicos. Caso haja positividade, deve-se evitar o contato com esses agentes causadores. 

O diagnóstico da urticária física é realizado por meio dos testes de provocação com o estímulo que as desencadeia, com vemos na tabela abaixo: 

Crédito: Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia, 2001.

É importante afastar algumas outras condições, como a urticária vasculite. Estas são lesões individualmente persistentes por períodos maiores que 48 a 72 horas, com sintomas de prurido, ardor ou dor, cuja diascopia (compressão da pele com lâmina de vidro) revela um componente de púrpura no local, com o esmaecimento do eritema de base. 

Tratamento da urticária

De acordo com o último Consenso da Sociedade Britânica de Alergia e Imunologia o Manejo da urticária crônica deve ser baseado na identificação dos fatores desencadeantes, educação do paciente em relação a evitar esses fatores e o tratamento farmacológico. 

Os anti-histamínicos de segunda geração devem ser a primeira linha de tratamento dos pacientes com urticária crônica, pois além da eficácia, apresentam um excelente perfil de segurança. Dos anti-histamínicos de segunda geração a cetirizina, a loratadina e a desloratadina estão liberados para o uso em crianças a partir de dois anos. 

Sugere-se aumentar a dose do anti-histamínico de segunda geração para até quatro vezes nos pacientes com urticária crônica que não respondem aos anti-histamínicos de segunda geração na dose padrão descrita em bula.

Para pacientes cujos sintomas não podem ser adequadamente controlados por anti-histamínicos em altas doses, as diretrizes internacionais recomendam a adição de omalizumabe, um anticorpo monoclonal contra imunoglobulina (Ig)E, como a próxima intervenção mais apropriada. 

Para pacientes que não obtiveram alívio adequado com a combinação de doses mais altas de anti-histamínicos H1 e omalizumabe ou não têm acesso ao omalizumabe, é sugerido um inibidor de calcineurina, como ciclosporina ou tacrolimus.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Criado, Paulo Ricardo et al. Urticária. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2005, v. 80, n. 6, pp. 613-630. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0365-05962005000700008>.
  • Ensina LF, Valle SOR, Campos RA, Agondi R, Criado P, Bedrikow RB, et al. Guia prático da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia para o diagnóstico e tratamento das urticárias baseado em diretrizes internacionais. Arq Asma Alerg Imunol. 2019;3(4):382-392. 
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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