Resumo sobre liraglutida: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre liraglutida: indicações, farmacologia e mais!

A liraglutida faz parte da classe dos agonistas do receptor de glicopeptídeo-1 semelhante ao glucagon (agonistas do GLP-1) e é uma das opções terapêuticas mais modernas no manejo de pacientes com Diabetes Mellitus tipo II e outras síndromes metabólicas. Diversas evidências comprovaram seu benefício na redução da glicemia e no controle do peso corporal. 

Indicações e dosagem

O nome comercial referência da droga autorizada pela ANVISA é a Saxenda® e, assim como outros agentes agonistas de GLP-1, são usados atualmente como agentes adjuvantes ou em monoterapia alternativa para pacientes nos quais a terapia inicial com intervenção no estilo de vida e metformina falhou ou que não podem tomar metformina.

Além disso, está indicado em associação a uma dieta hipocalórica e aumento do exercício físico para controle crônico de peso em adultos em sobrepeso e obesidade. Formalmente, está indicado para pacientes com IMC de 30 kg/m2 ou maior (obesidade) ou IMC 27 kg/m2 ou maior (sobrepeso) na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, como disglicemia (pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2), hipertensão arterial, dislipidemia ou apneia obstrutiva do sono.

É atualmente disponibilizado por via subcutânea, como solução injetável de liraglutida 6 mg/mL. O sistema de aplicação Saxenda® pode dispensar doses de 0,6mg, 1,2mg, 1,8mg, 2,4mg ou 3,0mg. 

A dose recomendada no manejo da diabetes é de 0,6 mg uma vez ao dia durante 1 semana, depois aumentar para 1,2 mg uma vez ao dia. Se a resposta glicêmica ideal não for alcançada após uma semana adicional de tratamento, pode aumentar ainda mais para 1,8 mg uma vez ao dia. Essa progressão de dose visa diminuir os efeitos colaterais gastrointestinais. 

A dose recomendada para controle do peso é maior que a utilizada para DM II. Deve-se iniciar com 0,6mg uma vez ao dia por 1 semana, aumentando a cada 0,6mg diariamente em intervalos semanais até uma dose alvo de 3mg uma vez ao dia. Para este fim, a eficácia não foi estabelecida em doses <3mg/dia. 

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Efeitos adversos da liraglutida

Os efeitos colaterais da liraglutida são compartilhados com a classe e os mais comuns relatados no tratamento com os agonistas de GLP-1 são gastrointestinais, incluindo náuseas, vômitos e diarreia. A leve elevação da amilase e/ou lipase também é comum, mas sua segurança foi comprovada para o desenvolvimento de pancreatite. 

#Ponto importante: Esses efeitos são mais comumente percebidos após o início do tratamento farmacológico ou após o aumento da dose, com tendência a melhora após continuação do uso. É por este motivo a importância de se aumentar gradativamente a dose. 

Como os agonistas de GLP-1 aumentam a secreção de insulina e inibem a ação do glucagon de maneira dependente da glicose, a liraglutida está associada a um baixo risco de hipoglicemia. 

Contraindicações

Apresenta poucas contraindicações. Nas fases pré-clínicas, a liraglutida causou tumores de células C da tireoide dependentes da dose e da duração do tratamento em exposições clinicamente relevantes em ambos os sexos de ratos e camundongos. Por este motivo, é contraindicada se houver história pessoal ou familiar de carcinoma medular da tireoide ou em pacientes com síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2);

#Ponto importante: Este medicamento é contraindicado em casos de gravidez e, caso a paciente deseje engravidar, o mesmo deve ser descontinuado (Saxenda). 

Características farmacológicas da liraglutida

Mecanismos de ação

A liraglutida é um análogo de ação prolongada do peptídeo-1 semelhante ao glucagon humano (GLP-1). O GLP-1 é um hormônio incretina endógeno secretado pelas células L do intestino delgado no íleo distal e cólon proximal após a ingestão de glicose e outros carboidratos, que aumenta a secreção de insulina dependente de glicose, diminui a secreção inapropriada de glucagon, aumenta o crescimento/replicação de células B, retarda o esvaziamento gástrico e diminui a ingestão de alimentos. 

#Ponto importante: Em alguns estudos, o GLP-1 demonstrou ter efeitos cardioprotetores associados a uma redução na pressão arterial sistólica, efeitos benéficos na lesão cardíaca isquêmica ou insuficiência cardíaca e melhorias na dislipidemia. 

O efeito sobre a obesidade resulta da ativação de receptores de GLP-1 encontrados nas regiões hipotalâmicas que controlam a alimentação, como o hipotálamo paraventricular e o núcleo arqueado, e em regiões que inibem o apetite e inibe o neuropeptídeo orexígeno Y e os neurônios peptídicos relacionados a Agouti, resultando em redução da ingestão de alimentos e aumento da saciedade. 

Farmacocinética

Sua apresentação injetável via subcutânea apresenta biodisponibilidade de 55% e, com base em sua cinética farmacológica, os agonistas do receptor de GLP-1 são classificados como agentes de ação curta ou longa. Os compostos de ação curta são caracterizados por períodos durante os quais os pacientes são expostos a concentrações circulantes de drogas que duram algumas horas, seguidos por períodos de inatividade do GLP-1. Pelo contrário, os compostos de ação prolongada produzem uma concentração de fármaco circulante de longa duração com pequenas flutuações do fármaco. 

#Ponto importante: Dada a sua farmacocinética, os agonistas de GLP-1 de ação prolongada têm maior capacidade de diminuir a glicemia de jejum do que os agentes de ação curta.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Bula profissional Saxenda® liraglutida. Disponível em ANVISA
  • Tilinca MC, Tiuca RA, Burlacu A, Varga A. A 2021 Update on the Use of Liraglutide in the Modern Treatment of ‘Diabesity’: A Narrative Review. Medicina (Kaunas). 2021 Jun 29;57(7):669. doi: 10.3390/medicina57070669. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8307742/
  • K Dungan. Glucagon-like peptide 1-based therapies for the treatment of type 2 diabetes mellitus. UpToDate
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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