Resumo sobre Miosite Viral: definição, fisiopatologia e mais!
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Resumo sobre Miosite Viral: definição, fisiopatologia e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Miosite Viral, uma inflamação muscular geralmente autolimitada, causada por infecções virais, como influenza, enterovírus e outros agentes. 

O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais eficaz e segura.

Vamos nessa!

Definição de Miosite Viral

A miosite viral é uma inflamação aguda do tecido muscular, geralmente desencadeada por infecções virais, sendo mais comum em crianças em idade pré-escolar e escolar. Os sintomas costumam surgir após um quadro febril associado a infecções respiratórias sazonais e, na maioria dos casos, desaparecem espontaneamente em cerca de uma semana, sem necessidade de tratamento específico.

Descrita pela primeira vez em 1957 por Lundberg, na Suécia, como “mialgia cruris epidêmica”, a síndrome apresenta características clínicas bem definidas, com maior incidência em meninos, ocorrência sazonal, possível envolvimento familiar e presença de leucopenia durante a fase aguda, sugerindo uma origem viral. Apesar de o tecido muscular ser altamente resistente à infecção, situações como traumas, cirurgias ou presença de corpos estranhos podem favorecer a infecção.

O diagnóstico da miosite viral deve ser baseado na associação entre os achados clínicos e exames laboratoriais que detectam sinais de necrose muscular. A falta de conhecimento sobre a condição pode levar à busca por múltiplos especialistas e atrasar o diagnóstico. 

Por isso, a divulgação adequada dessa entidade clínica é fundamental para que o reconhecimento e o manejo sejam feitos de forma rápida e eficaz, inclusive no atendimento de urgência.

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Epidemiologia da Miosite Viral

A epidemiologia da miosite viral varia conforme o vírus envolvido, refletindo os padrões demográficos típicos de cada infecção. Muitos dos vírus associados, como coxsackievirus, Epstein-Barr, herpes simples, parainfluenza, citomegalovírus, sarampo e varicela-zoster, são mais comuns na infância. Já vírus como dengue, chikungunya, adenovírus e echovírus acometem tanto crianças quanto adultos. 

Os fatores de risco específicos para o desenvolvimento de miosite durante infecções virais ainda não estão totalmente esclarecidos, mas envolvem características do vírus e do hospedeiro. A miosite aguda benigna da infância (BACM), geralmente causada por Influenza B, afeta mais meninos, enquanto a rabdomiólise tende a ocorrer mais em mulheres, especialmente após infecção por Influenza A.

Etiologia da Miosite Viral

A etiologia da miosite viral envolve, predominantemente, infecções causadas por vírus respiratórios, sendo os vírus Influenza A e B e os enterovírus os mais frequentemente associados à condição, especialmente nos Estados Unidos. 

No entanto, diversos outros agentes virais já foram relacionados a quadros de miosite, como o vírus Coxsackie, Epstein-Barr (EBV), herpes simples (HSV), parainfluenza, adenovírus, echovírus, citomegalovírus (CMV), sarampo, varicela-zoster (VZV), HIV, vírus das hepatites B e C, HTLV, dengue, chikungunya e o coronavírus responsável pela COVID-19. 

Embora nem sempre seja possível identificar o agente viral específico, esses patógenos têm potencial para desencadear inflamações musculares e, em casos raros, evoluir com rabdomiólise.

Fisiopatologia da Miosite Viral

Quanto à fisiopatologia, ainda há lacunas na compreensão completa dos mecanismos pelos quais os vírus causam lesões musculares. Estudos histopatológicos revelam que a principal característica observada nas biópsias musculares é a lesão das fibras musculares, com pouca ou nenhuma infiltração inflamatória significativa. 

Em muitos casos, o exame pode ser normal ou evidenciar desde áreas isoladas de necrose até necrose muscular difusa, semelhante à observada na rabdomiólise. Fibras musculares em regeneração também podem ser encontradas, dependendo do momento em que a biópsia é realizada.

Entre os mecanismos propostos para essas alterações estão a invasão direta do tecido muscular pelo vírus, embora raramente se observem partículas virais no tecido , e a resposta inflamatória sistêmica exacerbada, como a tempestade de citocinas, especialmente notada em infecções graves por COVID-19. 

Além disso, fatores clínicos como imobilização prolongada, desnutrição, desidratação e estados críticos de doença também contribuem para o comprometimento muscular. Assim, a miosite viral se configura como uma condição multifatorial, cuja compreensão exige a exclusão de outras causas mais comuns de miosite antes de se confirmar a origem viral.

Manifestações clínicas da Miosite Viral

As manifestações clínicas da miosite viral podem variar amplamente, desde sintomas leves e autolimitados até complicações graves, como a rabdomiólise. De modo geral, o quadro clínico divide-se em dois grupos principais: os sintomas relacionados à infecção viral em si e os sintomas musculares.

Sintomas sistêmicos (relacionados à infecção viral)

Estes sintomas geralmente precedem ou acompanham os sinais musculares e incluem:

  • Febre;
  • Mal-estar geral;
  • Anorexia;
  • Artralgias;
  • Cefaleia;
  • Tosse;
  • Odinofagia;
  • Rinorreia;
  • Sintomas gastrointestinais (como náuseas e vômitos).

Sintomas musculares

Podem surgir simultaneamente ou após os sintomas virais, e variam conforme a gravidade:

a) Mialgia

  • Comum na fase inicial de várias viroses agudas;
  • Pode ser leve ou moderada;
  • Localização frequente: costas e membros inferiores (especialmente panturrilhas);
  • Em casos mais graves, pode ser difusa e intensa.

b) Fraqueza muscular

  • Varia de leve até grave, como quadriparesia;
  • Pode envolver músculos respiratórios, exigindo suporte ventilatório;
  • Em alguns casos, fraqueza pode não estar presente, apenas elevação de CPK.

c) Inchaço muscular

  • Músculos dolorosos e edemaciados, especialmente em crianças;
  • Em situações graves, pode evoluir para síndrome compartimental.

d) Pigmentúria

  • Urina escura, indicativa de mioglobinúria;
  • Pode ser sinal precoce de rabdomiólise.

A rabdomiólise é uma complicação potencialmente grave, mas relativamente rara, da miosite viral. Em um estudo retrospectivo com crianças em pronto atendimento, cerca de 38% dos casos de rabdomiólise estavam associados a infecção viral. 

Os sintomas podem incluir oligúria, dor muscular intensa, urina de coloração acastanhada e alterações laboratoriais como elevação significativa das enzimas musculares, especialmente a creatinoquinase (CPK), além de TGO, TGP e aldolase. Complicações como insuficiência renal aguda, distúrbios hidroeletrolíticos, síndrome compartimental e arritmias cardíacas podem ocorrer, exigindo manejo clínico urgente.

Diagnóstico de Miosite Viral

O diagnóstico da miosite viral é, na maioria dos casos, clínico, baseado na associação entre a história de infecção viral recente, sintomas musculares (como mialgia e fraqueza) e alterações laboratoriais compatíveis, como elevação da creatinoquinase (CK). 

A avaliação inclui anamnese detalhada (presença de urina escura, fraqueza muscular, contatos doentes, viagens recentes) e exame físico com foco neuromuscular, observando fraqueza proximal e possíveis sinais de edema muscular.

Exames laboratoriais ajudam a confirmar o envolvimento muscular, avaliar complicações como rabdomiólise e excluir outras causas de miopatia. A CK costuma estar elevada, podendo ultrapassar 10.000 U/L em casos graves. 

Outros exames úteis incluem transaminases, mioglobinúria e função renal. Testes específicos para vírus (sorologia, PCR) podem ser indicados com base no contexto clínico e epidemiológico.

Exames complementares como eletromiografia e biópsia muscular são reservados para casos atípicos ou persistentes, com fraqueza verdadeira e elevação acentuada de CK, quando há necessidade de descartar outras miopatias.

Tratamento da Miosite Viral

O tratamento da miosite viral deve ser individualizado, considerando os sintomas clínicos, a gravidade do quadro e os níveis de creatina quinase (CK). Na maioria dos casos, trata-se de uma condição autolimitada, com resolução espontânea em poucos dias, principalmente em crianças, que geralmente são levadas ao pronto atendimento devido à preocupação dos pais com sintomas como dor muscular intensa e distúrbios na marcha.

O manejo é essencialmente sintomático. Para alívio das mialgias e dos sintomas associados à infecção viral, utilizam-se analgésicos como o paracetamol e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). Esses medicamentos ajudam a controlar tanto os sintomas musculoesqueléticos quanto os respiratórios. Não há indicação para uso de imunossupressores ou imunomoduladores, como imunoglobulina intravenosa, uma vez que não há evidência de inflamação muscular significativa nesses casos.

Antibióticos não fazem parte da abordagem de rotina e só devem ser utilizados quando há infecções bacterianas associadas, como sinusite ou faringoamigdalite. Nesses casos, a duração do tratamento antibiótico varia entre 5 e 15 dias, conforme a gravidade e o agente etiológico envolvido.

Nos casos mais graves, em que há complicações como a rabdomiólise, o tratamento deve ser mais intensivo, com foco na prevenção da insuficiência renal aguda. Nessas situações, é necessário garantir adequada hidratação, monitorar eletrólitos e função renal, e, quando indicado, realizar medidas específicas para controle das complicações metabólicas. 

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Referências

MEDEIROS, Mariana de Sousa et al. Miosite viral: uma revisão da literatura. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 5, p. 22328-22336, set./out. 2023. DOI: 10.34119/bjhrv6n5-269. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/view/69579.

Salman Bhai, MDElie Naddaf, MDMazen M Dimachkie, MD. Overview of viral myositis. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

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