Resumo de miíase: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de miíase: diagnóstico, tratamento e mais!

A miíase é uma condição médica extremamente incômoda para quem observa e está relacionada com maus cuidados. Confira os principais aspectos referentes a esta doença, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à miíase.

  • Cochliomya hominivorax e Dermatobia hominis são as duas espécies de moscas mais comuns no Brasi.l
  • A miíase furunculóide (berne) e a miíase secundária ou bicheira são as duas apresentações clínicas 
  • A base do tratamento é a remoção mecânica.
  • Utilizar estratégias asfixiantes como  vaselina, parafina líquida ou curativo adesivo para oclusão do orifício da pele por 24 horas auxiliam a exposição da larva. 
  • Antibioticorerapia e antiparasitários não devem ser utlizados de rotina.

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Definição da doença

A miíase é uma Zoodermatose caracterizada pela invasão por larvas de moscas de várias espécies na pele, clinicamente classificadas de acordo com a sua localização anatômica em cutâneas, cavitárias e intestinais.

Na miíase cutânea, a larva pode produzir um processo semelhante a um furúnculo, invadir a derme ou feridas pré-existentes, causando respectivamente a miíase dérmica ou a miíase de feridas. 

As miíases cavitárias são aquelas nas quais as larvas desenvolvem-se em cavidades naturais do corpo humano como a boca, o nariz, os ouvidos, os olhos, a vagina ou o ânus. Elas são subclassificadas de acordo com o tipo de cavidade infestada em miíase oral, nasal,  anal, vaginal, etc. A ingestão acidental de larvas ou ovos de moscas provoca a miíase intestinal. A classificação parasitológica baseia-se no comportamento biológico das larvas. 

Fisiopatologia da miíase

As regiões expostas do corpo e locais de feridas são os mais acometidos e os principais fatores de risco para desenvolver miíase são indivíduos com hábitos precários de higiene, baixo nível de instrução, pacientes com distúrbios psiquiátricos, etilistas, diabéticos ou imunodeprimidos.

No Brasil existem duas principais espécies de moscas que podem infestar os homens com suas larvas. Elas são biontófagas ou primárias, ou seja, que são aquelas larvas de dípteros que desenvolvem sobre ou dentro de vertebrados, alimentando-se dos tecidos do hospedeiro vivos.

A primeira, a Cochliomya hominivorax, é popularmente conhecida como mosca varejeira, pode depositar de 20 a 400 ovos em feridas e arranhões do hospedeiro, sendo mais encontrada em regiões onde prevalece o clima quente e úmido, apresentando elevada incidência na América do Sul.

A segunda espécie, a Dermatobia hominis, é conhecida como mosca berneira causadora da miiase furunculóide, encontrada desde o México até o Brasil, prevalecendo em regiões de clima úmido. Esta espécie de mosca fecunda outros insetos hematófagos depositando seus ovos em pleno voo. Quando estes insetos infectados picam um indivíduo, estas larvas se desprendem e invadem otecido sadio, provocando o desenvolvimento de lesões. 

Larva extraída de Dermatobia hominis. Crédito: Uptodate. 

Manifestações clínicas da miíase

A miíase tem duas formas de apresentação a depender da espécie de mosca envolvida. Na miíase furunculóide ou também chamada de berne, os pacientes normalmente notam uma aparente picada de inseto que aumenta lentamente ao longo do tempo para lesões nodulares com 1 a 3 cm que apresenta um orifício central de onde flui secreção serosa. Parece um furúnculo com menos reação inflamatória. Os pacientes podem ter uma sensação de irritação, rastejamento ou dor lancinante episódica devido aos movimentos da larva. 

Nódulo contendo larva de mosca. Observe o ponto central. Crédito: Uptodate. 

Já a miíase causada pela mosca varejeira é chamada de secundária ou bicheira pode ser cutânea ou cavitária. Na forma cutânea são vistas larvas movimentando-se em tecidos necrosados da pele ou da mucosa em meio à secreção purulenta. Na forma cavitária as larvas estão em cavidades e orifícios naturais infectados. Pode haver invasão do SNC, ocular ou nasal.

Miíase cavitária em região de gastrostomia. Crédito: Bani Hani et al. (2019) [10].

Outra forma de infestação associada a feridas é referida como miíase facultativa ou traumática, na qual as moscas aproveitam oportunisticamente condições necróticas ou infecção de feridas crônicas para incubar suas larvas. A miíase da ferida é autolimitada e geralmente não é prejudicial, mas a presença das larvas pode ser alarmante para o paciente, o que é motivo suficiente para removê-las.

#Ponto importante: A maioria das espécies não são patogênicas, e algumas são usadas na terapia larval como meio de fornecer desbridamento biológico.

Em alguns casos, o paciente não está ciente da infestação devido à localização da ferida, mas pode queixar-se de coceira ou sentir movimento na ferida. Se as larvas invadirem em vez de ficarem nas camadas superficiais do tecido exposto, podem resultar nódulos subcutâneos.

Diagnóstico de miíase

O diagnóstico baseia-se na visualização das larvas, na fase inicial do berne a larva pode ficar oculta sob a pele. É importante diferenciar de outras condições como furúnculos, abscessos de glândulas sudoríparas, otites, rinites, impetigo, corpo estranho e inflamação de

cavidades.

Tratamento de miíase

A base para o tratamento da miíase após adequada identificação do quadro, envolve remoção mecânicas das larvas. 

#Ponto importante: Não há indicação de prescrever rotineiramente antibióticos ou antiparasitário, embora a infecção bacteriana secundária possa complicar a infestação. 

A remoção simples de larvas anexadas é dificultada por espinhos e ganchos larvais. Por este motivo, antes da remoção da larva, sugere-se utilizar vaselina, parafina líquida, esmalte de unha ou fita adesiva para oclusão do orifício da pele por 24 horas, assim a larva tende a aproximar-se da superfície para respirar, facilitando a sua remoção. Após a oclusão por esse período, deve-se aplicar  compressão da pele adjacente até que seja possível visualizar a larva. Para finalizar a extração pode ser necessário o auxílio de pinça, com movimentos de tração suave  para que a larva seja extraída intacta, diminuindo reações de hipersensibilidade. 

O desbridamento cirúrgico do tecido circundante e das larvas em conjunto geralmente pode ser realizado com anestesia local. Deve-se ter cuidado para evitar a fragmentação larval, que pode produzir inflamação subsequente, infecção bacteriana ou formação de granuloma. Remover em seguida a larva com uma pinça. Aplicar anti-sépticos no local após a remoção. Avaliar a necessidade de antibioticoterapia nas lesões infectadas. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

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