Fala, estrategistas! A utilização de ultrassonografia (USG) no pré-natal de baixo risco é um motivo de muita discussão, principalmente sobre suas indicações. Confira agora um pouco sobre as USG disponibilizadas, quando solicitar e suas avaliações esperadas.
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Ultrassonografia pré-natal
O ultrassom pode ser usado por via transvaginal ou transabdominal para visualizar a anatomia reprodutiva feminina, com a abordagem transvaginal permitindo uma melhor visualização das estruturas.
Presume-se que o uso rotineiro de ultrassom no início da gravidez em gestantes assintomáticas resultará na detecção precoce das complicações da gravidez quando comparado ao uso seletivo para indicações específicas, como sangramento no início da gravidez ou quando há preocupações sobre o crescimento fetal.
No entanto, não existem evidências concretas que o uso do recurso de imagem como rastreio melhore desfechos maternos fetais em gestantes assintomáticas e de baixo risco.
#Ponto importante: Desta forma, o Ministério da Saúde traz a USG como não obrigatório de rotina, de modo que a não realização deste exame não constitui omissão, nem diminui a qualidade do pré-natal.
Ultrassonografia pré-natal do 1° trimestre
Se não houver sintomas preocupantes na gravidez, como sangramentos ou dor pélvica contínua, uma ultrassom de rotina deve ser realizado entre 10 e 13 semanas com o objetivo de confirmar a gestação, determinar idade gestacional e se trata de uma gestação única ou múltipla, além de observar a viabilidade da gravidez.
O saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com apenas 4 a 5 semanas gestacionais e a atividade cardíaca é a primeira manifestação do embrião observada a partir da 6° semana.
Se nesse período observamos um saco gestacional com mais de 25mm sem embrião, trata-se de uma gestação inviável. Por outro lado, enquanto um saco gestacional entre 16 e 25 mm sem embrião é sugestivo de uma possível falha na gravidez, devendo repetir o exame após 15 dias em média.
#Ponto importante: A ultrassonografia do primeiro trimestre é o método mais confiável para estabelecer uma verdadeira idade gestacional pela medição do comprimento cabeça-nádega (CCN), que pode ser medido por via transabdominal ou transvaginal. A partir da 15ª semana, a estimativa de idade gestacional será feita pela medida do diâmetro biparietal.
USG morfológica de 1° trimestre
A ultrassonografia morfológica do 1° trimestre realizada entre 11° e 13° semanas e 6 tem como função, além de confirmar a gestação, rastrear cromossomopatias e determinar corionicidade com maior precisão. O rastreio de cromossomopatias é realizado através da mensuração da translucência nucal (sendo o limite de 3 mm ou mais) que deve ser medida com CCN entre 45 e 84 mm. Além disso, outros sinais incluem a ausência do osso nasal, alterações no ducto venoso e fluxo tricúspide.
Nessa USG também é possível avaliar a corionicidade (placentação) e amnionicidade. A placentação monocoriônica tem uma única placenta, enquanto a placentação dicoriônica descreve duas placentas separadas em gestações gemelares.
A amniocidade é determinada pela ausência ou presença da membrana intergêmea. Em gestações múltiplas, se nenhuma membrana entre os sacos for identificada, a gravidez é descrita como monoamniótica e monocoriônica e, implica a maior taxa de complicações. Se o sinal de lambda for identificado, uma base espessa em forma de Y do córion, uma gravidez dicoriônica é diagnosticada.
Outra importante ação dessa USG é estimar o risco de pré-eclâmpsia através do índice de pulsatilidade média da artéria uterina. Alguns desses pacientes têm necessidade de utilizar AAS profilático até próximo do termo.
Ultrassonografia morfológica de 2° trimestre
No segundo trimestre, a USG obstétrica de rotina geralmente realizada entre 18 e 22 semanas, observa-se a anatomia fetal, avalia melhor a placenta e o volume de líquido amniótico.
#Ponto importante: Esta é considerada a USG mais importante da gestação, sendo que se tiver apenas uma disponível, esse período deve ser priorizado.
A USG morfológica de 2° trimestre é realizada entre a 20° e 24° semana e tem como objetivo avaliar malformações e realizar a cervicometria (medição do colo uterino). Todo colo de útero menor que 25mm é considerado curto, com alto risco para parto prematuro, sendo indicado o uso de progesterona até as 36° semana.
Além disso, a avaliação ultrassonográfica da placenta pode confirmar que a placenta foi implantada na posição anatômica correta e ajudar a reconhecer variações de placenta prévia ou placenta acreta.
Ultrassonografia pré-natal 3° trimestre
Uma revisão sistemática disponibilizada pela biblioteca Cochrane sugere que não há benefícios da ultrassonografia de rotina em gestações de baixo risco após a 24ª semana de gravidez. No entanto, a ultrassonografia obstétrica desse período, ajuda a estimar peso e crescimento, volume do líquido amniótico e o grau de implantação/maturidade da placenta.
Outras indicações de ultrassonografia pré-natal
Nos casos em que uma paciente estável se apresenta para avaliação de dor pélvica, dor abdominal ou sangramento vaginal no início de uma gravidez suspeita, a USG é importante para estabelecer o diagnóstico de uma gestação tópica viável. Causas de sangramento vaginal ou dor pélvica podem ser consideradas gravidez ectópica, aborto espontâneo, ameaça de aborto, neoplasia trofoblástica gestacional, trauma ou, mais comumente, gravidez normal.
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Referências bibliográficas:
- Brasil. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco [recurso eletrônico]. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed. rev. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013. 318 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, n° 32).
- Ulrich CC, Dewald O. Pregnancy Ultrasound Evaluation. [Updated 2023 Feb 13]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557572/
- Whitworth M, Bricker L, Mullan C. Ultrasound for fetal assessment in early pregnancy. Cochrane Database Sistema Rev. 2015 14 de Julho; (7): CD007058. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=26171896[uid]%20AND%20CD007058[pg]& [último acesso 21 de fev de 2017] .
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