Resumo de VDRL: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de VDRL: diagnóstico, tratamento e mais!

O VDRL é um teste não treponêmico para sífilis, doença considerada um grande problema de saúde pública. Como não é uma bactéria cultivada em meio artificial, os testes sorológicos, como VDRL, são de extrema importância para o diagnóstico e orientação terapêutica.   

Dicas importantes do Estratégia

  • Os testes não treponêmicos são rápidos, simples e baratos.
  • É utilizado como teste de triagem para sífilis por ser um teste com alta sensibilidade, baixa especificidade, possuindo maior valor preditivo negativo.
  • Pacientes com VDRL positivo precisam realizar algum teste treponêmico (ex., FTA-ABS) para confirmação. 
  • Os pacientes que apresentam um teste não treponêmico positivo seguido de um teste treponêmico negativo são geralmente considerados como tendo um resultado falso-positivo para sífilis. 
  • Quando os títulos estão baixos, geralmente menores que 1:8, pode indicar infecção recente, sífilis tardia, cicatriz sorológica ou falso-positivos.

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Sífilis

A sífilis é uma IST causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria espiroqueta, endêmica no mundo em desenvolvimento, que pode ter acometimento sistêmico, agudo ou crônico, em todas as faixas etárias, incluindo com transmissão vertical (sífilis congênita).

O número aumentado de casos nos últimos anos reforça a necessidade do diagnóstico precoce, visto que é uma doença facilmente tratada. Inclusive, sua forma congênita é considerada um evento sentinela, sugerindo que houve uma assistência pré-natal insuficiente. 

O que é o VDRL

A Venereal disease research laboratory (VDRL), que traduzindo significa teste de laboratório para pesquisa de doenças venéreas, é um teste não treponêmico utilizado para triagem de sífilis devido à sua simplicidade, sensibilidade e baixo custo. 

É um teste qualitativo e uma modificação da reação original de Wasserman, 1° método reação de fixação criada para diagnóstico da sífilis. Além disso, assim como os outros testes não treponêmicos, é um teste  de floculação. 

#Ponto importante: O principal papel do VDRL é como triagem para sífilis. 

Como é feito o VDRL

Para realização do teste é produzido um soro composto de solução alcoólica incolor de cardiolipina bovina, colesterol e lecitina, que funciona como um antígeno artificial, que criam uma reação com o sangue dos pacientes infectados ou que em algum momento foi infectado.

#Ponto importante: Infelizmente, o VDRL não é muito específico, pois antígeno usado no teste não treponêmico é componente de todas as membranas celulares de mamíferos, o dano ao tecido hospedeiro por infecção, imunização, gravidez e alterações relacionadas à idade ou doenças autoimunes.

Interpretação das alterações no VDRL 

Por se tratar de um teste com alta sensibilidade, mas baixa especificidade, possui maior valor preditivo negativo. Possui sensibilidade de 70 a 90% na sífilis primária e quase 100% para sífilis secundária. Além disso, é um exame barato e simples de realizar, sendo importante como teste de triagem inicial usual para sífilis.

O resultado é descrito qualitativamente (“reagente”, “não reagente”) e quantitativamente (titulações tais como 1:2, 1:32 etc). Por exemplo, é considerado baixos títulos, pois após diluir apenas 2 vezes a amostra o teste deixou de ser reagente. No entanto, é considerado reagente qualitativamente, pois em pelo menos uma diluição houve reação positiva.  

#Ponto importante: A especificidade do teste aumenta quando os títulos são maiores. Por exemplo, o número de falso positivos é alta em baixos títulos (<1:8), enquanto a falsa reatividade foi relatada apenas em casos excepcionais em títulos muito altos (até 1:256). 

Quando os títulos estão baixos, geralmente menores que 1:8, pode indicar infecção recente, sífilis tardia, cicatriz sorológica ou falso-positivos. Um paciente é considerado com cicatriz sorológica quando apresenta registro do adequado tratamento e comprovação do controle pós tratamento, demonstrando queda dos títulos.  

Além disso, embora os testes treponêmicos geralmente permaneçam positivos após a infecção, os títulos dos ensaios não treponêmicos diminuem após a terapia bem-sucedida e geralmente revertem para não reativos ao longo do tempo.

Confirmação da Sífilis 

Resultados VDRL reagentes devem ser confirmados com um teste treponêmico, como ensaio de absorção de anticorpos treponêmicos fluorescentes (FTA-ABS) ou ensaio de aglutinação de partículas de T. pallidum (TP-PA), que detectam anticorpos séricos específicos para T. pallidum. 

Os pacientes que apresentam um teste não treponêmico positivo seguido de um teste treponêmico negativo são geralmente considerados como tendo um resultado falso-positivo para sífilis. 

#Ponto importante: Os testes treponêmicos são positivos para a vida toda e, portanto, não podem ser usados ​​para rastreamento de doenças, para reinfecções ou para controle após tratamento. 

Gestantes 

As mulheres grávidas devem ser rastreadas com VDRL na primeira consulta pré-natal, durante o terceiro trimestre e no momento do parto. Os títulos podem aumentar ligeiramente em mulheres sororresistentes que foram previamente tratadas para sífilis que engravidam. Geralmente é menos de quatro vezes maior. Mas a diferenciação é feita da mesma forma que em mulheres não grávidas com títulos baixos de VDRL. 

Causas de VDRL positivos

Os testes falso-positivos são particularmente comuns durante a gravidez. Outras causas importantes são HIV e doenças reumatológicas, como a Síndrome do anticorpo fosfolípide ou lúpus eritematoso sistêmico. Além disso, resultados falso-positivos de testes não treponêmicos podem estar relacionados a imunização recente ou doença febril aguda, como endocardite ou riquétsias. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • BRASIL. MS. Sífilis: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. 2010. 100 p. (Série TELELAB). 
  • Charles BH, Meredith C. Syphilis: Screening and diagnostic testing. Uptodate.  
  • Nayak S, Acharjya B. VDRL test and its interpretation. Indian J Dermatol. 2012 Jan;57(1):3-8. doi: 10.4103/0019-5154.92666. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3312652/
  • Tudor ME, Al Aboud AM, Leslie SW, et al. Syphilis. [Updated 2022 Nov 28]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK534780/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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