Resumo sobre as tetraciclinas: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre as tetraciclinas: indicações, farmacologia e mais!

Visão geral

As tetraciclinas constituem a segunda classe de antibióticos de amplo espectro de ação mais antiga. Podem ser obtidos naturalmente, por fermentação de determinados fungos, ou por processo semi sintético. 

A primeira tetraciclina descoberta foi a clortetraciclina em 1948. Desde então, várias outras tetraciclinas foram isoladas ou derivadas, sendo a doxiciclina e a minociclina as mais utilizadas na prática médica. 

#Ponto importante: por ser um dos primeiros antibióticos de amplo espectro descoberto e pela facilidade de administração via oral, foi amplamente utilizada, o que conduziu ao desenvolvimento de resistência. Pesquisas subsequentes para encontrar análogos de tetraciclina levaram ao desenvolvimento das glicilciclinas, novos derivados semissintéticos que mostram atividade antimicrobiana contra patógenos resistentes. 

As principais drogas de uso clínico atual são a doxiciclina e a minociclina, ambas disponíveis para administração oral. Outras drogas da classe incluem a própria tetraciclina, além de  oxitetraciclina, eravaciclina e omadaciclina, menos comuns na prática médica. 

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Indicações das tetraciclinas 

As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos de amplo espectro usados ​​para tratar infecções causadas por muitas bactérias gram-positivas e gram-negativas aeróbicas. A atividade antimicrobiana de todas as tetraciclinas é essencialmente a mesma, embora existam algumas diferenças no grau relativo de atividade contra certos patógenos entre os vários agentes. 

#Ponto importante: A doxiciclina é a principal tetraciclina utilizada na prática clínica atualmente, mas só está disponível para uso oral no Brasil. 

A doxiciclina é o tratamento de escolha para riquetsioses em suas diferentes manifestações clínicas, incluindo a febre maculosa, principalmente pelo seu mecanismo de ação intracelular. É opção de escolha para o tratamento de linfogranuloma venéreo e donovanose, causas de úlcera genital de evolução prolongada. Além disso, são opção de escolha no tratamento das infecções uretrais não gonocócicas, quando o esquema principal com macrolídeos não puder ser feito.

A minociclina é pouco utilizada na prática médica, mesmo apresentando espectro de ação semelhante à doxiciclina. A principal indicação é na composição do esquema terapêutico para hanseníase. 

As tetraciclinas conseguem tratar infecções por estreptococo beta-hemolítico, pneumococos em e estafilococo, embora não sejam o medicamento de primeira escolha. Por isso, pode ser droga alternativa no tratamento de pneumonias comunitárias, principalmente por microrganismos atípicos, como alternativa ao uso de macrolídeos, sinusites, infecções de pele, partes moles e osteomielite. 

Contraindicações

A maioria das tetraciclinas é contraindicada na gravidez devido ao risco de hepatotoxicidade na mãe e efeitos adversos nos ossos e dentes fetais. Esta droga atravessa a placenta e fixam-se nos tecidos ósseos em formação do feto, podendo levar a malformações ósseas e dentárias.

Devido ao efeito metabólico, as tetraciclinas são contra indicadas em pacientes com insuficiência renal terminal . Nesses enfermos pode provocar azotemia, hiperfosfatemia, anorexia, acidose, náusea, vômitos e hipovolemia.

Efeitos adversos das tetraciclinas

As tetraciclinas são geralmente seguras; os eventos adversos mais comuns estão relacionados a sintomas gastrointestinais, como desconforto epigástrico e náusea. É também descrito fotossensibilidade e hiperpigmentação, esta última principalmente associada à minociclina. 

O uso dessa classe de antibióticos foi associada à descoloração permanente dos dentes em crianças com menos de 8 anos de idade, se usadas repetidamente ou por períodos prolongados.

Características farmacológicas das tetraciclinas

Farmacodinâmica 

As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos nas concentrações terapêuticas usuais. Elas entram na parede celular bacteriana por difusão passiva ou por um sistema de transporte ativo dependente de energia, que provavelmente é mediado de maneira dependente do pH. 

Os antibióticos desta classe exercem sua ação através da ligação à fração 30S do ribossomo bacteriano, inibindo a síntese proteica ao impedir a fixação do RNA mensageiro. A consequência é a diminuição no aporte e na ligação dos aminoácidos formadores das proteínas. 

Esses antibióticos são transportados para o interior da célula por um mecanismo ativo de transporte dependente de energia e, em concentrações elevadas, podem exercer um efeito bactericida, provavelmente por sua atividade quelante sobre íons metálicos, como o magnésio e o ferro.

A resistência a esta classe se manifesta principalmente por alterações no sistema de transporte da célula, através de proteínas nas membranas citoplasmáticas dos germes resistentes que promovem o efluxo das tetraciclinas, bombeando sua exclusão da célula, o que impede a acumulação do antibiótico no seu interior. 

Farmacocinética

A absorção muda de acordo com as diversas tetraciclinas. A tetraciclina e a oxitetraciclina tem biodisponibilidade por via oral entre 60% e 70%, e é maior quando as drogas são administradas fora das refeições. Ao contrário, a absorção oral da doxiciclina e da minociclina pode ser até maior quando as drogas são dadas com alimentos. No entanto, pode ocorrer limitação se houver ingestão conjunta de produtos ricos em cálcio, como o leite. 

A distribuição é semelhante entre as drogas, sendo atingidos níveis no fígado, pulmão, pele, rim, músculos, saliva, leite, humor vítreo. Atravessam a placenta, alcançando boa concentração fetal e no líquido amniótico. Alcançam baixos teores liquóricos. As tetraciclinas são parcialmente metabolizadas no fígado, sofrendo conjugação com o ácido acético e o ácido glicurônico. 

A eliminação varia de acordo com o antibiótico da classe, mas todas com algum grau de eliminação biliar. Por exemplo, a minociclina é eliminada em 90% pela bile, enquanto a doxiciclina tem pequena eliminação biliar, sendo  a maior  parte excretada sob a forma de um quelato inativo através do trato gastrointestinal. Todas as tetraciclinas, com exceção da doxiciclina, sofrem acúmulo em pacientes com insuficiência renal. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Tavares, Walter. Antibióticos e quimioterápicos para o clínico/Walter Tavares. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Atheneu, 2014.
  • Moffa M., Brook I. Tetracyclines, Glycylcyclines and Chloramphenicol. In: Mandell,
  • Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectiousdiseases / [editedby] John E. Bennett, Raphael Dolin, Martin J. Blaser. – Eighth edition. Philadelphia: Elsevier 2015.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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