Resumo sobre Betabloqueadores: mecanismo de ação, indicações e mais!

Resumo sobre Betabloqueadores: mecanismo de ação, indicações e mais!

E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre os Betabloqueadores, uma das classes de anti-hipertensivos.

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Confira!

Classificação dos Betabloqueadores

Os β-bloqueadores (betabloqueadores) são medicamentos amplamente utilizados no tratamento de várias condições cardiovasculares, como hipertensão, angina, arritmias e insuficiência cardíaca. Esses fármacos agem bloqueando os receptores beta-adrenérgicos, reduzindo o débito cardíaco e a liberação de renina pelos rins, o que diminui a formação de angiotensina II e a secreção de aldosterona. O propranolol é o protótipo dos β-bloqueadores e atua bloqueando tanto os receptores β1 quanto β2.

Os β-bloqueadores podem ser classificados em diferentes categorias com base na seletividade e em outras propriedades farmacológicas. Os betabloqueadores não seletivos, como o propranolol e o nadolol, bloqueiam tanto os receptores β1 quanto β2. 

Por outro lado, os β-bloqueadores seletivos para β1, como metoprolol, atenolol e bisoprolol, bloqueiam preferencialmente os receptores β1, que são predominantemente encontrados no coração. O nebivolol, além de ser seletivo para β1, também aumenta a produção de óxido nítrico, promovendo vasodilatação.

Há também betabloqueadores que possuem atividade agonista parcial, conhecidos como agonistas-antagonistas. Esses medicamentos têm atividade simpaticomimética intrínseca (ISA), o que significa que podem ativar parcialmente os receptores enquanto os bloqueiam. Exemplos dessa classe incluem acebutolol e pindolol. 

Além disso, alguns β-bloqueadores possuem propriedades adicionais, como o carvedilol e o labetalol, que bloqueiam receptores α1 além dos β1 e β2, proporcionando efeitos vasodilatadores.

É importante considerar certas precauções ao usar β-bloqueadores. Em pacientes com asma, os β-bloqueadores seletivos para β1 devem ser administrados com cautela, enquanto os β-bloqueadores não seletivos são contraindicados devido ao risco de bloquear a broncodilatação mediada pelos receptores β2. 

O uso de β-bloqueadores deve ser feito com cuidado em pacientes com insuficiência cardíaca aguda ou doença vascular periférica. Essa classificação e essas considerações ajudam a selecionar o betabloqueador mais adequado para cada paciente, de acordo com suas condições específicas e necessidades de tratamento.

Mecanismos de ação dos Betabloqueadores

O bloqueio dos receptores β-adrenérgicos influencia a regulação da circulação de várias maneiras, como pela diminuição da força de contração do coração e pela redução da frequência cardíaca.

Propranolol, nadolol e timolol são exemplos de β-bloqueadores não seletivos, que se ligam igualmente aos receptores β1 e β2, daí o termo “β-bloqueadores não seletivos”. Em doses terapêuticas, esses medicamentos não bloqueiam os receptores α. Esses β-bloqueadores têm sido usados há muitos anos no tratamento da hipertensão e da angina. 

Embora sejam relativamente contraindicados para pacientes com asma devido ao risco de broncoconstrição, eles podem ser bem tolerados por pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e podem ser usados com cautela nesses pacientes se houver uma necessidade médica imperativa, como doença arterial coronariana.

O nadolol também é eficaz na prevenção do sangramento de varizes esofágicas em pacientes com cirrose. Ele é adequado para esta indicação devido à sua longa meia-vida, permitindo administração uma vez ao dia, e porque é excretado principalmente pelos rins, sem necessidade de ajuste de dose em casos de insuficiência hepática. O penbutolol é outro medicamento dessa classe. 

O timolol, em formulação ocular, é utilizado no tratamento do glaucoma. Mesmo quando aplicado nos olhos, sua absorção sistêmica pode ser suficiente para causar efeitos adversos em pacientes sensíveis. Outros β-bloqueadores não seletivos utilizados em gotas oftálmicas para o tratamento do glaucoma incluem o levobunolol e o carteolol.

O labetalol e o carvedilol bloqueiam os receptores α1, β1 e β2. O labetalol possui dois centros quirais e o medicamento clinicamente utilizado é uma mistura de estereoisômeros que têm diferentes propriedades farmacológicas. Como o efeito e o metabolismo desses isômeros podem variar entre os pacientes, a proporção de bloqueio α1 em relação ao β pode ser variável. 

O bloqueio dos receptores α1 tende a reduzir a resistência periférica, enquanto o bloqueio dos receptores β também ajuda a diminuir a pressão arterial, conforme mencionado anteriormente. Existe uma formulação intravenosa de labetalol para reduzir a pressão arterial em emergências hipertensivas. 

O pindolol é um agonista parcial dos receptores β1 e β2, o que significa que ele bloqueia a ação da norepinefrina endógena nesses receptores. Isso o torna útil no tratamento da hipertensão. Como agonista parcial, o pindolol também provoca uma estimulação parcial dos receptores β1, resultando em uma menor redução geral da frequência cardíaca em repouso e da pressão arterial em comparação com os antagonistas β puros. 

O acebutolol é outro agonista parcial, mas atua especificamente nos receptores β1-adrenérgicos, sem efeito sobre os receptores β2. Ele também é usado no tratamento da hipertensão. Embora se sugira que os agonistas parciais possam causar menos efeitos adversos em pacientes com bradicardia, as vantagens clínicas desses medicamentos ainda não estão completamente estabelecidas.

Esmolol, metoprolol, atenolol e betaxolol são antagonistas β1-seletivos. O que diferencia esses agentes é principalmente a meia-vida de eliminação. O esmolol tem uma meia-vida extremamente curta (3 a 4 minutos), enquanto o metoprolol e o atenolol têm meias-vidas intermediárias (4 a 9 horas). 

Devido à sua meia-vida curta, o esmolol pode ser mais seguro para pacientes instáveis que necessitam de bloqueio β, pois é metabolizado rapidamente por esterases. Estudos clínicos demonstraram que alguns β-bloqueadores, como o metoprolol, podem prolongar a expectativa de vida de pacientes com insuficiência cardíaca leve a moderada, bem como de pacientes que sobreviveram ao primeiro infarto do miocárdio.

O nebivolol é um novo antagonista β1-seletivo que possui a propriedade adicional de promover vasodilatação através da liberação de óxido nítrico das células endoteliais.

Indicações 

Os β-bloqueadores são inicialmente eficazes na redução da frequência cardíaca e da pressão arterial, o que os classifica como medicamentos anti-hipertensivos. No entanto, eles não são recomendados como primeira linha de tratamento para hipertensão, sendo reservados para casos específicos, como em pacientes com doenças cardíacas associadas. 

Recentemente, os β-bloqueadores têm sido utilizados em doses baixas para o tratamento da insuficiência cardíaca, embora exista um risco inicial de exacerbação da condição. Além disso, alguns β-bloqueadores têm propriedades antianginosas, ajudando a promover a vasodilatação.

Contraindicações

Os β-bloqueadores devem ser evitados em pacientes com doenças broncoespásticas graves ou descompensadas. Os β-bloqueadores não seletivos, em particular, são contraindicados em pacientes asmáticos ou com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) devido ao risco de broncoespasmo por bloqueio dos receptores β2. 

Por outro lado, os β-bloqueadores seletivos ou combinados com bloqueadores α e β são considerados mais seguros, mas ainda devem ser usados com cautela.

Além disso, o uso de β-bloqueadores deve ser evitado em pacientes com diabetes mal controlado, pois há um risco de hipoglicemia assintomática. Essa condição pode ser perigosa, pois os β-bloqueadores podem mascarar os sintomas típicos da hipoglicemia, dificultando seu reconhecimento e tratamento adequado.

Efeitos adversos dos Betabloqueadores

A maioria dos efeitos adversos dos β-bloqueadores resulta do bloqueio dos receptores adrenérgicos β. Esses efeitos podem ser classificados em efeitos adversos cardíacos e não cardíacos.

Efeitos Adversos Cardíacos

  • Insuficiência cardíaca congestiva: Os β-bloqueadores podem precipitar ou agravar a insuficiência cardíaca congestiva, especialmente em idosos. Embora inicialmente possam piorar a condição, os benefícios terapêuticos tendem a aparecer com o tempo.
  • Bradicardia: Esses medicamentos podem causar desaceleração da frequência cardíaca em repouso, resultando em bradicardia sinusal.
  • Síndrome de retirada: A retirada súbita de um β-bloqueador pode exacerbar sintomas isquêmicos, incluindo precipitação de um infarto agudo do miocárdio, em pacientes com doença arterial coronariana conhecida. Em alguns casos, pode ocorrer taquiarritmia ventricular grave, incluindo morte cardíaca súbita.

Efeitos Adversos Não Cardíacos

  • Aumento da resistência das vias aéreas: O bloqueio β com agentes não seletivos impede a broncodilatação mediada pelos receptores β2 nos brônquios, podendo agravar a resistência das vias aéreas.
  • Exacerbação da doença arterial periférica: Os β-bloqueadores podem piorar a claudicação, causar extremidades frias, pulsos ausentes e, em casos graves, cianose e gangrena iminente em pacientes com doença arterial periférica preexistente.
  • Hipoglicemia: Esses medicamentos reduzem os sintomas de hipoglicemia, como a taquicardia, alterando a resposta simpática a essa condição. Isso pode ser particularmente perigoso para pacientes diabéticos.
  • Hipercalemia: Alguns β-bloqueadores podem causar níveis elevados de potássio no sangue.
  • Fadiga: A sensação de cansaço e fraqueza é um efeito adverso comum associado ao uso de β-bloqueadores.
  • Disfunção sexual: Os β-bloqueadores podem causar disfunção sexual, afetando a libido e a função erétil.

Veja também!

Referências

Brunton, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2012.

WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia ilustrada [recurso eletrônico]. Tradução e revisão técnica: Augusto Langeloh. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

GOLAN, David E. (editor-chefe); TASHJIAN Jr., Armen H. (co-editor); ARMSTRONG, Ehrin J. (editores associados). Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

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