Resumo sobre fosfomicina: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre fosfomicina: indicações, farmacologia e mais!

Visão geral

A fosfomicina é o representante da classe em uso clínico dos derivados de ácido fosfônico, que foi descoberta a partir de culturas de uma cepa do Streptomyces fradiae e introduzida no mercado em 1969. 

Possui apresentação oral e parenteral sob a forma de sal cálcico ou dissódico, para emprego por via parenteral. Foi desenvolvida um novo composto de sal da droga, a fosfomicina trometamol, resultante de sua ligação com a trometamina, que apresenta melhor absorção por via oral do que o sal cálcico, sendo a principal apresentação oral disponível atualmente. 

Dicas rápidas sobre a fosfomicina

  • Sua posologia em dose única e baixa toxicidade facilita a adesão. 
  • Apresenta taxa de resistência constante, sendo uma excelente opção às outras drogas de primeira linha na ITU não complicada. 
  • Sua taxa de absorção diminuiu significativamente quando ingeridos juntos de alimentos, principalmente gordurosos. 
  • Para infecções graves geralmente é utilizada em combinação, visto que pode selecionar agentes resistentes pelo seu mecanismo único de ação. 
  • Não sofre metabolização significativa e é excretado principalmente sob forma inalterada. 

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Indicações e dosagem

Infecções não complicadas do trato urinário (cistite aguda):A apresentação oral é uma das drogas de primeira linha no tratamento de cistite aguda, devido a cobertura de Escherichia coli e Enterococcus faecalis. 

A apresentação da fosfomicina trometamol mostra-se eficaz em mais de 95% das infecções urinárias baixas não complicadas, na dose única de 3g por via oral, disponível principalmente em envelopes contendo o antibiótico em pó e administrados preferentemente fora da alimentação. A sua posologia em dose única facilita a adesão ao tratamento. 

É indicada também na bacteriúria assintomática (≥10 5 CFU por mL) durante a gravidez (grau de recomendação B) também em dose única. Nos casos de ITU de repetição, pode ser utilizado como agente profilático alternativo, na dose de 3 g uma vez a cada 7 a 10 dias, com duração variando de 3 a 12 meses. 

#Ponto importante: Não é indicado para tratamento de pielonefrite ou abscesso perinéfrico. 

A apresentação EV geralmente é usada como parte de um regime antibacteriano combinado ou como agente alternativo, considerando sua atividade sinérgica com outros antimicrobianos e a rapidez com que são selecionados germes resistentes à sua ação, precisa ser empregada em combinação com outros agentes para tratar infecções graves. Tem especial ação sinérgica com as penicilinas, cefalosporinas, aminoglicosídeos e o cloranfenicol. 

Pode ser usada no tratamento de infecções como:: 

  • Meningite bacteriana
  • Infecções ósseas e articulares
  • Infecções intra-abdominais complicadas 
  • Infecções complicadas de pele e tecidos moles
  • Infecções complicadas do trato urinário 
  • Pneumonia adquirida em hospital, incluindo pneumonia associada a ventilador
  • Endocardite infecciosa.

Por via parenteral, a fosfomicina é usada na dose de 100 a 200 mg/kg/dia ou 12 a 24g/dia, preferentemente por via IV, diluída em solução glicosada a 5%, fracionados de 4/4 ou 6/6 horas. Não se recomenda a administração por via IM, devido à alta osmolaridade da apresentação injetável. 

Contraindicações

É contraindicado por bula nos casos de hipersensibilidade à fosfomicina e/ou a qualquer um dos componentes da formulação. Não deve ser usado em pacientes com insuficiência renal grave (clearance de creatinina <10mL/min) e pacientes submetidos a hemodiálise, pois a fosfomicina é dialisável por hemodiálise e diálise peritoneal em 70% a 80%. 

Efeitos adversos da fosfomicina

A fosfomicina não é uma substância tóxica e geralmente é bem tolerada seu uso, causando principalmente diarreia e cefaleia no uso prolongado por via oral. Alguns dos seus efeitos colaterais estão relacionados com a presença de sódio na formulação. Além de hipernatremia transitória, nos pacientes cardiopatas e renais crônicos, pode contribuir para piora de edema e elevação da tensão arterial. 

Características farmacológicas da fosfomicina

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É um antibiótico derivado do ácido fosfônico que age diretamente sobre o processo de formação da parede celular bacteriana. Esta droga faz isso inibindo por competição, de forma irreversível, por serem análogos, a enzima UDP-N-acetilglucosamina-3-enolpiruvil transferase (MurA), enzima específica que catalisa a primeira etapa da biossíntese da parede celular bacteriana.

É um antibiótico sintético, de amplo espectro de ação, que apresenta elevada atividade bactericida contra bactérias mais frequentemente isolados nas infecções das vias urinárias como E.coli, Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Pseudomonas, Staphylococcus, etc., ainda que resistentes a outros antibacterianos. 

Farmacocinética

Sob a forma de fosfomicina trometamol é rapidamente absorvido por via oral e sua biodisponibilidade atinge cerca de 50%, maior do que as primeiras formulações com sal cálcico. O tempo até o pico no soro é de 2 horas e de 4 horas quando associado a refeição rica em gordura. 

#Ponto importante: Administrar este antibiótico junto com alimentos interfere na absorção, reduzindo em até 50% em relação ao uso em jejum. 

Além de não ser carreado por proteínas, a fosfomicina não é metabolizada, eliminando-se por via renal sob forma natural ativa. A meia vida é de 3 a 8 horas por via oral e 2 horas via parenteral. No entanto, na presença de insuficiência renal com CrCl <54 mL/minuto e em pacientes em hemodiálise pode variar de 40 a  50 horas. 

Por este motivo, nos pacientes com insuficiência renal, a administração do fármaco por via intravenosa deve ser ajustada de acordo com o grau da insuficiência. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Bula Muniril. Disponível em Saude direta 
  • Fosfomycin: Drug information: Uptodate 
  • Múñez Rubio E, Ramos Martínez A, Fernández Cruz A. Fosfomycin in antimicrobial stewardship programs. Rev Esp Quimioter. 2019 May;32 Suppl 1(Suppl 1):62-66. Disponível em PubMed
  • Tavares, Walter. Antibióticos e quimioterápicos para o clínico/Walter Tavares. –3. ed. rev. e atual. — São Paulo: Editora Atheneu, 2014.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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