Resumo sobre lamotrigina: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre lamotrigina: indicações, farmacologia e mais!

Visão geral

A lamotrigina é um antiepiléptico pluripotente com uma ampla gama de indicações em neurologia prática, sendo as principais depressão bipolar e crises convulsivas, incluindo a  síndrome de Lennox-Gastaut. Outras indicações off-label incluem enxaqueca e dor neuropática. 

Indicações e dosagem

Crises convulsivas

A lamotrigina é considerada uma droga antiepiléptica no tratamento de crises convulsivas parciais, como terapia adjuvante nas crises tônico-clônicas generalizadas primárias e na síndrome de Lennox-Gastaut. A síndrome de LennoxGastaut é uma encefalopatia epiléptica grave da infância, que representa até 5% das epilepsias, que ocasiona convulsões graves, epilepsia resistente ao tratamento e deficiência intelectual. 

#Ponto importante: As interações da lamotrigina com outros medicamentos levam a regimes posológicos diferentes, que dependem dos medicamentos anticonvulsivantes concomitantes do paciente. 

Para pacientes que tomam um medicamento anticonvulsivante ou outro medicamento que induz a da lamotrigina glicuronidação, como  carbamazepina , fenitoína e rifampicina, a dose inicial de lamotrigina é de 25 mg duas vezes ao dia, dobrando a dose a cada uma a duas semanas para uma dose de manutenção usual de 300 a 500 mg por dia. 

O contrato, para pacientes tomando valproato , que inibe a glicuronidação da lamotrigina, a dose inicial de lamotrigina é de 12,5 a 25 mg em dias alternados, fazendo a transição para a dosagem diária com a próxima mudança de dose programada e aumentando em 25 a 50 mg por dia a cada duas semanas conforme necessário para uma dose de manutenção usual de 100 a 200 mg por dia para lamotrigina.

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Transtorno bipolar 

A lamotrigina é utilizada como agente alternativo no tratamento de manutenção para retardar o tempo até a ocorrência de episódios de humor como depressão, mania, hipomania, episódios com características mistas. Ela pode ser utilizada como monoterapia ou terapia adjuvante.

Seu uso é baseado principalmente em ensaios controlados randomizados e meta-análises recentes em que demonstram a lamotrigina superior ao placebo em aumentar o intervalo sem necessidade de intervir em novo transtorno de humor agudo. Os estudos demonstraram ampla superioridade para prevenir episódios maníacos, hipomaníacos ou mistos, mas baixa eficácia para prevenir estados depressivos. 

A dose inicial via oral é de 25 mg, dobrando a dose a cada duas semanas conforme tolerabilidade e resposta terapêutica, até a dose máxima estipulada de 200mg/dia, que pode ser dividida em duas tomadas. No entanto, alguns autores defendem que doses maiores de até 400 mg/dia podem ser necessárias em alguns pacientes. 

Contraindicações

A lamotrigina é contraindicada em pacientes com hipersensibilidade à droga. Além disso, deve ser evitada em pacientes com distúrbios de condução cardíaca, arritmias ventriculares ou doença ou insuficiência cardíaca devido sua  ação pró-arrítmica. O uso concomitante de outros bloqueadores dos canais de sódio pode aumentar o risco de arritmia. 

Efeitos adversos da lamotrigina 

Os efeitos colaterais sistêmicos da lamotrigina mais comuns incluem erupção cutânea e náusea. O risco de desenvolver uma erupção cutânea com risco de vida, como Síndrome de Steven-Johnson ou angioedema, é de aproximadamente 1 em 1.000 adultos, sendo maior em crianças. Doses iniciais maiores e uso associado ao valproato pode aumentar o risco de erupção cutânea grave. 

Outros efeitos adversos incluem dor abdominal, dispepsia, dor torácica e constipação. Os efeitos colaterais neurotóxicos são predominantemente tonturas e sonolência, sendo crises convulsivas.  

Dos efeitos sistêmicos mais graves, a lamotrigina é um agente pró-arrítmico podendo ocasionar arritmias atriais e ventriculares.  

Características farmacológicas da lamotrigina

Farmacodinâmica do Principal Nome Comercial

É um derivado de triazina com mecanismo de ação celular ainda não é completamente esclarecido, mas os resultados de estudos farmacológicos sugerem que a lamotrigina age nos canais de sódio sensíveis à diferença de potencial (ddp), estabilizando as membranas neuronais e inibindo a liberação de neurotransmissores, principalmente de glutamato, um aminoácido excitatório que representa papel-chave no desencadeamento de crises epiléticas. Esses achados sugerem que o efeito anticonvulsivante da lamotrigina pode estar relacionado a ações nas funções sinápticas e de membrana.

A lamotrigina também parece apresentar efeito inibitório fraco no receptor 5-HT 3 ; in vitro inibe a dihidrofolato redutase.  

Farmacocinética

A lamotrigina é rapidamente e completamente absorvida pelo intestino, sem metabolismo significativo de primeira passagem, o que aumenta sua biodisponibilidade. O pico de concentração plasmática ocorre com 2,5 horas após administração oral e o tempo necessário para que se atinja a concentração máxima é discretamente retardado após alimentação, porém a extensão da absorção não é afetada.

É metabolizado no fígado de forma linear até doses mais altas principalmente por UDP-glicuronil transferases. Mesmo que a dose deva ser ajustada se utilizada com outros anticonvulsivantes como vimos, não existem evidências de que a lamotrigina afete a farmacocinética de outras drogas antiepiléticas e os dados sugerem que são pouco prováveis as interações entre a lamotrigina e as drogas metabolizadas pelas enzimas do citocromo P450.

É eliminado via renal primariamente como metabólico, com eliminação subseqüente na urina do material conjugado com glicuronídeo. Menos de 10% da lamotrigina são excretados pela urina na forma inalterada e apenas 2% de substâncias relacionadas à droga são excretados nas fezes. 

O clearance e a meia-vida são independentes da dose. A meia-vida de eliminação média em adultos saudáveis é de 24 a 35 horas. Em um estudo com indivíduos afetados pela Síndrome de Gilbert, o clearance médio aparente foi reduzido em 32% quando comparado com os “controles” normais, porém os valores estão dentro da faixa da população em geral.

#Ponto importante: A meia-vida da lamotrigina é significativamente afetada por medicação concomitante. A meia-vida média é reduzida para aproximadamente 14 horas quando a lamotrigina é administrada com drogas indutoras de glicuronidação, tais como carbamazepina e fenitoína, e é aumentada para uma média de aproximadamente 70 horas quando co-administrada com valproato.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

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