Resumo de Exame Físico das Mamas: semiologia e mais!
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Resumo de Exame Físico das Mamas: semiologia e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O exame físico das mamas é uma etapa importante na avaliação clínica feminina, permitindo ao profissional de saúde detectar precocemente alterações que possam indicar condições benignas ou malignas. Realizado de forma sistemática e cuidadosa, este exame abrange a inspeção visual, palpação detalhada e avaliação de áreas como os mamilos e a axila, fornecendo informações essenciais para o diagnóstico diferencial e a decisão de exames complementares. O objetivo é assegurar que, ao identificar características suspeitas, o médico encaminhe a paciente para um acompanhamento adequado e, se necessário, investigações adicionais.

O exame físico das mamas, incluindo a avaliação axilar, é uma prática detalhada que exige técnica e atenção aos detalhes para assegurar uma investigação completa e precisa das condições mamárias.

O Exame Físico  

O exame físico das mamas é uma prática clínica que envolve uma inspeção e palpação minuciosas para avaliar a saúde mamária e identificar possíveis anormalidades. Durante o exame, o médico busca observar simetrias, alterações na pele, nódulos, massas ou qualquer sinal que possa indicar patologias mamárias. A execução sistemática desse exame aumenta a precisão diagnóstica, considerando fatores de risco, como idade e histórico familiar, que podem elevar a probabilidade de certas condições. Além disso, a técnica apropriada e a abordagem cuidadosa são essenciais para o exame ser eficiente, confortável para a paciente e conduzido de forma respeitosa e segura.

Quadrantes das mamas. Porto

Etapas do Exame Físico

  1. Inspeção: com a paciente sentada e o tronco descoberto até a cintura, o médico observa as mamas em diferentes posições — braços ao lado do corpo, levantados acima da cabeça, apoiados nos quadris e com o tronco inclinado para a frente. A inspeção busca identificar alterações na pele (como vermelhidão e espessamento), diferenças de simetria e contorno entre as mamas e mudanças nos mamilos (retrações, erupções, ou secreções).
  1. Palpação: realizada com a paciente em posição deitada, a palpação é sistemática e abrange toda a extensão mamária, incluindo a cauda mamária e a região axilar. O exame utiliza as polpas dos dedos, realizando movimentos circulares em pequenos pontos para verificar nódulos ou massas. A técnica de faixas verticais é atualmente a mais recomendada para cobrir todo o tecido mamário de forma completa.
  1. Exame dos mamilos e verificação de secreções: caso a paciente tenha relatado secreção, o médico comprime suavemente a aréola ao redor do mamilo para identificar o ducto de origem e verificar características da secreção (cor, consistência, e volume).
  1. Exame axilar: com a paciente sentada, a axila é inspecionada e palpada para detectar linfonodos aumentados ou doloridos, que podem indicar processos infecciosos ou malignos. Os linfonodos centrais, laterais, subescapulares e infraclaviculares são explorados cuidadosamente.

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Inspeção 

A inspeção é a etapa inicial do exame físico das mamas, que envolve a observação visual detalhada das mamas e mamilos para identificar sinais externos de anormalidades. Para uma avaliação completa, a paciente deve estar sentada com o tronco descoberto até a cintura. A inspeção deve ocorrer em diferentes posições, pois cada uma pode revelar alterações sutis que poderiam passar despercebidas. 

As posições mais utilizadas na inspeção incluem:

  1. Braços ao lado do corpo: nesta posição, o médico avalia a simetria e o tamanho das mamas, além de observar possíveis diferenças entre as mamas e as aréolas, normais em algumas mulheres. Observam-se também alterações na pele, como mudanças na coloração e a presença de espessamentos ou poros proeminentes, que podem indicar obstruções linfáticas. 
  1. Braços levantados acima da cabeça: a elevação dos braços ajuda a destacar retrações ou depressões na pele, que podem indicar fibroses associadas a patologias, como tumores mamários que causam aderências dos tecidos subjacentes. 
  1. Mãos nos quadris, com leve pressão: quando a paciente pressiona as mãos nos quadris, os músculos peitorais são contraídos, o que pode realçar contornos anormais ou irregularidades nas mamas. Esta posição é útil para revelar retrações ou irregularidades mais sutis. 
Inspeção da paciente com as mãos nos quadris. Bates
  1. Tronco inclinado para frente: em casos de mamas grandes ou pendulares, a paciente se inclina levemente para frente, apoiando-se no encosto de uma cadeira. Essa posição permite que o examinador observe o contorno das mamas, a simetria, e qualquer sinal de retração que seja indicativo de alterações na estrutura mamária.

Durante a inspeção, o médico deve atentar para características específicas que podem levantar suspeitas clínicas, como: 

  • Alterações na pele: vermelhidão, espessamento ou a aparência de “casca de laranja” (edema cutâneo) indicam possível obstrução linfática ou condições inflamatórias. 
  • Características dos mamilos: o exame inclui a observação de mudanças no tamanho, formato, direção, e a presença de lesões ou secreções. A inversão súbita do mamilo, por exemplo, pode sugerir um processo patológico subjacente. 
  • Sinais de retração e contornos anormais: retrações, desvio do mamilo ou depressões na superfície da mama podem apontar para o encurtamento de tecidos, como ocorre na fibrose relacionada ao câncer de mama.

Palpação 

A palpação é realizada com a paciente deitada, facilitando o exame completo de toda a área mamária, incluindo as regiões mais profundas e a axila. Os principais passos da palpação incluem: 

  1. Posicionamento da paciente: com a paciente em decúbito dorsal, o médico posiciona a mão dela atrás da cabeça para estender o tecido mamário e facilitar o exame. Este posicionamento ajuda a achatar a área mamária, permitindo uma palpação mais precisa. 
  1. Técnica de palpação: a técnica recomendada é a palpação em faixas verticais, que abrange desde a clavícula até a linha inframamária (ou do sutiã) e da linha esternal média até a linha axilar posterior. O médico utiliza as polpas dos dedos segundo, terceiro e quarto, realizando movimentos circulares suaves em pequenos pontos. 
  1. Variação da pressão: em cada ponto de palpação, o médico varia a pressão — leve, média e profunda — para alcançar todas as camadas do tecido mamário, especialmente em pacientes com mamas volumosas. Essa abordagem garante uma avaliação completa, reduzindo as chances de deixar passar alterações. 

Palpação por áreas

  • Porção lateral da mama: com a paciente deitada sobre o quadril oposto, o médico inicia a palpação na axila e segue em linhas verticais para cobrir toda a lateral da mama até a clavícula. 
Padrão em faixas verticais – porção lateral da mama. Bates
  • Porção medial da mama: a paciente é instruída a deitar-se de costas, com a mão oposta à mama examinada posicionada atrás da cabeça. O médico então palpa em linhas verticais do mamilo até a linha do sutiã e da clavícula até o esterno. 
Padrão em faixas verticais – porção medial da mama. Bates
  • Palpação dos mamilos: com os dedos, o médico pressiona suavemente ao redor do mamilo para verificar sua elasticidade. Essa etapa é essencial para identificar espessamentos ou perda de elasticidade, que podem sugerir processos malignos.
Palpação dos mamilos. Porto
  • Verificação de secreções: o médico posiciona os dedos ao redor da aréola, comprimindo suavemente em várias direções ao redor do mamilo para identificar o ducto de onde a secreção está sendo expelida caso a paciente tenha relatado secreções mamilares ou se o médico observar sinais de secreção espontânea.
Verificação de secreções. Porto

Exame Axilar 

  1. Inspeção da axila: a pele de cada axila é inspecionada à procura de sinais de infecção, erupções cutâneas, pigmentação incomum ou sinais de hidradenite supurativa (infecção das glândulas sudoríparas). Uma pele axilar aveludada e profundamente pigmentada pode indicar acantose nigricans, associada a condições como diabetes e síndrome dos ovários policísticos. 
  1. Posicionamento para a palpação: o médico posiciona o braço da paciente de modo que fique relaxado, com o punho apoiado na mão do examinador. Isso reduz a tensão muscular e facilita o acesso aos linfonodos mais profundos. 

Palpação dos linfonodos 

  1. Linfonodos Centrais: usando a mão oposta à axila que está sendo examinada, o médico posiciona os dedos atrás dos músculos peitorais e realiza uma pressão suave, movendo-se de cima para baixo contra a parede torácica. O objetivo é palpar os linfonodos centrais, sendo os mais comumente palpáveis. Pequenos linfonodos (< 1 cm), macios e indolores, podem ser normais. 
  1. Linfonodos peitorais: localizados na borda do músculo peitoral maior, esses linfonodos são palpados ao comprimir suavemente a dobra anterior da axila.
  1. Linfonodos laterais: palpados ao longo do úmero, na parte superior da axila. 
  1. Linfonodos subescapulares: O examinador, posicionado atrás da paciente, palpa a prega axilar posterior para verificar o tecido subescapular. 
  1. Linfonodos infraclaviculares e supraclaviculares: Também examinados, ao poderem indicar drenagem de áreas com processos patológicos.
Linfonodos Axilares. Bates

Avaliação de nódulos

Caso sejam identificados nódulos ou massas, o médico descreve suas características detalhadamente, incluindo: 

  • Localização: posicionamento preciso em relação ao mamilo (por quadrante ou “horário” e distância); 
  • Tamanho: em centímetros; 
  • Formato e consistência: se é redondo, cístico ou irregular; mole, firme ou duro;
  • Delimitação e mobilidade: se é bem delimitado ou difuso; móvel ou fixo em relação à pele, ou aos tecidos subjacentes; e 
  • Dor à palpação: dor pode indicar um processo benigno, mas alguns cânceres podem ser dolorosos.

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Veja Também

Referências Bibliográficas 

  1. BICKLEY, LS. Bates – Propedêutica Médica Essencial. 8.ed. Guanabara Koogan, 2018.
  1. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8.ed. Guanabara Koogan, 2019.
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