Resumo sobre ventilação não invasiva (VNI): indicações, modos ventilatórios e mais!

Resumo sobre ventilação não invasiva (VNI): indicações, modos ventilatórios e mais!

A ventilação não invasiva (VNI) é caracterizada por ventilação com pressão positiva através de uma interface não invasiva como máscara nasal, máscara facial ou tampões nasais, ao invés de via aérea definitiva, como intubação orotraqueal ou traqueostomia. 

Desde a década de 40, seu uso foi testado por Barach et al. no edema pulmonar. Ao longo do século passado, a ventilação com pressão positiva foi dramaticamente melhorada e usada para tratar a insuficiência respiratória de múltiplas etiologias. 

Modos de VNI

Existem dois modos principais de utilização, BPAP e CPAP. Enquanto o Continuous Positive Airway Pressure (CPAP) é fornecido usando um fluxo contínuo somente com uma pressão expiratória final contínua nas vias aéreas, o Bilevel Positive Airway Pressure (BPAP) fornece dois níveis de pressão: o suporte inspiratório (IPAP) e a pressão expiratória positiva (EPAP) que geram um delta de pressão e assim a ventilação no paciente. 

#Ponto importante: O BPAP é o modo de VNI mais comumente usado em pacientes com insuficiência respiratória aguda. 

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Equipamentos de VNI

A VNI necessita de um aparelho gerador de pressão positiva que pode ser administrada por meio de um ventilador padrão disponível na maioria das unidades de terapia intensiva ou, por meio de um ventilador portátil à beira do leito/máquinas de VNI. Os ventiladores portáteis são limitados na taxa de fluxo de oxigênio que pode ser fornecido. 

A VNI pode ser fornecida por meio de vários tipos de interfaces. As tiras mantêm a interface no lugar e devem ser ajustadas para evitar pressão excessiva no nariz ou na face. Geralmente, as alças devem ser soltas o suficiente para permitir que um ou dois dedos passem entre o rosto e a alça para evitar úlceras de contato. 

  • Máscara nasal: muito utilizada durante a noite em pacientes com SHO pelo maior conforto, porém, um ponto negativo é que a máscara nasal pode resultar em um grande vazamento de ar pela boca e interferir na ventilação efetiva. Para aqueles que demonstram um vazamento de ar que interfere na ventilação, uma cinta de queixo pode aliviar o problema. 
  • Máscara oronasal: essa interface inclui o nariz e a boca e é a máscara mais utilizada em pacientes com insuficiência respiratória aguda para administração de VNI, pois são razoavelmente bem tolerados e eliminam o CO2 de maneira eficaz, desde que o ajuste da máscara seja bom. 
  • Prongas nasais – as prongas nasais utilizadas principalmente na pediatria, sendo inseridas nas narinas, são uma opção em pacientes intolerantes à máscara oronasal ou nasal e o vazamento de ar também é mais comum.
  • Máscara facial inteira e capacete (helmet) – Uma máscara facial completa inclui os olhos, nariz e boca. Embora esses dispositivos de face inteira diminuam o vazamento de ar e otimizem a VNI, muitas vezes ela é mal tolerada e pode reter mais CO2. 
Exemplos de interfaces. A) Interface nasal; B) Interface oral; C) Interface oronasal (facial); D) almofadas nasais; E) Facial Total; F) ” Helmet “. Crédito: https://www.researchgate.net/publication/257361300

Indicações e parâmetros iniciais da VNI

O BPAP é o modo mais utilizado e particularmente útil em pacientes com insuficiência respiratória hipercápnica aguda, incluindo pacientes com exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e distúrbios associados à hipoventilação aguda, como overdose de drogas, pacientes com insuficiência respiratória aguda associada a distúrbios neuromusculares subjacentes ou síndrome de hipoventilação por obesidade.  

O modo BPAP também é usado na insuficiência respiratória aguda hipoxêmica não hipercápnica devido a condições como pneumonia.  

A principal indicação do modo CPAP é no edema pulmonar agudo, pois a VNI nesses casos reduz a pré-carga, prevenindo o colapso alveolar no final da expiração e a diminuição da pós-carga ventricular esquerda. 

Diretrizes internacionais, como a American Thoracic Society/European Respiratory, preconizam a utilização de VNI precoce para pacientes imunocomprometidos com IRA, além de indicar na IRA pós-operatória, como paliação para pacientes dispneicos no cenário de condições terminais, pacientes com trauma torácico com IRA e prevenção de insuficiência respiratória pós-extubação em pacientes de alto risco. 

Para pacientes nos quais o BPAP é escolhido, as configurações iniciais típicas incluem configuração espontânea/temporizada (S/T) com uma taxa de backup de 8 a 12 respirações/minuto, IPAP de 8 a 12 cmH2O e EPAP de 3 a 5 cmH2O, com intuito de formar um delta pressão para um volume corrente de 6 a 8 ml por kg de peso predito. A fração de oxigênio inspirado (FiO 2 ) visando a saturação periférica de O2 (SpO 2 ) >90%. 

#Ponto importante: Evitar IPAP maior que 20 cmH2O devido ao desconforto ao paciente e maior risco de vazamento. 

Para o modo CPAP, as configurações iniciais típicas incluem CPAP de 5 a 8 cmH2O com uma FiO2 também visando uma sPO²  maior que 90%. 

Contraindicações

Contraindicações absolutas: parada cardíaca ou respiratória, dificuldade respiratória grave com necessidade de IOT imediata e arritmias cardíacas instáveis. 

Contraindicações relativas: São diversas as contraindicações relativas, incluindo:

  • Falência aguda de órgãos não respiratórios com risco de vida, como instabilidade hemodinâmica e encefalopatia;
  • Cirurgia facial ou neurológica;
  • Obstrução significativa das vias aéreas; e 
  • Rebaixamento do nível de consciência com incapacidade de proteger as vias aéreas, quando a duração prolongada do suporte ventilatório é antecipada, anastomoses gástricas ou esofágicas recentes ou a presença de mais de uma contra-indicação.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Gong Y, Sankari A. Noninvasive Ventilation. [Updated 2022 Dec 11]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK578188/
  • RM Natal Jorge, JMRS Tavares, JL Alexandre, AJM Ferreira, MAP Vaz (Eds). Análise de interface da máscara oronasal em um modelo de face humana. CIBEM 10, Porto, Portugal, 2011. https://www.researchgate.net/publication/257361300
  • Robert C Hyzy, MD, Jakob I McSparron, MD. Noninvasive ventilation in adults with acute respiratory failure: Practical aspects of initiation. 2023, Uptodate
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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