5 questões sobre HIV/AIDS que já caíram nas provas
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5 questões sobre HIV/AIDS que já caíram nas provas

O tema HIV/AIDS é um dos temas que merecem a sua atenção durante o preparo para as provas de residência médica e revalidação de diplomas. Amplamente cobrado em questões de Infectologia no bloco de Clínica Médica, o tema também pode ser encontrado em questões de Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Medicina Preventiva e Social. Por isso, entender como o tópico vem sendo apresentado fará você ganhar pontos importantes nas avaliações. 

Continue no texto e confira 5 questões sobre HIV/AIDS selecionadas pelo Estratégia MED que foram aplicadas em grandes seletivos!

Breve resumo sobre HIV e AIDS

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem em seu mecanismo de ação o ataque ao sistema imunológico, responsável por defender nosso organismo de infecções e doenças, resultando em uma vulnerabilidade do corpo. Este vírus pode ser transmitido pelo compartilhamento de objetos perfurocortantes contaminados, de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação e, por meio de relações sexuais (vaginal, oral ou anal) desprotegidas com pessoas soropositivas.

Já a AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Humana ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma condição decorrente da infecção pelo HIV.

A partir da infecção pelo vírus, o sistema imunológico começa a ser atacado e temos a primeira fase chamada de infecção aguda, momento em que ocorre a incubação do HIV. O quadro é inespecífico e pode ser confundido com outras infecções virais, como a gripe, em vista que os sintomas são semelhantes: febre, mal-estar, artralgia, mialgia, entre outros. Entretanto, a presença de exantema maculopapular em tronco, face, palmas das mãos e plantas dos pés é um sinal mais característico do HIV agudo. Já na AIDS, surgem as doenças oportunistas secundárias a imunodeficiência, como candidíase oral, neurocriptococose, histoplasmose, sarcoma de Kaposi, neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose, entre outras.

Vale ressaltar que a pessoa infectada pelo vírus HIV pode viver anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, por isso a importância da conscientização e seguir com as medidas de prevenção. Apesar de não haver cura para o HIV/AIDS, avanços científicos tornam possível que a pessoa com o vírus tenha qualidade de vida.

Confira também os seguintes materiais:
AIDS: o que é, sintomas e muito mais!
ResuMED de HIV: o que é, transmissão e mais

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Faculdade de Medicina do ABC – FMABC (2024)

Homem de 24 anos, com infecção pelo HIV, apresenta cefaleia progressiva, fotofobia e náuseas há 1 mês. Exames recentes mostram CD4 de 156 células/mm3 e carga viral de 2.900 cópias/mL. Ele relata descumprimento ocasional de seu regime de 3 drogas antirretrovirais. A tomografia (TC) de crânio é normal e o líquor confirma o diagnóstico de meningite criptocócica, sendo iniciada a anfotericina B lipossomal e fluocitosina. Na avaliação de 2 semanas, considerando essa infecção do SNC, é(são) recomendado(s):

A) Exames séricos apenas, se não houver complicação na evolução.
B) Medida de CD4 e carga viral. 
C) Punção lombar.
D) Ressonância magnética do encéfalo.
E) TC de crânio.

Resolução: A alternativa C está correta.

Nos pacientes em tratamento de meningite criptocócica é recomendado que seja repetida uma punção lombar (LP) para cultura fúngica após duas semanas de terapia antifúngica de indução para confirmar a esterilização do líquido cefalorraquidiano (LCR), mesmo entre pacientes que melhoraram clinicamente.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (2024)

Paciente com síndrome de imunodeficiência do adulto (SIDA) e sem histórico de tratamento inicia, concomitantemente ao diagnóstico da doença retroviral, quadro de febre, cefaleia e diplopia. No exame físico, apresenta rigidez de nuca e alteração do III e VI pares cranianos. O líquor apresenta pleocitose mononuclear, proteína aumentada, glicose baixa e GeneXpert positivo. Segundo o Ministério da Saúde (2019), nesse caso, a conduta mais adequada é iniciar:

A) RIPE e esquema antirretroviral concomitante
B) RIPE e adicionar esquema antirretroviral, após sessenta dias
C) RIPE e adicionar esquema antirretroviral, após duas semanas
D) esquema antirretroviral e adicionar RIPE, após duas semanas

Resolução: A alternativa B está correta.

Nos pacientes com diagnóstico recente de HIV, virgens de tratamento, que fazem diagnóstico concomitante de tuberculose, a prioridade é iniciar o tratamento da tuberculose e postergar o início da TARV, pelo risco de síndrome de reconstituição imune. 

Pela recomendação do MS de 2019, o momento de iniciar a TARV vai depender da contagem de linfócitos T CD4+ do paciente: 
– CD4 < 50 céls/mm3 : iniciar TARV até duas semanas do início do RIPE. 
– CD4 ≥ 50 céls/mm3 : o início da TARV deve ser no início da fase de manutenção (8ª semana). 

OBS: Nos casos de pacientes com TB de sistema nervoso central (neuro-TB), a TARV deve ser iniciada somente após dois meses (8 semanas) do início do RIPE, independentemente da contagem de linfócitos T CD4+. Devemos ter essa cautela para evitar a síndrome inflamatória da reconstituição imune. 

Lembre-se ainda que, o esquema básico (TDF+3TC+DTG) pode ser feito em associação com o tratamento da tuberculose, porém, como a rifampicina é um forte indutor do metabolismo do dolutegravir, sua dose deve ser dobrada. Ao invés de 50mg/dia, o paciente deve usar 50mg 12/12 horas

ATENÇÃO: O Ministério da Saúde, em outubro de 2023 atualizou o seu PCDT de tratamento para o HIV, e reduziu esses tempos de início da TARV nos casos de co-diagnóstico:

– Iniciar TARV em 1 semanas após o início de tratamento da TB pulmonar
– Iniciar TARV em 4-6 semanas nos casos de neuro-TB. Se CD4 < 50cels/mm3, a TARV pode ser iniciada até 2 semanas após

Nos casos de pacientes com TB de sistema nervoso central (neuro-TB), a TARV deve ser iniciada somente após dois meses (8 semanas) do início do RIPE, independentemente da contagem de linfócitos T CD4+. Devemos ter essa cautela para evitar a síndrome inflamatória da reconstituição imune.

Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia – INTO (2024)

Paciente de 25 anos, masculino, em terapia antirretroviral com dolutegravir, lamivudina e tenofovir há dois anos é diagnosticado com tuberculose pulmonar. A respeito deste caso, é correto afirmar:

A) Deve-se interromper o tratamento anti-HIV, retomando-o em quatro semanas, com dolutegravir em dose dobrada até 15 dias após o fim do esquema antituberculose.
B) Deve-se interromper o tratamento anti-HIV, retomando-o em oito semanas, com dolutegravir em dose dobrada até 15 dias após o fim do esquema antituberculose.
C) Deve-se manter o tratamento anti-HIV, dobrando a dose do dolutegravir até 15 dias após o fim do esquema antituberculose.
D) Deve-se manter o tratamento anti-HIV, dobrando a dose do dolutegravir até o dia do fim do esquema antituberculose.
E) Deve-se interromper o tratamento anti-HIV, retomando-o em seis semanas, com dolutegravir em dose dobrada até o dia do fim do esquema antituberculose.

Resolução: Alternativa C está correta.

O tratamento da Tuberculose (TB) em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) segue as mesmas recomendações para os não infectados, tanto na utilização dos fármacos quanto na duração total do tratamento.

Frente ao diagnóstico de TB ativa em PVHIV, há necessidade do imediato início do tratamento para tuberculose, e todas as PVHIV com TB ativa devem receber TARV, oportunamente, independentemente da contagem de LT-CD4+. 

A escolha do esquema Antiretroviral (ARV) ideal durante o tratamento da TB deve considerar as interações medicamentosas que os dois grupos de medicamentos apresentam. Há poucas interações medicamentosas entre os fármacos utilizados para tratar TB e os inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos (ITRN), no entanto as duas rifamicinas (rifampicina e rifabutina), essenciais para compor o esquema de tratamento da TB em PVHIV, estão associadas a interações significativas com os inibidores da protease (IP), os ITRNN, os antagonistas de CCR5+ (maraviroc) e o inibidores de integrase (raltegravir, dolutegravir). 

Antigamente, por esta interação entre as rifamicinas e o Dolutegravir, em casos de co-infecção HIV e TB, os esquemas não utilizavam o Dolutegravir, substituindo-o por Raltergravir ou Efavirenz. Entretanto, tivemos mudanças neste esquema e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos de 2023 já coloca o dolutegravir associado a tenofovir/lamivudina como a opção preferencial para o tratamento para pessoas com TB-HIV. 

Devido à interação com rifampicina, a dose de dolutegravir deve ser aumentada para 50 mg 12/12h, em razão do efeito de indução no metalismo. Somente após duas semanas do término do tratamento da tuberculose (rifampicina), a dose única habitual pode ser retomada.

Revalida INEP (2021)

Um paciente de 35 anos de idade, vivendo com HIV/AIDS há alguns anos, sem adesão à terapia antirretroviral indicada (TARV), é internado em hospital de média complexidade com quadro de tosse produtiva, febre e dor torácica, associados à imagem radiológica compatível com condensação em base direita, sendo iniciado tratamento com amoxicilina-clavulanato. Revendo os exames de admissão do paciente, o médico que o atende percebe que o infiltrado radiológico evolui com áreas de cavitação, o que o leva a considerar a hipótese diagnóstica de tuberculose pulmonar atípica, decorrente da presença de imunossupressão. Visando a proceder à investigação diagnóstica indicada no caso, a recomendação atual da Organização Mundial de Saúde é que o teste diagnóstico de 1.ª linha para tais pacientes com doença pulmonar ativa, tendo ainda a vantagem de detectar resistência antimicrobiana, seria:

A) pesquisa de bacilo álcool-ácido resistente no escarro.
B) realização de ensaio de liberação de gama-interferon no sangue periférico. 
C) amplificação automatizada de ácido nucleico (ensaio Xpert MTB/RIF) no escarro.
D) cultura de escarro (meio de Lowenstein-Jensen).

Resolução: Alternativa C está correta.

Estima-se que um quarto da população mundial está infectada com o bacilo da tuberculose e a doença continua sendo a principal causa de morte entre as pessoas vivendo com HIV. 

A questão coloca um caso clínico completo, mas a pergunta é simples: qual é o teste diagnóstico de 1ª linha para tais pacientes com doença pulmonar ativa, tendo ainda a vantagem de detectar resistência antimicrobiana?

O teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB, GeneXpert®) está disponível na rede pública desde 2014 e é um teste de amplificação de ácidos nucleicos utilizado para detecção de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis, com resultado em apenas duas horas. Tem uma sensibilidade maior do que a baciloscopia para o diagnóstico, além de detectar resistência à rifampicina, com uma sensibilidade de 95%.

Universidade de São Paulo – USP (2021)

Funcionária da limpeza de um hospital, ao torcer o esfregão, acidenta-se com agulha que se encontrava de permeio. Vem hoje para avaliação médica, quatro dias após o acidente. Não se sabe se a agulha do acidente havia sido usada em algum paciente.

A profilaxia pós-exposição de HIV nesta paciente:

A) Deve ser iniciada imediatamente e mantida por um mês.
B) Deve ser considerada após resultado de sorologia negativa.
C) Deve ser iniciada imediatamente e reavaliada após resultado de sorologia.
D) Não é recomendada.

Resolução: Alternativa D está correta.

Não há indicação de PEP para um acidente que ocorreu há mais de 72 horas.

A PEP consiste no uso de medicamentos antirretrovirais com o objetivo de reduzir o risco de infecção pelo HIV após uma exposição de risco. Está indicada quando uma pessoa não infectada pelo HIV entra em contato através de pele não íntegra, mucosa ou lesão percutânea com material biológico de uma pessoa com sorologia desconhecida ou reagente para HIV. Os materiais biológicos com risco de transmissão do HIV são: sangue, sêmen, secreções vaginais, líquidos de serosas, líquido amniótico, líquor, líquido articular e leite materno. Suor, lágrima, fezes, urina, vômitos e saliva não transmitem o vírus.

A PEP deve ser iniciada em até 72 horas após a exposição de risco, pois é ineficaz após este período. Sua duração é de 28 dias, e os medicamentos utilizados são tenofovir, lamivudina e dolutegravir.

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