ResuMED de Amenorreia: primária, secundária e suas causas

ResuMED de Amenorreia: primária, secundária e suas causas

Fala, futuro residente! Sabia que a amenorreia é um dos temas Top 10 das provas de Residência Médica em Ginecologia? Por isso, nós do Estratégia MED, preparamos um resumo exclusivo para te ajudar a conquistar a tão sonhada vaga! Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

Introdução

Por definição, a amenorreia é a ausência de menstruação, sendo um sintoma muito frequente que pode indicar outras patologias. Pode ser primária ou secundária, sendo classificada de acordo com o compartimento acometido,  dependendo da área do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano – responsável pela menstruação – que for comprometido. 

Quando o comprometimento está no útero e vagina, com o eixo HHO normal, considera-se um eugonadismo ou normogonadismo. Caso o problema seja hormonal, considera-se hipogonadismo, podendo ser no sistema nervoso central ou por insuficiência ovariana. 

Para entender mais sobre as amenorreias primária e secundária, muito cobradas em prova, continue a leitura. 

Amenorreia primária

Considera-se amenorreia primária quando ocorre uma falha no desenvolvimento dos caracteres sexuais aos 14 anos, ou seja, a menina não apresenta menarca, ou aos 16 anos mesmo com caracteres sexuais.

Obs.: Os caracteres secundários aparecem no desenvolvimento puberal, o qual segue a seguinte sequência: telarca → pubarca → estirão do crescimento → menarca. 

Pode ser causada por fatores genéticos ou anatômicos, dependendo do compartimento, boa parte delas causadas por anomalias mullerianas. Entenda-as a seguir:

  • Útero e vagina: hímen perfurado, septo vaginal, deficiência de 5-alfa-redutase, agenesia congênita de endométrio, Síndrome de Morris.
  • Ovário: disgenesia gonadal, Síndrome de Savage.
  • Hipófise: causas funcionais, hiperprolactinemia, deficiência isolada de GnRH, Síndrome de Kallmann, atraso fisiológico da puberdade, doenças inflamatórias ou infiltrativas, tumores. 

Causas uterina/ vaginal 

A segunda maior causa de amenorreia primária é a Síndrome de Rokitansky, em que ocorre um defeito nos ductos de Muller, podendo ser de três tipos, sendo o mais cobrado a agenesia total dos ductos de Muller. Como fenótipo tem-se a ausência de útero, trompas e 2 ⁄ 3 superiores da vagina e vagina curta, com caracteres sexuais secundários normais. 

Outra síndrome que pode causar amenorreia primária é a Síndrome de Morris, em que ocorre um defeito no receptor de androgênios, devido a um distúrbio recessivo ligado ao X que provoca resistência à testosterona. Como fenótipo tem-se pacientes altas, magras e com quadril estreito, com ausência de útero, vagina curto, pelos pubianos escassos e mamas pequenas, tudo decorrente da deficiência de testosterona.  

Causas como hímen imperfurado e septo vaginal transverso também podem causar amenorréia primária. 

Causas ovarianas 

São as principais causas de amenorreia primária, levando ao quadro chamado de hipogonadismo hipergonadotrófico, em que os ovários que não produzem os esteroides.

As disgenesias gonadais são as causas mais comuns, e é quando ocorre má formação das gônadas, causando o esgotamento dos folículos, e consequentemente queda do estradiol e aumento do FSH. Pode ser uma disgenesia gonadal pura, em que não existe um estigma da doença.

Algumas síndromes também são comuns, como a Síndrome de Turner, em que a paciente possui cariótipo 45X0, com a ausência de um cromossomo X, que vai fornecer um fenótipo sem caracteres sexuais secundários, como genitália pré-púbere, ovários em fita, mamas pouco desenvolvidas, baixa estatura, entre outras características. Também tem-se a Síndrome de Swyer, decorrente de uma mutação no gene SRY, levando ao cariótipo XY na mulher, com o desenvolvimento de testículos. 

Causas hipotalâmicas

O defeito está no SNC, causando hipogonadismo hipogonadotrófico, a qual pode ser por atraso fisiológico da puberdade ou por deficiência congênita do GnRH, como na Síndrome de Kallmann, uma síndrome autossômica dominante recessiva ligada ao X, que causa o quadro de hipogonadismo hipogonadotrófico e consequentemente à amenorreia primária. Seu tratamento inclui reposição hormonal. 

Diagnóstico

Para diagnóstico, além de uma anamnese bem feita, seu principal ponto-chave é a inspeção dos caracteres sexuais secundários no exame físico, em que se a paciente os apresenta mas está em amenorreia, provavelmente o defeito é anatômico, caso não se apresente os caracteres, provavelmente a causa é no eixo H-H.

Alguns exames complementares também podem ser requisitados, como o FSH, TSH e T4 livre, cariótipo, ultrassonografias, ressonância magnética  e teste do GnRH. O FSH deve ser pedido para todas as pacientes, para que seja possível direcionar a causa da amenorreia primária.

  • FSH alto: disgenesia gonadal;
  • FSH baixo: causas centrais; e
  • FSH normal: causas anatômicas ou endocrinopatias.

No caso do teste do GnRH, se for positivo, provavelmente a causa é hipotalâmica, se for negativo, é hipofisária. 

Amenorreia secundária

É caracterizada amenorreia secundária quando há a ausência de menstruação em pelo menos 3 ciclos, para ciclos regulares, ou 6 ciclos para irregulares, antes disso é considerado apenas um atraso menstrual.

Suas causas envolvem também útero e vagina, ovário e o eixo HH. Mas antes, deve ser descartada a hipótese de uma gestação, já que é sua causa mais comum. 

Causas uterina / vaginal

Sua principal patologia é a Síndrome de Asherman, muito cobrada em provas, em que ocorre a formação de sinéquias secundárias a procedimentos intrauterinos (curetagens ou processos inflamatórios), as quais levam ao acúmulo de sangue menstrual. Seu diagnóstico é feito por histeroscopia e tratada com lise das aderências. 

Causas ovarianas 

São as principais causas, atente-se! 

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é a mais importante, e ocorre mais frequentemente em mulheres de idade reprodutiva por fatores hormonais. Seu diagnóstico mais aceito está nos Critérios de Rotterdam, em que a paciente deve ter dois deles: ciclos menstruais longos ou amenorreia, hiperandrogenismo e critério ultrassonográfico. Na plataforma Estratégia MED você encontra uma aula exclusiva de SOP.

Também pode ser decorrente de uma falência ovariana prematura (FOP), com perda de oócitos antes dos 40 anos, chamada de menopausa precoce, geralmente por causas idiopáticas ou doenças autoimunes.  Sendo assim, a FOP é uma causa de hipogonadismo hipergonadotrófico, em que, além da amenorreia, a paciente apresenta sintomas vasomotores, infertilidade e aumento do risco de osteoporose, sendo tratada com reposição hormonal também. 

Causas hipofisárias

São os quadros de hipogonadismo hipogonadotrófico.

A Síndrome de Sheehan é muito cobrada em provas, ela consiste em um pan-hipopituitarismo por necrose hipofisária relacionada à hemorragia pós-parto, na qual a paciente para de produzir os hormônios hipofisários, levando a anovulação e amenorreia, agalactia, perda de pelos pubianos e axilares, pele fria e ganho de peso. 

Outra causa pode ser a hiperprolactinemia, também com uma aula exclusiva na plataforma do Estratégia MED. Nesse caso, a amenorreia ocorre por uma inibição do GnRH, e deve ser tratada com dosagem da prolactina em todas as pacientes com amenorreia, exceto em casos da paciente que faz uso de medicamentos que causam hiperprolactinemia.

Causas hipotalâmicas

Podem ser por causas funcionais, estruturais ou crônicas.

Nas causas funcionais, podem ser por transtornos alimentares, estresse excessivo e/ou realização de exercícios físicos extenuantes, cursando em redução do GnRH, consequentemente em anovulação e amenorreia.

Já as causas estruturais, podem ser por tumores hipotalâmicos, doenças infiltrativas e infecciosas, traumas e radiação, que também resultem na redução do GnRH. Já as causas crônicas podem ser por doenças como a doença renal crônica ou cirrose hepática, reduzindo também o GnRH. 

Doenças endócrinas também podem causar amenorreia, como as tireoidopatias ou tumores produtores de androgênios. Para saber mais sobre, consulte o material exclusivo do Estratégia MED.

Diagnóstico

Sempre deve ser investigada primeiro a possibilidade de gestação. Depois, realiza-se a dosagem de prolactina e hormônios tireoidianos.

Nas provas são muito cobrados os testes de progesterona e testes de estrogênio, ou os dois combinados, para avaliar o status do estrogênio e a patência do trato genital. 

No teste de progesterona, ao administrar o hormônio, é considerado positivo se houver sangramento de 7 a 10 dias após o término da medicação, no teste de estrogênio, a paciente só irá sangrar se houver algum defeito no trato de saída da menstruação. 

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