ResuMED de bronquiolite: etiopatogenia, quadro clínico, tratamento e mais!

ResuMED de bronquiolite: etiopatogenia, quadro clínico, tratamento e mais!

Fala, futuro Residente! Quer saber tudo sobre bronquiolite? Nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo para você arrasar nas provas de Residência Médica. 

Hoje, queremos assumir o compromisso com você. Vamos tornar esse tema mais fácil e compreensível. Então, coruja, vem com a gente que te daremos os pontos essenciais para acertar qualquer questão!

Além disso, dentro da pediatria o tema da bronquiolite é disparado um dos mais cobrados. Portanto, sugerimos que domine o assunto.

Definição e importância 

A bronquiolite viral aguda (BVA), caracteriza-se classicamente como o  primeiro episódio de sibilância em um lactente que apresenta sinais clínicos de infecção viral do trato respiratório inferior e ausência de outra razão que explique a sibilância.

Corresponde a uma das principais causas de internação em lactentes, com pico de incidência entre 2 e 6 meses de idade. Seu agente etiológico principal é o vírus sincicial respiratório (VSR). No entanto, suas manifestações clínicas e gravidade variam a depender da presença de comorbidades e faixa etária. Ademais, possui certa sazonalidade que coincide com os meses de outono e inverno.

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Etiopatogenia 

Os principais vírus que podem causar bronquiolite, excluindo o vírus sincicial respiratório, são o rinovírus, influenza, parainfluenza, metapneumovírus, adenovírus, coronavírus e bocavirus.

Esses vírus apresentam tropismo por células do epitélio respiratório, principalmente bronquíolos, provocando intensa proliferação, inflamação e necrose celular, acarretando em intenso edema de submucosa, secreção de muco e acúmulo de linfócitos peribronquiolar. A intensa reação inflamatória leva à obstrução do lúmen dos bronquíolos, culminando na sintomatologia clássica da síndrome bronquiolítica.

Ademais, os principais mecanismos de lesões nas vias aéreas são: 

  • Ação direta citopática do vírus;
  • Mecanismo imunológico dependentes do hospedeiro: migração de polimorfonucleares e macrófagos, liberação de mediadores inflamatórios, que geram aumento da permeabilidade endotelial; e
  • Broncoconstrição.

Fatores de risco 

Na bronquiolite os principais fatores de risco são: 

  • Prematuridade;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Idade menor que 12 semanas;
  • Cardiopatia;
  • Displasia broncopulmonar;
  • Alterações anatômicas das vias aéreas;
  • Imunodeficiência;
  • Desnutrição; 
  • Presença de complicações; e
  • Doença neurológica.

Quadro clínico

Estrategista, a maioria dos quadros são leves e autolimitados, entretanto, a história clássica de bronquiolite paira sobre um lactente que frequenta creche, ou teve contato com algum parente que tem ou teve infecção viral recente, iniciando sintomas de resfriado comum caracterizado por febre baixa nos primeiros 2 dias, associado a coriza hialina, obstrução nasal, espirros, tosse seca e algum grau de irritabilidade. No 4º e 6º dia, evoluem com piora respiratória, devido ao acometimento das vias aéreas inferiores. Em alguns casos mais graves, a sibilância pode ser mais pronunciada, podendo levar até mesmo a uma apneia principalmente em lactentes jovens e prematuros. 

Porém, o quadro da bronquiolite geralmente tem caráter autolimitado, durando entre 10 a 12 dias, podendo até mesmo se arrastar por mais semanas.

Exame físico

Na bronquiolite, por meio da sua ausculta pulmonar, podemos encontrar desde roncos, sibilos expiratórios, aumento do tempo expiratório, estertores grossos e finos.

Cabe ressaltar que o lactente frequentemente apresenta taquipneia e uso de musculatura acessória (retrações subcostais, intercostais, gemência e batimento de aleta nasal).

No entanto, a depender da gravidade, a bronquiolite pode apresentar queda na saturação da oxiemoglobina. 

Diagnóstico 

O diagnóstico é eminentemente clínico, baseado principalmente na história de contato com algum familiar doente, com piora dos sintomas após o terceiro dia. Exames podem ser solicitados em casos de necessidade de internação ou quadros atípicos. 

Na radiografia de tórax, encontraremos como sugestivo de bronquiolite: 

  • Retificação de arcos costais;
  • Hiperinsuflação;
  • Hipertransparência do parênquima pulmonar; e 
  • Retificação do diafragma. 

Como complicação do quadro podemos ter atelectasias, pneumonias secundárias e insuficiência respiratória. 

Diagnóstico diferencial

Os principais diagnósticos diferenciais de bronquiolite que temos que pensar são: 

  • Síndrome gripal;
  • Asma;
  • Coqueluche;
  • Pneumonia afebril do lactente;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Pneumonia bacteriana;
  • Laringotraqueobronquite;
  • Corpo estranho em vias aéreas; e
  • Epiglotite aguda. 

Tratamento

Primeiramente, você tem que saber que não existe tratamento específico para bronquiolite, portanto seu tratamento é puramente de suporte clínico. 

Em casos leves, ou seja, ausência de desconforto respiratório e hipoxemia, utilizaremos: inalações com soro fisiológico para fluidificação de secreções, lavagem nasal com soro fisiológico em caso de obstrução nasal e antitérmicos em caso de febre. 

Caso o paciente necessite de tratamento hospitalar, pois apresenta desconforto respiratório, desidratação, hipoxemia, taquipnéia intensa ou  outras manifestações de gravidade, é indicado hidratação, nebulização com soro fisiológico e oxigênio. O oxigênio deve preferencialmente ser ofertado por métodos não invasivos, porém pode necessitar em caso de piora de ventilação com pressão positiva.  

OBS: em caso de atelectasias e/ou comorbidades, a fisioterapia respiratória pode ser utilizada. O uso de corticóides, adrenalina ou antibióticos não é recomendado. A prevenção da doença pode ser feita com o uso de um anticorpo monoclonal chamado Palivizumab, indicado em grupos de risco na época da sazonalidade do VSR. O Ministério da Saúde recomenda o uso do Palivizumab em: 

  • Crianças com menos de 1 ano de idade que nasceram com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas. 
  • Crianças com até 2 anos portadoras de cardiopatia congênita, com repercussão hemodinâmica demonstrada ou doença pulmonar crônica. 

Já a  Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) inclui ainda a faixa etária dos prematuros nascidos de 29 a 31 semanas e 6 dias, menores de 6 meses. 

Em todos os casos, o anticorpo monoclonal é administrado 1 vez por mês, por no máximo 5 doses durante o período de sazonalidade do VSR.

Testando seu conhecimento 

Agora que você já tem todos os conhecimentos sobre a Bronquiolite, vamos pôr em prática o que aprendeu!

1 – (UDI HOSPITAL 2020 -) Sobre a Bronquiolite, selecione a opção correta para a recomendação adequada de precaução e isolamento de pacientes:

A) Está indicada a realização de precaução respiratória por aerossóis, sendo utilizada, como equipamento de proteção individual, máscara N95.

B)Está indicada a realização de precaução respiratória por gotícula, sendo utilizada, como equipamento de proteção individual, máscara N95.

C)Está indicada a realização de precaução padrão e precaução respiratória por aerossóis, sendo recomendado o uso de máscara N95.

D)Está indicada a realização de precaução respiratória por gotícula.

E)Está indicada a realização de precaução reversa e precaução respiratória por aerossóis.

Resposta: alternativa C

Explicação: A transmissão do VSR ocorre por meio de gotículas e de fômites, sendo necessária a precaução respiratória por gotículas, além das precauções normais de contato. Não há transmissão por aerossóis, o que torna o uso da máscara N95 desnecessário. Incorretas as alternativas A e C, porque a transmissão da BVA não se dá por aerossóis e sim por gotículas e fômites, sendo desnecessário o uso da máscara N95.

Incorreta a alternativa B, porque, embora a transmissão principal seja por gotículas, a máscara indicada é a cirúrgica e não a N95. Alternativa D está correta, porque indicou a precaução adequada para o isolamento de pacientes com BVA. Incorreta a alternativa E, porque a precaução reversa é utilizada para pacientes com deficiência imunológica, para que não adquiram alguma infecção durante o tratamento e a precaução por aerossóis não é necessária em casos de BVA.

2- (HOSPITAL E MATERNIDADE THEREZINHA DE JESUS 2020) –  São preditores de  bronquiolite  grave: 

I- Baixo peso ao nascer; II- Presença de fumo passivo; III- Atelectasia ao raio X de  tórax. 

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): 

A)I 

B)II 

C)III 

D)I, II,  III

Resposta: alternativa D

Explicação: Caro aluno, veja que nos itens I e  II temos fatores de risco para gravidade já consagrados. Em relação à atelectasia, por ser uma complicação da bronquiolite, pode  ser considerada como fator de risco para pior evolução. 

Chegamos ao fim, futuro Residente. Gostou desse conteúdo e quer se aprofundar mais no assunto? O blog Estratégia MED tem muito mais informações esperando por você.

Certamente, com o nosso Banco de Questões MED e o Curso Extensivo MED você terá o diferencial necessário para atingir sua aprovação na desejada vaga de Residência Médica ou Revalida. Vamos vencer juntos mais esse grande desafio. Vem ser Coruja!

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