ResuMED de psiquiatria infantil – autismo, TDAH e mais!

ResuMED de psiquiatria infantil – autismo, TDAH e mais!

Como vai, futuro Residente? Além de ter grande importância na prática clínica, o tema psiquiatria infantil é muito cobrado nas provas de Residência Médica. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre o assunto para gabaritar as provas. Aqui você vai aprender principalmente sobre autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), quadros correspondentes a cerca de 90% dos casos, principalmente suas características clínicas. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

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Introdução

A saúde mental é essencial para qualquer indivíduo em qualquer faixa etária. Especialmente quando se trata de crianças, os transtornos psiquiátricos mais comuns são o déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno de espectro autista, importantes na prática clínica para o manejo desses pacientes e seu tratamento efetivo.

Confira a seguir os principais transtornos psiquiátricos infantis.

Transtorno do espectro autista (TEA) ou autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) consiste em um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete a capacidade de comunicação, interação social e o comportamento da criança, afeta cerca de 5 vezes mais o sexo masculino, em cerca de 1% da população. 

Suas principais características clínicas incluem déficit na comunicação verbal e não-verbal e na interação social, principalmente com outras crianças, além de sintomas como estereotipias motoras, padrão rígido de comportamento e rotina, irritabilidade e hipersensibilidade a estímulos ambientais. Ademais, cerca de 30 a 70% dos pacientes com autismo apresentam algum tipo de prejuízo cognitivo relacionado.

Seu diagnóstico é feito a partir da observação clínica do padrão de prejuízo no desenvolvimento da comunicação, da interação social e nas alterações de comportamento, como comportamento ritualístico, inflexível ou um leque de interesses pouco variados. Habitualmente, os primeiros sinais e sintomas surgem aos 18 meses de vida, mas seu diagnóstico ocorre somente após os 3 anos de idade. 

Para o diagnóstico do transtorno do espectro autista, existem alguns critérios adaptados

 do DSM-5, divididos em:

Déficits persistentes na comunicação social e na interação social:

  • Déficits na reciprocidade socioemocional → que variam de abordagem social anormal, ao compartilhamento reduzido de interesses, emoções e afetos, até a dificuldade para iniciar ou responder interações sociais. 
  • Déficit no comportamento comunicativo não verbal utilizado para interação social, que varia da comunicação verbal e não verbal pouco integrada à anormalidade no contato visual e linguagem corporal, ou, ainda, déficits na compreensão e uso de gestos, ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.
  • Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando desde a dificuldade de ajustar o comportamento para adequar-se ao contexto social, até a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginárias ou em fazer amigos, ausência de interesse por partes. 

Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:

  • Movimento motores, uso de objetos ou falta estereotipados ou repetitivos;
  • Insistência nas mesmas coisas, adesão flexível e rotinas ou padrões ritualizados de comportamentos verbal e não-verbal.
  • Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco.
  • Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente. 

Dessa maneira, é possível identificar alguns sinais de alarme e fatores de risco para o autismo que andam juntos, como uma espécie de retroalimentação. São eles:

Sinais de alarme:

  • Ausência de sorriso social;
  • Ausência de resposta ao ser chamado;
  • Irritabilidade ao ser pego no colo ou tocado;
  • Pouco contato visual;
  • Perda de habilidades adquiridas;
  • Irritabilidade a sons altos;
  • Interesse fixo ou obsessivo por objetos inanimados; e
  • Movimentos repetitivos sem objetivo.

Fatores de risco:

  • Irmão com autismo;
  • Tentativa de aborto antes das 20 semanas;
  • Idade materna > 40 anos;
  • Idade paterna > 50 aos;
  • Exposição fetal a ácido valproico;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Sexo masculino;
  • Admissão em UTI neonatal;
  • Histórico familiar de esquizofrenia e doenças afetivas; e
  • Prematuridade.

Quando diagnosticado, o tratamento do autismo é multiprofissional, com associação de psicoterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia e pedagogia, para uma reabilitação precoce e desenvolvimento adequado das habilidades e potenciais da criança. Podem ser usados medicamentos, se necessários, para redução dos sintomas mais graves e incapacitantes, como agitação, irritabilidade e insônia, também pode ser feito com o uso de antipsicóticos ou antidepressivos. 

Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade – TDAH

Consiste em um transtorno no neurodesenvolvimento que atinge cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos, possui sintomas divididos entre desatenção, hiperatividade e impulsividade, que causam grande prejuízo acadêmico e interpessoal para a maioria dos pacientes. 

Entre suas características clínicas inclui o lado hiperativo/impulsivo do paciente, representado por agitação, que chama atenção de pais e professores. O lado desatento é representado por esquecimentos, perda de objetos, esquecimento das lições de casa, compromissos e datas comemorativas. 

Essas manifestações devem se iniciar até os 12 anos de idade, frequentemente ocorrem em pelo menos 2 ambientes diferentes, como casa e escola ou casa e trabalho. Observe alguns critérios diagnósticos do TDAH.

Desatenção:

  • Erros por desatenção;
  • Frequentemente parece não ouvir quando é chamado;
  • Dificuldades em manter a atenção em atividades;
  • Frequentemente não segue instruções até o fim e não conclui uma tarefa;
  • Possui dificuldade em organizar as tarefas;
  • Frequentemente perde objetos e pertences necessários para a rotina;
  • É facilmente distraído por estímulos externos;
  • Não gosta ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental prolongado; e
  • Esquece-se com frequência as tarefas cotidianas;

Hiperatividade e impulsividade:

  • Frequentemente batuca as mãos e pés;
  • Com frequência tem dificuldade em permanecer sentado;
  • Corre ou sobe nas coisas em momentos inapropriados;
  • Tem dificuldades em participar brincadeiras ou jogos calmos;
  • Não consegue ficar parado;
  • Fala em excesso;
  • Muitas vezes tem dificuldade em esperar sua vez;
  • Interrompe ou se intromete em outras conversas; e
  • Responde à pergunta antes da hora, ou antes que ela seja terminada.

Por fim, seu tratamento é feito com psicoestimulantes como o metilfenidato ou lisdexanfetamina, que são contraindicados apenas para casos de epilepsia não controlada ou cardiopatia grave, e seu uso contínuo pode reduzir a velocidade de crescimento.

Outros transtornos

Transtorno de oposição e desafio (TOD)

Padrão contínuo de comportamento irritável em que a criança desafia figuras de autoridade e fica facilmente contrariada, possuindo uma índole negativa. Seu tratamento é psicoterápico.

Transtorno de conduta (TC)

Caracterizado por um padrão persistente de desrespeito às normas, relacionada a agressões físicas, ameaças, trapaças, mentiras, destruição de propriedade e crueldade com animais. O tratamento também é psicoterápico.

Transtorno explosivo intermitente (TEI)

Caracterizado pela ocorrência de “ataques de fúria”, com atitudes impulsivas, não premeditadas, em uma reação desproporcional a um acontecimento que o desagrada. Após o ataque, o paciente sente sentimentos de arrependimento e culpa. Seu tratamento é baseado em psicoterapia, mas também podem ser utilizados estabilizadores de humor, como a carbamazepina.

Transtorno do desenvolvimento intelectual

Transtorno complexo e multifatorial, causa um prejuízo no desenvolvimento das habilidades intelectuais e capacidade de desempenhar habilidades sociais do indivíduo, causando baixa inteligência e baixa autonomia. 

Pode ser classificada de leve a profunda, de acordo com as faixas de QI. Consulte o material Estratégia MED para ver essa classificação. Seu tratamento é feito com medidas comportamentais e não farmacológicas, além de terapia ocupacional, psicoterapia, atividades físicas, plano pedagógico, fisioterapia, entre outros; o tratamento farmacológico é somente sintomático.

Transtornos específicos de aprendizagem

São prejuízos na aquisição do aprendizado esperado em determinada idade, como dislexia, capacidade de resolução de cálculos ou desenvolvimento da escrita. Seu tratamento é baseado em planos psicopedagógicos especializados e suporte psicológico.

Chegamos ao fim do nosso resumo! Neste resumo você aprendeu mais sobre os principais transtornos psiquiátricos infantis. Confira o Portal Estratégia MED para ter acesso a mais resumos de psiquiatria infantil!

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