A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou no dia oito de dezembro que o Brasil está entre os 13 países que conseguiram aumentar a detecção de casos de tuberculose após a pandemia de Covid-19. Essa recuperação é crucial para agilizar o tratamento dos pacientes e o Sistema Único de Saúde (SUS) adotou medidas inovadoras, incluindo um medicamento que reduz significativamente o tempo de tratamento.
De acordo com o Relatório Global de Tuberculose 2023, divulgado em novembro, estima-se que 105 mil brasileiros foram afetados pela tuberculose no ano passado. Destes, 87.344 foram diagnosticados e tratados, representando um aumento de 9,5% em comparação a 2021, alcançando o índice de detecção de 83%.
No último ano, a tuberculose causou 1,3 milhão de mortes globais, incluindo 167 mil entre pessoas com HIV, marcando uma queda em relação às projeções de 2020 e 2021, que estimavam 1,4 milhão de óbitos. Durante a pandemia, houve um acréscimo de meio milhão de mortes em comparação com as estimativas baseadas nas tendências pré-pandêmicas. No Brasil, a notificação compulsória abrange pacientes tanto nos serviços públicos quanto na iniciativa privada.
Outro ponto destacado é que, em 2021, apenas 65% das pessoas diagnosticadas no Brasil concluíram o tratamento para tuberculose, o qual pode durar até 18 meses. No caso de pessoas vivendo com HIV ou aids, o percentual foi ainda menor, atingindo 44%.
Em nota publicada pelo Ministério da Saúde, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, destaca os desafios enfrentados durante a pandemia: “Durante a pandemia – e principalmente no período mais crítico e anterior à vacina, entre 2020 e 2021 –, os serviços de saúde sofreram pressão muito forte para atendimento à covid. Isso fez com que outras doenças, como a tuberculose, tivessem menos diagnósticos e, com isso, menos pessoas iniciaram o tratamento.”
Redução de custos e tempo de tratamento
O Ministério da Saúde implementou medidas significativas para aprimorar o tratamento da tuberculose. Em setembro deste ano, incorporou o medicamento Pretomanida ao SUS, reduzindo o tempo de tratamento da tuberculose resistente de 18 para seis meses, representando uma economia considerável para o sistema de saúde.
Essa medida inovadora não apenas reduz o tempo de tratamento, mas também oferece economias significativas, com uma previsão de poupar R$ 100 milhões em cinco anos, sendo R$ 14 milhões apenas no primeiro ano. O tratamento com Pretomanida é mais curto e causa menos efeitos adversos, tornando-se uma opção mais eficaz para os pacientes.
Ações do Ministério da Saúde e compromisso até 2030
O Relatório Global de Tuberculose destaca que, apesar da expansão da rede de teste rápido molecular no Brasil, apenas 45% das pessoas foram diagnosticadas com essa ferramenta. O compromisso brasileiro de reduzir a incidência de tuberculose para menos de 10 casos por 100 mil habitantes até 2030 está em curso, com diversas ações estratégicas em andamento.
Além da detecção precoce, o Brasil busca recuperar altas coberturas da vacina BCG e implementar um teste de urina para diagnóstico em pessoas vivendo com HIV com imunodepressão avançada. Outras ações incluem esforços inéditos de nove ministérios, reunidos no Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds), visando abordar os determinantes sociais da saúde.
O Ministério da Saúde, coordenador do Ciedds, expressa a importância de enfrentar os desafios sociais associados à tuberculose, destacando a necessidade de uma abordagem integrada para garantir o acesso a testes e a adesão ao tratamento.
Por fim, o Relatório Global de Tuberculose, publicado anualmente pela OMS, revelou que houve uma recuperação global no diagnóstico e tratamento da doença, indicando avanços significativos na reversão do impacto causado pela pandemia de covid-19.