O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral da Vigilância das Doenças Imunopreveníveis (CGVDI) e da Coordenação de Incorporação Científica e Imunização (CGICI), divulgou ontem (21) a Nota Técnica Conjunta Nº 51/2024. O documento alerta para a situação epidemiológica do tétano acidental (TA) no Brasil e recomenda a intensificação da vacinação, especialmente entre a população adulta e idosos com 60 anos ou mais. Confira o documento e as principais recomendações abaixo:
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O tétano acidental
O tétano acidental é uma doença grave, não contagiosa, causada pelas exotoxinas da bactéria Clostridium tetani. Esta bactéria pode ser encontrada em diversas formas no ambiente, como na terra, poeira, fezes e na água suja. Assim, a infecção ocorre quando os esporos bacterianos entram em contato com ferimentos na pele ou mucosas.
Atualmente, a vacinação é a principal medida preventiva contra o tétano acidental e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) através do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Além da vacinação, o uso de equipamentos de proteção individual, como botas, luvas e capacetes, é recomendado para evitar acidentes que possam resultar em infecção.
Alerta para a situação atual no Brasil
Apesar da significativa redução no número de casos desde os anos 1990, o tétano acidental ainda é um problema de saúde pública no Brasil devido à gravidade da doença, suas complicações, alto custo de tratamento e elevada letalidade. Atualmente, a cada 100 pessoas que adoecem, cerca de 30% morrem.
Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre 2014 e 2023, foram notificados 4.380 casos suspeitos de tétano acidental, dos quais 49,7% (2.181 casos) foram confirmados. A média anual de casos confirmados nesse período foi de 218, com uma incidência nacional de 0,10 por 100.000 habitantes. Confira os casos confirmados no período pelas regiões do Brasil:
A maioria dos casos confirmados ocorreu em homens (85,5%) residentes em áreas urbanas (74%). A faixa etária mais afetada foi de 40 a 79 anos, representando 72,4% do total de casos. No período analisado, foram confirmados 704 óbitos por tétano acidental, distribuídos por todas as faixas etárias. A letalidade da doença é alta, variando de 14% a 55,5% nos estados, com uma média nacional de 32,3%.
Situação vacinal
Um dos dados mais preocupantes é a ausência de informação sobre a vacinação em 51% dos casos (1.102). Entre os casos confirmados, 26% nunca haviam sido vacinados, com um destaque para a faixa etária de 50 a 69 anos, que representou 46% dos nunca vacinados. Entre os que adoeceram, apenas 6% (132 casos) tinham recebido três ou mais doses de vacina.
Medidas recomendadas
Para prevenir e controlar o tétano acidental no Brasil, o Ministério da Saúde enfatiza a necessidade de:
- Aumentar as coberturas vacinais;
- Assegurar a vigilância ativa;
- Disponibilizar insumos para profilaxia e terapêutica; e
- Garantir que os serviços de saúde sigam os protocolos clínicos adequados.
No que se refere à imunização, a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) recomenda promover a vacinação contra o tétano nos públicos-alvo na rotina dos serviços do SUS, em campanhas e situações de emergência pública, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Além disso, é imprescindível implementar estratégias para atualização do esquema vacinal e busca ativa de faltosos, especialmente entre adultos e idosos.
Ainda, na Nota Técnica conjunta, o Ministério da Saúde, a CGVDI e a CGICI definem a classificação dos casos da seguinte maneira:
- Suspeito: Qualquer paciente acima de 28 dias de vida com sinais e sintomas como disfagia, trismo, riso sardônico, opistótono, ou contraturas musculares, independente da situação vacinal ou histórico de ferimentos.
- Confirmado: Caso suspeito descartado para outras etiologias, apresentando sinais como hipertonia dos masseteres, disfagia, riso sardônico, rigidez abdominal, opistótono, entre outros, independente da situação vacinal ou histórico de tétano.
- Descartado: Caso suspeito que, após investigação, não preencha os critérios de confirmação.
Esquemas Vacinais
De acordo com o Ministério da Saúde e com as principais sociedades, a medida preventiva mais indicada contra o tétano é a vacinação dos indivíduos suscetíveis. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do SUS recomenda diferentes esquemas vacinais conforme o ciclo de vida:
- Vacina Penta (DTP/HB/Hib): Indicada para crianças a partir dos 2 meses de idade, administrada em três doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforços aos 15 meses e 4 anos com a vacina DTP.
- Vacina dT (difteria e tétano tipo adulto): Indicada para maiores de 7 anos, com reforços a cada 10 anos, ou 5 anos em caso de ferimentos graves.
- Vacina dTpa (difteria, tétano e pertussis acelular tipo adulto): Recomendada para profissionais da saúde, estagiários em maternidades e unidades neonatais, e para gestantes a partir da 20ª semana de gestação.
Apesar da meta de 100% de cobertura vacinal para gestantes, por exemplo, no período de 2018 a 2022, foi atestada uma queda significativa nas vacinações, visto que nenhuma região do Brasil alcançou nem mesmo 50% de cobertura nesse período. Vale ressaltar que, em 2003, o país conseguiu eliminar o tétano neonatal após reforçar a vacinação em gestantes, estratégia que se mostra cada vez mais necessária novamente no pré-natal e em até 45 dias após o parto.
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