Vacina contra a dengue é incluída no SUS pelo Ministério da Saúde
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Vacina contra a dengue é incluída no SUS pelo Ministério da Saúde

A entrega prevista de 5.082 milhões de doses em 2024 será gerida em esquema vacinal composto por duas doses

Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Saúde oficializou a inclusão da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o Brasil pioneiro no fornecimento desse imunizante no sistema público universal. A vacina, denominada Qdenga, terá uma implementação gradual devido à capacidade limitada de produção declarada pelo laboratório fabricante, Takeda. Inicialmente, a vacinação será direcionada a públicos e regiões prioritárias.

A rápida análise da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) respaldou a incorporação, seguindo todas as recomendações da comissão. Em nota publicada pelo Ministério da Saúde, a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a avaliação da relação custo-benefício e a importância do acesso, considerando a necessidade de adequar a oferta de vacinas à dimensão da população brasileira, determinando os grupos prioritários em relação a restrição de doses pela Takeda, para definir os públicos-alvo.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) trabalhará em conjunto com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para definir estratégias de utilização do estoque disponível, priorizando grupos específicos e áreas com maior incidência da doença. A entrega prevista de 5.082 milhões de doses em 2024 será gerida em esquema vacinal composto por duas doses.

Cronograma de entrega proposto pela fabricante

MÊSNÚMERO DE DOSES
Fevereiro460 mil
Março470 mil
Maio1.650 milhão
Agosto1.650 milhão
Setembro431 mil
Novembro421 mil

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Estratégia de vacinação

A metodologia adotada para a vacinação contra a dengue teve como base municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos 10 anos. Foram selecionadas regiões de saúde com critérios como predominância do sorotipo DENV-2 em dezembro de 2023 e maior número de casos no período de monitoramento de 2023/2024 (SE-27/2023 a SE-02/2024).

A faixa etária prioritária é de 10 a 14 anos, pois essa faixa concentra o maior número de hospitalizações por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, após o grupo de pessoas idosas para o qual a vacina não foi autorizada. O esquema vacinal consiste em duas doses, com intervalo de três meses. A definição do público-alvo e regiões prioritárias se deve à capacidade limitada de fornecimento de doses pelo fabricante da vacina.

A primeira remessa de aproximadamente 757 mil doses chegou ao Brasil, sendo parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está prevista para entrega em fevereiro. O Ministério da Saúde adquiriu o total disponível para 2024, que é de 5,2 milhões de doses, com previsão de entrega ao longo do ano. Para 2025, já foram contratadas 9 milhões de doses.

Processo de incorporação

A vacina Qdenga, aprovada na União Europeia e outros países, foi avaliada positivamente pela Conitec, considerando seu impacto na redução de casos e hospitalizações por dengue. Apesar da limitação na capacidade de entrega do fabricante, a estratégia de oferta foi considerada essencial, sendo discutida nos Comitês Técnicos Assessores de Imunização e Arboviroses.

O processo de incorporação foi agilizado com uma consulta pública de 10 dias, resultando em mais de 2 mil contribuições. Durante as negociações, houve uma redução de 44% no custo por dose. A Conitec também recomendou que futuros estudos da Takeda considerem as necessidades do PNI.

A vacina Qdenga está registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é indicada para a prevenção da dengue, causada por qualquer sorotipo do vírus, em indivíduos com idades entre 4 e 60 anos, independente de exposição prévia à doença.

Entenda como funciona o percurso de um medicamento ou tecnologia aprovado no Brasil até chegar aos hospitais através do SUS.

Cenário epidemiológico

A infecção pelo vírus da dengue pode resultar em uma doença que varia de assintomática a formas mais graves, podendo, em casos ocasionais, levar à morte. A manifestação clássica da forma viral inclui sintomas como fraqueza muscular, sonolência, recusa de alimentos e líquidos, vômitos, diarreia e fezes amolecidas.

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) até junho de 2023, foram registrados globalmente 2.162.214 casos e 974 mortes por dengue. No ano de 2022, a Região das Américas notificou 2.803.096 casos da doença, sendo a maioria deles no Brasil (2.383.001), que também liderou em ocorrências de formas graves, em conjunto com a Colômbia.

O cenário epidemiológico, marcado por um aumento significativo de casos de dengue, motivou o investimento de R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses. A inauguração da Sala Nacional de Arboviroses proporcionará o monitoramento em tempo real das regiões com maior incidência das doenças, preparando o país para um possível aumento nos casos nos próximos meses.

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