E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é o sistema linfático, uma rede fundamental para o equilíbrio dos fluidos corporais e a defesa imunológica.
O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprimorar seus conhecimentos, garantindo uma prática clínica cada vez mais eficaz.
Vamos nessa!
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Definição de Sistema Linfático
O sistema linfático é uma rede complexa de vasos e canais que auxilia na manutenção do equilíbrio dos fluidos no corpo, drenando o excesso de líquido dos espaços intersticiais e devolvendo-o à corrente sanguínea.
Ele desempenha um papel fundamental na remoção de proteínas e partículas grandes que não conseguem ser absorvidas diretamente pelos capilares sanguíneos, evitando o acúmulo de substâncias nos tecidos e contribuindo para o bom funcionamento circulatório.
Além de regular o volume de fluidos, o sistema linfático é essencial para a resposta imune, permitindo que células de defesa circulem pela linfa, sangue e tecidos conjuntivos. Essa circulação eficiente garante que o organismo consiga detectar e combater rapidamente ameaças, como infecções e agentes patogênicos, reforçando a proteção e a homeostase do corpo.
Formação da Linfa
A linfa é formada a partir do líquido intersticial que adentra os capilares linfáticos. Sua composição inicial é praticamente idêntica à do líquido presente nos espaços entre as células.
A concentração de proteínas na linfa reflete a dos tecidos de onde se origina. Nos tecidos em geral, a concentração proteica é em torno de 2 g/dL, mas pode variar em órgãos específicos.
No fígado, a linfa apresenta uma concentração de 6 g/dL, enquanto nos intestinos essa concentração varia entre 3 e 4 g/dL. Como a maior parte da linfa é derivada do fígado e dos intestinos, a linfa do ducto torácico, que mistura a linfa de todo o corpo, normalmente apresenta uma concentração de proteínas entre 3 e 5 g/dL.
O sistema linfático também desempenha um papel essencial na absorção de nutrientes, especialmente de lipídios provenientes da digestão. Praticamente toda a gordura consumida é absorvida por meio dos vasos linfáticos.
Após uma refeição rica em gorduras, a concentração de lipídios na linfa que passa pelo ducto torácico pode chegar a 1% ou 2%. Esse processo é fundamental para o transporte eficiente dos nutrientes para o organismo.
Além de proteínas e lipídios, o sistema linfático permite a entrada de partículas maiores, como bactérias, através das células endoteliais dos capilares linfáticos. No entanto, essas partículas não permanecem ativas na circulação.
À medida que a linfa flui pelos linfonodos, essas substâncias são filtradas e destruídas, desempenhando um papel essencial na proteção contra infecções e na manutenção da imunidade.
Órgãos do Sistema Linfático
O sistema linfático é composto por órgãos e estruturas especializadas, cuja função é garantir a defesa do organismo e contribuir para a regulação dos fluidos corporais. Esses órgãos estão envolvidos na produção, maturação e ativação de células de defesa e na filtragem de substâncias nocivas. A seguir, são descritos os principais órgãos linfáticos e suas funções.
Timo
O timo é o local onde ocorre a maturação dos linfócitos T, células fundamentais para a resposta imunológica mediada por células. Durante a infância e adolescência, o timo tem grande atividade, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da imunidade. Com o passar dos anos, sua atividade diminui, sendo substituído por tecido adiposo em parte da estrutura.
A maturação no timo permite que os linfócitos T adquiram a capacidade de distinguir entre os componentes do corpo e agentes externos. Esse processo evita que o sistema imunológico ataque tecidos saudáveis, garantindo que apenas invasores sejam combatidos. Assim, o timo desempenha um papel crucial na regulação da imunidade e na prevenção de doenças autoimunes.
Baço
O baço é o maior órgão linfático e tem como função principal a filtração do sangue. Ele elimina células sanguíneas envelhecidas, microrganismos e partículas estranhas presentes na corrente sanguínea. Além disso, funciona como um reservatório de sangue, podendo liberar células sanguíneas em situações de necessidade, como em hemorragias.
O baço também participa da resposta imune ao identificar antígenos presentes no sangue e ativar linfócitos. Com essa ativação, há a produção de anticorpos e a destruição de patógenos. Assim, o baço é essencial tanto na imunidade quanto na manutenção da saúde das células sanguíneas.
Tonsilas
As tonsilas são aglomerados de tecido linfático localizados na entrada da faringe, posicionando-se como uma barreira inicial contra patógenos que entram pelas vias respiratórias ou digestivas. Elas detectam e respondem rapidamente a microrganismos, estimulando a produção de linfócitos.
Ao interceptar substâncias estranhas no ponto de entrada do corpo, as tonsilas desempenham um papel essencial na prevenção de infecções respiratórias e orais. Por isso, são fundamentais para a proteção das vias aéreas superiores, especialmente durante a infância.
Placas de peyer
As placas de Peyer são estruturas de tecido linfático localizadas na parede do intestino delgado, especialmente na região do íleo. Elas monitoram a presença de microrganismos e substâncias no trato intestinal, garantindo uma resposta imune rápida e localizada em casos de ameaça.
Essas estruturas desempenham um papel importante na manutenção da homeostase intestinal, ajudando a proteger o organismo contra infecções gastrointestinais. Além disso, as placas de Peyer contribuem para o equilíbrio entre a imunidade e a tolerância a componentes inofensivos, como a microbiota intestinal.
Apêndice
O apêndice, embora pequeno, contém tecido linfático e desempenha um papel no sistema imunológico, especialmente no contexto da imunidade intestinal. Sua função exata ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que ele atue na proteção do trato digestivo e na manutenção da microbiota intestinal saudável.
Além de participar da imunidade, o apêndice pode funcionar como um reservatório de bactérias benéficas, ajudando a restaurar o equilíbrio da microbiota em casos de infecções. Dessa forma, ele contribui para a integridade e o bom funcionamento do sistema digestivo.
Linfonodos
Os linfonodos, ou gânglios linfáticos, são órgãos encapsulados formados por tecido linfoide e estão distribuídos ao longo dos vasos linfáticos em regiões como axilas, virilhas, pescoço, tórax e abdômen. Eles possuem formato semelhante ao de um rim, com uma cápsula de tecido conjuntivo que envia trabéculas para o interior, dividindo seu parênquima em compartimentos.
A circulação da linfa nos linfonodos é unidirecional. A linfa entra pelos vasos aferentes na borda convexa e sai pelos vasos eferentes no hilo. O parênquima do linfonodo é dividido em córtex e medula, com uma região intermediária chamada paracórtex.
- Córtex: contém nódulos linfáticos e centros germinativos, onde predominam linfócitos B, além de macrófagos e células reticulares. A linfa passa por seios subcapsulares e peritrabeculares.
- Paracórtex: área rica em linfócitos T, sem nódulos linfáticos, e com presença de plasmócitos e macrófagos.
- Medula: constituída por cordões medulares com linfócitos B, plasmócitos e macrófagos, separados por seios medulares que conduzem a linfa para os vasos eferentes.
Esses órgãos desempenham papel essencial na filtragem da linfa e na resposta imune, ao permitir a interação de antígenos com linfócitos e outras células imunológicas.
Canais linfáticos
A maioria dos tecidos do corpo possui canais linfáticos que drenam o excesso de líquido dos espaços intersticiais. No entanto, algumas áreas, como as camadas superficiais da pele, o sistema nervoso central, o endomísio dos músculos e os ossos, não possuem esses canais. Nesses casos, o líquido é direcionado por canais menores, chamados pré-linfáticos, que o encaminham para os vasos linfáticos ou, no cérebro, para o líquido cerebrospinal, que retorna ao sangue.
Os vasos linfáticos da parte inferior do corpo drenam para o ducto torácico, que se conecta ao sistema venoso na junção da veia jugular interna esquerda com a veia subclávia esquerda. Esse ducto também recebe a linfa do lado esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de parte do tórax.
Já a linfa do lado direito da cabeça e pescoço, do braço direito e de parte do hemitórax direito é direcionada para o ducto linfático direito, que é menor que o ducto torácico. Esse ducto se escoa para o sistema venoso na junção da veia subclávia com a veia jugular interna direita.
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Referências
JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchôa; CARNEIRO, José. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier.13ª ed., 2017. -MENAKER, L