Como é a residência de Clínica Médica na Santa Casa de Belo Horizonte
Créditos: Estratégia MED

Como é a residência de Clínica Médica na Santa Casa de Belo Horizonte

Para entender melhor como funciona a especialidade, o Estratégia MED conversou com Vitor César, formado no programa de residência da instituição

A residência médica em Clínica Médica na Santa Casa de Belo Horizonte (SCMBH) apresenta uma série de experiências e desafios que ajudam o médico a moldar sua formação na especialidade. Para conhecer melhor a residência, a rotina dos residentes de Clínica Médica através dos anos, a estrutura do programa, bem como a distribuição dos plantões e rodízios, o Estratégia MED conversou com Vitor César, formado no programa de residência na instituição. Continue no texto para saber mais!

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A residência em Clínica Médica na Santa Casa de Belo Horizonte

A SCMBH é o maior hospital público de Minas Gerais, operando exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com mais de mil leitos, a SCMBH é totalmente dedicada ao atendimento SUS, o que confere ao hospital uma autonomia significativa na gestão dos recursos. A administração filantrópica, mas com organização semelhante à privada, garante um gerenciamento eficiente e otimizado dos recursos disponíveis, proporcionando um ambiente de aprendizado com um volume significativo de pacientes.

Além disso, apenas na área de Clínica Médica, são seis enfermarias, cada uma com cerca de 40 a 50 leitos. Há enfermarias especializadas em Endocrinologia, Dermatologia, Reumatologia, Nefrologia e Pneumologia, além de um andar inteiro de enfermaria dedicado à Cardiologia, com aproximadamente 80 leitos.

O hospital também é referência em transplantes, com unidades específicas para transplante renal, cardíaco e de medula óssea. A estrutura cirúrgica é robusta, abrigando quase todas as subespecialidades cirúrgicas, incluindo Cirurgia Plástica. O bloco cirúrgico da SCMBH é extenso e bem equipado.

Rotina através dos anos

No primeiro ano de residência, os médicos passam metade do tempo em enfermarias de Clínica Médica, totalizando cerca de oito meses. Esse período inclui rodízios por várias especialidades, como Pneumologia e Hematologia, além de um mês na Unidade de Estabilização Clínica (semi-intensiva) e um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O restante do tempo é dividido entre férias e outras especialidades.

No segundo ano, os residentes continuam a rotação em especialidades como Hematologia, Nefrologia, Cardiologia e transplante cardíaco, além de um rodízio optativo. Durante esses rodízios, os residentes trabalham tanto em ambulatórios quanto em enfermarias, com a rotina variando conforme a especialidade. Há também um mês dedicado exclusivamente aos ambulatórios, incluindo Endocrinologia, Reumatologia, Clínica Médica e Nefrologia.

Um ponto negativo da SCMBH é que a instituição não possui pronto-socorro com porta aberta, exceto para os pacientes de Oncologia e transplantes. Todos os outros atendimentos são referenciados de outros hospitais, UPAs e regiões do interior de Minas Gerais. Essa estrutura garante um fluxo organizado, mas limita o acesso direto dos pacientes ao pronto-socorro.

Como funcionam os plantões

Os plantões são intensos e frequentes, sendo um dos aspectos mais desafiadores da residência. Durante o primeiro ano, os residentes realizam cerca de dois a três plantões por semana, totalizando aproximadamente 80 plantões até a metade do segundo ano.

Inicialmente, cada noite de plantão conta com quatro residentes, enquanto três ficam de dia. Os plantões noturnos são divididos entre um residente e um plantonista dedicados aos casos mais graves, e os demais residentes lidando com admissões e intercorrências menos complexas. Durante o dia, as responsabilidades são compartilhadas com plantonistas contratados, garantindo que o plantão nunca fique desfalcado.

A carga horária mensal dos residentes frequentemente ultrapassa 60 horas, podendo chegar a 70 horas em meses mais intensos. Contudo, há meses mais leves, como os dedicados a ambulatórios e algumas subespecialidades. Nos finais de semana, os residentes geralmente trabalham, em média, duas vezes por mês, mas isso pode variar conforme o mês e a rotação.

Organização e suporte

Cada enfermaria conta com secretárias que cuidam da parte burocrática, como o agendamento de exames, o que otimiza o tempo dos residentes. Isso permite que, em alguns dias, eles possam sair mais cedo para descansar ou estudar. A divisão do trabalho e a presença de plantonistas garantem que, mesmo em horários de maior demanda, o plantão seja gerido de maneira eficiente.

Cada residente é responsável por cerca de sete pacientes, permitindo um equilíbrio entre a prática clínica e a discussão acadêmica. Algumas enfermarias possuem chefes altamente engajados e atualizados, proporcionando discussões produtivas e um ambiente de aprendizado focado.

Pontos positivos e negativos

A residência inclui uma carga teórica substancial, com aulas regulares, reuniões e apresentações de casos clínicos e artigos. Durante a pandemia de COVID-19, muitas dessas atividades ocorreram online. As aulas são organizadas por ex-residentes que atuam como preceptores, garantindo uma abordagem atualizada e relevante. Esse formato promove uma troca enriquecedora de conhecimentos, focando na medicina baseada em evidências.

A residência médica na SCMBH apresenta diversas características que a tornam uma experiência formativa, mas também há áreas que podem ser aprimoradas. Entre os pontos fortes, destaca-se a abordagem direta e prática da medicina, que ajuda a focar em diagnósticos e tratamentos mais prováveis e eficientes, especialmente útil em um ambiente clínico de alta demanda.

A residência oferece uma excelente oportunidade para ganhar habilidade em procedimentos médicos, especialmente em UTIs, em que os residentes realizam frequentemente intubações, acessos venosos e colocação de cateteres de diálise, além de lidar com uma ampla gama de casos graves devido à referência do hospital em transplantes e oncologia. Outro aspecto positivo é a menor burocracia na obtenção de recursos e na realização de procedimentos, facilitando o trabalho dos residentes e melhorando a eficiência do atendimento.

No entanto, há áreas que podem ser melhoradas. Apesar da objetividade ser um ponto positivo, a falta de discussões acadêmicas mais aprofundadas pode ser uma limitação. Em contextos acadêmicos, um raciocínio mais abrangente e debates detalhados são importantes para a formação completa dos médicos. A ausência de um pronto-socorro de porta aberta é vista como uma desvantagem, mas esse ponto é parcialmente mitigado pelos estágios externos e pela ampla exposição a pacientes graves e diversos procedimentos durante os plantões e nas UTIs.

Diferencial da SCMBH

Os residentes saem da SCMBH bem preparados para lidar com pacientes graves e realizar procedimentos em UTIs. A intensa carga de trabalho e o volume de casos complexos fornecem uma experiência prática valiosa. Apesar da residência ser pesada e desafiadora, especialmente nos primeiros meses, o treinamento rigoroso prepara os médicos para enfrentar situações críticas com competência. A combinação de objetividade clínica, experiência prática e baixa burocracia compensa as áreas em que há espaço para melhorias.

Descubra mais sobre o programa de residência médica em Clínica Médica na SCMBH com o bate-papo “Vida de Residente” entre a professora Ana Luiza Viana e Vitor César, ex-residente dessa especialidade na instituição, no vídeo abaixo:

Por fim, se você quer ficar por dentro de mais conteúdos relevantes sobre a área médica, continue acompanhando o material preparado pelo Portal de Notícias do Estratégia MED. Aqui, você encontrará informações atualizadas sobre residências, carreira médica e muito mais.

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