Que a especialidade de Psiquiatria está em alta, com uma das concorrência mais intimidadoras dos processos seletivos de residência médica, você já sabe. Mas, qual seria a instituição perfeita para realizar a especialização e se destacar no mercado?
Frequentemente, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo aparece entre as hipóteses por ser um dos centros mais renomados do Brasil na área da saúde, ensino médico e produção científica da área. Entretanto, seu programa de residência em Psiquiatria é o certo para você? Venha descobrir!
A especialidade de Psiquiatria na USP-SP foi o quinto programa mais concorrido no último processo seletivo e o terceiro a receber mais candidatos inscritos. Com 18 vagas livres ofertadas para o ano de 2023, a especialidade contou com 604 candidatos interessados no programa, resultando em uma relação de 33,56 candidatos por vaga.
Para tirar dúvidas acerca da USP-SP e do seu programa de Psiquiatria, o Estratégia MED convidou o Dr. José Matheus, ex-residente de Psiquiatria da USP-SP, para um bate-papo sobre “Como é o programa de Residência Médica de Psiquiatria na USP-SP”. Venha conhecer um pouco mais sobre a instituição e o programa, sua rotina, oportunidades, estrutura do hospital e atuação da área para, assim, focar de vez nos estudos.
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Conheça a USP-SP
A Universidade de São Paulo (USP) é uma das maiores e mais prestigiadas instituições de ensino superior do Brasil e do mundo. Fundada em 1934 como universidade pública, a USP conta atualmente com mais de 80 mil alunos, distribuídos entre cursos de graduação e pós-graduação, e é mantida pelo Governo do Estado de São Paulo e ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Além de seus campi dispostos em diversas cidades do estado, museus e centros de pesquisa para desenvolver suas atividades, a USP também é responsável por manter serviços na área da saúde, tanto para a comunidade da instituição quanto para o público externo. Dois exemplos são o Hospital Universitário, com função assistencial e educacional para as áreas da saúde ofertadas, e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, referência na América Latina no tratamento de doenças de alta complexidade. Fazem parte do Hospital das Clínicas os seguintes institutos:
- Instituto Central;
- Instituto de Psiquiatria;
- Instituto do Coração;
- Instituto de Radiologia;
- Instituto do Câncer;
- Instituto da Criança e do Adolescente;
- Instituto de Ortopedia e Traumatologia;
- Instituto de Medicina Física e Reabilitação;
- Hospital Auxiliar de Suzano; e
- Hospital de Perdizes, que inclui o futuro Instituto de Álcool e Drogas.
Além disso, a FMUSP é um dos maiores centros de pesquisas médico-científicas do país, englobando 66 laboratórios de investigação médica, onde acontece expressiva produção intelectual, um dos focos da instituição.
Como é a Residência Médica em Psiquiatria na USP-SP
O programa de Residência Médica em Psiquiatria da USP-SP conta com 20 residentes por ano, ou seja, 60 residentes trabalhando juntos no total. Ao todo, são 3 anos de residência e a gama de serviços é muito grande. Segundo José Matheus, cada um dos 60 residentes da especialidade são muito necessários, já que precisam cobrir o IPQ – Instituto de Psiquiatria todo.
Saiba mais: Residência Médica em Psiquiatria: rotina, remuneração, estudos e mais!
R1: o primeiro ano da residência
Os rodízios na residência de Psiquiatria da USP-SP são divididos em três anos. No R1, há um contato muito grande com enfermarias, sendo que a cada três meses, o residente roda em uma delas pela manhã. Entre as enfermarias do IPQ, estão:
- Enfermaria de Psicóticos (agudos, em primeiras manifestações ou já evoluídos);
- Enfermaria de Comportamentos Impulsivos (álcool e drogas);
- Enfermaria de Ansiedade e Depressão; e
- Hospital Dia (pacientes que ficam em regime de semi-internação).
Nas tardes do R1, o residente roda em Urgência, com atuação no Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em alguns dias da semana, bem como atua nos ambulatórios do IPQ nos demais dias. Entre eles estão:
- Ambulatório de Transtorno Somatoforme;
- Hospital Universitário (HU), com foco em Saúde Secundária e que tem duração de 6 meses; e
- Atividades de Saúde Primária/Secundária, que abrange o atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) – fora das dependências da USP-SP, sendo o CAPS Butantã um dos principais locais para atuação dos residentes.
Nas terças e quintas durante as tardes, o residente se ocupa com atividades em psicoterapia, seja atendendo ou supervisionando. As atividades em psicoterapia seguem durante os três anos de residência.
Para fechar os estágios, segunda ou sexta de manhã, durante o R1 e o R2, o residente em Psiquiatria acaba frequentando o Ambulatório Geral Didático, em que cada residente possui uma agenda com seus pacientes para um acompanhamento longitudinal. Os casos vistos podem ser levados para discussão com seus chefes.
Na parte teórica, além das discussões de caso, os residentes se encontram uma vez por semana para assistir entrevistas de seus chefes, o que é uma boa oportunidade para captar técnicas de entrevista e aprender psicopatologia.
R2: o segundo ano da residência
O segundo ano da residência em Psiquiatria é basicamente ambulatorial. Dentre os ambulatórios para realização dos estágios, alguns são obrigatórios e outros são livres, podendo o residente escolher em qual deles irá trabalhar.
Por exemplo, dentre os ambulatórios obrigatórios, há o Ambulatório de Pessoas com Transtorno de Personalidade, o Ambulatório de Álcool e Drogas e o Ambulatório de Geriatria/Psicogeriatria.
Entre os estágios não obrigatórios, estão o Ambulatório de Mulheres em Álcool e Drogas, Ambulatório de Transtorno Mental Orgânico e Epilepsia com Transtorno Psiquiátrico, Ambulatório de Transtornos de Impulso, entre outros.
R3: o terceiro e último ano da residência
Dentre os estágios que constituem obrigatoriamente o terceiro ano da residência, está o estágio em Infância e Adolescência, no Núcleo Forense e as enfermarias em Transtornos Alimentares e em Psicogeriatria.
Além disso, existem os estágios não obrigatórios, em que o residente pode manipular a sua grade. Assim, o R3 pode assumir, por exemplo, atividades de supervisão (didática e supervisão dos R1), atividades científicas (para pesquisas e produções) e ambulatórios mais específicos, como o de Transtorno de Personalidade na Infância
Na parte didática, o R3 participa de um curso de Psicopatologia às sextas-feiras à tarde. Trata-se de uma aula teórica, seguida de uma entrevista com um paciente real. Professores que são referência em determinada área podem ser chamados para participar e ajudar nos casos.
Hierarquia
Na USP-SP, a relação entre R1, R2 e R3 é horizontal, sem que nenhuma atividade pertencente a um seja desempenhada por outro. Para José Matheus, a hierarquia do programa é praticamente nula, sendo que só existe, com pequena expressividade, entre residente e assistente. Porém, sempre há um clima bem respeitoso entre todos os colegas.
“Seu trabalho é basicamente o SEU trabalho, você não vai depender de muita gente. Então, acho que isso também quebra um pouco a hierarquia. Você não fica, por exemplo, mandando ninguém fazer um trabalho e ninguém manda você fazer um trabalho que é de outro. Então, é muito você e você mesmo.”
Dr. José Matheus, ex-residente de Psiquiatria da USP-SP
Estrutura da USP-SP
Segundo José Matheus, a estrutura da USP-SP durante a residência abre portas no seu aprendizado e até te deixa mal acostumado. Além dos recursos físicos e da gama de tecnologias que estão sempre disponíveis, mesmo o hospital sendo conveniado ao SUS, o ex-residente destacaria os recursos humanos.
O IPQ recebe muitos voluntários e os pacientes têm a oportunidade de receber também um acompanhamento psicológico, terapia ocupacional e em grupo. Ou seja, esses recursos humanos fazem muita diferença no aprendizado, bem como facilitam o trabalho do residente.
Plantões
Na residência da USP-SP, o R1 em Psiquiatria dá um plantão de 24h no IPQ a cada três semanas, trabalhando tanto como plantonista psiquiátrico quanto como clínico. Porém, José Matheus afirma que são plantões tranquilos, sendo as responsabilidades apenas cuidar das intercorrências da enfermaria ou ajudar os plantonistas da Neurologia no Hospital Central da USP-SP.
No R2, os residentes ainda precisam dar plantões, que por sua vez são mais focados em emergência. A maioria dos plantões acontecem no Pronto Socorro da Lapa. Já no R3, o residente não precisa mais assumir plantões.
Segundo José Matheus, nenhum dos estágios de Psiquiatria extrapolam as 60h semanais do programa, sendo que a média, para ele, acaba ficando entre 40h a 50h semanais. A equipe respeita a carga horária e se mostra flexível com os horários dos residentes, sobretudo no pós-plantão. Além disso, os finais de semana são livres para o residente em Psiquiatria, contanto que nenhum plantão seja destinado a ele.
Assim, José Matheus afirma que há perfeitamente a possibilidade de trabalhar por fora da residência, dar plantões e se manter bem na cidade de São Paulo. “Quase todos os residentes trabalham por fora e dá para manter a residência dando 2 ou 3 plantões”, explica ele.
O processo seletivo de Residência Médica da USP-SP
O seletivo é composto de duas fases para os programas de Acesso Direto. A 1ª fase é constituída pela Prova Objetiva e a 2ª fase composta pela Análise e Arguição Curricular.
A primeira fase da USP-SP possui caráter classificatório e eliminatório. No dia de aplicação, os candidatos são avaliados através de duas provas: prova objetiva de múltipla escolha e prova objetiva de múltipla escolha de casos clínicos.
A primeira delas é composta de 100 questões de múltipla escolha, cada questão tem 4 alternativas no modelo ABCD, com apenas uma correta. Já a segunda prova, com casos clínicos, também é no modelo ABCD e contém 10 casos clínicos que baseiam as questões objetivas.
Para a segunda fase, que possui peso total 1, é aplicada a Avaliação e Arguição Curricular de maneira presencial ou online, dependendo do edital. O Curriculum Vitae do participante deve ser obrigatoriamente enviado com a antecedência definida no cronograma.
Os critérios considerados na análise e arguição curricular variam de acordo com os programas oferecidos. Porém, os três grandes tópicos que abrangem todos os programas são:
- Critérios relacionados à instituição de ensino de origem do candidato;
- Critérios relacionados ao próprio currículo (atividades extracurriculares, publicações, línguas estrangeiras etc) e;
- Avaliação da arguição, se o candidato está sendo coerente com o que fala e o que está no Curriculum Vitae, a clareza com que fala e sua objetividade, entre outros.
Estudando para a Residência Médica com o Estratégia MED
Os processos seletivos para a Residência Médica tendem a ser muito concorridos, principalmente em grandes instituições como USP-SP e seleções unificadas como o ENARE. Por isso, para garantir a sua vaga, é essencial estudar por um conteúdo otimizado e focado no que as bancas cobram.
A partir da Engenharia Reversa, método usado pelo time de professores especialistas do Estratégia MED, nosso conteúdo é pensado e elaborado exclusivamente com base na análise de provas anteriores, estilos de banca, prevalência de temas cobrados, atualizações na área médica e muitos mais. Vem ser coruja!
Texto em colaboração de Ana Carolina Damasceno