Um dos mais renomados do Brasil na área da saúde, ensino médico e produção científica da área, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo é o sonho de muitos médicos que querem se destacar no mercado de trabalho ao ter o nome da instituição no currículo.
Dentre os programas de Residência Médica de Acesso Direto ofertados pela instituição, alguns chamam mais atenção. Almejada pelos candidatos, a especialidade de Neurologia na USP-SP foi o oitavo programa mais concorrido no último processo seletivo. Com 12 vagas ofertadas para o ano de 2023, a especialidade contou com 263 candidatos interessados no programa, resultando em uma relação de 21,92 candidatos por vaga.
Se você ainda tem dúvidas se a USP-SP ou a Neurologia é ideal para você, venha conhecer um pouco mais sobre a instituição e o programa, sua rotina, oportunidades, estrutura do hospital e atuação da área para, assim, focar de vez nos estudos. Por isso, o Estratégia MED convidou o Dr. Lucas D’Andrea, residente de Neurologia da USP-SP, para um bate-papo sobre “Como é o programa de Residência Médica de Neurologia na USP-SP”. Confira!
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Conheça a USP-SP
A Universidade de São Paulo (USP) é uma das maiores e mais prestigiadas instituições de ensino superior do Brasil e do mundo. Fundada em 1934 como universidade pública, a USP conta atualmente com mais de 80 mil alunos, distribuídos entre cursos de graduação e pós-graduação, e é mantida pelo Governo do Estado de São Paulo e ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Além de seus campi dispostos em diversas cidades do estado, museus e centros de pesquisa para desenvolver suas atividades, a USP também é responsável por manter serviços na área da saúde, tanto para a comunidade da instituição quanto para o público externo. Dois exemplos são o Hospital Universitário, com função assistencial e educacional para as áreas da saúde ofertadas, e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, referência na América Latina no tratamento de doenças de alta complexidade. Fazem parte do Hospital das Clínicas os seguintes institutos:
- Instituto Central;
- Instituto de Psiquiatria;
- Instituto do Coração;
- Instituto de Radiologia;
- Instituto do Câncer;
- Instituto da Criança e do Adolescente;
- Instituto de Ortopedia e Traumatologia;
- Instituto de Medicina Física e Reabilitação;
- Hospital Auxiliar de Suzano; e
- Hospital de Perdizes, que inclui o futuro Instituto de Álcool e Drogas.
Além disso, a FMUSP é um dos maiores centros de pesquisas médico-científicas do país, englobando 66 laboratórios de investigação médica, onde acontece expressiva produção intelectual, um dos focos da instituição.
Como é a Residência Médica em Neurologia na USP-SP
O programa de Residência Médica em Neurologia da USP-SP tem a carga horária de 60h semanais prevista em lei e conta com 12 residentes por ano, ou seja, 36 residentes trabalhando juntos no total.
O programa de Neurologia, no HC, possui 4 anos de duração e contempla um primeiro ano de Clínica Médica e, depois, três anos focados em Neurologia, com amplos grupos de estudo em Dor, Neurologia Cognitiva e do Comportamento, Neurogenética e Doenças Cerebrovasculares, entre outras áreas de formação.
Saiba mais: Residência Médica em Neurologia: rotina, remuneração, estudos e mais!
Dia a dia na USP-SP
No primeiro ano, os residentes de Neurologia são considerados praticamente residentes de Clínica Médica, vivenciando situações pertencentes a esse segundo programa. Assim, no primeiro ano, os estágios são em Enfermaria, Ambulatório, UTI e Pronto Socorro em Clínica Médica, este o mais demorado, com duração de 3 meses.
Os estágios são sempre feitos em um grupo fixo de 6 pessoas – 5 clínicos e 1 neurologista – que segue junto durante todo o ano. Além disso, no primeiro ano, o residente de Neurologia possui um estágio optativo, em que pode escolher entre Psiquiatria ou Cuidados Paliativos.
O R2, segundo o Dr. Lucas D’Andrea, é extremamente focado no ensino do residente, com muitas aulas teóricas. O ensino é dividido em dois grandes cursos: Neuroanatomia e Semiologia. Ao final dos cursos, aplica-se uma prova aos residentes.
Os estágios no segundo ano fazem uma mistura com todas as alas do hospital e se resumem a:
- 3 meses de enfermaria geral da neurologia, em que se vê todo tipo de doença neurológica – com exceção às neurovasculares;
- 2 mês de unidade AVC;
- 2 meses de pronto socorro diurno;
- 1 mês de pronto socorro noturno;
- Ambulatório geral fixo às segundas-feiras, quando os residentes estiverem na enfermaria geral;
- 1 mês de exames complementares da neurologia, como em vídeo eletroencefalograma, em patologia e em radiologia; e
- 15 dias de UTI.
O centro do R3 é o ambulatório e o aprendizado de doenças neurológicas, com foco no residente como gestor, promovendo discussões de casos semanalmente e atualizações da área. Os estágios se resumem em:
- 2 meses na enfermaria geral como chefe;
- 1 mês na unidade AVC como chefe;
- 3 estágios de interconsultas;
- 1 mês de pronto socorro noturno; e
- 2 meses de ambulatório.
No R4, o foco continua sendo ambulatório, mas com participação da Medicina Física e Reabilitação. Então, entre os estágios, há a possibilidade de “girar” junto com a Fisiatria, de acordo com o Dr. Lucas. Além disso, os estágios abordam a neuropsiquiatria, bem como há a oportunidade de realizar 2 meses de estágio optativo.
A hierarquia do programa nem sempre existe entre R+ e R-, porém todos respondem ao chefe, que por sua vez acaba sempre cobrando mais do R3, aquele que tem mais funções.
Carga horária
A carga horária na residência de Neurologia melhora conforme os anos de programa avançam. Segundo Lucas, No R1, parte clínica, aproximadamente 5 meses são mais tranquilos e 5 meses mais puxados, porém, no total, o limite de 60 horas semanais é perfeitamente respeitado.
Já no R2, a carga horária é mais intensificada, com muitos plantões diurnos e noturnos. No R3, os plantões são poucos e, no R4, a ideia é que não tenha plantão. Porém, em finais de semana, quando necessário, os estágios são exclusivos do R3 e R4.
Mercado de trabalho
Embora o programa de residência médica de Neurologia da USP-SP prepare bem o profissional para o mercado de trabalho, o Dr. Lucas D’Andrea explica que a área, sobretudo em São Paulo, é bastante concorrida, pois conta com uma neurologia muito especializada. Por esse motivo, muitos dos residentes, ao se formarem, já ingressam em um fellowship.
“Dificilmente você vai trabalhar como neuro geral. Você pode trabalhar em um hospital, com uma equipe, mas você vai ter um público específico de paciente que vão te encaminhar.”
Dentre as áreas mais procuradas para realização de fellowship em Neurologia na USP-SP hoje, D’Andrea elenca distúrbio do movimento, distúrbio cognitivo e neuroimunologia.
Vida acadêmica e científica
Realizar mestrado ou doutorado durante a residência de Neurologia não é muito comum, principalmente por conta da carga horária da residência ser muito extensa. “É difícil você alinhar um projeto grande de pesquisa, alinhar um doutorado durante a residência porque é muito puxado”, relata Lucas.
Porém, segundo ele, os residentes são muito incentivados a publicarem seus casos em revistas.
Vida financeira
Para os residentes que querem também trabalhar por fora enquanto realizam a residência médica de Neurologia da USP-SP, saibam que vai ser complicado. O Dr. Lucas explica que, a muito custo, consegue dar 4 plantões por fora no mês, mas existem residentes que não dão nenhum.
“Se você tiver condições financeiras de não dar plantão na residência, isso é o ideal, em qualquer residência”
No R1, facilmente os residentes conseguem dar plantão por fora. No R2, alguns dias são cansativos, pois além dos estágios de enfermaria comprometerem bastante tempo, o residente ainda precisa estudar muito ao chegar em casa.
O conselho do Dr. Lucas D’Andrea é tentar ao máximo deixar uma certa quantia guardada para ajudar no período de residência médica, mas, garante que, se necessário, é possível realizar pelo menos dois plantões por mês sem prejudicar a residência.
Pontos altos
Ao comentar os pontos altos do programa, o Dr. Lucas D’Andrea logo lembra da convivência muito agradável e frutífera. Basicamente, a cultura do programa é pautada na parceria e no aprendizado por convivência.
O R1, como passa boa parte do ano convivendo com os residentes de clínica médica, acaba não participando muito da cultura da residência que, dentre os R2, R3 e R4 de neurologia, é muito marcante.
Entre os pontos altos, também estão:
- Casos dos pacientes, que na maioria das vezes são muito específicos;
- Recursos do HC, o que entra, por exemplo, tecnologia para os exames complementares;
- Chefia, pois conta com professores muito atualizados; e
- Residentes, todos muito bons e que gostam de ensinar.
Segundo Lucas, no programa, há um consenso acerca da dificuldade da Neurologia, o que faz com que os residentes fechem uma parceria para se ajudarem e ensinarem entre si.
O processo seletivo de Residência Médica da USP-SP
O seletivo é composto de duas fases para os programas de Acesso Direto. A 1ª fase é constituída pela Prova Objetiva e a 2ª fase composta pela Análise e Arguição Curricular.
A primeira fase da USP-SP possui caráter classificatório e eliminatório. No dia de aplicação, os candidatos são avaliados através de duas provas: prova objetiva de múltipla escolha e prova objetiva de múltipla escolha de casos clínicos.
A primeira delas é composta de 100 questões de múltipla escolha, cada questão tem 4 alternativas no modelo ABCD, com apenas uma correta.Já a segunda prova, com casos clínicos, também é no modelo ABCD e contém 10 casos clínicos que baseiam as questões objetivas.
Para a segunda fase, que possui peso total 1, é aplicada a Avaliação e Arguição Curricular de maneira presencial ou online, dependendo do edital. O Curriculum Vitae do participante deve ser obrigatoriamente enviado com a antecedência definida no cronograma.
Os critérios considerados na análise e arguição curricular variam de acordo com os programas oferecidos. Porém, os três grandes tópicos que abrangem todos os programas são:
- Critérios relacionados à instituição de ensino de origem do candidato;
- Critérios relacionados ao próprio currículo (atividades extracurriculares, publicações, línguas estrangeiras etc) e;
- Avaliação da arguição, se o candidato está sendo coerente com o que fala e o que está no Curriculum Vitae, a clareza com que fala e sua objetividade, entre outros.
Dicas do Estratégia MED
Para trazer dicas para essa segunda etapa do processo seletivo, conversamos com o professor de Ginecologia do Estratégia MED, Carlos Eduardo, formado pela Faculdade de Medicina da USP-SP e também ex-preceptor do programa de Ginecologia e Obstetrícia da instituição.
Se você quer saber o que realmente precisa constar no seu currículo, a dica que o professor Carlos nos dá é: preste muita atenção nas particularidades do programa escolhido.
Fora isso, o professor do EMED lista para você alguns tópicos do currículo que, com certeza, serão analisados pela USP SP. Confira:
- Iniciação científica;
- Monitoria;
- Participação em congressos;
- Cursos; e
- Atividades práticas.
Além disso, faça o seu currículo de uma forma que seja de fácil leitura. Os avaliadores verão centenas de arquivos, então distribua as informações de maneira clara e direta, evidenciando os pontos mais importantes, ou seja, destaque os pontos principais em negrito, foque nas palavras-chave e use bullet points para organizar as informações.
Saiba mais: Análise do currículo para residência USP SP: como se preparar?
Estudando para a Residência Médica com o Estratégia MED
Os processos seletivos para a Residência Médica tendem a ser muito concorridos, principalmente em grandes instituições como USP-SP e seleções unificadas como o ENARE. Por isso, para garantir a sua vaga, é essencial estudar por um conteúdo otimizado e focado no que as bancas cobram.
A partir da Engenharia Reversa, método usado pelo time de professores especialistas do Estratégia MED, nosso conteúdo é pensado e elaborado exclusivamente com base na análise de provas anteriores, estilos de banca, prevalência de temas cobrados, atualizações na área médica e muitos mais. Vem ser coruja!
Texto em colaboração de Ana Carolina Damasceno