Caso clínico de Influenza: abordagem, diagnóstico e mais!
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Caso clínico de Influenza: abordagem, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Influenza é uma infecção respiratória viral comum, de início abrupto, que pode variar desde formas leves até quadros graves com risco de complicações, especialmente em pacientes com comorbidades. Sua elevada transmissibilidade e impacto clínico justificam a abordagem cuidadosa, com diagnóstico clínico e início precoce do tratamento nos casos indicados. O caso a seguir ilustra a apresentação típica da doença em uma paciente adulta com fator de risco associado.

Informações do paciente 

Joana Ribeiro, 42 anos, comparece ao pronto-atendimento com queixa de febre alta e dores no corpo há dois dias.

Histórico da moléstia atual  

Paciente relata início súbito de febre alta, calafrios, cefaleia intensa, dores musculares generalizadas, coriza e tosse seca há cerca de dois dias. Refere também prostração importante e dor de garganta, sem presença de vômitos ou diarreia. Informa que o quadro começou após contato próximo com o neto, que apresentou sintomas semelhantes na semana anterior. Nega dispneia, dor torácica ou outros sintomas respiratórios mais graves até o momento.

História patológica pregressa  

A paciente é portadora de hipertensão arterial sistêmica, em uso regular de losartana, com controle adequado. Nega outras doenças crônicas, internações prévias ou cirurgias. Refere não possuir alergias conhecidas a medicamentos ou alimentos e nunca fez uso de imunossupressores.

Histórico familiar  

Relata que a mãe é hipertensa e diabética, ambas condições controladas com medicação. O pai faleceu aos 70 anos devido a um acidente vascular cerebral isquêmico. Nega histórico familiar de doenças genéticas, autoimunes ou respiratórias crônicas. Não há casos conhecidos de neoplasias de aparecimento precoce na família.

Histórico social 

Trabalha como professora da educação infantil em escola pública, tendo contato frequente com crianças. Nega tabagismo e faz uso ocasional de bebidas alcoólicas em eventos sociais. Refere sono regular de aproximadamente sete horas por noite, mas não pratica atividade física com regularidade. Alimenta-se de forma variada, embora reconheça consumo esporádico de alimentos ultraprocessados durante a semana.

Exame físico 

Apresenta-se em bom estado geral, embora com fácies febril e discreta prostração. Está febril (38,7 °C), com frequência cardíaca de 104 bpm, pressão arterial de 130/80 mmHg e saturação periférica de oxigênio de 97% em ar ambiente. Mucosas orais e nasais estão hiperemiadas, com orofaringe levemente avermelhada, sem exsudato. Ausculta pulmonar revela murmúrio vesicular presente e simétrico, sem ruídos adventícios. Abdome flácido, indolor à palpação, sem visceromegalias. Demais sistemas sem alterações significativas.

Exames complementares

  • Hemograma: leucocitose leve com predomínio de neutrófilos
  • PCR: 12 mg/L
  • Teste rápido para Influenza A: positivo
  • Raio-X de tórax: campos pulmonares limpos, sem infiltrado evidente

Hipótese diagnóstica 

Diante do quadro de início súbito com febre alta, cefaleia, mialgia, tosse seca, dor de garganta e prostração, associado ao contato recente com caso semelhante e à positividade para Influenza A no teste rápido, a principal hipótese diagnóstica é infecção viral por Influenza A. O padrão clínico apresentado, somado ao exame físico e aos achados laboratoriais, é compatível com síndrome gripal típica, sem evidências de complicações respiratórias ou infecciosas associadas. A ausência de sinais de gravidade sugere uma forma não complicada da doença.

Condutas

A conduta inclui início precoce de oseltamivir por cinco dias, mesmo com início dos sintomas há até 48 horas, associado a medidas de suporte como repouso, hidratação adequada e uso de antitérmicos se necessário. É fundamental orientar o paciente sobre sinais de alerta que indiquem possível complicação, como piora respiratória, febre persistente ou rebaixamento do nível de consciência. Recomenda-se afastamento das atividades por pelo menos cinco dias e reforço da importância da vacinação anual como forma de prevenção.

Perguntas 

  1.   Como diferenciar gripe de resfriado?

A gripe tem início abrupto, febre alta, sintomas sistêmicos intensos como mialgia e prostração. O resfriado inicia gradualmente e tem sintomas mais leves, como coriza e dor de garganta, sem febre significativa.

  1. Quando está indicado iniciar antiviral para influenza?

Idealmente nas primeiras 48h de sintomas, especialmente em grupos de risco (idosos, gestantes, imunossuprimidos, comorbidades), ou se houver sinais de gravidade.

  1. O teste rápido negativo exclui influenza?

Não. O teste rápido tem sensibilidade limitada. Se a clínica for compatível, o tratamento deve ser iniciado mesmo com teste negativo.

Resumo de Influenza 

Definição

A Influenza é uma infecção respiratória aguda causada por vírus que acometem as vias aéreas superiores e inferiores. Apresenta início súbito e curso autolimitado na maioria dos casos, podendo evoluir para quadros graves, especialmente em grupos vulneráveis. Distingue-se do resfriado comum por seu impacto sistêmico e potencial de complicações.

Agente etiológico e transmissão

O agente etiológico pertence à família Orthomyxoviridae, com três tipos principais: Influenza A (mais agressivo e responsável por pandemias), B (mais estável e restrito a humanos) e C (menos comum). A transmissão ocorre por gotículas respiratórias emitidas por tosse, espirros ou fala, além do contato com superfícies contaminadas e posterior contato com boca, nariz ou olhos. O período de incubação varia de 1 a 4 dias, e o paciente pode transmitir o vírus mesmo antes de apresentar sintomas.

Epidemiologia

Afeta milhões de pessoas anualmente em surtos sazonais, com prevalência maior no outono e inverno. Estima-se que de 5% a 15% da população seja acometida por influenza a cada ano, com 3 a 5 milhões de casos graves e até 500 mil mortes, segundo a OMS. A gravidade do surto depende da cepa viral em circulação e da cobertura vacinal da população.

Sintomas

Os sintomas surgem de forma abrupta e incluem: febre alta (geralmente >38 °C), calafrios, dor muscular generalizada, cefaleia, tosse (seca ou produtiva), dor de garganta, coriza, mal-estar e cansaço intenso. Em crianças, podem ocorrer vômitos e diarreia. Nos casos graves, podem surgir sinais de insuficiência respiratória, hipotensão e rebaixamento do nível de consciência.

Diagnóstico

O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na presença de síndrome gripal (febre, tosse, dor de garganta, cefaleia, mialgia). Exames laboratoriais como teste rápido de antígeno, PCR para detecção viral e cultura são úteis em casos específicos, como pacientes hospitalizados, imunossuprimidos ou com risco de complicações. A imagem de tórax pode ser usada para excluir pneumonia.

Tratamento

O manejo inclui repouso, hidratação e sintomáticos (antitérmicos e analgésicos). O antiviral oseltamivir está indicado preferencialmente nas primeiras 48 horas do início dos sintomas, especialmente em grupos de risco. Casos graves requerem hospitalização e suporte respiratório. A vacinação anual contra Influenza é a principal medida preventiva.

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Referências Bibliográficas 

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de tratamento de Influenza: 2015 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 41 p. : il.
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