Olá, querido doutor e doutora! A osteoporose é uma condição esquelética caracterizada por perda progressiva da densidade mineral óssea e alteração da microarquitetura do tecido ósseo, o que leva ao aumento da fragilidade e risco de fraturas. A seguir, será apresentado um caso clínico representativo dessa condição, ilustrando sua manifestação, diagnóstico e abordagem terapêutica.
Navegue pelo conteúdo
Informações do paciente
- Nome: Maria Aparecida da Silva.
- Idade: 72 anos.
- Motivo de consulta: Queda da própria altura há 2 semanas com dor lombar persistente.
Histórico da moléstia atual
Dor Lombar
- Início: há aproximadamente 14 dias.
- Localização: região lombar.
- Intensidade: moderada.
- Irradiação: não irradia.
- Característica: dor contínua, com piora aos movimentos.
- Frequência: diária.
- Duração: dor contínua desde o trauma.
- Fator desencadeante: queda enquanto caminhava em casa.
- Fator de melhora: repouso.
- Fator de piora: deambulação e flexão do tronco.
- Quadro prévio: episódios prévios de lombalgia leve esporádica.
- Outros sintomas: relata diminuição de estatura ao longo dos últimos anos.
História patológica pregressa
- Doença de base: hipertensão arterial sistêmica controlada.
- Uso de medicamentos continuos: Losartana 50 mg/dia.
- Alergias: nega.
- Cirurgias e hospitalizações prévias: laqueadura tubária aos 38 anos.
- Histórico familiar: mãe com histórico de fratura de quadril aos 80 anos.
Histórico social
- Etilismo: não consome álcool.
- Tabagismo: ex-tabagista, cessou há 15 anos.
- Alimentação: baixa ingestão de laticínios, dieta pobre em cálcio.
- Sono: regular.
- Atividade física: sedentária.
- Trabalho: aposentada, ex-professora.
Exame físico
Geral:
- Peso: 49,5 kg.
- Altura: 1,55 m;.
- IMC: 20,6 kg/m².
Sinais vitais
- PA: 130/80 mmHg.
- FC: 78 bpm.
- FR: 18 irpm.
- Temp: 36,7°C.
- SpO₂: 97% em ar ambiente.
Achados no exame físico
- Cardiovascular: ritmo cardíaco regular em 2 tempos, sem sopros, sem alteração de ictus.
- Respiratório: murmúrio vesicular presente bilateralmente, sem ruídos adventícios.
- Abdome: plano, flácido, indolor à palpação, sem visceromegalias, RHA presentes.
- Osteomuscular: presença de hipercifose torácica, dor à palpação na região lombar média, limitação de movimentos de flexão do tronco, contratura muscular paravertebral em região lombar.
Exames complementares
Exames laboratoriais
- Cálcio total: normal
- Fósforo: normal
- PTH: normal
- Vitamina D: 22 ng/mL (baixa)
- Creatinina: normal
Exames de imagem
- Raio-X de coluna lombar: fratura por compressão em L1.
- Densitometria óssea: T-score fêmur: -2,7 / T-score coluna lombar: -2,9.
Hipótese diagnóstica
Paciente idosa do sexo feminino, com história de fratura por trauma de baixo impacto, achados sugestivos de perda óssea à densitometria e baixos níveis de vitamina D, caracterizando quadro compatível com osteoporose pós-menopausa, complicada por fratura vertebral.
Perguntas
- Quando indicar tratamento farmacológico para osteopenia?
Quando a paciente tiver osteopenia associada a alto risco de fratura pelo FRAX (≥3% para quadril ou ≥20% para fratura maior).
- Qual a conduta inicial além dos medicamentos específicos?
Suplementação de cálcio e vitamina D, prática de exercícios físicos regulares, cessação de tabagismo e medidas para prevenção de quedas.
- Qual a medicação de primeira linha no caso?
Bifosfonatos orais como Alendronato 70 mg semanal, com orientações sobre jejum e posição corporal após ingestão.
Resumo de osteoporose
Definição
A osteoporose é uma condição caracterizada pela redução da densidade mineral óssea e alteração da microarquitetura do tecido ósseo, resultando em ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas, especialmente em coluna vertebral, fêmur proximal e antebraço distal. Essa perda de resistência estrutural decorre do desequilíbrio entre a atividade osteoclástica (reabsorção) e osteoblástica (formação), sendo mais frequente em mulheres após a menopausa e idosos.
Fatores de risco
- Envelhecimento (especialmente acima dos 65 anos);
- Pós-menopausa (queda dos níveis de estrogênio);
- História familiar de fraturas por fragilidade;
- Baixo IMC ou biotipo magro;
- Tabagismo;
- Consumo excessivo de álcool ou cafeína;
- Sedentarismo;
- Baixa ingestão de cálcio e vitamina D;
- Uso prolongado de glicocorticoides;
- Doenças endócrinas (hipertireoidismo, hipogonadismo, hiperparatireoidismo); e
- Doenças crônicas (doença renal, doenças inflamatórias intestinais, neoplasias).
Sintomas
A osteoporose, em grande parte dos casos, evolui de forma silenciosa, sem manifestações clínicas evidentes até que uma fratura aconteça. Essa ausência de sintomas iniciais dificulta o diagnóstico precoce, sendo comum que o primeiro sinal da doença seja uma fratura por fragilidade, ou seja, decorrente de trauma mínimo, como uma queda da própria altura. As fraturas mais comuns ocorrem na coluna vertebral, no quadril (colo do fêmur) e no punho (fratura de Colles). As fraturas vertebrais, por sua vez, podem ser assintomáticas ou causar dor progressiva e persistente, além de contribuir para a perda de estatura ao longo dos anos.
Com o avanço da doença, outros sinais podem surgir, como deformidades posturais — especialmente a hipercifose torácica, popularmente conhecida como “corcunda” — e limitação de movimentos, que afetam a qualidade de vida e a autonomia funcional do paciente. A dor lombar ou dorsal torna-se mais frequente e pode estar relacionada à instabilidade estrutural da coluna. Em casos mais graves, a osteoporose compromete severamente a mobilidade, favorece quedas recorrentes e pode resultar em complicações associadas à imobilização, como trombose, úlceras por pressão e infecções respiratórias.
Diagnóstico
O diagnóstico da osteoporose é feito principalmente por meio da densitometria óssea, um exame que avalia a densidade mineral dos ossos, especialmente nas regiões da coluna lombar, colo do fêmur e rádio distal. O resultado é interpretado com base no T-score, que compara a densidade óssea do paciente com a de adultos jovens saudáveis. Valores de T-score entre -1,0 e -2,4 indicam osteopenia (baixa massa óssea) e valores iguais ou inferiores a -2,5 confirmam o diagnóstico de osteoporose. Em pacientes mais jovens ou na pré-menopausa, utiliza-se o Z-score, comparando com indivíduos da mesma idade e sexo.
Além da densitometria, exames laboratoriais são solicitados para descartar causas secundárias de perda óssea e avaliar o metabolismo ósseo. Entre os principais estão: cálcio, fósforo, creatinina, ureia, vitamina D, PTH, fosfatase alcalina e função hepática. Exames de imagem, como radiografias, são úteis para identificar fraturas vertebrais por compressão que muitas vezes são clinicamente silenciosas. Em casos selecionados, a ferramenta FRAX pode ser utilizada para estimar o risco de fraturas em 10 anos, auxiliando na decisão terapêutica.
Tratamento
O tratamento da osteoporose envolve medidas não medicamentosas e farmacológicas, com o objetivo de reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida. As orientações gerais incluem prática regular de exercícios com impacto (como caminhada ou musculação leve), cessação do tabagismo, moderação no consumo de álcool, correção de deficiência de vitamina D e ingestão adequada de cálcio — seja pela alimentação ou suplementação. Também são recomendadas estratégias para prevenção de quedas, como adaptações no ambiente domiciliar e acompanhamento da acuidade visual.
O tratamento medicamentoso é indicado para pacientes com T-score ≤ -2,5 ou com osteopenia associada a alto risco de fratura (definido pelo escore FRAX). Os fármacos de primeira linha incluem os bifosfonatos orais, como alendronato e risedronato, que inibem a reabsorção óssea. Alternativas em casos de intolerância incluem bifosfonatos endovenosos (ácido zoledrônico), anticorpos monoclonais (denosumabe), análogos da paratireoide (teriparatida) e moduladores seletivos do receptor de estrogênio (raloxifeno). A escolha do medicamento depende do perfil clínico, presença de fraturas, fatores de risco adicionais e tolerância ao tratamento. O acompanhamento periódico com densitometria óssea a cada 1–2 anos permite avaliar a resposta terapêutica e ajustar a conduta conforme necessário.
Venha fazer parte da maior plataforma de Medicina do Brasil! O Estratégia MED possui os materiais mais atualizados e cursos ministrados por especialistas na área. Não perca a oportunidade de elevar seus estudos, inscreva-se agora e comece a construir um caminho de excelência na medicina!
Veja Também
- Osteoporose: o que é, causas e muito mais!
- Resumo sobre Dor Neuropática: definição, tratamento e mais!
- Resumo de Dor Torácica Parte 1: dor torácica Ambulatorial
- Resumo de Ergonomia no Trabalho: conceito, alogamentos e mais!
- Caso clínico de Lombalgia: etiologia, quadro clínico e mais!
- Resumo de dor ciática (ciatalgia)
- Resumo de costocondrite: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de doenças da coluna vertebral
- Hérnia de Disco: o que é, tipos e muito mais
Canal do YouTube
Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Osteoporose. Portaria nº 451, de 9 de junho de 2014. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.