E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre a diurese, o processo de excreção da urina.
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Definição de Diurese
A diurese refere-se ao processo de formação e excreção de urina pelo corpo, englobando tanto aspectos qualitativos quanto quantitativos. Qualitativamente, envolve a composição da urina, que inclui água, íons e compostos orgânicos.
O processo de diurese abrange todo o trajeto da urina, desde sua formação nos rins, passando pelo transporte através dos ureteres, armazenamento na bexiga e, finalmente, a eliminação pela uretra durante a micção.
Quantitativamente, a diurese é medida pelo fluxo urinário, que pode ser expresso em litros por dia, mililitros por dia ou mililitros por minuto. Um fluxo urinário normal varia entre 800 ml e 1500 ml por dia, dependendo da quantidade de líquido ingerido.
O fluxo urinário e o fluxo de diurese são termos equivalentes, ambos referindo-se à quantidade de urina excretada pelo corpo em um determinado período.
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Formação da urina pelos rins
A formação de urina nos rins envolve três etapas principais: filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. A filtração glomerular é a primeira etapa e ocorre nos capilares glomerulares, onde parte do sangue é filtrada sob pressão através da membrana de filtração do glomérulo. Essa membrana possui três camadas: endotélio, membrana basal e células epiteliais da cápsula de Bowman.
O endotélio possui poros chamados fenestrações, permitindo a passagem de substâncias pequenas, como a água, mas bloqueando proteínas maiores e moléculas carregadas negativamente. Em média, a taxa de filtração glomerular é de 125 mL/min, resultando em cerca de 180 litros de filtrado glomerular por dia.
Na etapa de reabsorção tubular, a maior parte da água e alguns solutos filtrados são reabsorvidos de volta para a corrente sanguínea nos túbulos renais. Este processo é facilitado pela presença de microvilosidades nas células epiteliais dos túbulos, que aumentam a superfície de contato para reabsorção. A reabsorção ocorre através de diferentes mecanismos de transporte, incluindo transporte ativo, osmose, difusão simples e facilitada, e pinocitose. No túbulo proximal, ocorre a maior parte da reabsorção de água e solutos, incluindo 100% da glicose e aminoácidos. Hormônios como o ADH e a aldosterona regulam a reabsorção de água e sódio nas porções distais dos túbulos.
A secreção tubular é a etapa final, onde substâncias em excesso ou tóxicas são secretadas do sangue para o lúmen tubular para serem excretadas na urina. Solutos como íons H+, aditivos alimentares e metabólitos de fármacos são eliminados através da secreção tubular.
Esse processo pode ocorrer por diferentes mecanismos de transporte, similares aos da reabsorção. A combinação dos processos de filtração, reabsorção e secreção resulta na formação de urina que é finalmente excretada do corpo.
A regulação desses processos é essencial para manter o equilíbrio dos líquidos corporais e solutos. A intensidade da filtração glomerular, reabsorção e secreção tubular é regulada por mecanismos intrínsecos, como a autorregulação renal, e por mecanismos extrínsecos, como o sistema nervoso autônomo, hormônios e autacoides.
Hormônios como a aldosterona, angiotensina II e ADH desempenham papéis cruciais na regulação da reabsorção e secreção de solutos, garantindo que o volume de urina excretado e a concentração de solutos sejam adequadamente controlados. Dessa forma, o volume urinário diário é mantido em cerca de 1 a 2 litros, a partir dos 180 litros de filtrado glomerular inicialmente formados.
A importância da avaliação da diurese em pacientes hospitalizados
A avaliação da diurese em pacientes internados é essencial para a monitorização contínua da função renal e do estado de hidratação. Em um ambiente hospitalar, onde os pacientes podem estar em condições críticas, a monitorização precisa da produção urinária ajuda a detectar precocemente problemas como insuficiência renal aguda, sobrecarga de líquidos ou desidratação.
Além disso, a avaliação da diurese auxilia na adequação das intervenções terapêuticas, como o ajuste de fluidos intravenosos e a administração de diuréticos, garantindo que as necessidades do paciente sejam atendidas de forma eficaz.
Alterações significativas na diurese podem também ser indicativas de complicações, permitindo que a equipe médica tome medidas rápidas e adequadas para prevenir o agravamento do quadro clínico.
Condições que levam a redução da diurese
A redução da diurese, conhecida como oligúria, pode ser causada por diversas condições que comprometem a produção ou a excreção de urina. Entre as principais causas estão:
- Insuficiência Renal Aguda (IRA): a IRA, uma condição caracterizada pela perda súbita da função renal, é uma das causas mais comuns de oligúria. Pode resultar de várias situações, como hipóxia renal, exposição a agentes nefrotóxicos, sepse, ou obstrução das vias urinárias. Quando os rins não conseguem filtrar o sangue adequadamente, a produção de urina diminui drasticamente.
- Choque hipovolêmico: em situações de choque hipovolêmico, como hemorragias graves ou perda intensa de líquidos, há uma queda significativa no volume sanguíneo circulante. Isso leva à redução do fluxo sanguíneo para os rins, resultando em oligúria.
- Doenças cardíacas: condições como insuficiência cardíaca congestiva podem comprometer a perfusão renal, pois o coração não consegue bombear sangue suficiente para os rins. A redução do fluxo sanguíneo renal leva a uma diminuição na produção de urina.
- Obstrução urinária: bloqueios nas vias urinárias, como cálculos renais, tumores ou hiperplasia prostática benigna, podem impedir a passagem da urina, resultando em oligúria. Em casos graves, essa obstrução pode evoluir para anúria, onde a produção de urina é quase nula.
- Síndrome nefrótica: essa condição renal crônica, caracterizada por proteinúria maciça, hiperlipidemia e edema, pode também levar a uma redução da diurese. A retenção de sódio e água é comum em pacientes com síndrome nefrótica, contribuindo para a oligúria.
- Choque séptico: no choque séptico, a resposta inflamatória sistêmica a uma infecção grave compromete a perfusão renal, levando à diminuição da produção de urina.
- Grandes queimados: pacientes com queimaduras extensas sofrem perda significativa de fluidos e eletrólitos, o que pode resultar em desidratação severa e redução da diurese.
Condições que levam a um aumento da diurese
O aumento da diurese, conhecido como poliúria, pode ser observado em diversas condições clínicas, cada uma associada a diferentes mecanismos patofisiológicos. Entre as principais causas incluem-se:
- Diabetes mellitus: Em pacientes com diabetes mellitus não controlado, a hiperglicemia provoca glicosúria, que, por sua vez, induz uma diurese osmótica. Este mecanismo resulta na produção de grandes volumes de urina, frequentemente observados em pacientes com hiperglicemia significativa.
- Diabetes Insipidus: Caracterizado pela deficiência na secreção ou na ação da vasopressina (ADH), o diabetes insipidus leva a uma incapacidade renal de concentrar a urina, resultando em poliúria. Essa condição pode ser subdividida em diabetes insipidus central e nefrogênico, dependendo da etiologia subjacente.
- Polidipsia Primária: Esta condição, também conhecida como polidipsia psicogênica, ocorre devido à ingestão excessiva de líquidos. A polidipsia primária é comumente observada em pacientes com distúrbios psiquiátricos ou em indivíduos com lesões no hipotálamo que afetam o centro da sede.
- Insuficiência Renal Crônica: Nos estágios iniciais da insuficiência renal crônica, a perda da capacidade dos rins de concentrar a urina pode resultar em poliúria. Este fenômeno é frequentemente observado antes do desenvolvimento de estados avançados da doença.
- Uso de Diuréticos: O uso terapêutico de diuréticos, como os de alça ou tiazídicos, promove a excreção aumentada de sódio e água pelos néfrons, resultando em poliúria. Estes agentes são frequentemente utilizados no manejo de condições como hipertensão e edema.
- Hipercalcemia: A presença de níveis elevados de cálcio sérico pode comprometer a capacidade dos rins de concentrar a urina, levando à excreção aumentada de água e, consequentemente, à poliúria. A hipercalcemia é uma complicação observada em diversas condições, incluindo hiperparatireoidismo e malignidades.
A monitorização da diurese é crucial para avaliar a função renal e o equilíbrio de líquidos em pacientes internados, ajudando a identificar e tratar condições como insuficiência renal e desidratação.
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Referências
Glen W Barrisford, MD, MS, MPH, FACSGraeme S Steele, MBBCh, FCS. Acute urinary retention. UpToDate, 2024. Disponível: UpToDate
Daniel G Bichet, MD. Evaluation of patients with polyuria. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate
NARDI, Aguinaldo Cesar et al. Urologia Brasil. São Paulo: PlanMark; Rio de Janeiro: SBU-Sociedade Brasileira de Urologia, 2013.