E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos falar sobre o Sistema Imunológico, o responsável por proteger o organismo contra patógenos.
O Estratégia MED está prestes a apresentar uma novidade valiosa que vai enriquecer seu conhecimento e impulsionar seu desenvolvimento profissional.
Pronto para saber mais? Vamos lá!
Navegue pelo conteúdo
Definição de Sistema Imunológico
Imunidade refere-se à capacidade de resistir a doenças, especialmente aquelas causadas por agentes infecciosos. O sistema imunológico, composto por células, tecidos e moléculas, é responsável por essa resistência, e a reação coordenada desses componentes contra microrganismos invasores é chamada de resposta imunológica. A função principal desse sistema é evitar infecções e eliminar aquelas que já estão presentes no organismo.
Importância do Sistema Imunológico
A importância desse mecanismo para a saúde fica evidente quando observamos que pessoas com respostas imunológicas deficientes são mais propensas a infecções graves, muitas vezes colocando em risco suas vidas.
A vacinação, estimulando a resposta imunológica contra microrganismos, é a maneira mais eficaz de proteger as pessoas contra infecções. Um exemplo notável desse sucesso é a erradicação global da varíola, alcançada através da vacinação.
Além de combater infecções, o sistema imunológico desempenha um papel crucial na prevenção do crescimento de alguns tipos de tumores. O sistema imunológico também participa na eliminação de células mortas e no início do processo de reparo tecidual.
Mecanismos do SIstema Imune
O organismo possui mecanismos de defesa que se dividem em imunidade inata e imunidade adquirida.
A imunidade inata, presente continuamente em indivíduos saudáveis, age de forma rápida e generalizada para bloquear e eliminar microrganismos invasores nos tecidos do hospedeiro.
Já a imunidade adquirida, desenvolvida de maneira mais lenta, proporciona uma defesa especializada e eficaz contra infecções. Essa imunidade adaptativa requer a ativação, expansão e diferenciação de linfócitos em resposta aos microrganismos, adaptando-se à presença desses invasores microbianos.
Imunidade Inata
As duas principais reações do sistema imunológico inato são a inflamação e a defesa antiviral.
A inflamação envolve a acumulação e ativação de leucócitos e proteínas plasmáticas em áreas de infecção ou lesão tecidual. Essas células e proteínas trabalham em conjunto, principalmente para combater microrganismos extracelulares e eliminar tecidos danificados.
A defesa inata contra vírus intracelulares é liderada principalmente pelas células Natural Killer (NK) que destroem as células infectadas por vírus, e por citocinas conhecidas como interferons tipo I, que bloqueiam a replicação viral nas células hospedeiras.
O sistema imunológico inato identifica e responde a padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), que são estruturas comuns a várias classes de microrganismos e ausentes nas células normais do hospedeiro. Essa resposta é menos diversificada em comparação com a imunidade adquirida, reconhecendo um número limitado de moléculas microbianas.
O sistema imunológico inato protege contra infecções sem atacar as próprias células do hospedeiro. Sua especificidade para estruturas microbianas e a presença de moléculas reguladoras evitam reações indesejadas. Em contraste, o sistema imunológico adquirido gera linfócitos capazes de reconhecer autoantígenos, mas estes são eliminados ou desativados ao encontrar autoantígenos.
O sistema imunológico inato é composto por células epiteliais, que formam as barreiras externas, células de vigilância nos tecidos (macrófagos, células dendríticas, entre outras), células NK e diversas proteínas no plasma sanguíneo:
- Barreiras Epiteliais: a pele e as mucosas são as primeiras barreiras físicas que impedem a entrada de microrganismos no organismo. A pele é composta por várias camadas de células queratinizadas que dificultam a penetração de agentes infecciosos. Já as mucosas, presentes em áreas como o trato respiratório e gastrointestinal, produzem muco e possuem células secretoras de substâncias antimicrobianas que ajudam a prevenir infecções.
- Fagócitos: os fagócitos, como os neutrófilos e os macrófagos, são células especializadas em englobar e destruir microrganismos invasores. Eles reconhecem padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) por meio de receptores de reconhecimento de padrões (PRRs), como os receptores tipo Toll. Os neutrófilos são os primeiros a chegar no local da infecção, enquanto os macrófagos desempenham um papel importante na apresentação de antígenos e na modulação da resposta imune.
- Células Dendríticas: as células dendríticas são consideradas as sentinelas do sistema imunológico, capturando antígenos nos tecidos periféricos e migrando para os órgãos linfoides para apresentar esses antígenos aos linfócitos T, desencadeando uma resposta adaptativa específica.
- Mastócitos: os mastócitos são células envolvidas nas reações alérgicas e na resposta imune contra parasitas. Eles liberam mediadores inflamatórios, como histamina, em resposta a estímulos alérgicos ou infecciosos, contribuindo para a resposta imune.
- Células Natural Killer (NK): as células NK são células citotóxicas que reconhecem e destroem células infectadas por vírus e células tumorais sem a necessidade de ativação antigênica prévia. Elas desempenham um papel importante na defesa antiviral e antitumoral.
- Outras Classes de Linfócitos: existem outras classes de linfócitos inatos, como as células NKT e os linfócitos γδ, que possuem funções específicas na imunidade inata, contribuindo para a resposta imune precoce.
- Sistema Complemento: o sistema complemento é uma cascata de proteínas plasmáticas que podem ser ativadas por diferentes vias e atuam na opsonização de patógenos, na lise celular e na modulação da resposta imune, desempenhando um papel essencial na defesa contra infecções.
- Outras Proteínas Plasmáticas da Imunidade Inata: além do sistema complemento, outras proteínas plasmáticas, como as pentraxinas e as lectinas, também desempenham funções importantes na resposta imune inata, contribuindo para a neutralização de patógenos.
- Citocinas da Imunidade Inata: as citocinas são moléculas de sinalização produzidas por diferentes células do sistema imunológico que regulam a resposta imune, desencadeando processos inflamatórios, a ativação de células imunes e a comunicação entre os diferentes componentes do sistema imunológico.
Inflamação
A inflamação é uma resposta essencial do sistema imunológico inato que ocorre em resposta a danos teciduais, infecções ou agentes patogênicos. Esse processo complexo envolve a vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, permitindo a migração de células do sistema imune, como neutrófilos e macrófagos, para o local da infecção.
Além disso, a liberação de mediadores inflamatórios, como citocinas e quimiocinas, desencadeia uma cascata de eventos que visam eliminar o agente agressor e promover a reparação do tecido danificado. As células fagocíticas, como os neutrófilos e macrófagos, desempenham um papel crucial na fagocitose e destruição de microrganismos invasores, contribuindo para a resolução da inflamação e a restauração da homeostase.
Defesa antiviral
Esse é um mecanismo de proteção do organismo contra infecções virais. Os interferons tipo I são citocinas produzidas em resposta à infecção viral, induzindo resistência a novas infecções virais em células vizinhas e limitando a disseminação do vírus. As células Natural Killer (NK) desempenham um papel importante na defesa antiviral, reconhecendo e destruindo células infectadas por vírus sem a necessidade de ativação antigênica prévia.
A resposta adaptativa, mediada por linfócitos T e B, contribui para a defesa antiviral, produzindo anticorpos específicos e células T citotóxicas para combater o vírus invasor. Esses mecanismos trabalham em conjunto para detectar, neutralizar e eliminar os vírus, protegendo o organismo contra infecções virais e mantendo a integridade do sistema imunológico.
Imunidade Adquirida
O sistema imunológico adquirido emprega várias estratégias para enfrentar a maioria dos microrganismos:
– Anticorpos liberados se ligam aos micróbios fora das células impedindo sua capacidade de infectar as células do hospedeiro e facilitando sua ingestão e destruição por fagócitos.
– Fagócitos engolem e destroem os micróbios, enquanto as células T auxiliares reforçam as habilidades microbicidas dos fagócitos.
– As células T auxiliares recrutam leucócitos para eliminar micróbios e fortalecem as defesas da barreira epitelial para expulsar microrganismos.
– Linfócitos T citotóxicos atacam e destroem as células infectadas por microrganismos, que não são acessíveis aos anticorpos.
Microrganismos e seus antígenos proteicos são capturados por células dendríticas no epitélio e transportados para nódulos linfáticos. Os antígenos são processados e expostos em células apresentadoras de antígenos (APC), ligados a moléculas de MHC. Células T virgens reconhecem esses complexos, iniciando a resposta das células T. Antígenos proteicos também são reconhecidos por linfócitos B nos folículos linfoides.
Como parte da resposta imunológica inata, células dendríticas ativadas expressam moléculas coestimuladoras e secretam citocinas, essenciais para estimular a proliferação e diferenciação de linfócitos T. Alguns antígenos polissacarídeos ativam o sistema complemento, contribuindo para a proliferação de linfócitos B.
Antígeno (sinal 1) e moléculas geradas na resposta imunológica inata (sinal 2) cooperam para ativar linfócitos específicos ao antígeno, assegurando que a resposta imunológica adquirida seja induzida por microrganismos. Sinais nos linfócitos levam à transcrição de genes para citocinas, receptores, moléculas efetoras e proteínas de controle, fundamentais nas respostas dos linfócitos.
Ativação de células T
Quando as células T virgens recebem estímulos de antígenos e coestimuladores nos órgãos linfóides, elas liberam citocinas que funcionam como promotores de crescimento, respondendo também a outras citocinas das APC. A combinação desses sinais induz a proliferação e diferenciação das células T em células T efetoras.
Essas células, originadas nos órgãos linfoides, podem circular pelo sangue e migrar para locais de infecção, onde são reativadas pelos antígenos, desempenhando um papel crucial na eliminação de microrganismos. Diferentes subtipos de células T efetoras possuem funções específicas, como células T auxiliares ( T CD4+) que recrutam leucócitos e ativam macrófagos, e células T citotóxicas ( T CD8) que matam diretamente células infectadas, eliminando assim os reservatórios de infecção.
Ativação dos linfócitos B
A imunidade humoral, ao ser ativada, desencadeia a proliferação e diferenciação dos linfócitos B em células plasmáticas, as quais produzem diferentes classes de anticorpos. Antígenos polissacarídicos e lipídicos, ao possuírem múltiplos determinantes antigênicos idênticos, ativam as células B de forma eficaz.
Por outro lado, antígenos proteicos necessitam da colaboração das células T CD4+. As células B, ao ingerirem e degradarem antígenos proteicos, apresentam peptídeos nas moléculas de MHC para reconhecimento pelas células T auxiliares, que, por sua vez, as ativam.
A produção de anticorpos, como a imunoglobulina M (IgM) induzida por polissacarídeos, e as classes IgG, IgA e IgE em resposta a antígenos proteicos, é controlada pelas células T auxiliares. A mudança de classe de cadeia pesada aumenta a versatilidade dos anticorpos.
A resposta imunológica humoral atua neutralizando microrganismos, promovendo a fagocitose de microrganismos opsonizados pelos anticorpos e ativando o sistema complemento. Anticorpos especializados e mecanismos específicos de transporte desempenham papeis distintos em diversas regiões anatômicas.
Após eliminar um patógeno, a maioria dos linfócitos efetores gerados em resposta à infecção passa por apoptose, conduzindo o sistema imunológico de volta ao seu estado de equilíbrio, chamado de homeostase.
Isso acontece porque a sobrevivência e ativação dos linfócitos dependem do estímulo fornecido pelos microrganismos e as células efetoras têm uma vida curta. No entanto, durante a ativação inicial, são produzidas células de memória de longa duração, capazes de persistir por anos após a infecção e prontas para montar respostas rápidas e robustas em encontros subsequentes com o mesmo antígeno.
De olho na prova!
Não pense que esse assunto fica fora das provas, seja da faculdade, concurso ou residência. Veja um exemplo logo abaixo:
ESTRATÉGIA MED – 2023
Assinale a alternativa verdadeira a respeito dos linfócitos B:
A) Os linfócitos B, espécie de linfócito produzida nos órgãos linfoides secundários, são responsáveis pela fagocitose de microrganismos invasores.
B) Para desempenharem as suas funções imunológicas, os linfócitos B necessitam das células apresentadoras de antígenos (APCs), sendo incapazes de reconhecer antígenos solúveis presentes no meio.
C) É possível diferenciar, ao microscópio óptico, os linfócitos B dos linfócitos T presentes no sangue pelas características da morfologia nuclear e do citoplasma dessas células.
D) Os linfócitos B respondem às infecções mediante a produção de imunoglobulinas, ou anticorpos solúveis, que tornam os organismos invasores mais suscetíveis à ação do sistema imune.
E) É sabido que os linfócitos B possuem ação citotóxica sobre as células próprias infectadas por vírus ou portadoras de mutações tumorais, estimulando a apoptose dessas células “doentes”.
Opção correta: Alternativa “D”
Comentário da questão:
Incorreta a alternativa A – Linfócitos de qualquer tipo são produzidos na medula óssea. Nos órgãos linfóides secundários, ocorre apenas a maturação dos linfócitos tipo B.
Incorreta a alternativa B – Os linfócitos B são APCs, possuindo a capacidade de reconhecer antígenos solúveis presentes em seu meio.
Incorreta a alternativa C – Nas técnicas de microscopia de rotina, os linfócitos B e os linfócitos T são indistinguíveis entre si: ambos possuem núcleos esféricos fortemente basofílicos, que ocupam a maior parte do citoplasma, e ausência de grânulos citoplasmáticos.
Correta a alternativa D – A produção de imunoglobulinas, chamada resposta imune adaptativa humoral, é a principal função dos linfócitos do tipo B.
Incorreta a alternativa E – Os linfócitos B não possuem a função de estimular a apoptose de células infectadas ou tumorais. Eles atuam em infecções mediante a produção de anticorpos solúveis que neutralizam os patógenos ou tornam eles mais suscetíveis à ação de outras células do sistema imunológico.
Veja também!
- Resumo de hemácias: componentes, funções, defeitos e mais!
- Resumo de alterações morfológicas dos eritrócitos: tamanho, coloração e mais!
- Resumo de linfocitopenia: causas, abordagem e mais!
- Resumo da neutrofilia: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de leucocitose: etiologia, avaliação e mais!
- Resumo de monocitose: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de eosinofilia: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de basófilos: diagnóstico, tratamento e mais!
Referências
ABBAS, Abul K. et al. Imunologia: Celular e Molecular. 9 ed. Rio De Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2019.
MALE, D.; BROSTOFF, J. Broth, D.; ROITT, I. Imunologia. 8ª. Edição. Editora Elsevier. 2014.