A apneia do sono é um dos distúrbios do sono mais comum, que está associado a sonolência diurna excessiva, perda de qualidade de vida e aumento de risco cardiovascular nos indivíduos afetados.
Confira os principais aspectos referentes a este distúrbio do sono, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
Navegue pelo conteúdo
Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à apneia do sono.
- A oclusão da via aérea durante o sono ocorre ao nível da faringe pelo relaxamento da musculatura local.
- Os principais sintomas são sonolência diurna, roncos, engasgos e interrupções durante o sono.
- A Escala de Sonolência de Epworth ajuda a diferenciar a sonolência diurna excessiva da fadiga.
- A polissonografia confirma a AOS quando o IAH ≥ 5/h associados com sintomas ou IAH >15/h em assintomáticos.
- A terapia contínua de pressão positiva das vias aéreas CPAP) é a base para o tratamento da AOS.
Definição da doença
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio respiratório relacionado ao sono, caracterizada por períodos de apneia ou despertares noturnos por esforço respiratório decorrente da oclusão ou semioclusão repetidas das vias aéreas superiores
durante o sono.
Epidemiologia e fisiopatologia da apneia do sono
A AOS é um distúrbio muito frequente da respiração no sono, com prevalência varia com a faixa etária ou critérios utilizados para diagnosticar a síndrome. Para estudos que utilizaram índice de apneia/hipopneia superior a 5 eventos por hora, a prevalência é de aproximadamente 15 a 30% em homens e 5 a 15% em mulheres.
Os fatores de risco incluem idade avançada, sexo masculino, obesidade (particularmente a obesidade central), e anormalidades craniofaciais e das vias aéreas superiores. A prevalência alcança até 90% nos indivíduos com índice de massa corporal (IMC) acima de 40 kg/m2. Existe relação também com algumas arritmias, como fibrilação atrial.
A oclusão da via aérea durante o sono ocorre ao nível da faringe, principalmente orofaringe, pelo relaxamento da musculatura local. Ela resulta de um desequilíbrio de forças entre as pressões positivas de estruturas perifaríngeas e intrafaríngeas, a pressão negativa inspiratória do interior das vias aéreas e a complacência das paredes musculares da faringe.
#Ponto importante: A apneia faz com que o sistema nervoso autônomo simpático seja ativado, ocasionando aumento da pressão arterial. Por isso, a AOS é considerada uma causa secundária de HAS.
A atividade motora durante o sono já apresenta atividade diminuída, o que reduz sensivelmente a luz do canal faríngeo e a passagem de ar. Desta forma, qualquer fator de risco adicional para redução do calibre da via aérea que se sobreponha a essa situação fisiológica, favorece o colapso durante o sono.
Manifestações clínicas de apneia do sono
A apneia do sono é caracterizada por apneia, hipopneia ou esforços inspiratórios ineficazes durante o sono, que resulta em pausas respiratórias de 10 segundos ou mais. Geralmente é relatado pelo parceiro(a) ou pessoa próxima a presença de roncos altos, respiração ofegante, engasgo, roncos ou interrupções na respiração durante o sono.
A apneia obstrutiva é a situação mais grave onde ocorre sonolência diurna excessiva, outra característica comum da AOS, caracterizada pela incapacidade de permanecer totalmente acordado e alerta durante o dia.
As possíveis consequências incluem cansaço, indisposição, falta de atenção e redução da memória, depressão, diminuição dos reflexos. Cefaleias matinais são relatadas por 10 a 30% dos pacientes com AOS não tratada.
A Escala de Sonolência de Epworth ajuda a diferenciar a sonolência diurna excessiva da fadiga. Uma pontuação maior que 3 indica sonolência anormal e deve solicitar mais testes.
Uma das morbidades relacionada a apneia do sono são decorrentes da sonolência, podendo gerar acidentes automobilísticos e disfunção neuropsiquiátrica. A AOS também aumenta o risco de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares, além de hipertensão arterial, hipertensão pulmonar, síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doença hepática gordurosa não alcoólica.
Lista de manifestações:
- Roncos e engasgos
- Interrupções na respiração durante o sono
- Sonolência diurna
- Cefaleia matinal
- Hipertensão arterial sistêmica
Diagnóstico de apneia do sono
Um teste adicional é realizado na presença de sonolência diurna excessiva associado a algum fator sugestivo de AOS, como roncos, apneia testemunhada como respiração ofegante ou engasgo durante o sono ou nos casos de hipertensão diagnosticada.
O exame de escolha é a polissonografia. A síndrome da apneia obstrutiva do sono é confirmada pela presença de sintomas de AOS associado a 5 ou ou mais eventos obstrutivos do tipo apneia e hipopneia por hora de sono (IAH ≥ 5/h), ou pela presença do índice de apneia + hipopneia maior ou igual a 15 eventos por hora independente dos sintomas.
Tratamento de apneia do sono
A terapia contínua de pressão positiva das vias aéreas (CPAP) é a base do tratamento na AOS. Ela permite a manutenção de uma pressão faríngea transmural positiva de modo que a pressão intraluminal exceda a pressão circundante, além de estabilizar a via aérea superior por meio do aumento do volume pulmonar expiratório final.
Para todo paciente o manejo inicial também envolve orientação quanto a mudança no estilo de vida e tratamento dos fatores de risco, principalmente obesidade, evitar bebidas alcoólicas, sedativos e tabaco.
A cirurgia pode desempenhar um papel importante como terapia secundária para pacientes selecionados que falham ou não toleram a CPAP e como terapia adjuvante. A uvulopalatofaringoplastia e variantes de UPFP são os procedimentos cirúrgicos mais comuns remodelando a região faríngea, principal ponto de obstrução na AOS.
Veja também:
- Resumo sobre fobia social: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de insônia: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de psicofarmacologia
- Resumo de delirium: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais
- Demência: o que é, sintomas e muito mais
- Resumo de transtornos psicóticos
- Resumo de transtorno de ansiedade generalizada
- Resumo de dependência química
- Resumo da paralisia do sono: diagnóstico, tratamento e mais
- Resumo de Rivotril: indicações, farmacologia e mais
- Resumo sobre transtorno bipolar: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo sobre transtorno do pânico: diagnóstico, tratamento e mais!
- Resumo de abstinência alcoólica: diagnóstico, tratamento e mais!
Referências bibliográficas:
- Balbani, A. P. S. e Formigoni, G. G. S.Ronco e síndrome da apnéia obstrutiva do sono. Revista da Associação Médica Brasileira [online]. 1999, v. 45, n. 3, pp. 273-278. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-42301999000300013.
- Boari, Letícia et al. Avaliação da escala de Epworth em pacientes com a Síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia [online]. 2004, v. 70, n. 6 pp. 752-756. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000600007.
- KLINE, Lewis R. Clinical presentation and diagnosis of obstructive sleep apnea in adults. Disponível em Uptodate.
- Silva GA, Giacon LAT. Obstructive Sleep Apnea/Hypopnea Syndrome. Medicina (Ribeirão Preto) 2006; 39 (2):185-194.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels