Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome de Gianotti-Crosti é uma condição dermatológica que afeta preferencialmente crianças pequenas, associada a infecções virais e, ocasionalmente, a imunizações. Apesar do aspecto exuberante das lesões, trata-se de uma doença autolimitada, que evolui com boa resposta sem necessidade de terapias específicas.
As lesões da Síndrome de Gianotti-Crosti geralmente desaparecem espontaneamente, sem deixar cicatrizes permanentes.
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Conceito
A Síndrome de Gianotti-Crosti é uma condição dermatológica de evolução benigna, caracterizada pela presença de pápulas monomórficas distribuídas de maneira simétrica nas áreas acras do corpo, como face, nádegas e superfícies extensoras dos membros. Essa manifestação é predominantemente observada em crianças pequenas, entre dois e seis anos de idade, e trata-se de uma resposta imunológica a diversas infecções virais ou, em alguns casos, à vacinação. O curso clínico é autolimitado, geralmente sem deixar cicatrizes permanentes, ainda que possam ocorrer alterações pigmentares transitórias após a resolução das lesões.
Fisiopatologia
A Síndrome de Gianotti-Crosti está associada a uma resposta imunológica exacerbada, desencadeada principalmente por infecções virais ou por estímulos vacinais. Embora o mecanismo exato ainda não esteja completamente esclarecido, acredita-se que ocorra uma ativação do sistema imune, com formação de complexos imunológicos e possível desenvolvimento de reação de hipersensibilidade tardia. Esse processo resulta em um infiltrado inflamatório predominantemente linfocitário nas camadas da pele, levando ao aparecimento das típicas lesões papulosas. A maior incidência da síndrome em crianças com histórico de atopia ou com níveis elevados de imunoglobulina E reforça a teoria de um envolvimento imunológico no surgimento do quadro.
Epidemiologia e fatores de risco
A Síndrome de Gianotti-Crosti acomete principalmente crianças entre 2 e 6 anos de idade, embora possa ocorrer em faixas etárias um pouco mais amplas. A distribuição por gênero é equilibrada na infância, mas alguns estudos relatam uma leve predominância em meninas na fase adulta. A condição é observada mundialmente, com variações geográficas relacionadas aos agentes infecciosos mais prevalentes em cada região. Nos países onde a vacinação contra hepatite B é ampla, outras viroses, como o Epstein-Barr vírus (EBV) e o herpesvírus humano tipo 6 (HHV-6), assumem maior relevância como causas. A maioria dos casos é registrada nas estações de primavera e verão, épocas de maior circulação de infecções virais.
Fatores de risco
- Infecção recente por vírus (EBV, CMV, HHV-6, entre outros)
- Vacinação recente (como DTP, BCG, MMR)
- Histórico de doenças atópicas (como dermatite atópica)
- Exposição a surtos virais comunitários
- Idade precoce (principalmente abaixo dos 6 anos)
Avaliação clínica
A Síndrome de Gianotti-Crosti se manifesta de forma característica por uma erupção cutânea monomórfica, composta por pápulas de coloração rósea ou da cor da pele, distribuídas simetricamente nas superfícies acras, como face, nádegas e extremidades. As lesões tendem a ser firmes, discretas e não confluentes, embora possam se agrupar em áreas de pressão. O tronco é geralmente poupado ou discretamente acometido. Sintomas sistêmicos podem preceder ou acompanhar o quadro cutâneo, variando conforme o agente desencadeante. A duração do quadro é variável, com remissão espontânea habitualmente em semanas, sem sequelas graves.
Aspecto | Descrição |
---|---|
Tipo de lesão | Pápulas monomórficas, firmes, de 1 a 10 mm |
Distribuição | Simétrica, predominando em face, nádegas, braços e pernas |
Cor | Rosa, vermelha ou cor da pele |
Sintomas associados | Febre, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, prurido leve (em alguns casos) |
Duração | De 2 semanas a 2 meses (podendo se estender até 6 meses) |
Evolução | Resolução espontânea sem cicatrizes; pode haver alterações pigmentares residuais |
Diagnóstico
O diagnóstico da Síndrome de Gianotti-Crosti é eminentemente clínico, baseado na morfologia típica das lesões e na distribuição característica em áreas acras do corpo. Não há exames laboratoriais específicos para confirmar a doença, sendo a avaliação feita principalmente pela história clínica detalhada e exame físico. Em situações em que existam sinais sistêmicos importantes, como hepatomegalia ou febre persistente, podem ser solicitadas investigações adicionais para identificar o agente infeccioso relacionado.
Em alguns casos, testes sorológicos podem ser realizados para vírus como Epstein-Barr vírus (EBV), citomegalovírus (CMV), hepatites virais e herpesvírus humano tipo 6 (HHV-6), especialmente em regiões de alta prevalência. A biópsia de pele, embora raramente necessária, quando feita, revela um infiltrado linfocítico perivascular e, eventualmente, alterações vasculíticas discretas, achados compatíveis mas não exclusivos da síndrome.
Para o diagnóstico clínico, os critérios geralmente considerados incluem:
- Lesões persistentes por no mínimo 10 dias
- Presença de pápulas em pelo menos três das seguintes áreas: bochechas, nádegas, superfícies extensoras dos antebraços e pernas
- Distribuição simétrica das lesões
Tratamento
O tratamento da Síndrome de Gianotti-Crosti é predominantemente sintomático e de suporte, dado o caráter autolimitado da doença. A maioria dos casos evolui para a resolução espontânea sem necessidade de intervenções específicas. A abordagem tem como objetivo principal aliviar o desconforto, especialmente quando há prurido associado.
Entre as medidas adotadas, destacam-se:
- Hidratação da pele com emolientes para reduzir o ressecamento e minimizar a irritação.
- Uso de anti-histamínicos orais em casos de prurido mais intenso, visando o conforto do paciente.
- Aplicação de corticosteroides tópicos de baixa a moderada potência, reservada para situações onde o prurido é refratário às medidas iniciais.
Vale destacar que o uso de corticosteroides tópicos ou anti-histamínicos não altera a duração da doença, apenas proporciona alívio sintomático. Quando houver infecção viral concomitante identificada que exija tratamento específico (como hepatite B ativa, por exemplo), essa deverá ser abordada paralelamente.
Medidas como isolamento social não são necessárias, já que a erupção cutânea em si não é contagiosa, embora o vírus associado possa ser transmissível.
Evolução
A Síndrome de Gianotti-Crosti apresenta um prognóstico excelente, com resolução espontânea das lesões na maioria dos casos entre duas semanas a dois meses, embora em algumas situações possa se estender até seis meses. A recuperação é completa, sem formação de cicatrizes permanentes. Eventualmente, podem permanecer alterações pigmentares transitórias, especialmente em indivíduos com pele mais pigmentada. As manifestações extracutâneas, como linfadenopatia ou hepatoesplenomegalia, também tendem a regredir sem deixar sequelas.
Complicações
- Hiperpigmentação pós-inflamatória
- Hipopigmentação residual
- Persistência prolongada das lesões em casos raros
- Exacerbação de doenças atópicas pré-existentes
- Complicações relacionadas ao vírus desencadeante (por exemplo, complicações hepáticas em infecção por hepatite B)
Tabela resumo
Categoria | Informação |
---|---|
Definição | Dermatose autolimitada caracterizada por pápulas monomórficas simétricas nas áreas acras (face, nádegas e extremidades). |
Fisiopatologia | Resposta imunológica exacerbada a infecções virais ou vacinas, envolvendo formação de complexos imunológicos e possível reação de hipersensibilidade tardia. |
Epidemiologia | Predomina em crianças de 2 a 6 anos; incidência similar entre sexos; mais comum na primavera e verão; associada a surtos virais. |
Fatores de Risco | Infecção viral recente, vacinação recente, histórico de atopia, exposição a surtos virais, idade precoce. |
Quadro Clínico | Pápulas firmes de 1 a 10 mm, simétricas, em face, nádegas e extremidades; pode haver febre, linfadenopatia, prurido leve; resolução espontânea. |
Diagnóstico | Clínico; baseia-se na morfologia das lesões e sua distribuição; exames laboratoriais são indicados apenas em casos selecionados para investigação de infecções virais. |
Tratamento | Sintomático: emolientes, anti-histamínicos orais, corticosteroides tópicos de baixa a moderada potência; não altera o curso natural da doença. |
Prognóstico | Excelente; resolução espontânea sem cicatrizes; alterações pigmentares residuais podem ocorrer de forma temporária. |
Complicações | Hiperpigmentação ou hipopigmentação residual, prolongamento das lesões, exacerbação de doenças atópicas, complicações do vírus associado. |
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Referências Bibliográficas
- SNOWDEN, Jessica; RICE, Ashley S.; SYED, Hasnain A.; O’SHEA, Noreen E. Papular Acrodermatitis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025.
- LIMA, Daniela A.; ROCHA, Daniela M.; MIRANDA, Mario F. R. Síndrome de Gianotti-Crosti: aspectos clínicos, laboratoriais e perfis sorológicos observados em 10 casos procedentes de Belém-PA (Brasil). Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 79, n. 6, p. 699-707, nov./dez. 2004.