Resumo da Síndrome de Gianotti-Crosti: diagnóstico e mais!
Anais Brasileiros de Dermatologia.

Resumo da Síndrome de Gianotti-Crosti: diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome de Gianotti-Crosti é uma condição dermatológica que afeta preferencialmente crianças pequenas, associada a infecções virais e, ocasionalmente, a imunizações. Apesar do aspecto exuberante das lesões, trata-se de uma doença autolimitada, que evolui com boa resposta sem necessidade de terapias específicas. 

As lesões da Síndrome de Gianotti-Crosti geralmente desaparecem espontaneamente, sem deixar cicatrizes permanentes.

Conceito 

A Síndrome de Gianotti-Crosti é uma condição dermatológica de evolução benigna, caracterizada pela presença de pápulas monomórficas distribuídas de maneira simétrica nas áreas acras do corpo, como face, nádegas e superfícies extensoras dos membros. Essa manifestação é predominantemente observada em crianças pequenas, entre dois e seis anos de idade, e trata-se de uma resposta imunológica a diversas infecções virais ou, em alguns casos, à vacinação. O curso clínico é autolimitado, geralmente sem deixar cicatrizes permanentes, ainda que possam ocorrer alterações pigmentares transitórias após a resolução das lesões.

Fisiopatologia  

A Síndrome de Gianotti-Crosti está associada a uma resposta imunológica exacerbada, desencadeada principalmente por infecções virais ou por estímulos vacinais. Embora o mecanismo exato ainda não esteja completamente esclarecido, acredita-se que ocorra uma ativação do sistema imune, com formação de complexos imunológicos e possível desenvolvimento de reação de hipersensibilidade tardia. Esse processo resulta em um infiltrado inflamatório predominantemente linfocitário nas camadas da pele, levando ao aparecimento das típicas lesões papulosas. A maior incidência da síndrome em crianças com histórico de atopia ou com níveis elevados de imunoglobulina E reforça a teoria de um envolvimento imunológico no surgimento do quadro.

Epidemiologia e fatores de risco

A Síndrome de Gianotti-Crosti acomete principalmente crianças entre 2 e 6 anos de idade, embora possa ocorrer em faixas etárias um pouco mais amplas. A distribuição por gênero é equilibrada na infância, mas alguns estudos relatam uma leve predominância em meninas na fase adulta. A condição é observada mundialmente, com variações geográficas relacionadas aos agentes infecciosos mais prevalentes em cada região. Nos países onde a vacinação contra hepatite B é ampla, outras viroses, como o Epstein-Barr vírus (EBV) e o herpesvírus humano tipo 6 (HHV-6), assumem maior relevância como causas. A maioria dos casos é registrada nas estações de primavera e verão, épocas de maior circulação de infecções virais.

Fatores de risco

  • Infecção recente por vírus (EBV, CMV, HHV-6, entre outros)
  • Vacinação recente (como DTP, BCG, MMR)
  • Histórico de doenças atópicas (como dermatite atópica)
  • Exposição a surtos virais comunitários
  • Idade precoce (principalmente abaixo dos 6 anos)

Avaliação clínica

A Síndrome de Gianotti-Crosti se manifesta de forma característica por uma erupção cutânea monomórfica, composta por pápulas de coloração rósea ou da cor da pele, distribuídas simetricamente nas superfícies acras, como face, nádegas e extremidades. As lesões tendem a ser firmes, discretas e não confluentes, embora possam se agrupar em áreas de pressão. O tronco é geralmente poupado ou discretamente acometido. Sintomas sistêmicos podem preceder ou acompanhar o quadro cutâneo, variando conforme o agente desencadeante. A duração do quadro é variável, com remissão espontânea habitualmente em semanas, sem sequelas graves.

AspectoDescrição
Tipo de lesãoPápulas monomórficas, firmes, de 1 a 10 mm
DistribuiçãoSimétrica, predominando em face, nádegas, braços e pernas
CorRosa, vermelha ou cor da pele
Sintomas associadosFebre, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, prurido leve (em alguns casos)
DuraçãoDe 2 semanas a 2 meses (podendo se estender até 6 meses)
EvoluçãoResolução espontânea sem cicatrizes; pode haver alterações pigmentares residuais

Diagnóstico 

O diagnóstico da Síndrome de Gianotti-Crosti é eminentemente clínico, baseado na morfologia típica das lesões e na distribuição característica em áreas acras do corpo. Não há exames laboratoriais específicos para confirmar a doença, sendo a avaliação feita principalmente pela história clínica detalhada e exame físico. Em situações em que existam sinais sistêmicos importantes, como hepatomegalia ou febre persistente, podem ser solicitadas investigações adicionais para identificar o agente infeccioso relacionado.

Em alguns casos, testes sorológicos podem ser realizados para vírus como Epstein-Barr vírus (EBV), citomegalovírus (CMV), hepatites virais e herpesvírus humano tipo 6 (HHV-6), especialmente em regiões de alta prevalência. A biópsia de pele, embora raramente necessária, quando feita, revela um infiltrado linfocítico perivascular e, eventualmente, alterações vasculíticas discretas, achados compatíveis mas não exclusivos da síndrome.

Para o diagnóstico clínico, os critérios geralmente considerados incluem:

  • Lesões persistentes por no mínimo 10 dias
  • Presença de pápulas em pelo menos três das seguintes áreas: bochechas, nádegas, superfícies extensoras dos antebraços e pernas
  • Distribuição simétrica das lesões
SGC associada com co-infecção HHV6/EBV. Anais Brasileiros de Dermatologia

Tratamento 

O tratamento da Síndrome de Gianotti-Crosti é predominantemente sintomático e de suporte, dado o caráter autolimitado da doença. A maioria dos casos evolui para a resolução espontânea sem necessidade de intervenções específicas. A abordagem tem como objetivo principal aliviar o desconforto, especialmente quando há prurido associado.

Entre as medidas adotadas, destacam-se:

  • Hidratação da pele com emolientes para reduzir o ressecamento e minimizar a irritação.
  • Uso de anti-histamínicos orais em casos de prurido mais intenso, visando o conforto do paciente.
  • Aplicação de corticosteroides tópicos de baixa a moderada potência, reservada para situações onde o prurido é refratário às medidas iniciais.

Vale destacar que o uso de corticosteroides tópicos ou anti-histamínicos não altera a duração da doença, apenas proporciona alívio sintomático. Quando houver infecção viral concomitante identificada que exija tratamento específico (como hepatite B ativa, por exemplo), essa deverá ser abordada paralelamente.

Medidas como isolamento social não são necessárias, já que a erupção cutânea em si não é contagiosa, embora o vírus associado possa ser transmissível.

Evolução

A Síndrome de Gianotti-Crosti apresenta um prognóstico excelente, com resolução espontânea das lesões na maioria dos casos entre duas semanas a dois meses, embora em algumas situações possa se estender até seis meses. A recuperação é completa, sem formação de cicatrizes permanentes. Eventualmente, podem permanecer alterações pigmentares transitórias, especialmente em indivíduos com pele mais pigmentada. As manifestações extracutâneas, como linfadenopatia ou hepatoesplenomegalia, também tendem a regredir sem deixar sequelas.

Complicações

  • Hiperpigmentação pós-inflamatória
  • Hipopigmentação residual
  • Persistência prolongada das lesões em casos raros
  • Exacerbação de doenças atópicas pré-existentes
  • Complicações relacionadas ao vírus desencadeante (por exemplo, complicações hepáticas em infecção por hepatite B)

Tabela resumo 

CategoriaInformação
DefiniçãoDermatose autolimitada caracterizada por pápulas monomórficas simétricas nas áreas acras (face, nádegas e extremidades).
FisiopatologiaResposta imunológica exacerbada a infecções virais ou vacinas, envolvendo formação de complexos imunológicos e possível reação de hipersensibilidade tardia.
EpidemiologiaPredomina em crianças de 2 a 6 anos; incidência similar entre sexos; mais comum na primavera e verão; associada a surtos virais.
Fatores de RiscoInfecção viral recente, vacinação recente, histórico de atopia, exposição a surtos virais, idade precoce.
Quadro ClínicoPápulas firmes de 1 a 10 mm, simétricas, em face, nádegas e extremidades; pode haver febre, linfadenopatia, prurido leve; resolução espontânea.
DiagnósticoClínico; baseia-se na morfologia das lesões e sua distribuição; exames laboratoriais são indicados apenas em casos selecionados para investigação de infecções virais.
TratamentoSintomático: emolientes, anti-histamínicos orais, corticosteroides tópicos de baixa a moderada potência; não altera o curso natural da doença.
PrognósticoExcelente; resolução espontânea sem cicatrizes; alterações pigmentares residuais podem ocorrer de forma temporária.
ComplicaçõesHiperpigmentação ou hipopigmentação residual, prolongamento das lesões, exacerbação de doenças atópicas, complicações do vírus associado.

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Referências Bibliográficas 

  1. SNOWDEN, Jessica; RICE, Ashley S.; SYED, Hasnain A.; O’SHEA, Noreen E. Papular Acrodermatitis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025. 
  1. LIMA, Daniela A.; ROCHA, Daniela M.; MIRANDA, Mario F. R. Síndrome de Gianotti-Crosti: aspectos clínicos, laboratoriais e perfis sorológicos observados em 10 casos procedentes de Belém-PA (Brasil). Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 79, n. 6, p. 699-707, nov./dez. 2004. 
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