Resumo de Acidentes por Abelhas: diagnóstico, tratamento e mais!
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Resumo de Acidentes por Abelhas: diagnóstico, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Os acidentes por picadas de abelhas, especialmente em áreas urbanas e rurais, têm se tornado um problema crescente de saúde pública no Brasil. Com a expansão das cidades e o aumento das atividades agrícolas, as interações entre humanos e esses insetos se tornaram mais frequentes. Este resumo aborda os principais aspectos clínicos, epidemiológicos e preventivos dos acidentes por picada de abelha no Brasil.

“Em 2023, foram registrados cerca de 33 mil casos de acidentes com abelhas no Brasil”

Ministério da Saúde

Conceito de Acidentes de Abelhas

Os acidentes por picada de abelha, conhecidos como acidentes apílicos, representam um problema significativo de saúde pública no Brasil, com números crescentes de casos registrados nos últimos anos. As abelhas do gênero Apis, particularmente as abelhas africanizadas, são as principais responsáveis por esses incidentes, que podem resultar em complicações clínicas graves, especialmente em indivíduos suscetíveis.

Abelha africanizada. Animalstime

Fisiopatologia do Envenenamento por Picadas de Abelhas

O veneno das abelhas é uma mistura complexa de proteínas, enzimas e toxinas que desempenham papéis diferentes na reação inflamatória e imune do corpo humano. O principal componente tóxico é a melitina, responsável por causar dor, inchaço e, em alguns casos, reações alérgicas graves. Outros componentes incluem fosfolipase A2, que destrói as membranas celulares, e a apamina, que afeta o sistema nervoso. 

Quando uma abelha pica, ela libera o veneno com estruturas como o ferrão, que permanece preso na pele do acidentado. Esse ferrão continua a liberar veneno até ser removido. No caso das abelhas, o ferrão pode se auto-amputar, causando a morte do animal após a picada. Já as vespas não perdem o ferrão, permitindo múltiplas ferroadas sem a morte do inseto. 

Epidemiologia de Acidentes por Abelhas no Brasil

Segundo os dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou cerca de 33 mil acidentes por picadas de abelhas em 2023​. Esse número reflete um aumento significativo nos últimos anos, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste, que concentram o maior número de notificações. As causas desse aumento incluem a urbanização, que propicia a instalação de colmeias em áreas residenciais e a expansão de atividades agrícolas que perturbam o habitat das abelhas.

O perfil epidemiológico mostra que pessoas do sexo masculino, com idade entre 20 e 64 anos, são as mais afetadas, possivelmente por estarem envolvidas em atividades de risco, como agricultura e apicultura. No entanto, a letalidade é maior em idosos, particularmente em indivíduos com comorbidades como hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, que agravam a resposta ao veneno.

Quadro Clínico de Acidentes por Abelhas

O quadro clínico do envenenamento por picada de abelha varia de leve a grave, dependendo da sensibilidade do indivíduo e do número de picadas. Nos casos leves, os sintomas incluem dor intensa, prurido, vermelhidão e edema endurecido, que pode durar de horas a dias. Em indivíduos alérgicos, pode ocorrer uma reação sistêmica grave (anafilaxia), que inclui urticária, angioedema e broncoespasmo.

Nos casos de múltiplas picadas, os sintomas podem incluir cefaleia, náusea, vômito, febre, hipotensão. Em ataques múltiplos (mais de 500 picadas), a chamada síndrome de envenenamento pode se desenvolver, com rabdomiólise, insuficiência renal aguda e torpor. 

Diagnóstico de Acidentes por Abelhas

O diagnóstico de acidentes por picada de abelha é eminentemente clínico, baseado na história de exposição e no achado de ferrões na pele do paciente. Em casos de múltiplas picadas ou de reações alérgicas graves, é necessário realizar exames complementares, que inclui hemograma completo, coagulograma, eletrólitos, função renal, creatina fosfoquinase (CPK), lactato desidrogenase (LDH) e gasometria arterial, para avaliar a gravidade da reação inflamatória e os danos sistêmicos. Nos casos de anafilaxia, a avaliação da função respiratória e cardiovascular é essencial para o manejo adequado.

Tratamento de Acidentes por Abelhas

O tratamento depende da gravidade do caso. Nos casos leves, a remoção rápida do ferrão e aplicação de gelo local são medidas iniciais. Anti-histamínicos e corticosteroides podem ser usados para controlar as reações alérgicas. Em casos de anafilaxia, a administração imediata de adrenalina intramuscular é essencial, juntamente com suporte respiratório e cardiovascular conforme necessário. Em múltiplas picadas, o manejo inclui hidratação intravenosa, analgesia e monitorização em ambiente hospitalar. 

Os passos a serem seguidos no manejo clínico incluem: 

  1. Remoção dos ferrões: utilizando uma lâmina para raspagem, evitando pinças para não injetar mais veneno. 
  1. Analgesia e controle de alergia: aplicação de gelo no local, uso de dipirona, morfina, hidrocortisona e prometazina, conforme a gravidade da dor e das reações alérgicas. 
  1. Manejo de choque anafilático: administração de adrenalina intramuscular, associada ao uso de broncodilatadores, como fenoterol, e eventual necessidade de intubação e encaminhamento à UTI.

Prognóstico de Acidentes por Abelhas

Geralmente, o prognóstico de acidentes por picada de abelha é positivo, especialmente quando o número de picadas é pequeno e o tratamento adequado é iniciado rapidamente. Cerca de 90% dos indivíduos apresentam apenas reações locais, como dor, inchaço e vermelhidão, que normalmente se resolvem em 24 a 48 horas com a remoção do ferrão e medidas simples, como aplicação de gelo e uso de anti-histamínicos ou analgésicos. Essas reações locais raramente deixam sequelas e tendem a desaparecer completamente em alguns dias.

No entanto, entre 1% a 3% da população pode desenvolver reações alérgicas sistêmicas, como anafilaxia. Nesses casos, o prognóstico depende de uma intervenção médica imediata. Com o uso rápido de adrenalina, corticosteroides e outros tratamentos de suporte, a maioria dos pacientes se recupera em 1 a 2 dias. No entanto, sem tratamento emergencial, o choque anafilático pode ser fatal em poucas horas. Pacientes que sobrevivem a um episódio de anafilaxia têm um risco aumentado de reações graves em futuras exposições e, por isso, devem ser acompanhados por um alergista e orientados a portar epinefrina autoinjetável.

Em casos de múltiplas picadas pode ocorrer um quadro grave conhecido como síndrome de envenenamento, com rabdomiólise, insuficiência renal aguda e outros distúrbios metabólicos. Esses pacientes podem necessitar de internação em unidade de terapia intensiva (UTI), e o tempo de recuperação varia de 1 a 3 semanas, dependendo da gravidade das complicações. Estudos indicam que a mortalidade em casos de múltiplas picadas pode chegar a 2% a 5%, especialmente em ataques com mais de 500 picadas.

Prevenção de Acidentes de Abelhas

A prevenção dos acidentes por picada de abelha é fundamental e envolve medidas de segurança nas áreas de risco. Entre as principais orientações, destaca-se:

  • Remoção de colmeias e vespeiros por profissionais treinados;
  • Uso de equipamentos de proteção individual (EPI) em áreas de risco; e
  • Evitar perfumes, roupas escuras e sons altos que possam desencadear ataques de abelhas.

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Referências Bibliográficas 

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Doenças Transmissíveis. Guia de Animais Peçonhentos do Brasil [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2024. 164 p. : il. Acesso em: 25 set. 2024.
  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Acidentes por Abelhas. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-abelhas. Acesso em: 25 set. 2024.
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